Dois Lados escrita por Small Boat


Capítulo 41
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas tá aí mais um capítulo!!
Falta pouco pro grande final ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/367108/chapter/41

– Victoria! – era Emma. Ela me sacudia freneticamente.

– Emma? – perguntei. Meus pensamentos ainda estavam voltando ao lugar, percebi que ainda estava nas colinas. Nada daquilo havia sido verdade. Nem meu pai.

– É né? – falou ela se levantando e estendendo a mão. – Vamos, levanta, temos que achar Josh. Já amanheceu. – eu dei minha mão e ela me ajudou a levantar.

Juntamos as coisas em silêncio e nos ajeitamos para começar a caminhada.

– Pesadelo de novo? – perguntou Emma.

– Eu não sei. Acho que sim. – respondi pensativa. Realmente não sabia. Ver meu pai foi o melhor de tudo, compensava todas aquelas coisas sem sentido que haviam acontecido. Mas aquilo aconteceu por algum motivo, meus sonhos sempre querem dizer alguma coisa.

Naquele momento, eu só queria falar com Mary para saber como as coisas estavam e se ela sabia alguma coisa sobre Josh, Walt ou Michael.

– Hum, eu também tive um sonho. – falou ela friamente. – Walt.

– O que tinha? – perguntei.

Começamos a caminhar, Emma e eu estávamos mais a frente, lado a lado, Charlotte estava mais atrás, queixando-se da hora que Emma havia nos acordado.

– Ele estava amarrado, alguém dava socos fortes nele... Foi horrível vê-lo sofrer. – falou ela balançando a cabeça. – Mas, eu acho que era real, Vic. – concluiu ela olhando para mim.

– Entendo, às vezes meus sonhos parecem tão reais também e...

– Não, Vic. Era real. De verdade. Eu tenho certeza. – retrucou Emma.

– Como assim? Como você sabe? – perguntei.

– Eu senti. Quando nós, feiticeiros, temos uma visão assim, nós sentimos. E nunca é em vão. Ele está correndo muito perigo, temos que achá-lo rápido. – ela engoliu seco e olhou para o chão como se revivesse a cena na cabeça.

– Nós vamos achá-lo. – falei decidida. Por mais horrível que fosse aquele sonho, senti uma ponta de esperança, ele estava vivo. – Tem alguma ideia de onde ele pode estar? Digo, lembra de alguma coisa do lugar?

– Sim. Parecia uma caverna “sofisticada”, como um subterrâneo que foi redecorado. Parecia aquela caverna... A dragmoon. – lembrou ela. – Mas não é lá, de jeito nenhum. Estamos perto. – apressou-se.

– Ok, quão perto? – perguntei.

– Alguns quilômetros. – ela parou e olhou ao redor. Nenhuma caverna. – Vamos encontrar Josh logo.

Andamos por meia hora, até encontrarmos uma árvore totalmente incomum. Era enorme, o tronco era largo e alto, a copa era cheia, as folhas eram verdes e largas, flores avermelhadas e roxas caíam dos galhos. Em pleno outono. Esse lugar ficava mais estranho a cada dia.

Perto do final do tronco havia um buraco grande. Corremos até lá.

No momento em que chegamos perto da árvore. Alguém saiu daquele buraco.

Josh.

Minha garganta fechou. Eu não consegui dizer nenhuma palavra, apenas chorar e correr para ele.

Eu o abracei mais forte do que eu jamais havia feito, o abraço mais demorado e o melhor de todos. Exatamente como no sonho.

Ele se afastou e segurou meu rosto enxugando as minhas lágrimas e me deu um beijo intenso e apaixonado, como se fosse a primeira vez.

– Eu estou aqui, Vic. Estou aqui por você. Sobrevivi, como você mandou, senhorita. – ele riu e me abraçou de novo.

Depois de longos minutos matando a saudade, eu o soltei e ele foi falar com Emma e conhecer Charlotte. Nós apresentamos ela a ele e contamos toda a história desde que saímos dos túneis até aqui, inclusive a parte dos metamorfos e de Phillip.

– E você? Como conseguiu sair dali? – perguntei.

– Bom, quando entramos no buraco era noite. Quer dizer, eu acho. Mesmo lá em cima tendo Sol, no mundo real era noite. – ele fez uma cara confusa. – Enfim, não importa. Eu dormi ali mesmo, e antes do amanhecer, algum bicho estranho, como uma cobra com cabeça de morcego... Sei lá, me atacou e eu levei muitas mordidas e arranhões. O bicho era forte mesmo. – ele riu.

– Kendrick? – perguntei a Emma.

– Provavelmente sim. Mas por que atacaria Josh? – indagou ela.

– Eu não sei por que um cara-bicho iria querer minha carne pro jantar, mas foi o que aconteceu. – continuou Josh. – Bem, depois disso ele simplesmente desapareceu pelo túnel, e eu estava com o casaco todo ensanguentado e nojento, então tirei e deixei por lá mesmo.

– É, a gente sabe... – falei.

– Desculpe por isso. – ele sorriu e beijou minha mão. – Eu estava bem, aí o Sol nasceu e eu vi a luz de cima entrar, a daquele buraco no teto do túnel. E então resolvi achar maneiras de tentar subir ali, por isso aquelas pedras, etc. Enfim, assim que subi, caminhei, caminhei e cheguei aqui, onde estou todo este tempo.

Todas continuavam caladas.

– Você não se machucou sério? – perguntou Emma.

– Não, estou bem, já está sarando. – ele mostrou um dos braços onde podíamos ver uns arranhões e feridas já secas.

– Estranho, aquele bicho era venenoso até demais. – ela falou, pensativa. – Mas, bem, ele pode não ter usado o veneno, ou sei lá. Que bom que você está bem. Menos uma preocupação. – ela sorriu.

– E agora? – perguntou Josh.

– Agora vamos encontrar Walt e Michael. – respondi apreensiva.

– Certo. Vamos pensar em algo, não podemos estar desprotegidos. Principalmente agora que temos duas Descendentes e metamorfos a solta. – falou Emma.

– Temos a Varinha. – lembrou Josh. – Já é algo a mais, não é?

– Claro, claro! Não tinha lembrado... Podemos usar contra metamorfos, já que da última vez... – interrompeu-se. – Bom, mais algo?

– Vamos tentar não ir à noite, pelo visto, eles atacam mais a noite, afinal é mais fácil deles se esconderem. – observou Charlotte.

– Ok. – concordou Emma. – Enquanto a localização, é por minha conta. Vamos.

Andamos por horas e horas, demos duas paradas para descansar e comer. Já estava chegando ao final da tarde, quando achamos uma caverna há alguns quilômetros.

– Deve ser ali. – falei

– Com certeza é ali. – anunciou Emma.

– Já está anoitecendo, tenham cuidado. – falou Josh.

– Isso mesmo. Tenham cuidado. Pois vamos atacar. – falou Emma.

P.O.V – Walt

Yerik se levantou impaciente.

– Onde estão aqueles idiotas?! – gritou ele.

– É melhor parar de esperar e se acostumar com esse corpo, canalha. Mas só por enquanto, porque logo logo teremos o Michael de volta e você vai morrer! – falei cuspindo.

Ele pigarreou.

– Ai, ai, mudak. Como você é engraçado. A minha única distração aqui. – ele riu. – Se você me matar o Michael morre também. – ele parou e pôs a mão na boca. – Opa, ah, não, agora você sabe que ele está vivo... – falou ele irônico. - Hm, mas não vai fazer diferença nenhuma, já que você e ele vai morrer de qualquer forma.

– Michael! – gritei.

– Não adianta, seu babaca! – Yerik gritou mais palavrões. – Misha, Misha, eu te mato se você demorar mais um minuto! – falou ele para si mesmo.

– Para onde você vai me levar, se me permite perguntar? – perguntei suspirando.

– Eu pretendia te sacrificar para o clã dos metamorfos, porém, Misha, quem ia nos levar até lá, está fazendo o favor de demorar! Agora cale a boca. – respondeu Yerik.

– Me sacrificar? Como assim? – perguntei assustado.

– É, é, tanto faz, não te devo explicação alguma. – ele sentou na poltrona a minha frente segurando o celular.

– Bom, seja lá onde isso seja, seu amigo aí não está muito afim de ir, não é? – perguntei na intenção de irritá-lo. – Fazem quase dois dias...

– Cale a sua boca, seu estúpido! Não pedi sua opinião. – Yerik estava vermelho de raiva.

Seu telefone tocou, ele atendeu rapidamente.

– Ótimo. – falou ele, pouco tempo depois.

Yerik riu e foi até um armário perto dali e pegou um saco grande de tecido e uma corda grossa, e foi até a minha direção.

– Hora de partirmos, mudak. – e então ele levantou uma das pequenas estátuas que ele tinha numa cabeceira perto dali, e acertou minha cabeça com força e depois, eu não vi mais nada.

P.O.V – Victoria

A caverna era escura e o ar ficava mais úmido e frio à medida que entrávamos. Havia uma escada no fim do local, que, é lógico, Emma nos fez descer.

Ela era um pouco escorregadia, o lodo complicava a descida, mas conseguimos chegar embaixo sem demora.

Nos deparamos com um portão grande de ferro e uma porta de madeira logo depois.

– Ele está aí. – falou Emma baixinho. Ela respirou fundo e nos afastou com os braços.

Logo em seguida, ela fechou os olhos, estendeu as mãos para a fechadura, e falou:

– Se preparem para qualquer perigo, por favor, quero que todos saiam vivos daqui.

E então, ela arrombou a porta.

Quando entramos a luz de dentro do cômodo me ofuscou. Minha vista logo se acostumou, foi quando avistei Walt desacordado no chão, em cima de um tecido. Haviam três homens ao lado dele conversando, e um deles tentando colocar Walt dentro do saco.

– Mas o que é isso? – falou um dos homens que estavam em pé, ele tinha cabelos ruivos e um sotaque russo pesado.

O rosto do homem logo foi se transformando em um animal não identificado. Um metamorfo.

Um tremor subiu pelo meu corpo, eu já havia visto metamorfos e eles são assustadoramente fortes. Como se Josh houvesse lido meus pensamentos, ele pôs-se do meu lado, segurando meu braço e dando um olhar de advertência.

– Fique perto de mim, Vic.

Eu assenti.

O homem que tentava colocar Walt no saco, se levantou e virou-se para nós.

Era Michael.

– Michael? – falei devagar.

– Ora, ora, quem temos aqui? – ele sorriu. – Bom, não importa, o que importa é que vocês são um bando de mal educados, que nem sequer bateram na porta! – seu tom de voz mudou. Michael também tinha um sotaque russo. Estranhei. – E eu não gosto nada disso! – seu rosto começou a se transformar.

– Daremos um jeito neles, Yerik. – falou o homem que até agora havia ficado calado.

– Yerik? O que está acontecendo aqui? - perguntei mais confusa que antes.

O homem, que seria Michael, espreguiçou-se e falou:

– Resumindo a história, que já contei pro seu amiguinho aqui, eu sequestrei eles dois e entrei no corpo desse, velho idiota...

– Não fale assim de Michael! – meus olhos se encheram de lágrimas de raiva.

– Agora chega de blá blá. – falou Yerik. – Luka, Misha, cuidem deles.

Os dois rapazes que se prostravam ao lado de Yerik, começaram a se transformar em algo assustador. Fiquei tão hipnotizada pelo horror de suas imagens que nem sequer medi esforços para detê-los.

Mas Emma foi mais rápida, ela lançou um de seus feitiços contra o primeiro, que voou contra um dos armários do cômodo, uivando de dor.

– Fique atrás de mim, Vic. – falou Josh preparando um machado de dois gumes que Emma havia dado a ele.

No momento em que ele falou, o outro metamorfo desferiu um golpe com suas garras contra Josh, arranhando-lhe o rosto.

– Josh! – gritei e tentei segurá-lo, mas Josh não parecia ter se importado com o enorme arranhão que ganhara. Rapidamente, ele rodou o machado e tentou acertar o homem, mas ele desvencilhou o golpe pulando para a direita.

Charlotte estava parada apenas vendo, assustada, a luta.

– Charlie, não fique parada aí, tente ao menos se proteger! – falei.

Ela pegou a adaga que tinha, e a segurou com a mão trêmula.

– Luka, levante-se seu covarde! – gritou, o que seria Misha, para o rapaz que ainda se encontrava deitado nos estilhaços do vidro do armário.

O rapaz se esforçou para se levantar e conseguiu. Emma apenas o observava, ela com certeza não queria fazer nada antecipado.

Quando Luka recuperou o equilíbrio. Seu rosto mudou de forma, como o de um leopardo com a boca sangrando.

Antes que pudéssemos nos dar conta, Luka encontrava-se atrás de mim. Josh ainda lutava bravamente com Misha, que espertamente se desviava dos fortes e armados golpes de Josh.

Emma virou-se quando percebeu a ausência de Luka.

– Não ouse... – falou ela.

Charlotte segurou mais forte a adaga e tentou golpeá-lo no peito, mas Luka tinha ótimos reflexos e segurou o pulso de Charlotte, antes que ela pudesse acertá-lo. Ele sorriu e a virou, deixando-a imobilizada.

Emma jogava pequenos flashes de feitiço contra ele, mas ele desviava de todos, e no último, ele pôs Charlotte, que foi acertada em cheio, fazendo os dois impactarem para trás.

– Ai, essa deve ter doído hein? – riu ele. – Ops... – Charlotte estava desfalecendo em seus braços e ele quase a deixou cair.

– Largue ela, seu verme! – gritei. Saquei a pequena espada que Emma conjurara para mim e fui com tudo ao encontro de Luka. Emma lançou um feitiço rápido que me fez parar no meio do caminho.

– O que você pensa que está fazendo?! Você vai acabar matando Charlotte! – gritou Emma.

– Ah, mas por que você parou? Seria tão divertido... – riu Luka para Emma.

– Solte ela. Ela não tem nada do que você quer! – disse Emma com convicção. – Solte ela, Walt e Michael, ou isso vai piorar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dois Lados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.