Traição. escrita por JessyErin


Capítulo 1
Strike one.




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fn

Nós temos um corpo.


Ao ouvir isso, rapidamente me levantei e peguei minha mochila. Tony e Ziva fizeram o mesmo, enquanto Mcgee passou por mim com a chave da van em mãos em direção ao elevador. Já havia virado rotina. Olhei para meu celular rapidamente. Nada. Nenhuma mensagem.


– O que houve, chefe? – Dinozzo perguntou, enquanto entrávamos na van, e Ziva assumia (contrariando a todos nós) a direção do veículo.

– Alguém foi morto, o de sempre.

– Só isso? - Tony perguntou.

– É o que eu sei até chegarmos lá, Dinozzo.

Isso bastou para que todos fôssemos calados até o local do crime. Gibbs não teve tempo de tomar seu café matinal, então, ninguém se atreveu a perguntar mais nada.

Assim que chegamos, tudo que eu pude ver eram câmeras, e muitas, muuitas pessoas. Então Fornell se aproximou da van, batendo no vidro.

– Temos muitas testemunhas, então, vamos dividir entre os agentes de ambas agências. Certo Gibbs?

– O que você sabe até agora? - Mcgee perguntou, saindo do veículo.

– Um homem e seu filho estavam passeando pelo parque, quando alguém desce de uma moto, atira no rapaz na frente do próprio filho e sai em disparada. Ele não era da marinha, antes que vocês perguntem, mas era um informante, e um dos bons.

– O garoto viu tudo? – Ziva perguntou, e Fornell assentiu.

Todos descemos e Fornell disse quais pessoas já tinham sido interrogadas, e nos disse para evitar que as câmeras da imprensa e dos curiosos chegassem muito perto.

– Mcgee, vá com o Ducky checar o corpo. Ziva, você interrogará aquele grupo ali junto com alguns agentes do Fornell. Tony, cheque as pessoas que já foram interrogadas pra ver se ninguém deixou passar nada, eu estou indo em seguida. Jess, você vem comigo – Gibbs falou, enquanto todos pegavam blocos de notas e câmeras.

– Por que eu não posso interrogar as pessoas com a Ziva?

– Porque tem uma testemunha em especial pra você.

Eu o segui até uma parte do parque, onde haviam alguns carros. E então eu vi um pequeno garotinho, olhando pra baixo, com algo na mão.

– Gibbs, eu não posso interrogar uma criança sem um dos responsáveis presente- eu disse, imaginando quem aquela criança era.

– Devido as circunstâncias, você pode sim.

– Mas ele acabou de perder o pai, eu não posso simplesmente chegar e...

– Já faz um ano, Jess. Você tem que aprender a estabelecer contato com as pessoas que eram próximas da vítima. Isso não precisa se tornar pessoal, claro. Mas vai te ajudar na investigação. Você quer se tornar uma boa investigadora assim como o resto de nós, então...

Eu assenti e fui em direção ao garoto. Ele não estava chorando, só estava olhando para a própria mão. Eu perguntei a um dos agentes que estavam perto como era o seu nome, mas eles não souberam responder.

– Ele não disse nada desde que chegamos – um deles me disse.

Eu me aproximei dele, e me sentei ao seu lado. Ele nem ao menos deu um sinal que notou minha presença, então eu me abaixei para ficar na sua altura. Ele olhou pra mim, e eu sorri para ele. Ele continou olhando pra mim.

– Hey, meu nome é Jéssica. Como é seu nome?

Nada.

– Bom, quer me dizer quantos anos você tem?

Ele levantou uma das mãos, com cinco dedos levantados.

– Muito bem – eu olhei para a pequena bolsa que estava ao seu lado, e o nome JONAH estava escrito nela – Jonah.

Ele me olhou assustado.

– Como você sabe meu nome? – ele me perguntou com sua voz infantil, pela primeira vez falando alguma coisa. Todos os outros agentes olharam, e Gibbs acenou com a cabeça para que eu continuasse, do outro lado da rua.

– Eu sou uma agente. Agentes conseguem descobrir muitas coisas – eu me sentei ao seu lado novamente, desta vez ele não desviou o olhar.

– Você sabe o que aconteceu com o papai?

Era isso que eu temia.

– Seu pai. Ele foi pra um lugar, digamos, distante. E você poderá vê-lo quando ficar beem velhinho – eu disse, tentando imaginar como era difícil pra uma criança entender isso.

– Me disseram isso quando o vovô morreu. Eu sinto falta do vovô.

Eu coloquei uma das minhas mãos em suas costas, hesitante. Ele deu de ombros.

– Jonah, alguém mandou o seu pai pra esse lugar. Você estava presente quando aconteceu, pode me dizer algo que possa ajudar a localizar essa pessoa?

– Eu não lembro muita coisa. Só que era grande.

– A pessoa era grande?

– Sim. Era grande como aquele homem ali – ele apontou para o Dinozzo.

– Então a pessoa era grande como um homem. Lembra de mais alguma coisa?

– Nada.

– Ok então, Jonah – eu dei uma cartão com o meu número pra ele – se lembrar de alguma coisa, me ligue, tá? Ou peça para sua mãe ligar.

– Obrigado, Agente Jessica.

– Pode me chamar de Jessica – eu sorri e voltei para Gibbs.

Enquanto me afastava, pude ver uma mulher correndo para Jonah e o abraçando. Devia ser sua mãe. Depois de um tempo ela se aproximou de nós e perguntou se tinhamos alguma pista de quem fez isso com seu ex-marido. Jonah a observava de longe. Quando nós dissemos que não saberíamos muita coisa até voltarmos para o escritório, ela me deu um papel que estava meio amassado.

– Ele pediu para eu entregar isso a vocês. Não sei exatamente porque é importante, mas ele pediu – ela disse isso, e foi em direção ao carro.

– Obrigado – Gibbs pegou o papel da minha mão, onde estava escrito “Strike one”.

Todos nós nos entreolhamos confusos, e Tony correu até o carro que estava quase se movimentando, e perguntou para Jonah onde ele havia achado aquilo.

– O homem grande deixou cair – ele disse, e se sentou novamente na cadeirinha do carro, que já estava se movendo.

Entramos na van, achando que isso poderia ser obra de algum tipo de Serial ou então algo pessoal. Ziva parecia abatida.

– Está tudo bem? – Tony perguntou, desta vez Gibbs estava dirigindo com Mcgee ao seu lado, e nós três estávamos no banco de trás.

– O garoto vai se lembrar daquilo pra sempre. Eu tentei não pensar nisso a manhã inteira, mas agora, eu me sinto realmente triste.

Tony pegou sua mão, e tirou o boné que prendia seu cabelo. Eles caíram nos ombros, e ele a acariciou, tentando conforta-la. Se não fosse por esses momentos, eu até me esqueceria que eles eram um casal.

Tony e Ziva eram o casal de agentes mais discretos dos Estados Unidos. Se você não estivesse na festa dos Fuzileiros, há um ano atrás, nunca diria que eles namoram. Lógico que, como toda a agência estava presente quando o primeiro beijo deles aconteceu, eles enfrentavam diariamente alguns olhares furtivos, de pessoas que pensavam que eles iriam se agarrar a qualquer momento. Mas não é bem assim. No começo da relação, podia até ser, mas muita coisa mudou com o tempo.

Tony e Ziva moram na casa do Dinozzo. E Ziva alugou seu apartamento para mim. Eu e Andrew estávamos bem, mas devido a distância, eu sentia sua falta todos os dias. Ele havia se mudado para a cidade vizinha, e começado a faculdade de Ciências Forenses, influenciado pela irmã, e minha cunhada, Abby. Abby e Mcgee também estavam muito bem, e faziam questão de demonstrar isso para o mundo. Talvez seja exagero, ou talvez não, mas eu sempre costumo avisar antes de entrar no laboratório, para não presenciar uma demonstração de amor dos dois. E o mais engraçado, era que nós todos começaram a namorar no mesmo dia, ou seja, tínhamos o mesmo aniversário de namoro.

Eu sorri ao pensar nisso, e meu celular vibrou.

“Intervalo da aula de biologia. Não fazia idéia que sentiria tanto a sua falta. Contando os dias para as férias. Te amo”

Andrew não esperava ter tantas aulas de biologia e física, coisas que ele realmente odiava.

“Também sinto sua falta. Faltam só algumas semanas. Mal posso esperar” eu digitei rapidamente, tentando desviar do Tony, que tentava pegar meu celular e ver o que eu estava escrevendo.



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