Dois Lados escrita por Small Boat


Capítulo 39
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar o capítulo 38, eu tava super ocupada, mas já estou preparando os próximos, e domingo, posto o 39!!!
Espero que gostem!! Mandem reviews!! Beijos



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P.O.V – Victoria

Ao chegarmos à lanchonete, o homem de avental nos recebeu carinhosamente e nos fez sentar numa mesa perto do balcão. O nome dele era Phillip, Emma havia nos contado tudo. Fizemos nossos pedidos e ele foi preparar.

– Então, não se lembra muito bem do que aconteceu? – perguntou Charlotte.

– Não muito. Lembro de termos escutado algo e nos levantamos para ficar de guarda, mas ai as pessoas... Kendrick e Megan, atingiram nossas cabeças, nos fazendo desmaiar, e assim fizeram com vocês e depois as levaram. Vi isso antes de desmaiar. Mas já estava fraca para levantar e ir atrás de vocês. – falou Emma.

– Então, Michael e Walt estava com você quando fomos levadas... – falei. – O que significa que Megan e Kendrick não têm nada a ver com o sumiço deles dois.

– Exato. – concordou Emma.

– E o que vamos fazer? – perguntou Charlotte. – Não temos nenhuma pista sobre algum lugar ou...

– Temos que salvar Josh. – falei. – Ele ficou lá por uns quatro dias, apenas com aquela comida e... – fechei os olhos e respirei fundo tentando não imaginá-lo naquela situação. – Vamos comer, pegar Josh e depois voltamos para cá, para tentar salvar Michael e Walt.

Quando disse que Walt ficaria em segundo plano, Emma engoliu seco.

– Está tudo bem, eu os procuro por aqui. – disse ela, fria.

– Não. Não vamos nos separar. – falei. – Não de novo. Emma, iremos conseguir salvar Walt. Estou tão preocupada com ele quanto estou com Josh, mas se não o tirarmos dali, ele pode morrer. Precisamos fazer alguma coisa.

– Eu posso ajudar! – Phillip apareceu do nosso lado, me fazendo dar um pulo. – Eu já lidei com esses seres mágicos-estranhos. – ele riu.

– Feiticeiros? – perguntei.

– Não, não! Os metamorfos! – falou ele animado e fazendo gestos no ar como se interpretasse sei-lá-o-que.

Emma pareceu ficar pálida.

– Emma... Sabe alguma coisa sobre eles? – perguntou Charlotte.

– Sim. Sei até demais. – respondeu Emma com um olhar vazio. – Foi um clã de metamorfos que matou minha avó.

– Eu sinto muito. – disse cautelosamente. Pela sua aparência parecia que a sua avó era a única da sua família que ela gostava.

– Tudo bem. Que seja. Pelo menos temos mais alguma informação deles. Vamos andando. – falou Emma.

– Oh, não, não. Comam antes! Vocês precisarão de energia! – falou Phillip ainda animado, como se nada daquilo o afetasse.

Fizemos o que ele disse. Comemos rapidamente os sanduíches, enquanto ele contava mitos sobre os metamorfos.

– Mas, afinal, você conhece de verdade os metamorfos ou só sabe contar os mitos sobre eles? – intervi.

– Ah, não, não, aqui na Cidade, há uns cinco anos atrás, existiam mais metamorfos que humanos, o que ocasionou uma grande guerra, que matou um grande número de ambos os lados. – explicou ele. – Por isso existem pouquíssimas pessoas por aqui.

– A Guerra dos Clãs os trouxeram para cá, não foi? – perguntou Emma, ainda pensativa.

– Sim, Emma! Lidei com muitos deles. Kendrick e Megan eram pequenos quando as pequenas batalhas começaram. Eu ajudei a família deles por muitos anos, se quer saber, mas... A traição é tentadora! – ele riu amargo.

O silencio tomou conta do local. Não sabíamos o que fazer, como procurar por Josh ou Walt ou Michael. Não sabíamos nem se eles estavam vivos a essa altura.

– Eu tenho um carro, posso levar vocês para onde quiserem! – falou Phillip. – Ah, e tenho também algumas balas de prata, armas, adagas, bestas, flechas... Hum, e devo ter mais outras coisas! – sorriu o homem.

– Como é que você... – comecei, mas ele havia explicado como os metamorfos chegaram lá, então provavelmente a população deve ter se preparado bem para isto. – Mas... Balas de prata? Eles são lobisomens?

– Alguns sim. Bem, metamorfos são apenas pessoas que se transformam em outras criaturas. Essa definição depende do clã. O mais poderoso dos clãs, ficou com o mais poderoso dos poderes. Não na minha concepção, mas... – riu ele. – Enfim, resumindo, os gêmeos são desse clã.

– E qual o poder deles? – perguntou Charlotte.

– Eles se transformam em qualquer animal que você imaginar e seus poderes são ampliados. Como força, velocidade, e outros. Qualquer um que puder favorecer a eles. – explicou Phillip.

– Ainda bem que conseguimos escapar. – falou Charlotte.

– Bem, não vamos ficar parados esperando que eles voltem e nos mostre pessoalmente como são seus poderes, não é? – retrucou Emma. – Vamos indo.

Tinha tantas perguntas para Phillip, mas Emma tinha razão, precisávamos ir.

Phillip nos guiou até um galpão no subsolo, atrás da cozinha engordurada da lanchonete.

Uma pequena escada nos levou a um ambiente escuro e úmido, que logo me lembrou do túnel que estávamos há alguns dias... Ou horas, não sabia exatamente quanto tempo fiquei na Cidade.

Ele nos apressou para dentro, e com um click, ele iluminou o galpão inteiro.

Era empoeirado, um pouco bagunçado. Alguns cobertores e lanternas velhas espalhados pelo chão, caixotes de madeira amontoados em um canto, e caixas blindadas ao lado, onde provavelmente guardavam as armas.

Phillip se apressou em ir direto às caixas blindadas e pegou armas contemporâneas que eu nunca havia visto, depois nos deu cartuchos cheios de balas de prata. Ele abriu os caixotes e pegou facas, lanças e outras coisas e nos deu o equipamento para carregar.

– Nunca mais irei julgar donos de lanchonete. – falei.

Phillip riu, como o usual.

Rapidamente fomos ao estacionamento, esperamos Phillip fechar a porta da lanchonete.

– Onde está o carro? – perguntei.

Em silêncio, Phillip tirou a chave do bolso e apertou um botão vermelho. Rapidamente lasers vermelhos saíram da chave formando uma grade no ar, que se transformou em um cubo, e logo em um carro dos grandes.

– Um carro invisível? – perguntou Charlotte. – Quanto tempo eu fiquei longe da sociedade?

– Incrível, não é? – disse o homem com uma cara de surpreso, tanto quanto a gente. – Na verdade, ele não é invisível, ele apenas vai para onde você quer. É só apertar o botão e ele aparece em qualquer lugar! – falou, gesticulando novamente. – Agora vamos!

Viajamos por alguns minutos, até mais ou menos o final da Cidade. Descemos em um ponto, onde havia árvores densas e grandes, seus troncos eram enormes e largos, formavam o que pareciam muros que se estreitavam à medida que íamos andando.

– Aqui está. – ele apontou para um buraco em uma das árvores onde se encontrava um espelho empoeirado e um pouco translucido.

– Um espelho? Sério isso? A cada dia que se passa essa Cidade parece ser uma piada melhor ainda. – disse Emma com sarcasmo.

Phillip enfiou a mão em um ponto do espelho e estremeceu. A mão dele desapareceu do outro lado, e foi aí que ele deu sinal para continuarmos. Primeiro foi ele, depois Charlotte, depois fui eu e em seguida, Emma.

Senti um frio percorrer pelo meu corpo enquanto passava. Era como se eu passasse por dentro de uma camada de leite acinzentado e bem gelado.

Logo estávamos do outro lado. O túnel. Onde havíamos começado. Eu estremeci ao lembrar.

– Vamos andando. Temos que achá-lo logo, não deve estar muito longe. – disse indo na frente.

Andamos por uns vinte minutos sem parar, até que eu encontrei alguns vestígios de pedra com a terra que vinha daquele lugar estranho onde estávamos antes de cair. Provavelmente ele estava perto.

Mas então, um barulho nos tirou a atenção.

P.O.V – Emma

Virei rapidamente com a mão estendida, pronta para me defender, se necessário.

Era uma cobra. Só uma cobra.

– Ah, vamos continuar, ela vai embora. – falei com calma.

– O que?! Não podemos nos mexer, ela vai atacar! E se ela foi venenosa. – era Charlotte tendo ataques de pânico.

– Charlie, está tudo bem, ela não vai nos fazer mal. – retrucou Vic tentando não rir. – Vamos continuar.

– Esperem. – sussurrou Phillip. – Pode ser um deles...

– O que? – perguntei.

– Metamorfo. – ele respondeu. – Pode ser um deles. Veja, é muito grande para uma cobra desta espécie, as cobras não costumam ter olhos roxos, não é? – falou ele com cuidado, entrando na defensiva. – Cuidado.

Nesse momento, a cobra deu um bote para cima de mim, e eu a espantei com um feitiço. Ela voou para o canto oposto da parede e se estatelou do chão. A cobra, então, começou a se retorcer e a ficar cada vez maior, mais larga, estava se transformando. Era uma pessoa.

Kendrick.

– Parece que as fugitivas tem mais amiguinhos! – sorriu Kendrick olhando para Vic e Charlotte.

– Vá embora, se não quiser morrer. – ameaçou Phillip.

– Ora, velhote, está tentando ajudar elas também? Tentando dar uma de herói de novo? – ele deu dois passos lentos em direção a Phillip que se afastava. – O que você vai perder desta vez? O braço? A outra perna? – ele gargalhou. – Não se iludam garotas, esse aí não serve pra nada!

– Cala a boca! – gritei.

Ele franziu o cenho sarcasticamente, me observou de cima a baixo, e se voltou para Phillip.

De repente, seu rosto se transformou em um rosto de morcego numa versão maior e assustadora. Ele pegou Phillip e se preparou para morder, mas Phillip pegou uma de suas facas esquisitas e o acertou na barriga, o fazendo dar um grito fino e estridente, com o de um animal.

Minha raiva por Kendrick só crescia. Então resolvi agir.

Invoquei os poderes que nunca havia usado e joguei contra Kendrick, mas ele era muito forte, se transformava rapidamente, era ágil e inteligente e desviava da maioria dos feitiços, quando não se defendia.

No último que e lancei ele foi jogado aos pés de Victoria, que sacou uma lança de bronze e lutou para machucá-lo. Os dois lutavam arduamente, ele desviava, ela desferia golpes cada vez maiores e mais rápidos, mas ela estava começando a ficar cansada. E foi quando ele se aproveitou e reverteu o golpe, acertando-a no braço esquerdo com a lança.

Charlotte, assustada, foi socorrer Victoria, mas ficou entre se voltar para ele e salvar Vic.

– Deixe comigo. – falei.

– Com a gente. – interrompeu Phillip.

Pegamos o máximo de armas que podíamos e lutamos contra Kendrick, que invencivelmente, continuava a se desviar.

Phillip jogou lançou algumas adagas pequenas contra Kendrick que se transformava em um lagarto. Uma delas atingiu o rabo comprido e escamoso o fazendo se transformar em humano de novo.

A adaga estava em suas costas. Ele a arrancou e nos olhou com mais raiva.

Lutamos por muito tempo. Charlotte tentou nos ajudar, mas assim como nós, falhou. Estávamos exaustos, mas eu ainda tinha meus poderes. Só o Portal podia fazer isso.

O Portal era um dos feitiços que mais gastava meus poderes, na verdade, de qualquer feiticeiro, ele enviava qualquer pessoa, criatura, animal, ou qualquer outra coisa para uma dimensão longe dali. Bem diferente da Cidade Subterrânea. Mas era a única solução.

Invoquei todas as forças que ainda me sobravam. Era perigoso para todos nós, inclusive para mim, além do mais nunca fiz este feitiço, poderia perder o controle e matar a todos, mas tinha que fazer. Nem que isso me matasse.

Proferi as palavras em latim que me lembrei do livro da minha avó e um pequeno vestígio de luzes roxas e brilhantes começaram a aparecer na parede a minha frente.

– Agora já chega! – gritou Kendrick. Ele se jogou contra Phillip o agarrou pelo pescoço e começou a se transformar novamente em um morcego assassino. Ele demorou mais que da última vez, provavelmente estava cansado também. Suas mãos se transformavam em patas de lobisomem com garras enormes e afiadas saindo de seus dedos, fazendo cada vez mais pressão no pescoço de Phillip.

Tentei me concentrar apenas no feitiço. Fechei os olhos e me concentrei na respiração.

Os pontos aumentavam e começavam a se juntar formando uma bola cada vez maior de força. A gravidade estava crescendo ali dentro, tudo se tornando mais denso, como se ficar em pé fosse a tarefa mais difícil no momento.

– Charlotte, tire a Vic daqui! – gritei.

Ela escutou e rapidamente ajudou Victoria a se levantar e a levou para o outro canto do túnel.

O Portal crescia e crescia.

– Phillip, eu não vou aguentar por muito tempo! – gritei. – Tente se soltar!

– Eu ajudo! – disse Charlotte correndo em direção a eles.

– Não, Charlotte, volte! Você pode ser puxada para dentro, volte para onde eu mandei! – mas ela não escutou, e continuou tentando puxar as garras de Kendrick que já estavam entrando na pele de Phillip o fazendo sangrar. Ele estava totalmente imobilizado.

– Tarde de mais, Phillip. – disse Kendrick levantando a outra pata, pronto para dar o golpe final. Seus dentes pingavam como se tivesse pronto para saborear a carne de Phillip. Seus olhos brilhavam de desejo e de maldade. Um morcego-lobo carnívoro e doentio. Nada melhor.

– Charlotte, saia já daí! – gritei mais uma vez. Dessa vez ela me ouviu e hesitante tentou se afastar, já sob a força do Portal.

– Emma... – falou Phillip se esforçando para respirar. – Tente nos empurrar.

– O que?! Não! – retruquei.

– Por... Favor, Emma. Faça isso. – falou ele cada vez mais fraco. – Não vou conseguir me soltar. É o melhor para vocês. Nos empurre.

Kendrick grunhia e estava prestes a atacar, quando o fiz.

Eu os empurrei. Usei o máximo das minhas forças e os empurrei. Kendrick resistiu, não soltou Phillip, ainda queria mais uma chance para matá-lo. Mas a gravidade os puxou para o Portal. Eles se foram. E eu caí.


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Notas finais do capítulo

Cada vez mais pertinho do segredo final!!



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