Best Friend's Brother escrita por ScissorsandCoffee


Capítulo 17
Tori concerta Beck e Jade


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo a todas as escritoras/leitoras, amantes ou não e tudo mais que vale a pena, e que este capítulo (primeiro que eu posto em 2014) seja o nosso presente!



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Tori Vega olhou para o céu nublado acima de si e suspirou, constatando que o final de semana poderia ser um pouco ruim para o seu irmão já que ele iria enfrentar um vôo no próximo dia.

– Este céu não vai deixar a mamãe nem um pouco mais calma, Beck. – Ela olhou para ele. Estavam dentro do seu carro, uma caminhonete vermelha linda a qual Tori adorava cada pedaço... Até mesmo a bonequinha de hula-hula no painel. E a única coisa que mais sentiria falta era do irmão: um garoto tão incrível, e por mais que parecia estranho irmãos se darem bem, ela sabia que os dois eram compatíveis se não de sangue, mas sim de mente. Primeiro ele chegava conquistando a ela e a todos, ficando com a sua melhor amiga e se mostrando um jovem diferente dos outros e aí ele vai embora por uns meses, levando consigo toda a alegria que trouxe, só para Tori poder reencontrar ela quando o encontrasse outra vez no aeroporto.

Mas vai ser para sempre desta próxima vez, ela pensou contente.

– Ela é assim mesmo. Nem poderia um céu clarinho e um arco-íris nas nuvens fazê-la calma. – Ele suspirou, manobrando numa curva fechada numa das avenidas mais movimentadas de Hollywood.

Nossa como ele sentiria falta daquela terra ensolarada que decidiu, em sua partida de ida, se mostrar tempestuosa e fria... Deixando de fazer contraste com a sua terra canadense. Ele não sabia se agüentaria viver outra vez num mundo gelado.

– Eu vou sentir falta de você, da Jade, de Hollywood Arts e do Nozu e do Karaokê Dokie também... Daquela sorveteria e de todos os cinemas e shoppings centers que você me levou. – Ele começou a divagar baixinho, imaginando se a irmã ouvia ou não. – E do RV, da nossa casa, da mãe e do pai... Tudo isto e este sol que era para estar no céu hoje.

Beck olhou para o céu nublado e finalmente soube que não precisaria de um sol brilhante hoje em Los Angeles, ele iria chegar em HA e veria Jade... E isto já era mais que o suficiente para alegrar e clarear o seu dia. Não importava mais o tempo em que estava, bastava ter Jade por perto que todo dia era adocicado por seu temperamento que Beck achava... Estonteante.

Quer dizer, ele era um jovem apaixonado.

– Ah, que maravilha! – Jade jogou a cabeça para trás e estendeu os braços, girando ao seu redor ao ouvir uma tempestade monstruosa cair por cima do teto da escola, o barulho e o frio eram formidáveis, hoje era um bom dia para ela fazer qualquer coisa, pois adorava chuva.

– Sério? Só você neste universo pode estar feliz com este tempo horrível, Jade. – Tori vestiu seu casaco assim que chegou na escola e se arrependeu de ter gastado um dinheirão em algo que não a esquentava ou a deixava confortável.

Beck fitava Jade fascinado. Será que a cada dia ela iria o surpreender mais ainda? Ele sempre pensou que ela só sorriria e mostraria quem verdadeiramente é para alguém muito próximo, como ele, e não que se mostraria alegre para todos com um acontecimento tão comum: como a chuva.

Jade estava rodopiando em seu vestido preto, rendando nas mangas curtas e nas costas, meio revelador e com um caimento curto. Ela estava linda como sempre, ele pensou. Teve a vontade de agarrá-la e levá-la para o Canadá com ele.

É, eu não vou agüentar ficar muito tempo longe, ele pensou sobre sua árdua tarefa que estava por vim nestes próximos meses. Todos os alunos, chegando para as aulas em seus carros ou nos dos pais, entravam rapidamente para dentro da escola para se protegerem da chuva que só aumentava lá fora, juntamente com a felicidade de Jade.

– Ei Jade... – Uma voz desconhecida a saudou. – Te vejo muito contente hoje, o que aconteceu?

Ela sorriu abertamente outra vez, se virando para ver um amigo. – Como está, Seth?

O garoto loiro riu e ficou olhando para Jade, tão fascinado como Beck estava a olhando há pouco. Tori se inclinou para perto do irmão e sussurrou para ele.

– Seth é o novo amigo da Jade, ele foi transferido de uma escola comum pelas redondezas. O pai dele é famoso no ramo do cinema e Jade conheceu ele numa fila de autógrafos do autor daquele livro feio que ela adora. – Beck pensou, lembrando que ela havia contando há alguns dias atrás sobre Jade ter entrado na frente de umas vinte pessoas apenas afastando quem estava na frente da fila, para conseguir seu autografo logo de maneira rude.

– E eles se dão bem? - O garoto murmurou de volta, enquanto de soslaio olhava para Jade contando alguma coisa de terror para o outro.

– Não fique enciumado, garotão. Eles são apenas amigos. – Tori sorriu com uma piscadela.

Beck riu nervosamente, não imaginando o que o deixava com aquela sensação ruim no peito. – Está tudo bem, eles só são amigos, não são?

Quando o sinal tocou e todos começaram a se dirigir para as suas respectivas salas, Beck acompanhou Tori e por mais que quisesse andar ao lado de Jade sabia que não poderia, por parte dela. “Manter sigilo nesta escola é a melhor coisa a se fazer, assim ninguém dará opinião sobre a nossa vida. ”

E para colocar a cereja no bolo de-se-sentir-injustiçado do Beck, o tal de Seth carregou a bolsa e os livros dela, indo em direção a uma sala onde não teria a sua aula e ainda o cara se atrasaria por causa dessas gentilezas que Jade odiava. Mas ela apenas sorriu para o gesto.

Beck tentou imaginar, pelo o resto da sua aula, que talvez só a chuva mudava o humor dela assim e que no fundo ela não gostava daquele tal amigo. Qual era o motivo dela passar todo o tempo livre com aquele garoto que pode ver todos os dias, sendo que eu – seu namorado- estou voltando para o Canadá amanhã e só voltarei no ano que vem¿ Ele pensou, enquanto se irritava cada vez mais no decorrer daquele seu último dia em Hollywood Arts.

POV Tori

O dia estava bastante chuvoso hoje e por isto eu tinha certeza que a nossa mãe iria estar um caco de preocupação até eu e Beck chegarmos são e salvos em casa. As aulas se passaram animadas e eu estava fazendo de tudo para o meu irmão adorar o seu último dia de aula aqui.

Sikowtiz agora. Sentia que por alguma razão aquela aula iria ser incrível!

– Vamos, vamos, vamos é aula do Sikowtiz! – Eu vi Cat entrando e gritando no meio do corredor, surgindo na minha frente do nada e me puxando a força para a sala do nosso professor. Ela adorava mesmo as aulas dele, mas eu só suspeitava que o motivo fosse ficar ao lado daquele garoto estranho... O Robbie Shappiro.

Olhei para trás enquanto corria a força e vi Beck e Jade lado a lado, tentando agir normalmente como se não fossem namorados. Eu sorri para aquilo, e imaginei o quanto seria difícil para ela ficar longe dele por este tempo todo.

Oh, cara, deveriam ficar juntos! Mas isto não vai ser possível nestes meses Tori, então faça algo para eles aproveitarem estas horas! Eu pensei comigo mesma, quando logo tive uma ideia de gênio que passei a desenvolvê-la durante a espera de meu professor favorito entrar pela janela.

Sikowtiz logo começou a aula, os alunos em pé se sentaram. Jade ao meu lado e Beck no outro, como sempre faziam nesta sala. Ele começou a explicar algumas coisas sobre romantismo no palco e quis chamar alguém para escolher voluntários opostos para uma cena de amor.

– Cat, venha cá minha querida. – Ele chamou e a ruiva se levantou, pulando numa energia muito intensa. – Então eu quero que escolha dois de seus colegas para virem ao palco, aos quais você os ache bem diferentes dos demais e de si mesmos, e então nos diga o porquê.

– Diferentes em quaisquer aspectos? - Ela riu enquanto já brincava com o cadarço de seu tênis vermelho.

– Quaisquer aspectos! – Sikowtiz assentiu.

Cat voltou a dar pulinhos enquanto dizia que aquilo era como jogar The Sims, e continuando sua vida sem sentindo, decidiu escolher logo.

– Jade! – Ela apontou com um grande sorriso. E todos na sala a viram bufar irritada, se levantando e indo com raiva até o palco da sala. Jade cruzou os braços e olhou com raiva para Cat. Ela não estava muito contente por participar daquela besteira.

– E quem mais, Cat? - O professor a questionou enquanto ela sorria para Jade.

– Hmmm... – Fingiu pensar, quando já era claro que a ruiva tinha a resposta na ponta da língua. – O André!

Ela voltou a dar pulinhos alegres enquanto eu tentava destacar silenciosamente o que aqueles dois tinham de diferentes. E quando o André já estava no palco, ao lado de Jade, Sikowtiz pediu para Cat falar o porquê de ter escolhido os dois.

– Bom... – Ela sorriu e colocou uma mão no queixo, demonstrando outra vez que pensava. – Eles são amigos há um bom tempo, desde o começo do fundamental, mas são tão diferentes! Por exemplo, o André sempre vê o lado bom das coisas e tenta animar todos ao seu redor por quaisquer custos! E a nossa Jade é muito malvada e pessimista, e ela odeia quando as pessoas estão feliz. Então, eu sempre achei que por isto, não tinha como eles estarem juntos assim como são... Numa verdadeira amizade! – Ela falou rápido demais e custou para alguns alunos desatentos entenderem suas palavras emboladas.

– Era exatamente isto! – Sikowtiz pulou de excitação. – Era isto que eu queria que você dissesse: “não tinha como eles estarem juntos assim” e isto por conta das diferenças gritantes. Mas é exatamente isto que faz sucesso num romance, na vida real ou em qualquer coisa que seja! Porque as diferenças se atraem, porque é um relacionamento real e as pessoas querem ver isto! Agora vejam esta cena de palco... – Ele entregou dois roteiros a cada um do casal e pediu para Cat se sentar, por gentileza. A ruiva foi para o seu lugar, saltitante como sempre enquanto nós assistíamos Jade e André passarem os olhos rapidamente pelo roteiro.

– Estão prontos? - Sikowtiz perguntou ansioso. Tanto Jade como André eram bons atores e confiavam muito nas habilidades um do outro, então assentiram sem hesitar. – E cena!

Eu e Beck assistimos com atenção, não pelo aprendizado que teríamos, mas sim porque queríamos ver como Jade iria se sair. Era uma cena típica de amor, em que os dois concordavam em tudo e em alguns momentos pareceu que eles estavam oprimindo suas vontades em segredo, porém se beijavam no final. Um beijo normal.

– Viram o qual desastrado são casais de personagens misteriosos, porém iguais ao tentarem esconder suas virtudes para agradar um ao outro? Agora o que acontece se a cena mudar para isto...

Então Jade e André mudaram a folha do roteiro com a mesma sincronia e passaram a ler a nova parte. Agora tudo se constituía em brigas, desilusões e o que mais for para aqueles dois, ambos pareciam muito bons atuando... Bons demais, André era muito talentoso e Jade era a melhor que eu conhecia. Eles jogavam palavras de desgosto e desacordo um para o outro, e por fim, num piscar de olhos estavam se beijando furiosamente no palco. Vi Beck se enrijecer na cadeira ao meu lado, ele parecia bastante desconfortável para uma cena de palco. E aquilo era terrível, já que não merecia seu último dia aqui com uma lembrança dessas.

– Está tudo bem, é só uma cena. – Eu me certifiquei de murmurar para ele. “Manter a aparência como Jade implorava...”

Ele assentiu levemente e continuamos a observar os dois. André parecia aproveitar bem a situação, talvez gostasse mesmo de Jade... O fato é que ninguém sabia se a cena era assim mesmo, ou se Sikowtiz tinha pedido para eles ficarem se agarrando durante uma hora ali, mas enfim... O professor estava num canto da sala, observando a “obra de arte” a sua frente enquanto alguns meninos do fundo da sala começaram a uivar quando o beijo foi demorando tempo demais.

Os dois se separaram e Jade estava um pouco vermelha, talvez pelos uivos ou por guardar algum sentimento do André... Mas ela era apaixonada por Beck! Talvez o calor do beijo tenha feito a pele incrivelmente sensível dela se avermelhar, ninguém saberia...

Com isto Sikowtiz agradeceu a ótima interpretação deles e pediu para voltarem ao seu lugar. Assistíamos enquanto os dois desciam do palco e ele passava a explicar mais a cena.

– Tirou o fôlego, hein? - Eu sussurrei para Jade quando ela se sentou ao meu lado.

– Não enche Tori, era André que comandava. – Ela sussurrou de volta, e eu olhei para o outro lado na tentativa de ver se Beck tinha ouvido ou não. Senti seu corpo ficar mais tenso ainda e ele cruzou os braços, meio que ignorando Jade ou a mim.

No primeiro ano que eu havia o conhecido, ele tinha me dito que nunca sentiu ciúmes por alguma garota. Na verdade tudo o que elas faziam eram implorar para algum garoto dar em cima dela, na frente de Beck. Ele nunca entendeu o sentido de ter uma namorada “só sua”, a qual amava de verdade. E o pior era que eu nunca imaginei que ele fosse do tipo ciumento por causa disto. Mas com o que ocorria agora, deixava claro que a Jade estava mudando mesmo o coração do meu irmão.

A aula acabou e Beck continuava tenso. Foi difícil fazê-lo prestar atenção em algo que eu falava ou em qualquer outra coisa. E eu estava odiando isto, ele não poderia passar o seu último dia em Hollywood Arts alagado de ciúmes.

– Ei? Tori chamando Beck! – Eu balancei a minha mão na frente de seu rosto enquanto ele olhava pasmo para o além, parecia em algum transe leve ou algo assim. – Qual é, Beck? Só foi um beijinho de palco e o André tem uma quedinha por Jade há um tempo, mas todo mundo sabe que ela não gosta dele mais do que como amigo.

– Ah é? Quem está garantindo isto? E se o único empecilho para ela mostrar que ama ele for eu? Quando eu for para o Canadá e voltar, quais serão as chances dela querer continuar alguma coisa comigo se o ama? - Ele gritou para mim.

E eu fiquei surpresa é claro. – Você está muito temperamental hoje, Beck. Só foi uma cena de palco! Um beijo de palco! Relaxe e curta o seu último dia aqui. – Eu olhei para ele, certificando de que não tinha ninguém próximo o suficiente no corredor para ouvir aquilo... – Preste atenção porque eu estou bolando um plano para ser inesquecível este dia aqui, e você vai poder mostrar para todos que ela é sua.

Ele ficou parado, meio que congelado. Só para depois de algum tempo conseguir sorrir. - O que você está planejando, pequena Vega?

– Você vai descobrir. Só siga o plano da maneira que eu mandar, e seja corajoso garoto. – Eu sorri para ele. – Confie em mim. – E então fui surpreendida quando ele me levantou no ar.

– Você é uma irmã incrível Tori! – E rimos com isto. Sim, Beck... Eu sou uma irmã incrível.

POV Beck

A chuva ainda caía bem forte lá fora então todos nós teríamos que almoçar dentro da escola, nos corredores ou nas salas de aulas vazias. Apesar disto tudo a única coisa que eu estava começado a sentir falta neste dia era de Jade.

Durante o almoço eu ouvi com atenção o mirabolante plano da Tori, ela era realmente um gênio. Estávamos sentados em um corredor, encostados nos armários e enquanto isto Jade estava ocupada recebendo as gentilezas de Seth. Eu achava estranho não ter o visto durante estes últimos dias... Quando houve algumas vezes que ouvi Jade dizendo que não daria para me encontrar porque teria que sair com um amigo, eu não imaginei que seria este amigo. O amigo que dava em cima dela.

O meu maior desejo, desde muito tempo, era mostrar para Hollywood Arts a quem Jade pertence. E agora também era acabar com os sonhos de André e Seth de uma vez por todas, assim eu me sentiria melhor sendo que saberia que ela estaria segura aqui.

– E aí, o que achou? - Ela me perguntou, mordendo sua pizza. Quando me contou seu plano eu fiquei vagando a mente pensando em todas as possibilidades de resultados que aquilo teria.

– É ótimo. – Eu respondi, fitando-a. – Só que se der algo errado... Como Jade ficar com muita raiva em vez de encantada? Eu aprendi isto da pior maneira, sei do que eu estou falando.

– Ela vai ficar encantada, Beck. Eu a conheço há séculos e sei do que ela gosta ou não. Então relaxe e trate, de pelo menos a sua parte, der certo. – Ela me pediu suplicante.

– Eu sei o que vou falar para ela. – Vislumbrei Jade no outro lado do corredor, bebendo algum tipo de refrigerante enquanto Seth conversava com ela esperançoso. – Tem coisas que eu quero dizer há tempo... O problema é se ela não sentir o mesmo.

– Ela já disse que te ama, não é? – Tori ficou a minha frente. – Então não se preocupe quanto a isto, meu irmão. Tudo que você sentir ela vai entender.

É, eu espero Tori... Eu realmente espero.

O fim do horário do almoço bateu pedindo para todos nós irmos para as nossas salas, Tori se levantou e deu uma piscadela para mim enquanto murmurava boa sorte. Ás vezes eu sentia que gastava quase todo o meu tempo na melhor namorada do mundo, enquanto esquecia a melhor irmã do mundo!

Decidi fazer certo o que Tori me pediu. Ela queria me ver junto de Jade para sempre, queria nós dois felizes. Eu só queria que toda a escola pudesse também perceber o quão felizes somos juntos.

Enrolei e fui para o banheiro dos meninos no primeiro andar, encostei-me numa das paredes e mandei uma mensagem de texto para Jade, obviamente ela estaria emburrada e contando mortes numa sala de aula barulhenta e sem nenhum professor a vista ainda.

De: Beck

Para: Jade

Me encontra na saída da escola, em 5 min. Ok?

Foi só alguns segundos e ela me mandou de volta uma resposta.

De: Jade

Para: Beck

Por quê?

Revirei os olhos. Cadê aquelas conversas loucas em que ela dizia que arriscar de verdade é bom? Era como se ela não gostasse mais de aventuras...

De: Beck

Para: Jade

Só me encontre lá, eu tenho uma surpresa para você!

E pronto! Eu tinha certeza que ela viria. Guardei meu celular no bolso e corri para a entrada. Tori tinha que fazer isto funcionar.

Quando me encostei na porta fechada da saída principal, notei o barulho que a chuva fazia lá fora. Se Jade aceitasse sair comigo para lá, tudo daria certo. Eu sabia que Tori estava fazendo o outro detalhe do plano. Iria tocar o alarme de incêndio fazendo todos os alunos e professores se dirigissem para fora, na saída principal. E então nos veriam lá. E daria mais certo ainda porque tanto Seth e o André, por coincidência, estavam na mesma sala de aula naquele horário... E ao ouvir o alarme, por proximidade seriam um dos primeiros alunos a verem o que eu estava planejando fazer.

– Você sabe muito bem Oliver, que eu odeio surpresas. – Jade enfatizou seu tom de voz como apenas ela sabia fazer e cruzou os braços, na minha frente ao aparecer do nada. A única coisa que eu conseguia fazer era sorrir.

– Venha cá. – A peguei na mão e puxei-a para um beijo. – O meu último dia em Hollywood Arts e você está num bom humor destes? – Eu olhei para ela e Jade não me respondeu. – Devo-lhe dizer que as gurias do meu fã-clube estão bem chateadas, e limparam as lágrimas com cartazes de amor que elas me fizeram.

– Você sabe muito bem que eu não sou como aquelas idiotas. – Jade murmurou, escondendo os ciúmes. – E, além disto, eu tenho um dia bônus. Na verdade, uma manhã inteira antes de você pegar o vôo...

– E pretende se despedir apenas lá? – Eu a beijei outra vez.

Jade ficou meio confusa ou sei lá o que, e demorou a me responder.

– Claro, o porquê de me despedir em outro lugar? – Ela perguntou e me fitou com aqueles olhos azuis. Eu sorri para ela.

– Você vai ver. – Parei. – Mas antes... – Dei um passo para trás e encostei uma mão numa das portas. Ouvimos um grande trovão lá fora e isto fez Jade sorrir um pouco, suspirei. –... Eu quero que saiba que tudo que eu fizer tem um objetivo só e ele é muito valioso para mim, não quero ir contra seus conceitos e tentei não ir... Mas é uma coisa, que como você disse... Precisamos arriscar, porque arriscar é bom. – Eu a fitei e ela me olhou desconfiada. – Só pretendo que não fique com raiva de mim, realmente, realmente pretendo.

Eu fixei meu olhar nela, e como se fosse tudo uma sincronia mais do que humana e por incrível que pareça, no momento em que eu puxei Jade para fora da escola e fomos em direção a chuva o sinal de incêndio falso foi tocado por Tori, no exato momento em que os pingos grossos de chuva começaram a bater na gente. Eu puxei Jade outra vez, só que agora para um beijo e começamos a ouvir as primeiras gritarias e os alunos saindo de suas salas. Tori foi a primeira a aparecer na nossa frente, sozinha e eu havia escutado ela sussurrar algo como “Isso!”. Logo alguns alunos foram aparecendo a nossa frente, mas ninguém avançava parar sair da escola e se “proteger”do incêndio falso, isto porque me viam agarrando Jade West a força, porque eu garanto que quando percebeu a nossa platéia que cada vez crescia mais ela quis se soltar.

Eu envolvi meus braços com mais força ao redor dela e tentei com que ocupássemos o mesmo espaço no universo. Finalmente ela voltou a corresponder o beijo, mais suave e amorosa. Ouvimos os primeiros sussurros começarem a se formar e isto era já estava previsto.

Diziam coisas um para o outro, completando a si mesmos:

– Isto não está certo... Eles não devem ficar juntos assim.

– O que? Jade apenas atacou outro de novo?

– Qual é?

– Ela é insuportável e ele é tão bom. Deveriam ficar com pessoas as quais dão mais certo!

– Porque eles gostam um do outro?

Mas nós dois ignorávamos. Era como Sikowtiz tinha dito... O melhor é quando o casal é diferente, um do outro porque tem uma essência real e duradoura. Quando nós ficamos sem falta de ar, ela quebrou o beijo e deu um meio passo para trás, só não foi mais porque eu estava a segurando. Seu olhar de pânico e sua expressão assustada me fez ter arrependido de não contar antes o meu plano, ela estaria com raiva?

– Eu sei que você não queria isto. – Falei para ela, mas alto o suficiente para todos que estavam por perto escutarem. – Eu sei que você não queria me ver mal assim... Mas eu não poderia agüentar ficar longe por mais algum tempo, mesmo sendo apenas o tempo que passamos aqui na escola. – Parei, segurando uma de suas mãos e a beijando. – Tenho a consciência de que você pode acabar me odiando e terminando tudo quando eu falar isto para todos... – Olhei para o lado e vi a nossa platéia lá, e Tori sorrindo orgulhosa. Parece que a chuva não era o suficiente para tirar eles de lá e muito menos o aviso, que alguém tinha dado, de que o incêndio era falso. Vi pelo canto do olho, André e Seth logo atrás, perto de Tori. –... Mas, Jade, eu te amo desde o dia em que eu te conheci, mas mentir para todos ao nosso redor sobre o nosso relacionamento para me proteger... – Toquei em seu rosto.- Eu não vou mais perder tempo comigo quando eu tenho você para colocar toda a minha atenção. O que eu sei é que estes alunos e os seus amigos não irão mais escolher com quem você pode ficar ou não.

Nossa platéia parecia surpresa, assim como ela. Os olhos de Tori brilhavam de lágrimas, sendo que por fim era Jade que deveria estar chorando... Mas talvez, em nossa situação, os melhores momentos são aqueles em que tudo está errado...

– Quando eu te vi beijando outras pessoas, mesmo sendo beijos encenados... – Tentei assassinar com o meu olhar o André. – Ou alguém flertando com você, aqui mesmo na escola. – Dei outro olhar mortal ao garoto loiro. – Talvez por alguma influencia indireta de alguém... Mas ai eu soube que não conseguiria obedecer ao que tinha me pedido, e é por isto que eu estou fazendo isto agora, antes de ir viajar para ter a certeza de uma coisa.

Ainda segurando suas mãos gélidas, eu me virei para todos e tratei de anunciar mais alto. Os olhares chocados me fitaram.

– Eu quero que todos saibam que a Jade, esta garota maravilhosa, a melhor pessoa que eu conheço, é por quem eu vou morrer apaixonado. E antes de ir eu queria ter a certeza de que algo me faria melhor, me sentir mais seguro em relação a isto. – Olhei para Seth e André. – Queria que vocês e os demais namoradores em ação, e os diversos meninos e também meninas que pensem que um dia esta garota espetacular possa ser de vocês, partam para outra. Por que... Eu vou fazer de tudo para estar do lado dela e nem mesmo uma hierarquia escolar poderá me afastar. – Os olhos azulados de Jade estavam cheios de lágrimas, a face avermelhada e ela mordia os lábios. – E também todo mundo sabe que no fim da conta, ela vai ficar com quem ela quiser ficar. Não mais guardando o nosso relacionamento em segredo de todos, eu quero fazer isto direito agora: Jadelyn August West, você me aceitaria como o seu namorado?

Alguns alunos que apoiavam aquilo deram gritinhos, a minoria, todos acompanhando a Tori que vibrava por nós. Jade abriu a boca para falar, e lembrei de que ela não gostava de expressar seus sentimentos. Mas agora, tão linda e delicada eu mal me lembrava de que ela poderia me matar e matar a todos com um movimento só.

– Um namorado de verdade, agora? Real? – Ela me questionou, com a boca tremendo. Eu me aproximei assentindo.

– Um namoro de verdade agora. E para sempre.

– Eu aceito! – Ela gritou como eu não imaginaria, e com um sorriso nos lábios pulou em mim. Eu a segurei e beijei-a na boca.

As pessoas foram aplaudindo e pouco a pouco recebíamos aplausos de todos que estavam lá, tirando algumas meninas do meu fã-clube que saíram revoltadas. Tori estava pulando animada e assim que eu coloquei Jade no chão (por mais que não quisesse acabar com aquilo) nos viramos para abraçarmos a minha irmã.

– Aaaaaah.... – Ela gritou. – Vocês juntos são a coisa mais bonita do universo! Eu sabia que isto iria dar certo, eu sabia que vocês sempre acabariam nesta de qualquer forma! Tudo graças a mim... Eu juntei os pauzinhos e me toquei de que os dois seriam perfeitos!

– Ah, tá é claro. – Jade a respondeu com sarcasmo evidente. – Claro que foi você que nos juntou.

– Olha... Mas o plano para isto que acabou de acontecer fui eu que bolei. – Tori levantou a mão no ar, animada.

– Foi você que tocou o alarme de incêndio? – Jade perguntou surpresa e Tori respondeu que sim e que era um alarme falso. – Que novidade, hein! A certinha começou a ver como a vida realmente é.

– Ah Tori, muito obrigado. – Eu a abracei de lado. – Não conseguiria isto sem a minha irmã predileta de todas!

– Ei, mas eu sou a única que você tem! – Ela gritou confusa. Nós rimos.

Quando a multidão já estava quase toda dissipada porque os professores mandaram todos irem para o Asphalt Coffee enquanto se certificavam de que não havia quaisquer incêndios, Jade me empurrou para um lado afastado e sorriu para mim. – Eu só espero que não se arrependa algum dia de ter deixado bem claro este namoro pelos quatro cantos do mundo.

– Meu amor, - A puxei para mim. – a única coisa a qual eu me arrependerei e de ter palermas como o André e o Seth dando em cima de você. E o resto, pode deixar que eu me viro... – A levantei outra vez no colo. – Por que eu vou fazer de tudo para você ser só minha. Minha o tempo todo...

– O tempo todo... - Jade repetiu sorrindo para mim e me beijou. E tudo acabaria feliz se eu não estivesse me despedindo dela no dia seguinte, para voltar apenas meses depois.

– Promete se comportar bem sem mim? – Eu perguntei sorrindo. – Afinal, é melhor manter a ordem porque eu vou voltar e descobrirei por bem ou por mau o que aconteceu aqui...

– Não mesmo. – Ela riu e se inclinou outra vez para me beijar no melhor beijo que eu já tive. – Eu não irei me comportar e você nunca saberá!

E com tudo que aconteceu, eu sabia que não me arrependeria de ter deixado Los Angeles, sendo que todos agora sabiam a quem realmente Jade pertence.


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Notas finais do capítulo

O que acharam deste?


Sinto muito por não ter atualizado antes, só que inesperadamente meu computador voltou a dar erros ilógicos e eu perdi TUDO o que eu tinha, jogos, fanfics escritas, coisas valiosas para mim... Muita coisa. E o pior era que eu não tinha salvado nada em compartilhamento por nuvem, tipo dropvox ou o skydrive. Recomecei de zero com lágrimas caindo no teclado, mas enfim... Tudo por vocês!

Review para esta imploradora?