Sherlock Holmes e o Sumiço da Caixa Espanhola escrita por Carol Stark


Capítulo 12
Um Vulto no Cemitério


Notas iniciais do capítulo

Olá queridas(os) Sherlockianas!!!
Resolvi antecipar mais um capítulo para vocês ;) Ótima leitura !



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Era fim de tarde e poucas pessoas encontravam-se no cemitério West Stone para o funeral de Pablo Valdéz. O céu estava bastante nublado, e finas gotas já caíam persistentes anunciando uma futura chuva torrencial.

No dia anterior, após ter saído do hospital, Rita foi procurar saber de seu irmão e logo providenciou um simples funeral; e lá estava ela em um vestido cinza claro, com a sombrinha aberta em mãos, olhando triste para o caixão de seu irmão. Rita chorava silenciosamente enquanto o padre pronunciava palavras de conforto para ela e alguns poucos amigos da vítima que souberam de tal tragédia. Entre os amigos de Pablo, Rita viu sem dar importância um homem muito bonito que a fez lembrar-se de algo que Holmes havia falado. Mas logo esses pensamentos se esvaíram. Watson, porém, para maior segurança da Rita e também a pedido de Sherlock, acompanhou-a até o West Stone.

– É melhor não nos demorarmos muito Rita. Não faz bem a você ficar aqui. – Watson observava a espanhola que permanecia calada e visivelmente aflita.

– Cierto. – Respondeu apenas.

Watson apoiou sua mão no ombro da mulher em sinal de consolo.

– Apesar de tudo, Pablo era mi única família. Teníamos solamente um ao outro. E ahora... – A frase morreu em sua garganta deixando-a entalada de angústia.

– Mas você não está sozinha Rita. Nós vamos ajudá-la.

– Gracias doutor Watson.

O caixão agora estava sendo colocado em um túmulo, e como em uma última despedida, Rita jogou rosas amarelas e brancas antes que ele pudesse ser totalmente fechado. Retirou um fino lenço preso em seu vestido, enxugou as lágrimas e de cabeça erguida deu meia volta decidida em deixar para trás aquela lembrança.

Watson a seu lado falou:

– Me permite...? – Arqueara o braço, cavalheiro, a fim de que ela retribuísse.

Rita deu-lhe o braço e seguiram pelos caminhos do grandioso e tristonho cemitério. Nada falavam até que Rita resolveu saber:

– Cómo está Sherlock?

– Bem. Está se recuperando rápido. O deixei sob os cuidados de excelentes médicos.

– Isto é ótimo. – Rita falou saindo um pouco de sua apatia.

E novamente silêncio. Apenas o forte uivo do vento se fez ouvir. As folhas das árvores balançavam lindamente em contraste com aquele ambiente e a noite logo chegava. A chuva foi ficando ainda mais forte e ambos apressaram os passos. Rita observava ora as árvores, ora os túmulos nas laterais formando verdadeiros labirintos, e sua apatia retornava junto com aquele vento frio e impiedoso. Tudo que queria era estar em sua aconchegante cama (...).

– Holmes também perguntou por você. – Watson quebrou o silêncio. Faltava ainda mais da metade do caminho para chegarem aos portões da saída.

Rita apenas o olhou e então, Watson prosseguiu:

– Ele se preocupa com você. Holmes é um amigo de longa data Rita, e nunca o vi assim por ninguém. Uma mulher apenas, ele admirou abertamente: A Irene Adler, mas ela o enganava a cada segundo, e mesmo que ele não admita, sei que ela foi também sua grande decepção. Não gostaria que isso se repetisse. Afinal, ele não é um paciente tão fácil de se tratar. – Watson falou em sua habitual sinceridade dando um leve tom de brincadeira em sua última frase.

– Gracias por decirme esto doutor Watson. Y no te preocupes con su amigo. No o farei mal algún. Sherlock és apenas un hombre solitário que encontrou en los problemas suas próprias soluções...

Watson olhou-a admirado.

– Sábias palavras Rita e devo admitir ainda, a Srta. é uma mulher muito forte. Diante de todas estas coisas envolvendo-a e ainda se mantêm sã. – E olhando para cima com um suspiro murmurou:

– Deus livre minha Mary de coisa parecida.

– Es su esposa?

– Minha noiva.

– A ama mucho, verdad?

– Sim. Muito.

– Es visible-- - Rita parou de andar deixando a frase pela metade.

– O que houve?

– Alguien.

– Alguém? O que você viu? – Watson segurou firme sua bengala-espada.

– Un vulto parado por trás daquela lápide a izquierda. – Rita falou olhando na direção que dissera.

– Fique atrás de mim. – Watson se posicionou na frente de Rita para protegê-la e retirou a arma que levava.

– Por que você está armado? Previa alguna cosa? – Rita estava pálida e temerosa com o que pudesse acontecer.

– Recomendações do Holmes. – Watson virou-se para a direção indicada apontando sua arma e no mesmo momento viu uma sombra passar apressada de trás de uma lápide para outra e sem hesitar ainda com a arma apontada perguntou:

– QUEM É VOCÊ? APAREÇA! – O doutor berrou em meio a chuva agora pesada.

– Watson, vamos embora! No estoy con un buen pressentimento...

– Rita, não se afaste de-- - A voz de Watson foi abafada pelo som seco de tiros.

Rita gritou assustada e Watson correu para trás de uma das lápides mais próximas do lado direito, puxando-a e atirando de volta. Também permaneceu escondido e a medida que via o vulto atirava ferozmente. Rita já estava completamente encharcada, encolhida por trás da lápide que Watson a empurrara e segurava a bengala do doutor por precaução.

–Watson! Tenemos que salir daqui! – Ela gritava para o doutor com a espada a mostra.

– Só depois de acertar esse patife covarde! – Gritou enquanto atirava e se escondia.

– Esto es arriscado-- AH!!! – Rita gritou em pânico empunhando a espada. – SAIA DAQUI! – Berrou em seguida.

– RITA! – Watson virou-se para ela na tentativa de enxergá-la através da grossa cortina de chuva. Uma bala raspou seu ombro o que o fez gemer de dor.

Um senhor barbudo muito velho estava de frente para Rita com as mãos para o alto.

– Ca-calma! – Gritou o senhor – O q-que está acontecendo aqui? Sou o zelador deste cemitério! – Ele estava igualmente em pânico. Assustado com os barulhos de tiros e gritos.

– Vá embora e chame a polícia! Alguém quer nos matar! – Rita respondeu rápida e desesperada.

O velho correu o máximo que pôde sem olhar para trás.

– SEU COVARDE! O QUE VOCÊ QUER? – Watson berrou mirando no vulto do outro lado do caminho, a sua frente.

Uma estrondosa gargalhada pôde ser ouvida e Rita arrepiou-se por completo.

Watson atirou mais uma vez vendo que o estranho havia ficado mais exposto e então os tiros cessaram.

Sem demora, Watson puxou Rita do chão e os dois correram em disparada para fora dali; e enquanto ambos ganhavam distância pelas ruas agora desertas de Londres, o estranho do cemitério caminhava rápido, tomado pela raiva, por entre as lápides e túmulos.

– Isso não vai ficar assim. – Greyk Pearce murmurou puxando a perna ensanguentada.


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Notas finais do capítulo

Sherlock aparecerá no capítulo seguinte, ok?! Não se preocupem! ;)

Até breve!