Diário De Uma Filha De Hades escrita por Yuki Fernandes


Capítulo 21
Tráfico Ilegal de Ambrosia


Notas iniciais do capítulo

Demorou de sair porque tive que pesquisar muito pra fazer esse capítulo. Mas anyway, aproveitem ;)



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Acordei ofegante no meio da noite, tentando entender exatamente o que aconteceu naquele sonho. Meus deuses, Hades? Um bebê? O que aquilo significava e qual o motivo de eu ter tido aquele sonho. Ou será que teria sido uma lembrança? Olhei para o lado e percebi que Claudio estava dormindo, mas por precaução esperei mais alguns minutos antes de levantar. No meu celular ainda eram 2h da manhã, hora mais do que perfeita pra verificar tudo o que parecia suspeito sobre aquele garoto, começando por sua mochila. Segurei pela alça fazendo de tudo para os zipers de metal não chacoalhassem o suficiente para acordar o "anjinho".

"Vamos ver o que você traz aqui Soter..."

A primeira coisa que peguei foi a caixa, achei até mais justo já que ele tentou esconder de mim. A caixa tinha uma tranca, - oh merda - mas nada do que eu já não tenha conseguido destravar antes. Puxei uma pequena chave feita com latinha de refrigerante que fiz no mês passado e comecei a trabalhar na tranca. Comemorei internamente quando a trava se abriu, possibilitando a tampa ser aberta.

"Mas o que..."

Aquilo na caixa era uma das coisas que serviam na enfermaria do acampamento. Beleza, tinha néctar e ambrosia e alguns campistas até guardavam alguns para casos de emergência, mas Claudio tinha um engradado naquela caixa que faria ele receber o título de "traficante de ambrosia". O caso era, pra que raios ele queria tudo isso? Parti para o livro que estava marcado em uma página que deveria ser a que ele lia.

– O que você tá fazendo?

Merda, merda, merda, merda, merda...

– Hã, nada. - falei fechando o livro e o colocando atrás de mim.

Claudio me observava com os olhos atentos, enquanto se sentava na cama. Não fazia ideia de a quanto tempo ele estava observando, mas isso não ia ser legal.

– Está suando, respiração acelerada... É, com certeza você não estava fazendo nada.

Ele se aproximou de mim com a expressão fechada pegando a mochila e o livro de mim. Quando jogou ambos em cima da cama voltou o olhar pra mim, mas ele parecia.. Chocado?

– Custaria sua alma poder confiar em mim? - ele perguntou amargamente.

– Não sei, me diz você traficante de ambrosia.

Ele não gostou daquilo. Pegou o livro e o abriu em uma página antes de entregar a mim com um olhar duro.

– Quer mesmo saber o que farei?

Fitei a página em dúvida, sem saber se o que eu estava lendo era verdade ou não ou se estava enlouquecendo ou não. Não conseguia forçar minha mente a digerir o que estava escrito ali naquelas páginas.

– Você é louco? - perguntei incrédula.

– Quem me dera. Mas seu amigo ai não merecia ter morrido. - ele apontou para um canto afastado onde Diego estava encostado na parede.

– Espera, você consegue vê-lo?

– Claro que posso, ele é um fantasma. E pretendo mudar isso. Agora! - ele pegou a caixa dentro da mochila e saiu do chalé.

Peguei minha jaqueta e comecei a seguir um Claudio que parecia determinado a tudo, principalmente determinado a isso. Ele ia em direção a floresta da captura a bandeira, passando pelas árvores sem olhar para trás nenhuma vez. O sol começaria a aparecer daqui a algumas horas, por isso ele tinha pressa. A cada minuto que passava ele se afastava cada vez mais do acampamento, até chegar em um lugar um tanto sombrio. Me lembrava bem daquele lugar que cinco meses antes foi onde eu, Isa, Fer e James enterramos Diego.

Claudio olhou para mim pela primeira vez desde que chegamos até ali, destravou a caixa e começou a fazer alguma coisa com a ambrosia que tinha dentro. Quando terminou veio em minha direção e estendeu a mão direita para mim.

– Vamos logo, essa é a última dose. Ele precisa de alguém conhecido por perto.

Segurei sua mão enquanto ele me guiava até o lugar marcado por algumas pedras negras. Foi ideia de James fazer aquilo para demonstrar onde poderíamos encontrar o "túmulo". Claudio soltou minha mão e se colocou em cima do local.

– O que eu vou fazer agora é a última coisa que preciso. Regar o túmulo de um morto com ambrosia pode traze-lo de volta a vida, contanto que seja o suficiente. Estive fazendo isso por semanas e essa é a última dose que precisa.

– Tá mas, o que acontece depois? - perguntei receosa.

Ele deu de ombros, exibindo um pequeno sorriso.

– Só vamos descobrir depois.

Ele começou a recitar algo em grego antigo e enquanto fazia jogava um pouco de ambrosia sobre a terra, que a absorvia simultaneamente. Foi assim até que toda a ambrosia contida na caixa se esgotasse. Claudio falou mis alguma coisa e por fim se afastou. Ele olhou pra mim, sua expressão era de dúvida, pois nada tinha acontecido.

– É melhor esperarmos. - falei me sentando no chão.

Esse assentiu e se sentou também. O tempo passou e não teve nenhuma mudança. Acabei adormecendo um pouco e acordando gradativamente com a face do bebê que meu pai levava pela porta, sem conseguir assimilar aquilo a nada. Eu estava tão entorpecida que não notei que o sol já aparecia ao longe.

– Nath, ei Nath. - Claudio chamou. - Vamos voltar. Não aconteceu nada... Acho que não deu certo.

Olhei para ele e em seguida para o "túmulo". Por que eu tinha criado esperanças? Eu sabia que aquilo seria um dos resultados mais prováveis, mas a ideia de ter meu irmão novamente...

Levantei e comecei a andar junto com Claudio. Mal dei 4 passos uma grande friagem me abordou. Eu só senti aquilo 3 vezes e em todas as ocasiões eram fantasmas. Parei e olhei para o lugar marcado pelas pedrinhas assustada. A terra estava se mexendo de uma forma que só vi em filmes de terror.

– Claudio...

Ele se virou e olhou também, prendendo a respiração. Agora uma mão saia da terra, abrindo espaço para os cabelos negros conseguirem chegar a superfície. Corri naquela direção e comecei a cavar para ajudar. Ele já estava fora da terra depois de dois minutos, ofegando e tirando a terra do rosto. Suas roupas estavam rasgadas e sujas e o grande ferimento que tinha no estômago agora era apenas uma cicatriz rosada. Ele olhou pra mim com um sorriso que fazia a cicatriz em seu rosto ser comprimida, antes de tossir.

– Ai droga, preciso de uma bebida... - Diego falou enquanto forçava suas pernas a cooperarem.


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Notas finais do capítulo

Surprise bitch, Diego is back!