Aluga-se Um Namorado escrita por Fleur dHiver


Capítulo 1
Loucuras a Meia-Noite




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Loucuras a meia noite

— Dez, nove, oito... — aos poucos o som ia se tornando cada vez mais distante. Sabia que não deveria ter saído de casa, não deveria ter ido naquela festa imbecil. Tomou de uma vez a taça de champanhe que se encontrava em suas mãos. — Sete, seis, cinco... — Por que as pessoas contam? Por que não esperar até a meia-noite sem fazer tanto barulho? Nada vai mudar, o ano não vai começar de forma perfeita só porque você fez uma estúpida contagem. — Quatro, três, dois... — pegou uma das garrafas de espumante e se enfiou em um dos quartos. — Um... feliz ano novo! — Conseguia ouvir os gritos abafados, os fogos de artifícios e os estouros das garrafas, mas queria poder se desligar completamente daquele lugar.

O local onde havia parado não era bem um quarto, era mais uma grande sala com sofás e móveis de madeira localizados nos cantos, em cima de alguns tinha castiçais, jarros de flores belíssimos e até mesmo algumas esculturas. Sem muita opção se enfiou em um canto entre um sofá e o outro. Ninguém a acharia ali, ao menos por hora até precisarem dela novamente.

Sakura era uma supermodelo conhecida mundialmente pelos seus trabalhos maravilhosos, sua beleza exótica que tanto cativava e também por algumas questões de comportamento. Todos sabiam que ela era uma caixa de surpresa cheia de problemas. Suas farras; seus namorados; seus amantes; sua longa e trágica história com a bulimia, drogas e muita bebida. O que ela podia dizer em sua defesa? O mundo em que vivia era muito difícil para se levar sóbria.

No entanto, diferente do que a maioria das pessoas pensavam, ela tinha mudado. Há uns seis meses – até essa noite – não farreava, não usava nada ilícito, muito menos bebia álcool e há uns três meses não tinha mais nenhuma crise nervosa, estava completamente saudável. Tudo isso graças a ele, o grande amor de sua vida, herdeiro da Hyuuga’s Corporation— donos das maiores revistas de direito, advocacia e engenharia do país. – Influente, culto, completamente centrado e certinho: Neji Hyuuga.

Encontrá-lo no meio do ano em Milão foi obra do destino. Aquela tinha sido uma das suas mais brilhantes temporadas, só dava ela na maioria das revistas, o mundo da moda ovacionava o seu nome e os estilistas quase imploravam para que desfilasse com suas peças principais. Só o que faltava era o príncipe encantado e ele apareceu.

Enquanto ela saia de um restaurante eles se esbarraram a primeira vez, a segunda foi no saguão do hotel, onde ambos estavam hospedados e a terceira foi no corredor dos quartos. Eles estavam no mesmo corredor! Isto é a maior prova de que o universo os queria juntos. E eles obedeceram, a melhor época da sua vida foi esses seis meses com Neji, tudo perfeito. Um sonho!

Ele era tão bom que a tornou uma pessoa melhor e ela gostava de ser uma pessoa melhor por ele. Conseguia até imaginar seus belos filhos de olhos perolados e cabelos sedosos e perfeitos, que com certeza estariam na lista dos bebês mais lindos do planeta se... ele não a tivesse trocado pela maior vadia do mundo, quiçá do Universo, Ino Yamanaka.

Grande e maldito se!

Uma semana antes do Natal Neji precisou fazer uma viagem importante para resolver um problema qualquer sobre a filial de uma das revistas na Europa. Tudo normal, geralmente ela o acompanhava, mas dessa vez não pode, estava presa em uma campanha “cristalina” (só que não) com um Papai Noel que não conseguia fazer seu papel direito. Ao que tudo indicava ser bem humorado como o bom velhinho era uma tarefa dificílima.

Seu Neji teve que viajar sozinho e quando voltou não era mais seu. Estava diferente, mudado e em menos de três dias após o seu retorno tudo acabou, porque ele tinha encontrado o amor. Sim, encontrado o amor. O. Amor!

Ela era o amor da vida dele, como ele encontrava o amor assim? – Sakura ainda não conseguia compreender isso, porém enfim, Ino-vadia estaria na cidade antes do Ano Novo e gentilmente Neji informou que ela teria que sair de casa para que a loira vagabunda ocupasse o seu lugar.

Ainda era difícil acreditar que o Neji tenha se esquecido dela assim tão rápido, aliás achava que tinha algo a mais nessa história. Provavelmente uma armação de Ino, sua mais antiga rival de passarela.

A questão é que quando Sakura surgiu no mundo da moda, Ino já estava há mais tempo, era famosa, adorada e bem relacionada, no entanto a novata a ofuscou – e continua ofuscando, o que a deixa possessa – E desde então, tenta tirar tudo da Haruno, de trabalho a namorados.

Ino gostava de se comparar a Barbie: “Sou loira, tenho olhos azuis e sou perfeita”; porém Sakura via esse fato de forma relativamente diferente: “Sou a Barbie falsa e plastificada”. Nunca se deram bem, nunca foram amigas e sempre brigaram. Na maioria das vezes Sakura saia por cima, mas Ino também vencia, principalmente no quesito homens. E isso se deve ao fato de Sakura ser dependente e romântica demais, e Ino, bem... ela abria as pernas com facilidade e resolvia todos os seus problemas mantendo as pernas abertas. Isso já era muita vantagem.

Com toda essa confusão da recente separação Sakura não conseguiu se situar e a única coisa que pediu a Neji foi que não espalhasse essa história. Primeiro porque ela não queria ser A traída; segundo porque ela tinha certeza que o teria de volta. Estava planejando isso arduamente quando decidiu parar de chorar e ir a essa bendita festa. 

Nesses últimos dias não tinha saído nos sites a chegada de Ino, o voo deve ter atrasado, ela desistiu ou tinha algum compromisso. O que fosse! Sakura achava que ela não estava por perto, então era perfeito. Se arrumaria, ficaria deslumbrante, iria à festa, encontraria casualmente um Neji sozinho, de preferência, e o faria recobrar o juízo de forma sutil. Na verdade tinha certeza que quando a visse esqueceria toda essa história de término.

Mas assim que chegou alguns de seus amigos disseram que ele viria acompanhado e comentaram que não entenderam como ele poderia estar acompanhado se ela tinha confirmado presença sozinha. Nesse momento, Sakura sentiu seu mundo ruir e queria está de volta ao seu apartamento chorando suas mágoas. Era melhor passar como a corna a distância do que fazer esse papel bem na frente de todos.

Então, sem muita escolha, fez as coisas que sabia fazer de melhor: riu da situação e mentiu. Mentiu, mentiu, e mentiu mais um pouco. Disse que tinha terminado com Neji porque estava começando a duvidar da orientação sexual dele, pois encontrou uma área suspeita no closet onde só havia produtos capilares e de rejuvenescimento facial, e nada daquilo era dela.

Disse também que seu mais novo affair chegaria mais tarde, assim que conseguisse voltar para New York e logo todos iriam ver, o homem viril e maravilhoso, com quem ela estava e Neji poderia vir com um bofe, e eles seriam Best Friends Forever.

A questão principal é que nenhum bofe chegaria, nem affair. Ela não esfregaria nada na cara de ninguém e estava tão fodida por tudo isso que fez a terceira coisa que sabia fazer tão bem: Bebeu. Bebeu, bebeu e bebeu mais um pouco.

Agora ali estava ela, pateticamente enfiada entre dois sofás, esperando sua rival e seu ex chegarem para a humilharem na frente de toda a festa. Seria dessa forma que o seu brilhante ano começaria.

(...)

— Mãe, calma. Fica tranquila, eu já disse que está tudo bem. Mãe... mãe... a senhora precisa me ouvir. — Entrou em uma das várias saletas daquele enorme apart-hotel, que, com toda certeza, só aquele cômodo era do tamanho de seu apartamento ou quem sabe maior.

Já estava acostumado a lugares como aquele. Era garçom e vivia servindo a esse pessoalzinho esnobe, mas não conseguia entender a utilidade de tantas salas parecidas. A única coisa que buscava, era um lugar reservado para poder falar com sua mãe, sem sua chefe ou Naruto enchendo o saco. Além do que, sabia que aquela área estava “restrita” aos convidados, estaria livre de inconvenientes.

— Eu sei que a senhora se preocupa, mas fica tranquila. Naruto confirmou tudo... ele não vem... eu não sei o porquê, provavelmente alguma viagem... tudo bem... eu entendo, só não me ligue! Eu amo a senhora, mas minha chefe vai me matar se me pegar no telefone novamente. — Deu um meio sorriso, lembrando-se do temperamento de Kushina. Contrariá-la ou desobedecê-la nunca eram opções saudáveis. — Não mãe, ela não vai acreditar que é a senhora.

Quando ouviu o barulho de uma voz grave, Sakura se sobressaltou, mas manteve-se quieta em seu canto, não queria chamar atenção. A sala estava escura e não conseguia ver como estava a aparência de quem falava, só ouvia a voz... era grave, sexy, uma voz muito gostosa de ouvir, mas assim que notou com quem ele falava ao telefone, Sakura teve vontade de rir. Ele estava dando satisfações para a mãe como um adolescente, isso era hilário.

— Por que? Porque já é quinta vez só essa noite. A mãe de um homem adulto e independente não liga cinco vezes na mesma noite. Não, não vou coloca-la para falar com ela — bufou impaciente, aquilo dava nos nervos. Conhecia os motivos dela, mas isso não tornava as coisas mais fáceis ou agradáveis para ele. — Eu sei que a senhora se preocupa, mas eu não entendo com o quê. Acha que algum ricaço vai me amordaçar e abusar de mim? Ou que alguma mimadinha insuportável vai me fazer de bichinho de estimação particular e eu nunca mais vou voltar para casa?

Sakura não conseguiu segurar a gargalhada, sabia que não era tão engraçado assim, mas o efeito da bebida em sua cabeça tornava tudo mais divertido. Imaginar um homem de coleira, como um bichinho de uma menina de lacinhos cor de rosa na cabeça, a fazia quase se mijar de tanto rir. Mas seu acesso de riso teve um lado ruim, ela fora descoberta.

Assim que ouviu as risadas, o rapaz se despediu às pressas de sua mãe, desligou o telefone e correu até o interruptor, acendendo as luzes. Logo avistou uma cabeleira rosa, meio escondida no canto da sala.

— A senhorita não deveria estar aqui ouvindo conversas que não são do seu respeito. — Cruzou os braços em frente ao corpo, muito sério e irritado. Ela era uma convidada, sabia que tinha que se conter, mas aquilo era o cumulo.

Sakura já havia parado de rir, mas suas bochechas ainda estavam coradas e um ar de graça ainda se encontrava em seu semblante. Meio bamboleante ela se ergueu, apoiou-se sobre o braço do sofá para não cair e isso a fez ter outro acesso de riso, fazendo com que ele notasse seu estado patético de embriaguez

— Desculpe-me, mas eu não tinha a intenção de ouvir sua conversa. O errado aqui é vo-cê. Deveria ter verificado se tinha alguém no local antes de começar a passar o seu relatório noturno. — E a Haruno voltou a gargalhar, jogando-se sobre as almofadas do sofá.

— Eu não estou errado. Você não deveria estar aqui! Essa área é restrita aos convidados, e você tanto sabe disso que estava escondida. O que queria aqui, hein? Por acaso é uma intrusa? Penetra? Veio roubar algo? Se veio, pode me passando agora. — Odiava essas cleptomaníacas, no final, quem sempre recebia a culpa eram os pobres funcionários e em uma festa como aquela, o buffet contratado. Acabaria com a festa dessa garota era agora!

Caminhou em direção a ela, pegando-a pelo braço e a carregando junto de seu corpo. Planejava leva-la dali até a sua chefe, e que ela chamasse o dono da festa para resolver esse problema, mas assim que notou que ela notou que seria levada para fora daquela saleta, Sakura estacou, fazendo força para não ser arrastada, só que ele era mais forte e continuou a carrega-la sem dificuldade. Sem outra saída foi se agarrando aos móveis, tentando atrapalha-lo a todo custo e se manter dentro da saleta.

— Você é algum tipo de neandertal? — Agarrou-se a cabeceira de um dos sofás, mas com um puxão só ele a soltou. — Como pode não me reconhecer? Sou uma supermodelo, Sakura Haruno, não estou roubando nada e sinceramente é um insulto que você pense algo do tipo. Pare de me puxar!

Ele já tinha aberto a porta e puxado a cintura dela para fora, estava quase a tirando por completo quando ouviu o nome que ela disse. Largou-a abruptamente fazendo com que ela caísse sobre uma cômoda de mogno. Ele, em si, não fazia ideia de quem ela era, mas Naruto falava de uma Sakura às vezes, a garota mais linda do momento. Para ele parecia a mais bêbada, mas enfim.

— Se o que diz for verdade, por que está aqui no escuro, escondida e não lá fora festejando com a sua turma? — Sakura se ajeitou, tentando manter um pouco da compostura. Passou as mãos pelos cabelos, arrumando-os.

— Eles não são a “minha turma”, apenas pessoas que conheço e apreciam a minha presença. Além do mais, eu não devo satisfações a você, um... um... — se aproximou dele parado a porta com os braços cruzado. Com o dedo indicador em riste ela lhe cutucou o peitoral. — Um garçonzinho qual.... — as palavras morreram em sua garganta.

Assim que parou em frente à porta, Sakura viu exatamente aquilo que não queria: a hora que Ino e Neji despontaram no corredor, caminhando em direção as outras pessoas, juntos. Seu sangue gelou e quando viu que Ino tencionava virar para trás, puxou o rapaz para dentro da sala e fechou a porta.

— Que isso? Você ficou louca? Não pode sair me puxando desse jeito. — Sakura não prestava a menor atenção nos protestos dele, apenas divagava se Ino tinha chegado ou não a vê-la. E se viu o que faria? Viria até ela ou iria contar a todos que Sakura estava se escondendo deles? E tinha a framboesa do bolo que era a maldita aparecendo de braços dados com Neji. Todos veriam a grande mentira que Sakura inventou. Ela estava tão perdida. — Garota doente! — Ele levou uma das mãos em direção à maçaneta, mas antes que chegasse a tocá-la, ela o empurrou.

— Não! Você não pode sair! — Gritou uma Sakura transtornada, colada à porta. Foi então que ela reparou em algo, algo que não tinha notado antes. O quanto aquele homem era bonito.

Quando ele entrou naquela sala ela não conseguia vê-lo, depois estava rindo dele e preocupada em não ser tirada de dentro daquele cômodo que não teve tempo de parar para reparar. Agora se perguntava como isso tinha sido possível, ele era bonito demais para ser ignorado. Bonito demais para ser um mero garçom. Como uma pessoa como aquela ainda não tinha sido “achada”? Ousava dizer que ele era mais bonito que Neji e isso não era exagero.

— Você... você é bonito...

Ele não entendeu a mudança que a fisionomia dela sofreu: de irada psicótica a psicótica chapada; sim, porque ela parecia mais calma, mas não normal. Seus olhos estavam vidrados e o pior, vidrados nele.

Seus instintos naturais lhe alertaram do perigo e ele se afastou do corpo dela. Tinha outra porta ali, ele sairia por ela. Mas algo em Sakura se acendeu e antes que ele se virasse, ela o agarrou pelo colarinho e o puxou de encontro ao corpo dela.

Pego de surpresa e pelo torpor do momento, ele nada fez, só sentiu suas costas sendo prensadas na parede ao lado da porta, enquanto aquela maluca começava a gemer, bem alto por sinal. Assim que voltou a si, a agarrou pelos ombros e tentou empurrá-la para longe, mas ela parecia ter grudado nele, estava arrancando sua gravata borboleta e arranhando seu pescoço.

— Para com isso, sua louca. Qual é o seu problema?

— Não me afaste, ou será pior para você — falou uma Sakura ocupada em rasgar o colete que ele usava, resmungando sobre como o material era vagabundo. — Se você me afastar do seu corpo, me jogar no chão e fugir daqui eu vou gritar e mandar prendê-lo por abuso sexual. — Enquanto falava, ela arrancava o avental da cintura dele e o jogava atrás de um dos móveis, seu tom era impessoal como se estivesse negociando com alguém. Mas entre uma palavra e outra, voltava a gemer, não para ele. — Vou fazer disso um caso público e garantir que nunca mais na sua vida você arranje um emprego. — Ele estava completamente desnorteado, nem se mexia apenas tentava assimilar o que ela falava. Sakura se afastou um pouco, analisando seu trabalho.

— Vou ligar para sua mãe e chorar tanto que você nunca mais vai receber essas ligações preocupadas, porque, provavelmente, ela vai te deserdar. — Voltou a se aproximar dele, desabotoando alguns botões de sua camisa e puxando-a para fora da calça, enquanto arrancava os botões do colarinho e sujava-o com o seu batom. — E por último, você vai ser preso e quem sabe atacado de verdade, mas não por um ricaço. — Passou as mãos em frente à boca, tirando um pouco do batom, bagunçou os cabelos e deixou uma das alças do seu vestido cair. Parou em frente a ele, observando-o intensamente. — Mas nada disso é necessário se você colaborar. Algumas pessoas vão abrir essa porta logo, logo, e a única coisa que precisa fazer é me beijar e depois sorrir. Você será pago, não só pela roupa rasgada. E nada de ruim vai te acontecer, só tem que fingir — e ao terminar de falar, ela sorriu. Levou as mãos ao zíper da calça dele, abrindo-o. — E a propósito, qual é o seu nome mesmo?

Algo no tom daquela mulher o assustou, sabia que ela podia muito bem fazer tudo aquilo que prometia. Não era algo a se orgulhar, mas ela não pedia muito, não é mesmo? Agarrá-la, só isso. Ele gostava de garotas, ela era uma garota e bonita por sinal, não custaria nada. Amaldiçoou o excesso de preocupação de sua mãe que o enfiou naquela história toda. Afastou-se da parede e tomou a cintura fina dela, ouviu alguns passos apressados vindo em direção a sala, alguns ruídos e antes de beijá-la, respondeu à pergunta que ela tinha feito.

— Sasuke. Meu nome é Sasuke Uchiha.

...

Página: Fleur D'Hiver

 


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que vocês tenham gostado de verdade e comentem. Adoraria saber a opinião de todo mundo. Beijos e até a próxima.