Tori foi com o pai e com Liesel em busca do irmão no aeroporto. E ele chegou saiu do avião no horário certo. Com o jeito lindo e admirável e não demorou nem um segundo que todas as garotas tinham os olhos sob o garoto de cabelo macio.

Beck era alto, corpo bronzeado e era meio óbvio que depois das aulas ele passava um tempo nas praias. Seu cabelo era castanho, embora grande e muito macio. Seus olhos eram castanhos, brilhantes e sim, ele era o garoto que toda garota sonharia ter.

Tori deu uns pulinhos quando o viu chegando até eles e não aguentando a espera, foi correndo abraçá-lo. Ele retribuiu e sorriu.

- Eu senti falta de você. – Foi sincero como sempre era.

- Aaaw... Eu também senti falta de você, maninho. – Neste momento os pais deles já estavam por perto. Apenas esperando os dois se desgrudarem.

Diferente dos outros tipos de irmãos e meios-irmãos convencionais que existiam no mundo, Tori e Beck não brigavam ou se odiavam.  Em primeiro lugar, Beck era bem mais maduro do que a maioria dos meninos de sua idade. Ele e sua mãe passaram por coisas terríveis desde a morte do seu pai e só agora as coisas pareciam melhorar para os dois. E Tori sempre se deu bem com a maioria das pessoas, principalmente um garoto tão esperto e inacreditável como o Beck... E, além disto, Tori havia passado mais da metade de sua vida ao lado da Trina... Então qualquer outro irmão seria bem-vindo.

Passaram a manhã toda conversando sobre coisas de família. Tanto o pai de Tori quanto Liesel estavam felizes por os dois filhos estarem se dando tão bem quanto o esperado.

- E olha tem um lugar aqui que vende sushi e é excepcional. Eu sei que você gosta de sushi, maninho. Não gosta? Você vai adorar. Podemos ir lá mais tarde se você quiser. E ah, minha amiga Jade e uma garota que conhecemos, Cat, irão fazer uma apresentação no Karaokê Dokie. Hoje à noite, eu quero que você venha comigo. Certo?

Ele assentiu, tomando uma limonada rosa que apenas Tori era capaz de fazer. – Elas estudam em Hollywood Arts?

- Sim, estudam comigo. Eu conheço Jade desde o ensino fundamental. Ela é bem gótica e do tipo que só usa preto e é má com todo mundo. Mas apenas é uma questão de conhecê-la melhor, ela é uma garota bem legal. – Os dois estavam na sala de estar. Tori estava sentada de frente ao piano enquanto Beck estava jogado no sofá, com a TV passando um jogo de hockey. E ele adorava hockey, assim como Jade. Pensou Tori.

- Ela é daquele tipo de pessoa que se esconde atrás de barreiras e mostra o que não é?

- É quase isto.  Na verdade, lá no fundo, ela é muito dócil e sensível. Só basta saber conversar com ela e a deixar com confiança o suficiente para lhe mostrar esse seu lado.

- Jade parece bem legal… – Beck respondeu sem tirar os olhos da TV.

Tori assentiu com um sorriso enorme.

POV Beck.

Los Angeles era um lugar incrível. Eu me lembro de ter vindo para cá uma vez quando eu tinha 9 anos, ainda com meu pai vivo. Eram boas lembranças, nos tínhamos uma casa e um quintal enorme. E tínhamos também um cachorro. Mas com 11 tivemos que nos mudar para o Canadá por motivos familiares e voltar aqui me faz ver o quanto as coisas mudam.

Eu espero que realmente continue como estão. Eu não criei muitos laços com o pessoal de lá, a não ser minha mãe e alguns amigos do colegial. Aqui em Los Angeles parece que eu me encaixo melhor.

Eu adoro Tori, chego até a amá-la. Como irmã, é claro. Eu nunca tive irmãos, mas muitas namoradas... E dependendo do caso, é algo meio ruim. Sempre tive muitas garotas no meu pé... Não que eu estou me gabando por isto, mas isto é um fato. E ter Tori, sendo tão alegre e divertida – sem tá querendo exibir ou fingir algo para mim – é algo novo e até mesmo... Relaxante. Eu vim com um juramento : nestes três meses aqui, não iria ficar com nenhuma garota (exceções dependendo da garota).

Eram quase oito horas quando Tori me levou ao Karaokê Dokie. Era um lugar bastante divertido e tinha muitas pessoas, digamos assim, alternativas. Bem diferente do que eu encontro lá no Canadá.

Mas voltando ao que interessa: Ela me disse que aqui era um lugar para cantar, é claro. É um karaokê. Dançar e comer comida de origem duvidosa (a parte mais divertida!) e ver pessoas pagando diversos tipos de micos. Sentamos em uma mesa logo de frente para o palco. Ela tinha mais dois lugares vagos.

Quando perguntei sobre as amigas dela que iriam cantar, ela me disse que as duas deveriam estar chegando. Pedimos coca-cola e depois de uns cinco minutos um garoto nerd e de óculos, segurando um fantoche nas mãos, subiu no palco e começou a ser humilhado pelo próprio fantoche (que tinha uma personalidade nada agradável) e eu e Tori ficamos rindo disto por minutos, junto com o todo o pessoal.

Los Angeles realmente é divertida.  

Tori pediu para que eu fosse pegar uns nuggets de búfalo (?), já que era o prato favorito dela aqui e das meninas. Que estavam já subindo no palco. Eu não olhei para o palco quando ela disse isto, estava encabulado com o fato de existir um tipo de nuggets que não seja de frango.

Voltei com duas porções nas mãos. Cheiravam a frango, estranho. A música já havia começado e eu me sentei para ver as tais amigas de Tori.

Uma andou alguns passos para frente, acenando para a gente, baixinha de cabelo ondulado e vermelho berrante, ela usava um salto muito alto e shorts muito curtos e tinha umas coxas enormes. Ela cantava muito bem mesmo e era muito bonita.

Enquanto a garota continuava a cantar, Tori cochichou para mim.

- A ruiva é a Cat. E a que está de costas lá no fundo é a Jade.

Assenti e continuei olhando para as garotas.

Até que as duas trocaram de lugar por causa da coreografia. A ruiva foi para trás e ficou de costas e uma alta morena veio para frente. Com sua voz inacreditavelmente bela.

Ela era alta e tinha uma super pálida. Seus cabelos eram ondulados e negros, na altura dos ombros, com mechas azuis e verdes nele. Ela tinha lábios rosados e carnudos e um olhar frio irresistível. Jade estava vestindo apenas preto e sua calça jeans marcava suas pernas de uma maneira que me fez lamber os lábios. Ela era a garota mais sexy que eu já tinha visto na vida!

Durante a música toda, embora Cat cantasse bem, eu fiquei vidrado em Jade e em sua voz. O público aplaudia e cantava junto. Tori sorria e acenava para elas. Jade se abaixou sensualmente até o chão enquanto Cat rebolava ao seu lado. E eu fiquei louco.

A música acabou e as duas garotas foram aplaudidas rigorosamente pelo pessoal. Tori e eu também aplaudimos, ela parecia bastante feliz pelas amigas. As duas agradeceram e saíram do palco, correram... Bem, na verdade, Cat correu até Tori e a abraçou apertado, quase a derrubando da cadeira. Jade veio andando tranquilamente, como se estivesse emburrada com algo. Imaginei o que era já que ela havia acabado de ser espetacular em uma apresentação.

- Garotas, este aqui é o Beck. Meu meio irmão que eu falei para vocês. – Tori me apresentou e eu acenei para elas, mas preocupado com a reação de Jade.  – Beck, esta é a Cat e esta aqui é a Jade.

- Bem vindo a Hollywood, Beck! – A ruiva soltou Tori e veio correndo me abraçar. Senti o perfume de morango dela.

- Obrigado, Cat. – Ela parecia bastante energética. Cat se sentou na cadeira ao meu lado. Jade sentou-se ao lado da Tori, e indiferentemente, acenou.

Acenei de volta, meio constrangido e decepcionado. Os olhos dela eram azuis e eu meio que passei um bom tempo olhando para eles – disfarçadamente- enquanto elas conversavam entre si.

Era para as duas estarem a fim de mim, como as meninas do Canadá faziam: era para flertarem. Embora elas não fizessem isto e devo admitir que fiquei aliviado. Mas ainda sim, estava meio triste por que parecia que Jade não tinha me notado.

Lembrei-me do que Tori disse... Ela era uma garota meio fria.

Tentei ignora-la por um tempo e prestar atenção na conversa.

-... Então sabiam que caracóis podem dormir por até três anos seguidos? – A ruiva perguntou animada. Cruzei as sobrancelhas, Tori fez uma careta de ‘ela é assim mesmo’ e pelo canto do olho vi Jade revirando os olhos.

Tori pediu para Cat sair e pedir mais nuggets e refrigerante para a gente. E ela foi.  Os nuggets de búfalo realmente eram bons.

- E ai, Beck. – Jade começou a falar naquela voz tão suave e lenta e venenosa e sedutora que eu fiquei insano. – Você está vindo estudar em Hollywood Arts com a gente?

Tori sorriu e se virou para me encarar. Fiquei meio nervoso.

Estranho, nunca havia ficado nervoso perto de uma garota antes.

- Na verdade não. Só vou ficar aqui por três meses, de início. São minhas férias, e quando elas acabarem irei voltar para o Canadá e terminar o primeiro ano por lá. Então no fim do ano, voltarei permanentemente. Isto se eu não conseguir, nestes três meses, uma vaga na escola de vocês.

- Ah... Então é canadense? – Jade perguntou curiosa.

- Jade! – Tori a reprimiu e eu não sabia o porquê. Sem graça a minha irmã se virou para mim. – É que ela não gosta muito de canadenses.

- Por quê?

Jade deu de ombros. – Vocês são tão... Ughh. – Eu tive que sorrir.

- JADE! – Tori voltou a reprimi-la. – Seja boazinha, por favor.

Eu não achei isto ruim. Gostei do modo em que ela falava as coisas na cara, e, além disto, Jade era engraçada.

- Você faz o que? De artístico? – Ela se ajeitou na cadeira e ficou me fitando.

- Eu posso atuar. – Levantei um braço sinceramente e ela sorriu. Oh meu Deus, que sorriso lindo!

Cat logo chegou com os nuggets de búfalo. – Eles estão quentinhos!

O resto da noite foi divertido. Embora Cat ficasse conversando com Jade sobre um garoto o tempo todo. Não prestei muita atenção na conversa porque Tori estava tentando me contar à lista enorme de filmes chick-lits favoritos dela, e o motivo de cada um ser seu favorito. O que eu achei absurdo, pois filmes chick-lits são todos iguais.

O que me deixou estressado foi não saber se Jade tinha namorado ou não.

Então chegou um momento em que ela viu as horas no celular e disse que precisava fazer uma chamada. Mas a música alta iria atrapalhar, então decidiu ligar lá fora. Ela já estava saindo da mesa com a concessão de Cat e de Tori quando eu me levantei também.

- Ei espera, eu não vou deixar uma moça bonita como você ficar lá fora uma hora dessas. – Tentei ser educado, e meio que flertei também. Esperei outro sorriso dela, mas Jade apenas ficou irritada. O que eu achei muito, muito sexy.

- O que? Você acha que eu sou uma garotinha indefesa? Eu posso ir muito bem lá fora sozinha. – Ela cruzou os braços, curiosa com o meu pedido.

Sorri de canto, ficando sem jeito. – Deixa eu te acompanhar, a não ser que a conversa seja muito pessoal... Mas eu também não vou ouvir.

Tori e Cat pararam de conversar para ouvirem nossa conversa. Jade parecia querer negar.

- É, o deixa ir com você jade. – Tori proferiu, parecia querer botar fogo na fogueira... Nossa, eu amo minha irmã! – Lembra-se do que aconteceu um mês atrás com uma garota que ficou nos fundos do Dokie? Deixa ele ir com você.

Jade revirou os olhos, estressada. – Tudo bem! Venha logo, Senhor Canadense. – Jade foi andando meio apressada, eu estava trás dela. Notando o seu rebolado e gostando do apelido novo.

Meu Deus, Los Angeles é mesmo, mesmo, mesmo magnífica!