Because I Know That I Love You .. escrita por Júluquete


Capítulo 7
Capítulo 8 .. (adiantado) ,(adiantando o 9 também)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/367200/chapter/7

 Indo para a minha casa. Cinco e meia da noite.

-… Agora só falta eu arrumar uma roupa – disse, completando minha fala.

- Você realmente está muito empolgada com esse encontro, não está? – Paulo falou baixo.

- Muito! O Gabriel é o meu sonho de consumo desde o primeiro ano. Não acredito que vamos ter um encontro.

- Desde o ano passado? – pareceu confuso.

- Qual o problema?

- Nada. Só não sabia que tinha esse tempo todo.

- Mas então… – disse, mudando de assunto – Você tem que ficar no restaurante todas as tardes?

- Tenho. Meu pai insiste que pode trabalhar, mas acho melhor que ele descanse. Hoje foi a exceção. Tirei o dia de folga.

- Só para mim? Que lisonjeiro – ele sorriu – O que você faz lá?

- Vou de garçom a gerente. O que estiver precisando – deu de ombros - Os cozinheiros me apelidaram de “o quebra-galho”. Mas o bom é que um pessoal do colégio tem ido lá me dar uma força.

- Que pessoal do colégio? – ollhei-o, estreitando os olhos. Ele não costumava a andar com muitas pessoas.

- Ontem, a Valéria deu uma passada lá – ele parecia indiferente – Sábado, foram umas líderes de torcida.

- A Julie foi? – perguntei automaticamente.

- Foi.

- E…?

- “E…” nada. Aconteceu nada entre a gente – ele se irritou – Ah, acho que essa vida de restaurante está me deixando louco.

Refleti um pouco sobre o assunto.

- Você é um bom filho, Paulo – fiquei um pouco corada, olhando para a estrada – Sua mãe teria orgulho.

Ele ficou em silêncio. Tive medo de ter tocado em algum assunto que não deveria.

- Desculpe-me.

- Não precisa se desculpar. Não é algum segredo. Eu só estava me perguntando… – mantinha o olhar fixo na direção - Se ela sentiria orgulho mesmo.

- Claro! Você é uma excelente pessoa – sorri – É atencioso, gentil, carinhoso… Claro que às vezes me irrita, mas eu t… – parei no meio da frase. Eu não sabia como continuar. Eu nem sabia se era isso mesmo que eu deveria dizer.

- “Mas eu”?

- Mas você ainda é você – corrigi –Paulo ...

- Hm?

- Como ela… – pensei um pouco – Morreu?

O breve silêncio que se estabeleceu entre a gente quase me matou. O rosto dele se encheu de entendimento.

- Eu tinha dez anos quando aconteceu – ele falava baixo e pausadamente – Não sabia que eu ainda não tinha lhe contado essa história.

- Eu não sabia que podia perguntar – ele girou os olhos.

- Eu ainda morava em Londres.

- Era feliz?

- Sou mais agora – ele deu um sorriso rápido.

- Que bom ouvir isso – sorri também. Fiz sinal para que ele continuasse.

– Éramos muito próximos. Eu e ela fazíamos tudo juntos. Desde ir às compras até levar o cachorro para passear. Era o meu “porto-seguro” – sorriu, dando uma pequena pausa - Mas como nada pode ser perfeito, ela vivia tendo que ir ao hospital. Tossia muito e tinha crises de asma. Eu não entendia o que estava acontecendo. Era só um menino. Acreditava que poderia curá-la com algum feitiço ou poção mágica – ele deu um sorriso fraco, balançando de leve a cabeça para os dois lados. Eu ouvia atentamente - Ela me falava que o melhor que eu podia fazer por ela era rezar. Por isso eu sempre ficava no meu quarto, ajoelhado ao pé da cama, pedindo a Deus que ela ficasse boa logo, que não permitisse que ela fosse embora – falou devagar – Acho que Ele não me ouviu – deu de ombros – Com tanta gente precisando no mundo, por que ouviria um garotinho tão pequeno e insignificante quanto eu? E eu achava que era importante, que Ele não me deixaria na mão. Eu confiava – ele deu uma risada fraca - Eu tinha medo dela me deixar. Teve câncer no pulmão – pequena pausa – Lembro-me de que, no dia em que ela faleceu, era a apresentação do teatro na minha escola. Eu era Dom Quixote, personagem principal da peça – ele me olhou de rabo de olho. Imaginei o pequeno Paulo vestido de Don Quixote… Era até um pouco engraçado – Sei que hoje parece meio gay, mas na época foi importante para mim – ele se explicou - Ela tinha ficado dois meses me ajudando a decorar as falas. Foi quando eu me senti mais próximo dela do que nunca. Passávamos horas encenando… Era até bem divertido. Ainda me lembro de nós dois na sala, usando lençóis como capa – ele riu com alguma lembrança boba – Pena que ela não pôde ver. Errei nenhuma linha das minhas falas.

Eu queria pedir para que ele parasse antes que eu começasse a chorar (sim, me emociono muito rápido), mas não tive forças. Ele continuou.

- Ela tinha me prometido que ficaria na primeira fileira. Disse-me que não me deixaria sozinho, que estaria lá o tempo todo pra me dar apoio – os olhos dele também se enchiam de lágrimas – Quando não a vi, eu sabia que tinha algo errado.

- E seu pai? – perguntei com a voz falha. O choro estava entalado na garganta.

- Só apareceu no final do espetáculo. Consegui vê-lo no fundo. Tinha os olhos inchados. Esperava-me para dar a notícia – estacionou o carro na porta da minha casa.

Eu já estava bastante incomodada com a situação. Parecia que tinha algo esmagando meu peito. Conseguia imaginar perfeitamente o Paulo com dez anos. Eu me lembrava dele assim. Conseguia imaginá-lo de capa, mas nunca o imaginei com uma mãe. Deve ser porque eu nunca o tinha visto com uma. Ele tomou ar.

- Ela era… – seus olhos voltaram a ficar vermelhos – Minha melhor amiga.

Vi uma lágrima rolar pela sua bochecha.

Sem pensar duas vezes, soltei meu cinto, tomei impulso e o abracei forte. Ele retribuiu, espalmando as mãos quentes nas minhas costas. Apertei sua blusa, tentando, de alguma forma, fazer com que ficássemos mais próximos. Sentia Paulo fazer o mesmo.

Era quase uma necessidade e parecia ir além de um simples consolo. Minhas bochechas deviam estar vermelhas, mas eu não tinha coragem, nem vontade, de me afastar dele.

Era quase uma necessidade e parecia ir além de um simples consolo. Minhas bochechas deviam estar vermelhas, mas eu não tinha coragem, nem vontade, de me afastar dele.

- Ela era muito parecida com você, Lí – ouvia-o dizer por cima do meu ombro. Minhas lágrimas já estavam rolando – Ela também era uma mulher muito forte… E péssima na cozinha – ele brincou. Dei um tapa leve nas suas costas.

- Você é um idiota – minha voz estava sendo abafada pela sua camisa – Fez-me chorar.

- Se você não percebeu, também chorei – seu tom era mais leve – Tenho certeza de que ela teria adorado conhecer você. Seria uma pessoa especial na vida dela também.

- Como pode ter certeza? – mais duas lágrimas rolaram dos meus olhos.

- Porque você me faz feliz..

Minha casa, sexta ,Seis e trinta mais ou menos.

- Olhe bem, Paulo – eu dizia para ele, tirando duas roupas do armário. Um vestido verde e um marrom – Qual dos dois?

- O verde. O marrom é muito curto – ele estava sentado na minha cama, folheando uma revista de fofocas qualquer que estava na minha cabeceira.

- Vou com o marrom mesmo – disse, guardando o verde no armário.

- Então por que pediu minha opinião? – ele tinha cara de entediado.

- Por que achei que você pudesse ser útil… Cabelo preso ou solto?

- Tanto faz. Isso é coisa de mulher. Pergunte para a Valéria.

- Mas você me conhece melhor do que ninguém – fiz cara fofa – Diga aí: fico mais bonita de cabelo preso ou solto?

Ele corou.

- Dá na mesma, Lícia. Juro para você que meninos não reparam nessas coisas.

Soltei um “Urgh” (meu rosnado de irritação), enquanto ouvia minha mãe entrar no quarto. Ela trazia uma bandeja com uma fatia de bolo de chocolate para o Paulo.

- Obrigado, senhora Gusman. Não precisava – ele a ajudou, pegando a bandeja.

- Ah, que é isso, Paulo. Por você faço tudo – ela sorriu e ele também. Impressão minha ou minha mãe quer roubar o meu melhor amigo? Nem para mim ela trás comida na cama! Girei os olhos – Ah Lí.

- Pois não?

- Daqui a dois sábados vai ter o baile de aniversário da empresa do seu pai. Você pode levar um acompanhante se quiser… – ela olhou de rabo de olho para o Paulo. Ele segurou uma risada.

- Se tudo der certo hoje, levo o Gabriel– olhei-me no espelho com o vestido marrom na minha frente. Minha mãe girou os olhos e saiu do quarto.

- Também já vou indo – Paulo disse.

- Para onde vai? – virei-me pra ele.

- Para o restaurante. Ultimamente temos tido mais fregueses. O pessoal precisa de mim – deu de ombros.

- Boa sorte – ele me deu uma encarada e depois sacudiu a cabeça, acordando de um pensamento.

- Para você também. 

Continua o/


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Because I Know That I Love You .." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.