Percy Jackson e a Trilogia Da Pedra escrita por Pedro


Capítulo 83
33 - O Grande


Notas iniciais do capítulo

Confesso que estou surpreso comigo mesmo, dois capítulos em dois dias, até parei de escrever meu livro original, afinal ele é baseado neste enredo.
Eu estaria fudido se meu bloqueio continuasse, já que a obra original está chegando no mesmo ponto que a fic.
Só um desabafo mesmo.
Boa leitura, deixe seu review, um cap desses merece, que capitulo foda, tô impressionado comigo modéstia à parte.

Enjoy!



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33 - O Grande 

 

Percy piscou os olhos atonitamente por uns 15 segundos. Se antes ele já não tinha de como derrotar Tártaro e seus pilares, imagina sem a tal adaga da Justiça, a que Percy e Dora procuraram em suas visões.

—Como assim, jamais a encontrou? — Percy tentou desviar o olhar das Moiras, que teciam os fios calmamente, sem parecer se importar com a presença de cinco semideuses. 

“Eu vi nos meus sonhos, você e a deusa neste mesmo lugar, usando o mesmo elevador do templo de Zeus.”

—O elevador não era no templo de Zeus, à época — Perseu parou de caminhar.

“Muitas coisas mudaram desde a primeira vinda do Senhor dos Abismos, garoto.”

—Este elevador foi construído muito antes de Reia entregar seus filhos a Cronos, muito antes de Zeus assassinar o pai para tomar o poder do Olimpo para si. E com certeza é muito mais antigo que a própria adaga que estava aqui. 

Percy bufou, vencido. Durante seu treinamento ele havia aprendido a não questionar Perseu, mesmo que a fala de seu mestre não fosse nem de longe esclarecedora.

Perseu Jackson… 

Os pelos da nuca de Percy se eriçaram. Há muito não ouvia aquelas vozes macabras, ele se lembrou de uma profecia proferida pelas três senhoras, após um ataque na Goode High School de seu velho inimigo, o Minotauro.

—Eu achei aquele tal livro de que me falaram. Não que tenha sido de grande ajuda, até agora. Perseu até me fez decorar o maldito. 

Se engana, semideus.

As vozes delas saiam triplicadas, como se dividissem a mesma consciência. 

“Você só não possui os olhos certos para lê-lo. Se nos recordamos bem, nunca o mandamos ler o Livro, somente encontrá-lo.”

Percy se se mexeu impaciente, elas o haviam desarmado com um simples erro de interpretação. 

“O herói obstinado o Livro deve buscar, sozinho e desamparado, longe do lar. O espirito guerreiro o irá esclarecer, e todos pensarão que a morte irá vencer. 

A névoa esverdeava se desprendeu da boca das Moiras a cada palavra proferida. 

Essas foram as palavras, nós nunca nos enganamos. O outro era mais esperto, esse que está aí do seu ladoCloto apontava para Perseu. 

—A profecia foi cumprida, Cloto — Perseu foi quem respondeu. Ele avançou um passo à frente, os outros continuaram lado a lado, talvez medrosos demais para se aproximarem. 

“Percy me venceu em batalha sem treinamento, encontrou o livro e aceitou a Oferta de Caos. Tudo conforme as senhoras profetizaram. O filho de Poseidon conectou-se à Mãe-Terra, como eu em eras passadas. O garoto foi derrotado no abismo e aprisionado nesta montanha, tudo está exatamente igual, como na minha vez.”

Tudo deve acontecer como antesLáquesis ergueu o olhar penetrante, branco e leitoso — Como sempre aconteceu.

“Só assim o abismo será aprisionado uma vez mais. O destino falou, e assim nós também falamos.” 

—Não quero aprisioná-lo. Quero destruí-lo! — Percy rosnou com os punhos cerrados.

As Irmãs do Destino gargalharam exageradamente.

Esse é mais insolente que o filho de ZeusCloto largou as agulhas de tricô em seu colo e parou de se balançar na cadeira.

E mais soberboLáquesis ainda gargalhava em meio à tosse descontrolada.

Átropos permanecia quieta, a tesoura em sua mão direita selecionava entre centenas de fios, cortando uns tantos e emendando outros poucos. 

Nem todos os problemas do mundo podem ser resolvidos pela ponta de uma espada, semideusÁtropos deixou a tesoura vermelha no colo, o emaranhado de fios também. 

Veja este novelo, o destino de milhares estão aqui, na palma de minhas mãos, eu não interfiro, apenas faço o que o Destino manda. Tudo tem que acontecer conforme já está acontecendo. Um destes fios pode ser a essência da vida de um de vocês, semideuses.”

—Eu já quebrei esse paradigma, Annabeth está aqui — Percy inflou o peito — O quebrei duas vezes. Não temo vocês.

Como eu disse, tudo já está acontecendo conforme aconteceuÁtropos pegou sua tesoura novamente.

“Já aguardávamos a filha de Atena aqui neste lugar, assim foi dito, assim foi feito. Não é preciso nos temer, você precisa temer o abismo, temer que seu fio seja cortado sem que possa salvar seus preciosos deuses, e os mortais que cegamente seguem o senhor da escuridão.”

—Isso não muda o fato da adaga que vi em meus sonhos não estar aqui — Percy cruzou os braços.

E se ela estivesse? Você tem alguma ideia de como usá-la?Láquesis fixou o olhar nele, desviando a atenção do fuso cilíndrico. 

Percy não respondeu. Ele sustentou o olhar da Moira.

“Nós também indagamos isso ao filho de Zeus, ele sequer chegou a encontrá-la. Tudo se repete. Tudo acontece como aconteceu.”

—Esses enigmas me cansam, digam logo o que estão fazendo aqui Moiras — Perseu também cruzou os braços ao dizer.

As Parcas se mexeram e largaram seus apetrechos. Cloto parou de mexer na máquina de fiar, Láquesis deixou o novelo no colo e Átropos guardou a tesoura vermelha nas dobras do vestido em frangalhos.

Filha de Atena… Palas Atena, deusa da civilização, da sabedoria, da estratégia em conflitos, do senso de justiça, das artes e das habilidades…

As vozes saíram em uníssono. Percy notou Annabeth avançar um passo cautelosamente. Ela não respondeu e não demonstrou reação, mas Percy sabia que ela estava apavorada, afinal eram as Senhoras do Destino.

Diga-nos, filha da sabedoria — Átropos se levantou da cadeira de balanço — Prove-nos que é digna de sua Mãe. 

Onde guardamos um livro?”

Percy ergueu uma sobrancelha, ele olhou para seu mestre incrédulo. Annabeth pigarreou e levou uma das mãos ao queixo.

Em uma… hã, biblioteca? — ela  pronunciou as sílabas da última palavra com cuidado. 

Átropos avançou na direção da filha de Atena. Ela recuou receosa e esbarrou em Percy. Annabeth murmurou um pedido de desculpas e abriu um sorriso amarelo, Percy sustentou o olhar dela.

Ótimo, ótimo… — a Moira mal se mantinha de pé, os passos cambaleantes ecoaram no coração da montanha. 

Ela ficou cara a cara com Annabeth. 

E se você pudesse escolher qualquer biblioteca do mundo para ler, qual escolheria? — ela balançava as mãos no ar, como um cego tentando se apoiar e recobrar o senso de direção. 

Annabeth esticou os braços para ajudá-la. Percy torceu o nariz, a avó demoníaca era ainda mais asquerosa de perto, ele preferia quando elas estavam ao longe tricotando os fios das vidas alheias. 

Escolha com cuidado, semideusa — a voz de Láquesis chamou a atenção dela. A Moira que sorteava estava com seu novelo em mãos, novamente — Sua resposta influenciará o destino de muitos, o seu mais que todos. 

Annabeth pensou no tempo em que passou na fortaleza do Senhor dos Abismos. Ela se lembrou dos livros na biblioteca de Atena, num dos pontos mais altos do Monte Olimpo, após o distrito Hermes. 

Todo aquele conhecimento, histórias à muito perdidas, evaporadas da existência, fatos que se perderam e se misturaram à história dos deuses e homens. 

Ela pensou na sessão proibida. Os manuscritos em sânscrito e grego antigo, datados da época de grandes conquistadores, grandes monarcas, verdadeiras divindades na história humana. 

O modo como o Senhor da Escuridão havia prometido apagar toda a história da humanidade e escrevê-la novamente das cinzas de seu novo mundo.

A nerd que habitava dentro dela ansiava pelo conhecimento, e na história da humanidade houve um lugar, uma biblioteca que respirava conhecimento, ciência e artes.

Há muito perdida por guerras e massacre. Guerras entre persas e gregos, entre egípcios e romanos. Nazistas e americanos. Júlio César e PtolemeuOtaviano e Marco Antônio, sempre defendendo seus próprios ideais, suas próprias ideias de certo e errado. Quais deuses eram os certos, qual cultura era a melhor, quais rituais os agradavam mais. O mundo continuava sendo o perdedor, mais histórias e essências se perdiam a cada golpe de espada, de baioneta e de canhão

O idealizador que há muito havia fundado o farol de conhecimento do mundo antigo. Um dos maiores centros de poder e produção de saber do mundo greco-romano, a rede de ensino que foi alma-mater de grandes nomes da história conhecida.

Arquimedes, pai da hidrostática. Euclides, o pai da geometria, Ptolomeu, célebre astrônomo. 

Annabeth lembrou-se das aulas de história antiga no Acampamento Meio-Sangue. 

Um jovem rei Macedônio famoso pelas conquistas mundo a fora. Famoso por aglutinar culturas e conhecimentos sem fazer distinção, famoso pela inteligência em batalha, há quem diga que era filho de Zeus, se enganavam estes. Ele era filho de Atena, pupilo de Aristóteles.

Alexandre III da Macedônia, o Grande. Alexandre Magno. Príncipe, general, conquistador, rei, Imperador

O grande conquistador do Egito e da Ásia, aquele que unificou dois dos grandes impérios da antiguidade, de Creta ao Saara, do Adriático ao rio Indo. Aquele que buscava alcançar os “Confins do mundo e do Grande Mar Exterior”, conquistador da Índia e da Babilônia, às margens do Eufrates

O imperador que morreu invicto em batalha, um dos comandantes militares mais bem sucedidos da história conhecida. Seu legado transcende a cultura helenística, tornando-se o termômetro no que diz respeito aos moldes de um líder sábio, um executor justo e um carrasco implacável.

Annabeth soube que era a resposta antes mesmo das palavras saírem de sua boca.

Alexandria… — ela gaguejou um pouco — Eu escolheria a Biblioteca de Alexandria. 

Átropos esboçou um sorriso vitorioso, a Moira se afastou um passo. As outras irmãs do destino se colocaram de pé.

Está dito. Está feitoLáquesis separou um dos fios do novelo e o ergueu com os braços. Ela deixou o fuso na cadeira de balanço.

Cloto abandonou a máquina de fiar e se postou ao lado da irmã. Ela também ergueu os braços e baixou a cabeça, como se fizesse uma prece. 

Átropos foi ao encontro de suas irmãs. Ela retirou a tesoura das dobras do vestido e a ergueu para os céus. 

Percy sentiu um calafrio na espinha, aquele poderia ser o fio de Annabeth, ele não gostou de ver a tesoura tão próximo ao filete de tecido.

As três Moiras baixaram as cabeças, permanecendo com os braços erguidos aos céus, pareciam estar oferecendo seus apetrechos a algum deus, como Percy fazia com seu jantar no braseiro do refeitório no Acampamento.

O fio de linho começou a fumegar e brilhar em verde, assim como a tesoura vermelha, o resto do novelo, o fuso e a máquina de fiar. Até as Parcas começaram a fumegar em brasas esverdeadas.

Todos recuaram alguns passos enquanto as três Senhoras do Destino entravam em combustão espontânea. O brilho esverdeado era idêntico ao da centelha. As chamas consumiam todos os objetos ali presentes, Percy já não conseguia distinguir entre as cadeiras de balanço e a máquina de fiar, o fuso e o novelo, a tesoura e o fio. 

As Irmãs do Destino foram reduzidas a cinzas diante dos olhos de Annabeth. Não havia  restado nada, apenas um monte de cinzas e brasas esverdeadas na pedra lisa. 

Todos estavam atônitos. 

Percy teve medo de morrer instantaneamente, afinal aquele novelo deveria significar as vidas de todos os mortais, deuses e primordiais. Ele não descartou a possibilidade de ser um truque, mas as Moiras sequer contrariaram a fala de Annabeth, elas simplesmente desapareceram. 

Com pouco o único brilho era o do luar, que iluminou a figura de Annabeth e a destacou em meio à escuridão. 

Uma lufada de ar cortou o salão e açoitou os cabelos louros dela. Annabeth só tinha uma certeza, eles precisavam chegar até a Biblioteca de Alexandre, e ela estava a milhares de quilômetros de distância.

Um estrondo preencheu os ouvidos dos semideuses, rachaduras se formavam a seus pés e enormes rochas se desprendiam mais acima, caindo como mísseis nucleares.

—E agora? — Percy avançou até ficar ao lado da filha de Atena.

—Não tenho certeza — ela percebeu as rachaduras se estenderem até a parede de rochas molhadas. 

Em poucos segundos o chão começou a se abrir sob os pés deles, a montanha parecia querer engoli-los. A fissura se estendeu até as paredes, revelando uma estreita passagem onde se podia ver o brilho da Lua no fundo. 

—Lá — Thalia apontou e se pôs a correr.

Os outros 4 semideuses ficaram paralisados por um instante até começarem a segui-la.

Annabeth continuou lá, aturdida pelos eventos recentes. Percy segurou a mão dela. 

—Temos que ir — ele pediu encarando-a. 

Annabeth assentiu com a cabeça e se deixou ser levada pelo braço, enquanto corria ela olhou para trás, onde as cinzas das Moiras eram engolidas pela montanha Olimpiana.

A Biblioteca de Alexandria os aguardava, só havia um problema. 

Os salões de vasto conhecimento estavam perdidos a mais de mil anos, junto com todo o seu acervo.


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