Dois Lados escrita por Small Boat


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do primeiro P.O.V da Mary! E mandem reviews



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Michael tirou uma caixinha de madeira do bolso e sentou-se no chão mexendo nela freneticamente como se não conseguisse abrir.

Eu respirei por um tempo tentando raciocinar tudo. Ele era o pai dela, com quem convivi por quase dois anos. Eu o conhecia bem. Quer dizer, achava que o conhecia. Não sabia se confiava, ou se o deixava ali e fugia. Então resolvi decidir isso com meus amigos.

– Michael, vamos para a cabana, você precisa explicar isso direito. – disse tentando soar séria.

Eu o levei à cabana, por incrível que pareça, conseguimos chegar rápido. Quando chegamos, nos deparamos com Josh e Walt brigando. Walt o esmurrou várias vezes e estava prestes jogá-lo no balcão, quando Josh, mesmo sangrando, conseguiu o empurrar.

– Parem com isso! – gritei.

Neste momento Walt reuniu forças para bater em Josh novamente, mas Emma saiu do quarto e os separou usando seus poderes.

– Não é hora de brigar. – disse ela parecendo ter voltado à postura de sempre. – E... Victoria, quem é este?

– Michael. – engoli seco. – Pai de Kate.

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P.O.V - Mary

O Outro Lado estava acabado. Tantas lutas e guerras entre os feiticeiros e os espíritos acabavam com a Cidade.

Sempre tentei ir a Vila ou à Cidade Velha, pois era a única que conseguia fugir de vez em quando.

A Vila era o lugar onde os espíritos “mal comportados” viviam. Os feiticeiros os mandavam para lá quando em uma luta eles tentavam fugir, ou se rebelar de forma incontrolável. Mas por incrível que pareça, era bem melhor do que a Cidade.

É onde eu moro.

A Cidade Velha, porém, era um lugar longe onde apenas espíritos antigos viviam. Os espíritos são considerados antigos a partir de 1899 para baixo. De 1900 para cá, são considerados “novos”.

Nunca se falava sobre a Cidade Velha. Nunca soube como é realmente lá. Alguns dizem que é como um cemitério, outros dizem que é como a Idade Média, outros contam que é um paraíso. Mas não se sabe ao certo. Afinal, ninguém daqui pode ir para lá, e ninguém que cá pode ir para lá.

Diria que não somos mortos. Somos sobreviventes. Vivemos em um subúrbio interminável. Sobrados dos anos 40 enfeitavam as ruas. Era como uma vida perfeita. Porém, não podíamos ter paz nem por um segundo.

Não podíamos nos reunir. Se saíssemos por muito tempo, alguém podia nos roubar. Tínhamos que lutar para sobreviver. Tínhamos que roubar para comer.

Sim, espíritos comem. Como eu disse, não é como se estivéssemos mortos. Estamos mortos apenas para as pessoas da Terra.

Os armamentos não são modernos quando os da época em que vivi. São mais como arco e flecha, facas, espadas, adagas, coisas mais antigas. E são mais leves de manusear.

Aqui não envelhecemos, apenas temos mais anos de experiência. Se eu ainda vivesse na Terra, acharia isso um máximo. Mas depois que vim para cá percebi que a eterna juventude não é assim tão perfeita.

Bateram na porta. Peguei minha adaga, pus na bota e fui atender.

– Mary! – sussurrou minha amiga, Lisa. Ela tinha a mesma idade que eu, havia morrido em 1984. Ela fazia parte do Conselho.

O Conselho era formado por oito pessoas dali. Era uma organização que escondíamos dos outros espíritos e dos feiticeiros principalmente. Eles que me ajudavam a contatar Victoria e planejávamos revoluções secretas para fugirmos. Antigamente o Conselho era formado por 27 pessoas, porém com a falta de controle de tanta gente, um deles acabou sendo o traidor e espalhou a notícia da revolta, o que todos morrerem, exceto Brandon Collins.

– Lisa! Que bom que chegou. – eu a abracei.

– Tenho notícias. – disse com um tom apreensivo. Ela tinha olhos verdes tão expressivos que podíamos saber seus sentimentos só de olhá-los.

– Claro, claro, entre. Consegue me fazer voltar para a Terra?

– Falei com o Sr. Collins. Ele não pode te ajudar a voltar agora, mas ele soube de notícias. – ela tinha um papel nas mãos. – Os feiticeiros rastrearam sua amiga. Quero dizer, mais feiticeiros. E um deles tem a Pedra.

– Estou sabendo sobre a Pedra, mas... Outros feiticeiros? Como?

– Eu não sei. Algo ou alguém deu uma pista à eles e eles conseguiram encontrá-la. Ela não irá durar muito tempo. Temos que ajudá-la, Mary.

– Eu sei. – minha garganta começou a fechar, isso acontecia quando ficava nervosa. Não conseguia falar muito bem. – Tenho que falar com ela.

– Não! Não é seguro. – falou Lisa. – O Sr. Collins disse que logo eles irão sair daqui para ir atrás dela, então ficaremos livres. – ela sorriu. – Bom... Pelo menos por um tempo.

– E você está feliz com isto? Se não conseguirmos falar com Victoria antes de eles saírem, pode ser tarde de mais... Irei num sonho.

– Não, Mary...

– Sim, Lisa. – decidi. – Não esperarei nem mais um segundo... Digo, esperarei até ela dormir. Mas tenho que contá-la.

– Ela sabe! Michael a contou. – disse Lisa.

– O que? E o que iremos fazer?

– Mary... Temos que esperar. Ela já sabe o que tem que fazer. Michael vai os ajudar a encontrar a Varinha, para que possam parar os feiticeiros. Você já deu o mapa. Agora, é só esperar para que eles entrem na Cidade Subterrânea. Sinto muito... – ela me abraçou.

Sentei-me devagar na cadeira de madeira velha da cozinha e tentei pensar. Eu não podia fazer mais nada. Apenas esperar. Isso não está certo.

– E enquanto a passagem? – perguntei.

– Eles sabem que é inseguro para ela, mas eles darão um jeito. Não podemos entrar lá, ou os feiticeiros podem nos achar, aí você já sabe... Mas não se preocupe. Uma coisa que eu sei que eles têm é coragem. Eles vão conseguir.

– Lisa, eu vi o quanto eles sofreram com a morte de Kate, vi quão fracos eles estão, eles não... – Kate. Era isso. Tinha que falar com Kate. Ela saberia os ajudar. Ela estivera lá. Se Kate conseguisse entrar na Dragmoon e desativar o sistema de rastreamento. Eles poderiam fugir com mais facilidade.

Levantei da cadeira rapidamente, peguei todos os armamentos necessários e fui até a porta.

– Aonde você vai, Mary? – Lisa perguntou.

– Preciso falar com Kate. Vou até o Sr. Collins. Cuide da minha casa, por favor, gostaria de ainda ter comida quando voltasse. – e sai.

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P.O.V - Victoria

Todos ficaram tensos quando mencionei que o homem que havia voltado para a cabana comigo era o pai da nossa amiga que acabara de morrer.

– Não se preocupem. – ele baixou a cabeça. – Eu já sei de minha filha... – ele fez uma pausa.

Michael observou todos com um olhar de louco e parou em Emma.

– Feiticeira. – ele falou com um tom de fascinado.

– Sim. Ela está nos ajudando. – impôs Josh.

– Sim, eu sei. Por isso quero que ela me dê o mapa, preciso dele para ajudar vocês. – respondeu Michael.

– Ah claro, você acaba de chegar e quer entrar dessa forma nos nossos planos? Quem é você? Victoria, como pode confiar em um... qualquer? – reclamou Emma.

– Emma, eu o conheço. Ele era um feiticeiro. Pedi para que ele viesse aqui para se explicar. Assim podemos avaliar. – Olhei para todos mandando não brigarem agora. – Digo, foi ele quem entregou a própria filha para os feiticeiros mandarem me matar, não é mesmo? – o olhei com raiva.

– Ah, claro. O “pai” que deu a filha para psicopatas assassinos... Claro que eu sei. – falou Walt o fuzilando com o olhar. – Sem ofensas, Emma.

– Tudo bem, não tem como me ofender mais do que eu já estou. – ela sussurrou para si mesma, porém todos ouviram, mas ninguém falou nada.

– Então, - pigarreou Josh. – já pode nos explicar o porquê de querer nos ajudar.


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