Lia: - Nossa esse macarrão tá muito bom, né?

Ela come mais um pedaço, fingindo que não escutou o que ele disse.

Vitor: - Lia, chega...

Lia: - Que foi?

Vitor: - Só cansei disso da gente ficar fingindo que não sente nada, esse mesmo joguinho de sempre.

Lia: - Tá bom Vitor, e você quer que eu faça o que?

Vitor: - Quero que você fale pra mim o que você sente, é tão difícil?

Lia: - Mais do que você imagina...

Vitor: - Eu sei...porque eu tô tentando fazer isso a dias, e não consigo.

Lia: - Vitor, não interessa o que a gente sente. Eu não queria sentir isso, não podia sentir isso.

Vitor: - Ah e você acha que eu queria ter me apaixonado por você?

Vitor não queria ter dito aquilo, mas quando disse, era como se tivesse tirado um peso de suas costas. Então ele se levantou da mesa, sem se preocupar com qual seria a resposta de Lia. Ele não queria ouvir, não queria ver, só queria sair de lá antes que ela dissesse que não sentia o mesmo, que gostava de Gabriel.

Mas quando ele está se encaminhando até a porta, ouve a voz de Lia.

Lia(se levantando da cadeira dela): - Vitor...

Ele para de andar, dando a entender que estava escutando.

Lia: - Eu acho que...

Ele se vira.

Vitor: - O que você acha?

Lia: - Eu acho que eu também tô apaixonada por você.

Silêncio.

Nenhum dos dois sabia o que dizer, Vitor ficou parado onde estava...assim como Lia, e depois de aproximadamente um minuto, eles continuavam parados, sem dizer nada, um olhando nos olhos do outro.

Ele começa a andar em direção a ela, até seus corpos estarem praticamente colados.

Vitor: - Eu odeio isso de estar tão perto de você, mas ao mesmo tempo tão distante...

Lia: - Eu também... mas não adianta, porque sempre vai ser assim.

Vitor: - O que você quer dizer com isso?

Lia: - Que quando a gente tá sozinho, eu realmente penso que te conheço há anos, que sei tudo que preciso saber sobre você, mas quando tem outras pessoas conosco você fica diferente e eu percebo que não sei nada de você, a não ser seu nome.

Vitor: - Como não sabe? Eu te contei coisas que ninguém sabe, só minha irmã e minha mãe.

Lia: - Contou sim, contou coisas que aconteceram no passado. Mas e hoje? Porque sobre como você é hoje, eu não sei de nada. Só sei que...

Vitor: - Que...

Lia: - Que eu prefiro que você seja do jeito que você tá sendo agora, do que do jeito que você é quando tem mais gente perto.

Vitor: - E como eu tô sendo agora?

Lia: - Agora...bom, agora você tá sendo aquela pessoa que eu tenho certeza de que eu gosto, aquela pessoa que eu fico com saudade só de ficar um minuto longe, a pessoa que eu penso toda hora. E por algum motivo, eu acho que é essa pessoa que você é. E também acho que esse seu “jeito de mal” é só faixada, só pra todas as garotas ficarem interessadas, só pra todas elas ficarem babando por você.

Vitor: - E funciona?

Lia: - Han?

Vitor: - Ué, você disse que é só para as garotas ficarem interessadas...você é garota...funciona ou não?

Lia riu: - Mas acontece que eu sou diferente.

Vitor: - Então não funciona contigo?

Lia: - ...Funciona.