*Naruto*

            Fui caminhando pensando o que diria a Sakura. Mil cenas formavam-se na minha cabeça, mas eu não havia escolhido nenhuma delas. Parei em frente à porta da casa dela. Bati algumas vezes até que fosse aberta revelando uma rosada.

- Naruto. – murmurou surpresa esboçando um sorriso. – O que faz aqui?

- Sakura. – murmurei seu nome de modo sério. Era agora ou nunca. – Precisamos conversar.

- Entre. – falou dando espaço para que eu passasse. – O que é tão sério?

            Entrei e sentei no sofá. Observei a televisão ligada num canal qualquer onde passava um filme infantil. Olhei para a rosada a minha frente. Seus olhos esmeraldinos emitiam uma confusão enorme.

- Lembra-se quando conversando e eu a perguntei se ainda sentia algo pelo Sasuke? – perguntei para ela que se demonstrou surpresa por um instante.

- Lembro. – respondeu apenas. – Mas o que tem isso?

- Eu vi Sakura. – retruquei e ela arregalou os olhos.

- Viu o quê? – perguntou confusa aparentando estar meio desnorteada. – O que você viu Naruto?

- Vi vocês se beijando Sakura. – respondi deixando-a muda. Avistei lágrimas escorrendo por seus olhos. – Por que não me contou antes?

- Eu não... – resmungou pausadamente. – Eu... Não soube como dizer isso.

- Que tal um “Naruto, me desculpe, mas eu ainda amo o Sasuke”. – falei apenas. – Isso seria mais do que suficiente não acha?

            Lágrimas escorriam insistentemente por seus olhos. Suas mãos tremiam e ela estava respirando de forma desconcertada.

- Mas não se preocupe. – retruquei deixando-a com um olhar confuso enquanto me levantava do sofá. – Eu não estou chateado. Posso ter ficado no inicio, mas não mais.

- Naruto... – sussurrou.

- Sakura. – chamei-a. – Obrigado.

- Obrigado? – perguntou confusa. Ela não sabia mesmo sobre o que eu falava.

*Sakura*

            Apertei meus olhos de tamanho espanto. Por que ela falou aquela palavra no meio de tantas?

- Obrigado? – perguntei confusa. – Que história de obrigado é essa Naruto?

- Graças a você eu descobri. – respondeu. – Eu descobri meus verdadeiros sentimentos.

            Ainda estava extremamente confusa e desnorteada. Achava que ele me chamaria de tudo quanto é nome menos de santa, mas não. Minhas longas noites mal dormidas imaginando a possível reação de Naruto fez com que meu coração se comprimisse cada vez mais, para quê? Para ele chegar à minha casa e dizer “obrigado”?

- Como assim descobriu seus verdadeiros sentimentos? – perguntei incrédula ainda com o desfecho daquela história. – Será que dá para ser direto e me explicar o porquê de apenas dizer obrigado?

            Ele suspirou fundo e por alguns instantes vi seus olhos transmitindo uma tranquilidade tremenda, como se tivesse tirado um peso enorme de suas costas. Sentei-me ao seu lado no sofá para depois continuar a observá-lo.

- Sakura. – chamou meu nome de modo calmo e sereno. – Eu fiz as pazes com a Hinata. Acho que agora você entende tudo.

            Entendia. Isso era algo meio difícil de acreditar vindo de Naruto, mas eu entendia perfeitamente. Senti meu coração também se aliviar. Ainda me preocupava com a possível reação de Naruto ao saber sobre eu e Sasuke, mas pelo visto aquele baka realmente descobriu o que Hinata sentia por ele. Fiquei feliz por eles e isso me aliviou o coração mais ainda.

- Que bom que entendeu Naruto. – falei abraçando-o fraternalmente. – Desejo tudo de bom para vocês.

- Obrigado Sakura. – falou retribuindo meu abraço. – Obrigado por tudo mesmo.

*Hinata*

            Acordei do meu maravilhoso cochilo da tarde morrendo de fome. Desci as escadas e abri a geladeira retirando de lá uma enorme fatia de bolo de chocolate com recheio de morango e um gigantesco copo de refrigerante. Sentei na cadeira colocando as coisas na minha frente e com um sorriso alegre comecei a devorar aquele lanche saborosamente doce. Igual como estava minha vida.

            É. Minha vida estava realmente muito doce depois que fiz as pazes com Naruto. Fechei meus olhos deliciando o chocolate daquele bolo e relembrando-me de cada detalhe oculto daquela cena maravilhosamente doce e romântica. Podem dizer que sou meio besta, mas tenho uma queda por romances de novela mexicana. Sempre os melhores em minha opinião. Terminado minha doce refeição ultracalórica sai pela porta rumo ao imenso jardim da mansão vitoriana. Caminhei ainda demasiada até próximo ao lago artificial que havia no jardim. Sentei-me no píer e olhei aquela água cristalina que fazia com que lembrasse os olhos do meu Naruto.

            Fechei os olhos novamente. Respirei fundo. Senti mãos taparem minha vista e me atordoei, para depois escutar uma voz serena e alegre e relaxar.

- Adivinhe quem é. – sussurrou a voz no meu ouvido.

- Naruto. – respondi apenas me virando em seguida e encontrando um par de olhos azulados. – O que o trás aqui à uma hora dessas?

- Falei com a Sakura. – retrucou sentando-se ao meu lado. – Cumpri minha promessa.

            Aquelas duas frases foram o suficiente para deixar-me mais feliz do que no restante dos dias de minha vida. Abracei-o dando-lhe um beijo calmo em seguida. Ele segurou firmemente minha cintura e retribuiu o beijo na mesma intensidade. Separamo-nos depois por falta de ar e ficamos abraçados olhando o incrível pôr-do-sol que se fixava no horizonte alaranjado. Sorri. Aquele era um dos melhores dias da minha vida.

            Avistei com o canto do olho uma morena e uma ruiva olharem felizes a cena que mais parecia o final da novela das oito. Fechei os olhos encostando a cabeça no peitoral de Naruto que acariciava meus cabelos traçando caminhos imaginários.

- Naruto. – chamei sua atenção. – Nossas mães estão olhando feitas duas bobas para nós.

- As deixe olharem. – falou dando-me leves beijos na testa. – Afinal das contas, minha mãe realizou o sonho que sempre teve.

- Sonho? – perguntei curiosa. – Que sonho é esse Naruto?

            Ele sorriu largamente, o que aqueceu meu coração de uma maneira indescritível. Olhei para aquelas safiras enormes que eram seus olhos e sorri bobamente.

- Ela conseguiu a nora que tanto quis ter. – respondeu sorrindo largamente e dando-me um selinho demorado depois. – Você!