Renegados [interativa] escrita por Evil Plushie


Capítulo 2
[Um] Serpente Falante


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, quero pedir desculpas, ia mostrar mais personagens nesse capítulo mas a internet saiu lá para as 21h e só voltou agora >.< Eu tinha a ficha do Corin aberta, então... A propósito, é um personagem da Marymee.

Boa leitura o/
Já vou responder os reviews...



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Lerwick, uma pequena vila da Escócia, era bastante famosa por seus portos. Atraía, com isso, comerciantes, turistas e viajantes. Embora, do mesmo modo, aparentasse como uma pequena vila da Idade Média parada no tempo. Os carros que passavam pelas ruazinhas estreitas de Commercial Street - o principal bairro comercial da cidade - faziam contraste com as casinhas de pedra, e as construções históricas ainda mantidas ao longo do tempo. No porto, pessoas caminhavam apressadas de um lado ao outro, imersas em seus afazeres. Pescadores negociavam com possíveis compradores enquanto turistas posavam para fotos. 

Todos tão distraídos que sequer perceberam o garotinho que caminhava entre eles, de cabelos cor de chocolate desgrenhados e olhos castanhos. Este, estava descalço, suas roupas fariam-no parecer um garoto de rua qualquer, mas seu andar despreocupado mostrava que sabia exatamente o que fazia. Ninguém olhava-o ou sequer o notavam, muito ocupados com o que faziam. O garoto passou por um pescador rechonchudo, por trás de uma bancada de peixes, que gritava algo como "Peixes frescos!", e bastou um movimento rápido com as mãos para pegar o saquinho de pano preso em sua cintura. Muitos ali haviam aberto mão da tecnologia, principalmente naquele mercadinho improvisado, por isso era raro ver caixas ou lugares seguros onde guardavam seus ganhos. Para evitar roubos, haviam alguns guardas que ficavam a espreita. Nenhuma preocupação para o menino, que agora jogava o saquinho para cima para voltar a apará-lo. Caminhava assim, despreocupadamente, quando alguém o puxou pela camiseta.

- Corin mãos-leves, vejo que continua pegando o que não é seu. - O rapaz, mais alto que ele, e também mais forte, sorria. Seus cabelos negros caiam desgrenhados ao redor do rosto fino, e os olhos escuros fitavam-no de forma sacana. - Não conto para ninguém, mas me deixe ver o que tem aí.

- Tudo bem - Corin estendeu a mão, dando o saco que furtara, e se afastou alguns passos. 

Logo, já estava misturado à multidão, e ouviu ao longe o pescador gritar algo, e o som dos guardas indo ao encalço do "amigo". Colocou a mão no bolso, tirando algumas moedas de ouro - libras esterlinas -, e colocando-as de volta. O saco que dera para o rapaz? Pedras, que ele catara em um lago próximo dali. Era sempre bom prevenir, quando todos estavam sempre competindo. 

Desviou para uma rua mais afastada, as casas pareciam mais antigas ainda, quase prestes a desabar. Em meio àquelas antiguidades, estava uma construção maior, de pedra vermelha, como se espremida entre as casas menores. Era alta, com várias janelinhas retangulares e uma porta da frente estreita. Não havia nenhum dizer, embora todos reconhecessem o lugar como o bordel da Madame Talut. Ter bordeis era proibido na Escócia, embora inclusive alguns homens da lei frequentassem o lugar. Corin dirigiu-se à porta dos fundos, já que era dia, e o bordel não estava aberto. Vivera ali, sendo filho de uma das prostitutas, e por isso nada disso lhe era estranho ou imoral. Era apenas algo normal, corriqueiro, assim como o furto.

O quarto que ocupava era o último, no sótão, embora não tivesse muitas coisas para colocar ali. O lugar, que durante a noite era tão agitado e vivo permanecia em estranho silêncio. Corin subiu os vários lances de escada até o sótão, abrindo a porta com um rangido estranho. 

Dentro de um aquário grande improvisado, com a tampa aberta, estava uma grande piton totalmente branca, com cerca de dois metros, enrolada em seu próprio corpo. Pareceu notar que o garoto entrara, e sua cabeça pendia fora do aquário, fitando-o diretamente com um olhar inexpressivo, a língua bifurcada saindo e entrando em sua boca. Corin costumava caçar ratos para alimentá-la, embora tivesse algumas suspeitas de que ela caçasse seu próprio alimento, pela falta de ratos no bordel. Talvez fosse por não ser adulta, ou pela alimentação, que a serpente possuísse um tamanho pequeno para sua raça. 

- Snow - Corin pronunciou o nome da serpente, sentindo-se meio idiota por falar com alguém que não poderia respondê-lo. Aproximou-se do aquário, sendo seguido com os olhos pelo animal. Esticou um dos braços, sentindo Snow deslizar por ele, passando por seu ombro, e enrolando-se pelo seu corpo. 

Ouviu um som de algo caindo, em baixo dos seus pés. Como vivia no sótão, não tinha necessariamente uma porta, sendo que entrava e saía por uma entrada no chão. E foi até ela que se dirigiu, puxando e colocando a escada para baixo. Mal percebia que a serpente ainda estava enrolada em seu corpo, talvez por ter se acostumado ao seu peso. 

Notou, com alguma surpresa, um homem se levantar passando a mão pelos espessos cabelos ruivos. Olhou para Corin, também surpreso. Possuía grandes olhos esmeraldas brilhantes e algumas sardas pelo rosto. Usava uma espécie de túnica negra que ia até seus pés, e um amuleto de rubi muito chamativo no pescoço. Os olhos de Corin logo se desviaram para este amuleto, pensando no quanto era bonito. 

O homem deu alguns passos, tropeçando na própria túnica e quase caindo. Se recompôs rapidamente, o olhar confuso.

- Acho que bati a cabeça... - Murmurou, passando a mão pela cabeça novamente. Subitamente, sua expressão mudou - Você... está segurando um mago, em suas mãos? 

Corin logo percebeu que o cara possuía alguns parafusos a menos, além de usar uma fantasia maluca. Ia dizer algo quando foi interrompido.

- Me dê o mag... A serpente, e eu o deixarei ir. - O rapaz ruivo disse, tentando imitar um tom de ameaça de forma nem um pouco convincente. 

"Mandaram um idiota como você para libertar os Magos? Por favor..."

Corin assustou-se ao ouvir a voz perfeitamente em sua mente. 

- O que é isso? Algum tipo de truque? - O menino perguntou, um pouco interessado.

O ruivo já tinha o rosto vermelho, não se sabia se de raiva ou vergonha. 

- O colar amplia as frequências mentais, e assim podemos ouvir os animais... Espera, por que estou dizendo isso a você? - Pegou, em um bolso na túnica, uma espécie de orbe pequena que parecia mudar de cor diversas vezes. Viu a orbe flutuar por alguns instantes e... Cair.

Por sorte, a pegou antes de ir ao chão.

Corin observava tudo aquilo em silêncio, sem saber o que pensar. Ouvir os animais? Então aquela voz era de sua serpente?

Snow deslizou pelos ombros de Corin até o chão, onde levantou a cabeça, sibilando para o ruivo.

"Quem é você? A magia nessa dimensão não é como em Vardfall. Precisamos ir até lá, para que possa me libertar."

O ruivo parecia um pouco assustado, ou talvez fossem seus olhos grandes.

- Sou só um aprendiz. - Ele riu, como se subitamente mudasse para uma pessoa completamente diferente - Nem mago de verdade sou, meu pai era um sem-magia. Mesmo assim, sou sua única esperança para sair daqui, então não pode me tratar assim. Ou posso simplesmente ir embora e deixá-lo aqui... 

A serpente sibilou novamente, e daria um bote se o rapaz não desviasse no último instante. 

- Ei, ei, calma. Quem diria, Black Cat em corpo de serpente? Talvez combine mais com você. - Vendo que a serpente não desistiria de lhe dar ao menos uma mordida, o ruivo ergueu os braços em um gesto de rendição - Tudo bem, tudo bem. Precisamos levar o garoto conosco, se quiser completar o ritual... E encontrar os outros magos. Mas acho que seria uma boa passar a noite nesse lugar.

- O "garoto" sou eu? 'Tô fora. Serpentes falantes e papos estranhos, e olha que nem bebi nada ainda... - Corin já se afastava dali, em direção às escadas, quando foi barrado pelo rapaz ruivo. Sabia que seria bastante fácil lidar com isso, mas antes que pudesse sequer levantar o punho, o ruivo soprou um pó estranho, que o fez sentir-se estranhamente tonto. O ruivo aparou-o antes que caísse.

"Ervas de Vardfall? Sério? O que você é, um elfo?"

O ruivo ignorou a serpente, pensando seriamente em anular a magia do colar de alguma forma. Subiu outra vez para o sótão, pensando no que faria quando o garoto acordasse. Não poderia mantê-lo inconsciente para sempre.


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Notas finais do capítulo

Ah, esqueci de colocar a opção de usuário no formulário e.e Então, será que dá para dizer o nome de seu(s) personagem(ns), no review? Alguns eu já sei, mas estou em dúvida quanto a outros...
E não vou falar os aceitos ou algo do tipo ainda, pois não decidi ao certo.

O próximo capítulo será maior, acho.

Ah, e qualquer coisa errada sobre seu personagem, me avise Marymee *medo*

Bye.