Minha cabeça latejava com a música alta que estava rolando. Acordei sonolento e olhei ao redor de onde quer que eu estivesse, para ver se reconhecia o lugar. Reconheci: estava na casa da Melissa, irmã da Meg. Já era acostumado com o local, porque já vira diversas vezes ali.

Saí do quarto onde estava, e segui em direção ao barulho da música.

– Mas que porra vocês estão fazendo? - falei, quando avistei todo mundo no quintal da casa. A música vinha da sala, de um dos DVD de Melissa.

– Até que enfim, a Bela Adormecida acordou! - Melissa se engraçou.

– Que horas são, posso saber?

– Quase duas da tarde, boneca. - Tyler falou.

– Vai se foder. - respondi. Gargalhamos. - O que estão fazendo?

– O que acha? - Megan me levantou um cigarro de maconha.

– Mas vocês acordam com essa disposição já? - brinquei.

– Só você que é fraco aqui, irmão. - Arthur comentou.

– Mas vai se foder, mané. - repeti, rindo. Segui até o muro que rodeava a casa, e me escorei.

Havia um sol maravilhoso e o dia estava tranquilo. Perfeito para um sábado. Com a música alta rolando e o cheiro de maconha já exaltando-se, acabei acordando de vez. Fumamos uns dois ou três daqueles cigarros e depois fomos almoçar. Melissa comprou duas pizzas e fizemos a festa.

– Qual o lance de hoje? - Tyler perguntou.

– Eu ainda estou de ressaca, por causa de ontem. - Arthur riu.

– E eu então?! - comentei.

– Quando eu digo que são fracos, minha irmã, ninguém acredita. - Megan comentou com a Mel.

– Mas vocês são muito engraçadinhas, não é? De família isso. - comentei.

– Somos né? Eu concordo com você. - Mel retrucou, ironizando.

– O que acham de irmos para o parque? - Arthur falou.

– Eu apoio! - me pronunciei de imediato.

– Então combinado! - Melissa falou.

Terminamos de comer, descansamos um pouco e partimos para o parque. Encontramos geral por lá. Inclusive Pacman, que tinha o meu respeito de agora em diante.

– E aí, Pacman? - cheguei cumprimentando-o.

– Mas olha quem apareceu! - falou. - Como que está, irmão?

– Tranquilo. - respondi.

– E o Arthur? - apontei para Arthur com a cabeça e sorri em seguida. - Tá renovado, o garoto! - falou, abraçando meu irmão.

– Graças a ti, irmão. Na boa, sou muito grato.. Por tudo. - falou. Eles se abraçaram novamente.

– Mas sem emoções, daqui pra frente é só festa. - falei.

– E pra comemorar..? - Melissa se pronunciou.

– Com a tão graciosa e preciosa erva verde, vinda da terra para nos proporcionar tanta alegria e paz.. - Pacman se engraçou.

– Cannabis! - falamos em coro, consagrando aquela erva verdinha que Melissa segurava nas mãos.

Me diverti muito. Fazia tempo que queria ter essa diversão de novo, somente meus amigos e aquela maconha vindo do paraíso. Bebemos, fumamos e rimos até a anoitecer.

– E pra não perder o costume, minha gente, o que iremos fazer hoje? - Tyler falou.

– Qual que é a nova, que não estou sabendo? - falei.

– O que tu acha? - Meg me olhou com um sorriso debochado.

– Ah não.. - matei a “charada” na hora.

– O que? - Arthur me olhou. E eu dei o mesmo sorriso que Meg havia me dado. - Stanley? - ele falou, nós gargalhamos.

– Óbvio! - falei.

Sim, Stanley iria dar mais uma de suas festas, mas desa vez não seria na casa dele. Tyler descobriu que ele havia alugado um lugar que eu e Arthur éramos sócios. Exatamente, a Madhouse. E o segurança é sempre o mesmo, meu grande e querido amigo Paul. Já era garantido. Mais uma festa onde nós iríamos entrar de graça, beber a vontade e ainda pegar umas gatinhas.

Já havia anoitecido fazia tempo. Passamos mais algumas horas no parque e pelas informações que Tyler havia descoberto, a festa de Stanley iria acontecer logo mais.

– O que estamos esperando mesmo? - Arthur falou.

Seguimos todos pra lá. Eu, Arthur, Tyler, Pacman, Megan e Melissa. Com exceção de Pacman, já estávamos acostumados a fazer isso. Nós seguimos a pé mesmo, até a Madhouse. Era um pouco longe sim, mas só assim, chegamos perto da meia-noite, horário em que o Stanley deverá estar ocupado com algumas garotas. Se não, eu daria um jeito.

Quando nos aproximamos, Paul já arregalou os olhos assim que nos avistou.

– Vocês conhecem o Sr. Cardinall? - Paul falou, franzindo o cenho.

– Sr. Cardinall? - gargalhamos. - Conhecemos Paul, conhecemos o mané do Stanley. - ele nos olhou sério, mas logo soltou:

– E que mané, hein? Que garoto mais metido. Se acha o patrão. - bufou de raiva. - Se eu não precisasse desse dinheiro, meu amigo, eu não estaria aqui, recebendo ordens dese mané. E já teria dado uns tapas naquela cara magrela dele - falou.

– Eu sei. - bati no ombro dele, ainda rindo. - Mas aí, deixa a gente passar. - ele me olhou de canto, chegou próximo ao meu ouvido e falou:

– Mas só se você aprontar com ele.. - sorriu.

– Que dúvidas, hein chefe? - gargalhei junto dele, e ele abriu passagem para passarmos.

– Boa festa. - gritou.

Todos nós gargalhamos e entramos na festa. Estava lotado. Parecia dia de show das stripper da Madhouse. Entrando um pouco adentro da Madhouse, como de costume, Eric recebia os convidados.

– Eric!! - falei, cumprimentando-o. - Eu tô ligado que é uma festa particular, mas você sabe como eu sou. - gargalhei. - Quero lhe pedir um favor, o Sr. Cardinall adoraria ter uma noite, de mais ou menos.. - pensei um pouco. - Mais ou menos, umas duas horas com algumas de suas meninas. - Eric me olhou sem reação, apenas com aquela gargalhada soando alto. - Mas olha, tem que ser as melhores hein?! - pisquei pra ele, e vi que ele já correu falar com uma de suas meninas.

– Agora sim. - ouvi alguém falar. - Tá garantido! - comemoramos.

E estava mesmo. Nem eu, que sou eu, não aguento duas das melhores meninas da Madhouse, imagine o magrelo do Stanley. Vão acabar com ele. Mas ele vai gostar. Até que foi um favor que fiz pra ele.

Mas não importava. Stanley não iria nos perturbar por um bom tempo. E essas duas horas dariam muito bem para nos acabarmos nessa festa dele. Iria ser como qualquer outra festa do Stanley que invadíamos.

– Mas chega de falar no Sr. Cardinall. Cadê as bebidas? Cadê as garotas? - Arthur falou no meu ouvido.

Assim que terminou de falar, nós saímos a caça. As meninas já haviam se dado bem, mesmo com a quantidade mínima de homens naquela festa. Até mesmo Pacman e Tyler já haviam se dado bem. Mas eu e Arthur tínhamos nossa “rotina festeira”. Primeiro uma dose de vodca – ou duas ou três – e depois iríamos atrás das garotas. E assim passaríamos a noite inteira.

Na festa havia uma cabine de fotos e tiramos umas 300 fotos juntos. Foi divertido. Já estava com o álcool percorrendo pelo meu corpo e a tontura já começava a aparecer. Mas eu não iria parar tão cedo.

Estava no meu quinto copo de vodca, e eu estava apenas começando. Quando senti que Don't You Worry Child começou a tocar, minha música preferida, eu me acabei naquela festa. Chamei Arthur para a pista de dança, bem no centro, onde todos podiam nos ver e o convidei para dançar. Sem exagero, nós detonamos.

E depois, claro, conseguíamos as garotas que quiséssemos. Como de costume aqui na Madhouse. A noite foi longa. E divertida. Regada a muita dança e muita vodca. E muitas gargalhadas e claro, sempre zoando o magrelo do Stanley.

Consegui visualizar que eram próximo as quatro da manhã, e Eric veio me avisar de que Stanley já havia acabado a sua festa com as garotas.

– Mas já? Tão cedo assim? - brinquei.

Mas disse que não tinha problemas, nós iríamos continuar ali. Já havíamos consumido com quase toda a bebida do Stanley e abusado de todas aquelas garotas da festa. Eu queria mesmo era ver a cara dele quando nos visse ali. E claro, depois iria nos colocar pra fora. Mas não importava. Já havíamos feito a nossa festa dentro da dele. E aquele mané sabia que nós iríamos continuar com aquilo.

Como de fato, nós não iríamos parar.

Não tão cedo.