A Aurora escrita por rkaoril


Capítulo 3
As coisas se complicam


Notas iniciais do capítulo

Okkkkkkkkkkk, aqui se introduz o real começo da história, quando as "coisas se complicam" e se encaixa na história original. Espero que não achem complicações para ela ruim, por que fica pior no próximo XD *spoiler*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/366527/chapter/3

ENQUANTO EU ME LIVRAVA do choque pós-centauro, Quíron me arrastava até a quadra de basquete. No caminho, ele me explicou algumas coisas básicas – que os monstros não exatamente morrem, mas se dissolvem em pó dourado, vão para o tártaro e voltam depois de se recompor (o que pode levar anos), que o Sr. Pattrich era um sátiro (homens meio bode meio humanos), que eu era uma meio-sangue (ele me deu uma explicação mais agradável do que gritos em um carro em alta velocidade) e que me levaria até uma guia na quadra de basquete para explicar como o acampamento funcionava. Lá, muitos garotos jogavam fazendo sextas instantâneas de 3 pontos, enquanto outros meninos e meninas ficavam ao redor. Todos eles usavam as camisas laranja, que só então pude ler Acampamento Meio-Sangue escrito na frente.

Quíron cutucou o ombro de uma menina com cabelos castanhos arruivados, estava dando um sermão em uma outra menina que se segurava para não rir, então ela olhou por sobre o ombro e saudou Quíron.

– Amélia. – ele disse, ela sorriu para ele e fulminou a outra garota com os olhos, como que para lembra-la que ainda não tinha acabado. A garotinha (não tinha mais que onze anos) tapou a boca com as mãos e saiu correndo – Esta é Evee...
– Forbes. – disse automaticamente.
– Esta é Evee Forbes. Ela recém chegou, você poderia, por favor, mostrar o acampamento para ela e dar algumas explicações da nossa situação? – ela assentiu sorrindo, e quando Quírion se foi, parecia bastante aliviado.
– Olá Evee. – ela disse estendendo sua mão para mim, apertei sua mão e observei seus traços: ela tinha uma pele cor de pêssego, seu rosto tinha um charmoso formato de coração com maçãs do rosto altas, seus olhos eram grandes, porém naturalmente semicerrados, castanho dourados. Ela era bem mais alta do que eu (que estava no meu auge com um metro e meio) e tinha uma aparência confiante – Sou Amélia Maege. – sorri para ela.
– Oi Amélia. – ela deu uma risadinha, como que para dizer “como você é fofa”, o que me deixou meio encabulada. Ela então gesticulou para que caminhássemos em uma direção e eu a segui.
– Bem eu provavelmente deveria começar a respeito do seu parente olimpiano.
– Provavelmente.
– Ok, como Quírion provavelmente já te explicou, você é uma semideusa – ela disse enquanto caminhávamos por uma espécie de jardim. Alguns garotos e garotas cuidavam de flores e pequenos arbustos de blueberries e amoras silvestres, que pareciam muito bem para o auge do inverno – o que significa que seu pai ou sua mãe...
– sua mãe... – eu respondi.
– Ok, sua mãe é uma deusa. Antes da última guerra, os deuses não reclamavam seus filhos com frequência. – ela disse, então supus que reclamar era admitir que o filho era deles – Eles geralmente ficavam empoleirados na cabine de Hermes, que é o deus dos viajantes, então isso causou alguns problemas desagradáveis.
– Como?
– Uma guerra. – ela disse suavemente.
– Muito desagradável. – ela fez algo entre um bufo e uma risada, e então continuou.
– Bem, depois que os semideuses se juntaram para ganhar a guerra pelos deuses, que estavam tentando salvar a América, eles juraram que iriam reclamar os filhos aos treze anos, que é mais ou menos quando os monstros começam a ataca-los. – assenti para que ela continuasse. Nesse momento, tínhamos passado o jardim e estávamos no que parecia uma ruazinha de pequenos celeiros – Então, como antigamente havia apenas os chalés dos doze olimpianos, que são os deuses principais, depois de que juraram, os deuses menores também passaram a ter seus chalés.
– Uh, então não deveria ter uns cinquenta chalés? – perguntei, ela sorriu e negou com a cabeça.
– Como isso seria um tanto complicado, nós decidimos que só criaríamos um novo chalé quando um semideus de um deus que ainda não tivesse seu chalé aparecesse.
– Boa decisão.
– Então, quantos anos você tem? – ela perguntou num tom normal. Abri a boca para dizer, mais me encabulei com a resposta.

Veja bem, não é como se eu fosse anormal – ou tão normal quanto uma meio-sangue pode ser - ou algo do tipo, mas eu não sei exatamente quando eu nasci. Minha mãe – que aparentemente era uma deusa – ficou um tempo com o meu pai e então desapareceu, aparecendo o que seria algo como 10 ou 11 meses depois para dar uma pequena menininha à ele. Ele deve ter ficado muito surpreso, mais me aceitou de braços abertos. Ele sempre me disse que por seus cálculos eu fazia aniversário mais ou menos entre 20 e 25 de janeiro.

– Uh, que dia é hoje? – perguntei, ela levantou uma sobrancelha.
– É 15 de janeiro. – ela disse.
– Uh, então eu tenho 12 anos. – ela riu.
– Ok, então você provavelmente será reivindicada logo. – ela disse – Bom, você pode ser uma campista de ano inteiro ou só de verão. Como estamos no inverno, acho que você vai ficar um tempo por aqui antes de decidir uh?
– Aham. – eu disse, olhando para os campos que notei no meio da viagem até lá – Aquilo são plantações?
– Sim. – ela respondeu – Plantamos morangos. – devo ter feio uma cara muito esfomeada, pois ela riu e me guiou até um dos pequenos celeiros, puxando uma chave e abrindo a fechadura rígida – Aqui é o arsenal dos filhos de Hefesto, o deus do fogo e das forjas. – ela disse, empurrando a porta.
– Você é filha de Hefesto? – perguntei, parecia algo propício com os cabelos avermelhados dela.
– Não, sou filha de Hécate. – ela respondeu – Deusa da magia e do ocultismo, então tenho meus truques. – ela balançou seu chaveiro, que continha uma chave prateada tão branca que parecia ter pequenos pontos de diamante.
– Uma chave mestra mágica? – perguntei – Parece útil.
– E realmente é. – ela respondeu, claramente satisfeita com sigo mesma – Só não deixe os filhos de Hefesto e Hermes saber. – ela disse, enquanto entrávamos no pequeno arsenal.

Digo pequeno, mais em sentido figurado. Por dentro, parecia realmente muito maior, como se fosse uma daquelas tendas de Harry Potter. Olhando o modo como as paredes e o teto de madeira forte foram projetados, percebi que não se tratava de magia, mais de arquitetura – o lugar fora projetado para parecer pequeno por fora e grande por dentro (como uma pokebola). Dentro, haviam balcões de pedra em todos os cantos, em cima deles, havia entulhos de espadas, machados, objetos de alpinismo, partes inacabadas de ferro, elmos e braceletes de armaduras, bainhas com acabamentos bordados, e vários equipamentos de forja que eu nunca saberia o nome. Nas paredes, haviam machados, arcos, alijavas, flechas aos montes, espadas maiores, foices, algumas espingardas, rifles, armaduras, escudos e lanças.

– Uau. – foi tudo o que pude dizer.
– É – ela disse – Uau. Venha, vamos escolher um arma para você. – ela disse, vasculhando entre os objetos de metal.
– Uh, e você acha segura dar uma arma pra mim? – perguntei, não como se estivesse amedrontada com a ideia (minha avó possuía velhos facões escoceses em casa, e volta e meia me ameaçava com eles), mas por que eu era uma criança tão problemática que nunca nem sequer me confiavam um garfo.
– Bem, se você não tiver uma arma, será difícil se manter viva. – ela disse, isso me deixou animada (eu gosto de viver perigosamente).

Ela pegou espadas, que sempre pareciam muito pesadas não importa seu tamanho. Pegou arcos, mais todos não pareciam confortáveis em minhas mãos, uma faca fazia eu me sentir muito desprotegida, um machado eu mal podia levantar e eu quase havia furado seu olho com uma lança.

– Eu não tenho ideia do que mais tentar – ela confessou.

Me senti muito mal, tinha que admitir que estava babando por aquelas armas, mas não poder ter nenhuma delas e fez sentir ruim. Estava prestes a dizer para desistirmos quando algo caiu da parede bem em frente aos meus pés.

Me abaixei para pegar, e quando vi na luz fiquei sem ar: era uma espada com um cabo simples prata, e alguns detalhes em azul safira. Sua bainha era de tirar o fôlego: um couro acabado em um tecido de um azul muito escuro, com desenhos prata de estrelas, rajadas de vento e algo que parecia chamas azuis. Desembainhei a espada e apreciei sua lâmina, que era de um prata parecido com a chave de Amelia: branco platinado, que parecia ter pequenos diamantes incrustados. Observei mais atentamente a lâmina, e pude ver estranhas letras gregas de cima para baixo: αντίποινα.
– Antipoína. – eu disse – Retaliadora. - Amelia se aproximou, olhando para a espada atentamente.
– Isso – ela disse – É prata encantada. – levantei a sobrancelha para ela num legitimo “hã?”
– Nós geralmente usamos bronze celestial para as armas. Prata encantada requer extrair a prata humana e faz um ritual de encantamento para que ela possa matar os monstros. Como é um ritual perdido, itens assim são muito raros e muito antigos. Porém, uma prata como essa – ela examinou de perto – não está apenas encantada, está enfeitiçada.
– E qual é a diferença?
– Prata encantada é prata normal que mata monstros – ela disse, puxando sua chave mestre – porém prata enfeitiçada tem outros usos, como a minha chave que tem a forma que eu desejar, no caso, a forma de qualquer fechadura. – eu olhei para a espada.
– Então, isso poderia tomar a forma que eu quisesse? Como uma adaga ou faca? – ela assentiu.
– Prata enfeitiçada é muito imprevisível, para que você possa usar o seu encanto terá que descobrir a chave que a faz mudar.
– Como uma palavra mágica?
– Exatamente, mas primeiro, abane ela um pouco para ver se consegue manobra-la. – assenti e levantei a espada, com minha mão, esperando enquanto Amélia se afastava alguns passos. Num súbito movimento, dou um golpe no ar, que faz com que a lâmina deslize por ele fazendo um suave barulho de cortar o vento. Ao mesmo tempo, uma leve rajada de ar levanta os cabelos avermelhados de Amélia enquanto um forte vento bate as portas do arsenal. Amélia levanta as sobrancelhas, sorrindo – Parece que você pode.

Durante o resto da manhã, Amélia me mostrou o resto do campo e as atividades que eu poderia fazer – basicamente esgrima, arqueirismo, canoagem, escalada da parede de lava, estudo de monstros, grego antigo, mapas território, estratégia e todo aquele blá blá blá. Enquanto me levava pelo acampamento, cada vez eu ficava mais animada em participar daquilo – eu nunca havia ido para acampamentos de verão, de qualquer forma.

– Bem, uma vez que você tem doze anos, você irá para o Chalé de Hermes até que sua mãe te reclame. Nós nunca sabemos quando você vai ser reclamada, mais essa é a regra. – eu acenei, me perguntando quem poderia ser.
– Quem você acha que é? – ela me perguntou, verbalizando.
– Eu gostaria que fosse Athena – confessei – mas não acho que seja tal.
– Por que? – disse ela.
– Eu não sou lá muito... brilhante. – consegui responder, ela fez um esforço para não rir.
– Ok, se for uma das Olimpianas, então ainda pode ser Deméter ou Afrodite. – torci o nariz para ela, agricultura e amor não pareciam muito úteis.
– Que outras deusas menores se tem? – ela perguntei.
– Bem, temos Nêmeses que é a vingança, Íris que é a deusa do arco-íris, Têmis que é a justiça, Hebe que é a juventude, Nike que é a vitória, e por aí vai. Não tenho a mínima ideia de qual poderia ser sua mãe. – ela disse, e então olhou para mim dos pés a cabeça – Mas se fosse seu pai um deus, diria que é filha de Hades.
– Uh, o forever alone dos deuses? Por que?– perguntei inocentemente, ela controlou outra risada.
– Porque – ela disse sorrindo – você se parece com um garoto filho dele que costuma vir de vez em quando, um tal chamado Nico. – ela disse.
– Uh, ele deve ser um bucutru. – falei, ela quase se engasgou com a própria risada, me arrastando até o chalé 11.

Era o típico chalé de acampamento: grande, velho, com a pintura creme-areia descascando. Ao lado da grande porta de madeira, havia algo que parecia o símbolo da medicina, mais quando estreitei meus olhos percebi que havia uma cobra a mais. A porta estava escancarada, e eu podia ouvir várias risadas, passos e talvez uma briga. Pareci uma taverna da idade média*: cheia de todo o tipo suspeito de gente. Ela colocou a cabeça para dentro.

– TRAVIS! – ela gritou, fazendo meu ouvido esquerdo ficar meio surdo. Todo o barulho lá dentro parou.
– Meu deus Mia, o que eu fiz agora?! – gritou uma voz lá de dentro, enquanto seu dono saía para fora. Era um garoto que parecia ter a idade de Amélia (Mia?), ele era alto e esguio, com cabelos castanho avermelhados cacheados e grandes olhos azuis. Ele tinha uma expressão sapeca no rosto, embora parecesse irritado. Mia cruzou os braços, olhando para ele provocadoramente. Ugh, se eu não soubesse, diria que estavam se paquerando.
– Eu tenho uma nova campista para você. – ela disse, gesticulando para mim. Instantaneamente a expressão de Travis mudou, ele parecia pronto para me beliscar.
– Filha de Hermes? – ele perguntou.
– Indeterminada. – Amélia respondeu, a expressão de Travis não mudou enquanto ele estendia sua mão para mim.
– Bom dia, eu sou Travis Stool, filho de Hermes. – ele disse, eu apertei a mão dele, longa e fina como mãos de pianista (ou de ladrão).
– Oi. – eu disse, ele levantou as sobrancelhas, provavelmente esperando que eu me apresentasse – Eu sou Eevee.
– Como o pokemon**? – ele perguntou.
– Exatamente. – ele sorriu, olhando para Amélia – Eu acho que ela não dura dois dias. – ele disse, levantei minhas sobrancelhas.
– Eu aposto duas semanas. – respondeu Amélia, e piscou para mim – Cuidado com eles. – e então ela se sumiu na névoa daquela manhã de inverno. Travis bateu no meu ombro.
– Não se preocupe, estamos apostando quando será reclamada. – ele disse.
– Isso parece bom. – respondi, ele sorriu. Quando sorria, parecia tramar como tirar os 5 dólares que surrupiei da minha avó para o lanche, e então eu me lembrei que Hermes era também o deus dos ladrões.
– Vamos lá, você tem uma galera para conhecer. – ele me empurrou para dentro.

Por dentro, era do mesmo modo que eu imaginei que seria vendo o lado de fora. As paredes estavam descascando, o chão tinha um tapete que provavelmente havia sido azul, mas era de um verde encardido agora. Havia muitas beliches nas paredes enfileiradas e pregadas no chão para não serem movidas, nos pés de cada uma havia uma espécie de mini-cômoda que tinha duas grandes gavetas encadeadas que pareciam baús. Tudo era feito de madeira e rangia, mais parecia aguentar muito bem o tranco. Também havia uma espécie de sala de convivência, com alguns sofás e mesas de jogos de azar, onde muitas pessoas se acumulavam, bebiam Pepsi e Coca, gritavam, brincavam mais todos pareciam bem naquele clima de Taverna.

No centro, muitas pessoas se exprimiam nos sofás enquanto três campistas se sentavam no chão jogando cartinhas. Um era uma cópia exata de Trevis, outro era um garoto tão branco que parecia rosa, e o último era uma menina com cabelos cor de areia. Todos tinham a mesma expressão de Trevis: um sorriso pronto para assaltar sua carteira.

– Ei galera! – gritou Trevis – Nova campista na área, o nome dela é Eevee! – me senti tentada a me esconder atrás de Trevis, o poste, mais permaneci em pé. Todos olharam para mim quietos no que pareceu ser um longo segundo e então sorriram, grunhiram algo como “oi”, “bem-vinda” e “cuidado com a carteira” e voltaram para o jogo. Trevis sorriu para mim – Venha, eu vou te mostrar uma cama, se ainda tiver.

Ele me arrastou até onde estavam as beliches, onde cada vez ficava mais difícil de caminhar sem tropeçar em algum entulho do chão. Ele me ajuntou umas quinze vezes, prometendo que com o tempo eu me acostumaria. Quando finalmente chegamos nas beliches, ele fez une-dune-tê escolhendo entre a grande validade de uma cama disponível, gesticulando para mim e dando a chave da gaveta nos pés da cama que seria minha.

– Quem fica com a cama de cima é Alice. – ele me disse, gesticulando para a garota loira jogando cartas. Ela nos olhou por alguns segundos e então sorriu e nos saudou com um aceno de cabeça, voltando para o jogo de cartas. Travis sentou na minha cama (batendo com a cabeça na de cima) e me explicou mais ou menos como o acampamento funcionava, algumas coisas que Amélia não me disse como o horário das refeições, as regras que eu poderia quebrar (eu juro que ele colocou desse jeito), como traficar algumas coisas com os sátiros (aparentemente, toda a comida daqui era a comida de todos, então não tínhamos doces, balas e chocolates) e como se esgueirar pela noite sem ser comido por uma harpia.

Ele era bem legal, do tipo irmão mais velho que tem uma propensão à fazer coisas erradas. O modo natural que ele falava sobre dobrar as regras me lembrava muito de mim, que valorizava as coisas furtivas. Quando ele se foi, fiquei incerta a respeito do que guardar no minha gaveta – eu tinha vindo praticamente sem nada, apenas a roupa do corpo e o ovo de fênix, que decidi deixar guardado no meu bolço.

Após os primeiros dias, eu descobri que o chalé de Hermes não era só um conjunto de semideuses indeterminados e filhos de Hermes, mais sim mais como uma grande – e estranha – família. Quando eu não tinha um cobertor, Conor – o sósia de Travis que depois fui descobrir ser seu irmão mais novo (embora fossem idênticos) – me emprestava um de seus cobertores térmicos traficados dos sátiros. Quando eu não tinha uma escova de dente ou roupas, Alice vestia a farda de irmã mais velha e me mostrava um arsenal de roupas femininas de todos os tamanhos que havia roubado do chalé de Afrodite no ano passado - o que foi de longe a coisa mais legal que uma garota já tinha feito por mim, sendo que eu era evitada por patricinhas dês que me entendo por gente -, naquela ocasião, me contentei em itens de sobrevivência como suéteres, camisas de manga comprida e roupa íntima (eu e ela tivemos que cavar por sobre toneladas de rosa pink para achar algo que não fosse muito ridiculamente “Ei! Roubei roupas de luxo de filhas de Afrodite!”).

De fato, as minhas únicas preocupações haviam sido em esconder meus poucos itens pessoais, que consistiam em Retaliadora e o ovo de fênix - que parecia impossivelmente crescer a cada dia. Muitos me perguntaram sobre a espada, alguns até tentara surrupia-la, mais mesmo de dia eu tinha um sono leve, e me acordava com o mais leve barulho ou mudança de luz no metro quadrado ao redor da minha cama, pegando dezenas de ladrões no flagra.

Durante as refeições, era maravilhoso – desde que meu pai morreu, eu havia sido criada pela minha avó, que sempre comia em silêncio ou resmungando pragas escocesas e na escola todos mantinham metros de segurança ao meu redor – alguém sempre estava contando uma piada, rindo, conversando comigo, eu fofocando à respeito do como as pessoas nos outros chalés pareciam. Eu dei boas risadas de filhos de Hipnos dormindo em cima de seus pratos, filhas de Afrodite passando batom depois de cada garfada, filhos de Hefesto mais interessados nos talheres do que na comida, filhos de Ares fazendo guerra de comida, e por aí vai. Eu sempre tinha que lutar por um lugar no banco, sendo que era uma mesa muito pequena para os quase 30 campistas do chalé 11, mais desde que minha bunda não ficasse pela metade da cadeira, eu estava bem. Nós também sempre fazíamos oferendas para os deuses, mais como minha mãe não havia me reclamado, alternei minhas oferendas à fogueira pelos meus deuses favoritos em ordem: Athena, Artémis e Hades.

Na minha primeira segunda feira, após o café da manha quando eu voltava furtivamente para o chalé para pegar meu chocolate matinal, encontrei um pacote em cima da minha cama. Sentei ao seu lado, observando o embrulho: era do tipo comum marrom-cinza amarrado em barbante, tinha uma etiqueta que estava toda estranha pela minha dislexia. Lá estava algo como PULA ESEQUIM FACAS, que deduzi ser “Para Eevelyn Forbes”. Abaixo, estava outras letras embaralhadas, mais como que um slongan, abaixo havia uma legenda em pequenas letras gregas, dizia “Hermes Express”. Sem pensar que aquilo podia ser um truque de Connor, rasguei o pacote e abri a caixa dentro.

Surpreendentemente, era da minha avó. Continha todas as minhas coisas favoritas: umas fotos do papai, a enciclopédia de plantas, meu colar escocês de um botão revestido com a lã dos Forbes - um verde escuro xadrezado com linhas negras, vermelhas e amarelas – e algumas roupas, como minha camiseta favorita que dizia “me deixe dormir”. Também tinha um papel dobrado que eu não reconheci, quando desdobrei me surpreendi em poder ler a letra da vovó Forbes:

Eevelyn,

Uma vez que faz dias que não volta para casa, eu deduzi que estivesse no acampamento ou morta. Aqui vai algumas coisas inúteis que achei que iria querer, como também algo útil como o seu colar do clã – lembre-se: isso pode salvar a sua vida.

Seu pai me disse que quando a hora chegasse, eu teria que te lembrar de algo – o que seria não recordo agora, mais acho que era algo sobre você se lembrar das lendas. Se puder, mande lembranças para Hermes, ele é um velho amigo meu.

Abgail Forbes~

Encarei aquele papel por alguns segundos, decidindo se deveria rasgá-lo ou chamar Hermes para esfregar na cara dele e mandar de volta, mais guardei o papel junto com as outras coisas no meu baú, decidindo aproveitar os concelhos da vovó Forbes mais tarde – ela era uma bruxa velha mais era impressionantemente intuitiva – quando decidi que tudo estava seguro, coloquei o colar e me dirigi para a aula de esgrima checando para ver se Retaliadora estava na minha cintura, decidindo que confiava mais na espada do que na minha avó.

Na aula de esgrima, eu repetidamente perdia Retaliadora para Lance, o instrutor do chalé de Ares que repetidamente gritava comigo para ser menos ruim nisso. Quando ele me desarmou pela vigésima vez, arranquei Retaliadora do chão rapidamente, surpreendendo ele com uma evasiva para o lado em seu primeiro golpe e batendo com a parte cega da lâmina em sua panturrilha, fazendo ele gritar de dor e me encarar com olhos esbugalhados até a morte. Quando se recuperou, suspirou, recuperando sua cabeça e me olhou seriamente.
– Treino sério a partir de agora Forbes – ele me disse – você é melhor do que eu pensei.

Eu não pude decidir se era algo bom ou ruim até o “treino sério” começar, que consistia em desarmá-lo ou levar tapas da parte cega de sua lâmina.

Foi mais ou menos na segunda semana que descobri sobre o navio. De fato, havia percebido que havia sempre algum campista carregando alguma coisa para dentro da floresta, ou que muitos campistas que eu via nas refeições faltavam as aulas ou até as refeições, e que sempre que eu perguntava à Connor, Travis ou Alice à respeito disso eles balançavam a cabeça, dizendo sempre depois e mudando de assunto.

No café da manhã da segunda semana, Quírion se levantou antes que começássemos à comer, parando o tintilar dos garfos no mesmo minuto. Ele usava uma camisa branca escrita “Campeão do XXIIIV Pônei de Rodeio” e sua expressão era séria.

– Aproximasse o momento. – ele disse calmamente olhando para a mesa de Athena – Pedimos a colaboração de todos os chalés para que ajudem a construir o Argo II, e que os chalés de Apolo, Ares e Hermes não façam nenhuma gracinha. – ele disse silenciando as queixas após sua fala – Agradeço a atenção e tenham uma boa refeição.

Olhei para Alice na minha famosa cara de ponto de interrogação, que cochichou no meu ouvido que me explicaria à noite, que eu devia lembrar a ela. Passei o dia todo cismada com isso e levando bofetadas da espada de Lance. Quando finalmente chegou a hora de voltar para a cabine 11, Alice me esperava na porta e rapidamente me arrastou pelo Acampamento.

– Olha, nós estamos tentando deixar o pessoal calmo à respeito disso, mais pelo visto você vai dar com a língua nos dentes e acabar perguntando à pessoa errada. – ela disse, sua voz muito baixa e urgente – Você já ouviu falar da mitologia romana que é surpreendentemente idêntica à mitologia grega, com apenas alguns pontos diferentes nos deuses? – acenei para ela, embora sempre preferira mitologia grega – Bem, há um tempo atrás um cara desapareceu. Ele era um campista famoso, aquele que nos liderou na última guerra. Você deve ter ouvido falar nisso. Bem, o cara era um filho de Poseidon, e era bem forte tenho que admitir; até que um dia fez puff e sumiu. Duas semanas depois um trio de semideuses vieram para o acampamento, um deles não era grego, era romano. – ela disse ainda mais baixo.
– C-como assim?
– Aparentemente, existe um outro acampamento para semideuses romanos. Os deuses ficaram com algo parecido com esquizofrenia depois que a potência ocidental partiu de vez da Grécia, e como os Romanos adotaram suas versões dos deuses gregos, a merda estava feita. Até hoje, os deuses tem filhos com suas versões romanas, e até onde eu sei, esse cara que desapareceu, o Percy Jackson, apareceu no Acampamento Romano como Jason, o filho de Júpiter apareceu aqui. Aqueles que estão construindo esse navio, o Argo II são o chalé de Hefesto, e tudo isso se complica porque eles vão usar esse navio para ir para o outro acampamento pegar Percy. Nós estamos em guerra novamente, só que não queremos desespero como na última vez.
– Guerra contra os romanos? – perguntei.
– Não aparentemente – ela responde, parando à alguns metros da floresta – Estamos em guerra contra a terra.disse Alice fitando a floresta com olhos desconfiados, como se algo lá pudesse nos matar sem piedade. A simples ideia de lutar contra algo assim me deu arrepios, e me fez lembrar das histórias do meu pai sobre a terra, sobre as várias deusas que os celtas escoceses atribuíram à ela.

Havia a linda e bondosa Nantosuelta, a deusa da natureza e fertilidade. A deusa da terra que representava a abundância e a facilidade de vida no verão. Havia a séria Erecura, que era tanto uma deusa da terra quanto do submundo. E havia Cailleach.

Cailleach era de longe a pior das deusas da terra, diziam que era a forma invernal Nantosuelta, uma maldosa bruxa velha que amaldiçoou os humanos fazendo-os passar frio e fome com o inverno, protegendo os animais das caças e as plantas da colheita. Diziam que ela levantava seu manto do chão, sendo escura como terra, e que a neve fazia seu capuz. Olhando para aquela floresta, não tive a impressão de ser açucarada e mágica com a neve, tive a impressão que fosse assustadora.

Olhei para Alice, que continuava com uma expressão muito séria e incomum para ela, então ela olhou para mim, seus olhos preocupados.
– Até onde eu sei, Romanos e Gregos estão do lado dos deuses do Olimpo – ela me disse – mas a terra não, a terra tem tentado roubar o poder deles desde de que Zeus assumiu as rédeas do mundo.
– Você quer dizer Ga-
– Não fale isso! – ela repreendeu, encarando a floresta por um longo segundo antes de me arrastar de volta para o chalé 11, que era um longo e frio caminho – Nomes tem poder Evee, não se esqueça. – eu acenei para ela enquanto Alice me guiava até o chalé.

Capítulo 3 – As coisas se complicam

Enquanto eu me livrava do choque pós-centauro, Quíron me arrastava até a quadra de basquete. No caminho, ele me explicou algumas coisas básicas – que os monstros não exatamente morrem, mas se dissolvem em pó dourado, vão para o tártaro e voltam depois de se recompor (o que pode levar anos), que o Sr. Pattrich era um sátiro (homens meio bode meio humanos), que eu era uma meio-sangue (ele me deu uma explicação mais agradável do que gritos em um carro em alta velocidade) e que me levaria até uma guia na quadra de basquete para explicar como o acampamento funcionava. Lá, muitos garotos jogavam fazendo sextas instantâneas de 3 pontos, enquanto outros meninos e meninas ficavam ao redor. Todos eles usavam as camisas laranja, que só então pude ler Acampamento Meio-Sangue escrito na frente.

Quíron cutucou o ombro de uma menina com cabelos castanhos arruivados, estava dando um sermão em uma outra menina que se segurava para não rir, então ela olhou por sobre o ombro e saudou Quíron.

– Amélia. – ele disse, ela sorriu para ele e fulminou a outra garota com os olhos, como que para lembra-la que ainda não tinha acabado. A garotinha (não tinha mais que onze anos) tapou a boca com as mãos e saiu correndo – Esta é Evee...
– Forbes. – disse automaticamente.
– Esta é Evee Forbes. Ela recém chegou, você poderia, por favor, mostrar o acampamento para ela e dar algumas explicações da nossa situação? – ela assentiu sorrindo, e quando Quírion se foi, parecia bastante aliviado.
– Olá Evee. – ela disse estendendo sua mão para mim, apertei sua mão e observei seus traços: ela tinha uma pele cor de pêssego, seu rosto tinha um charmoso formato de coração com maçãs do rosto altas, seus olhos eram grandes, porém naturalmente semicerrados, castanho dourados. Ela era bem mais alta do que eu (que estava no meu auge com um metro e meio) e tinha uma aparência confiante – Sou Amélia Maege. – sorri para ela.
– Oi Amélia. – ela deu uma risadinha, como que para dizer “como você é fofa”, o que me deixou meio encabulada. Ela então gesticulou para que caminhássemos em uma direção e eu a segui.
– Bem eu provavelmente deveria começar a respeito do seu parente olimpiano.
– Provavelmente.
– Ok, como Quírion provavelmente já te explicou, você é uma semideusa – ela disse enquanto caminhávamos por uma espécie de jardim. Alguns garotos e garotas cuidavam de flores e pequenos arbustos de blueberries e amoras silvestres, que pareciam muito bem para o auge do inverno – o que significa que seu pai ou sua mãe...
– sua mãe... – eu respondi.
– Ok, sua mãe é uma deusa. Antes da última guerra, os deuses não reclamavam seus filhos com frequência. – ela disse, então supus que reclamar era admitir que o filho era deles – Eles geralmente ficavam empoleirados na cabine de Hermes, que é o deus dos viajantes, então isso causou alguns problemas desagradáveis.
– Como?
– Uma guerra. – ela disse suavemente.
– Muito desagradável. – ela fez algo entre um bufo e uma risada, e então continuou.
– Bem, depois que os semideuses se juntaram para ganhar a guerra pelos deuses, que estavam tentando salvar a América, eles juraram que iriam reclamar os filhos aos treze anos, que é mais ou menos quando os monstros começam a ataca-los. – assenti para que ela continuasse. Nesse momento, tínhamos passado o jardim e estávamos no que parecia uma ruazinha de pequenos celeiros – Então, como antigamente havia apenas os chalés dos doze olimpianos, que são os deuses principais, depois de que juraram, os deuses menores também passaram a ter seus chalés.
– Uh, então não deveria ter uns cinquenta chalés? – perguntei, ela sorriu e negou com a cabeça.
– Como isso seria um tanto complicado, nós decidimos que só criaríamos um novo chalé quando um semideus de um deus que ainda não tivesse seu chalé aparecesse.
– Boa decisão.
– Então, quantos anos você tem? – ela perguntou num tom normal. Abri a boca para dizer, mais me encabulei com a resposta.

Veja bem, não é como se eu fosse anormal – ou tão normal quanto uma meio-sangue pode ser - ou algo do tipo, mas eu não sei exatamente quando eu nasci. Minha mãe – que aparentemente era uma deusa – ficou um tempo com o meu pai e então desapareceu, aparecendo o que seria algo como 10 ou 11 meses depois para dar uma pequena menininha à ele. Ele deve ter ficado muito surpreso, mais me aceitou de braços abertos. Ele sempre me disse que por seus cálculos eu fazia aniversário mais ou menos entre 20 e 25 de janeiro.

– Uh, que dia é hoje? – perguntei, ela levantou uma sobrancelha.
– É 15 de janeiro. – ela disse.
– Uh, então eu tenho 12 anos. – ela riu.
– Ok, então você provavelmente será reivindicada logo. – ela disse – Bom, você pode ser uma campista de ano inteiro ou só de verão. Como estamos no inverno, acho que você vai ficar um tempo por aqui antes de decidir uh?
– Aham. – eu disse, olhando para os campos que notei no meio da viagem até lá – Aquilo são plantações?
– Sim. – ela respondeu – Plantamos morangos. – devo ter feio uma cara muito esfomeada, pois ela riu e me guiou até um dos pequenos celeiros, puxando uma chave e abrindo a fechadura rígida – Aqui é o arsenal dos filhos de Hefesto, o deus do fogo e das forjas. – ela disse, empurrando a porta.
– Você é filha de Hefesto? – perguntei, parecia algo propício com os cabelos avermelhados dela.
– Não, sou filha de Hécate. – ela respondeu – Deusa da magia e do ocultismo, então tenho meus truques. – ela balançou seu chaveiro, que continha uma chave prateada tão branca que parecia ter pequenos pontos de diamante.
– Uma chave mestra mágica? – perguntei – Parece útil.
– E realmente é. – ela respondeu, claramente satisfeita com sigo mesma – Só não deixe os filhos de Hefesto e Hermes saber. – ela disse, enquanto entrávamos no pequeno arsenal.

Digo pequeno, mais em sentido figurado. Por dentro, parecia realmente muito maior, como se fosse uma daquelas tendas de Harry Potter. Olhando o modo como as paredes e o teto de madeira forte foram projetados, percebi que não se tratava de magia, mais de arquitetura – o lugar fora projetado para parecer pequeno por fora e grande por dentro (como uma pokebola). Dentro, haviam balcões de pedra em todos os cantos, em cima deles, havia entulhos de espadas, machados, objetos de alpinismo, partes inacabadas de ferro, elmos e braceletes de armaduras, bainhas com acabamentos bordados, e vários equipamentos de forja que eu nunca saberia o nome. Nas paredes, haviam machados, arcos, alijavas, flechas aos montes, espadas maiores, foices, algumas espingardas, rifles, armaduras, escudos e lanças.

– Uau. – foi tudo o que pude dizer.
– É – ela disse – Uau. Venha, vamos escolher um arma para você. – ela disse, vasculhando entre os objetos de metal.
– Uh, e você acha segura dar uma arma pra mim? – perguntei, não como se estivesse amedrontada com a ideia (minha avó possuía velhos facões escoceses em casa, e volta e meia me ameaçava com eles), mas por que eu era uma criança tão problemática que nunca nem sequer me confiavam um garfo.
– Bem, se você não tiver uma arma, será difícil se manter viva. – ela disse, isso me deixou animada (eu gosto de viver perigosamente).

Ela pegou espadas, que sempre pareciam muito pesadas não importa seu tamanho. Pegou arcos, mais todos não pareciam confortáveis em minhas mãos, uma faca fazia eu me sentir muito desprotegida, um machado eu mal podia levantar e eu quase havia furado seu olho com uma lança.

– Eu não tenho ideia do que mais tentar – ela confessou.

Me senti muito mal, tinha que admitir que estava babando por aquelas armas, mas não poder ter nenhuma delas e fez sentir ruim. Estava prestes a dizer para desistirmos quando algo caiu da parede bem em frente aos meus pés.

Me abaixei para pegar, e quando vi na luz fiquei sem ar: era uma espada com um cabo simples prata, e alguns detalhes em azul safira. Sua bainha era de tirar o fôlego: um couro acabado em um tecido de um azul muito escuro, com desenhos prata de estrelas, rajadas de vento e algo que parecia chamas azuis. Desembainhei a espada e apreciei sua lâmina, que era de um prata parecido com a chave de Amelia: branco platinado, que parecia ter pequenos diamantes incrustados. Observei mais atentamente a lâmina, e pude ver estranhas letras gregas de cima para baixo: αντίποινα.
– Antipoína. – eu disse – Retaliadora. - Amelia se aproximou, olhando para a espada atentamente.
– Isso – ela disse – É prata encantada. – levantei a sobrancelha para ela num legitimo “hã?”
– Nós geralmente usamos bronze celestial para as armas. Prata encantada requer extrair a prata humana e faz um ritual de encantamento para que ela possa matar os monstros. Como é um ritual perdido, itens assim são muito raros e muito antigos. Porém, uma prata como essa – ela examinou de perto – não está apenas encantada, está enfeitiçada.
– E qual é a diferença?
– Prata encantada é prata normal que mata monstros – ela disse, puxando sua chave mestre – porém prata enfeitiçada tem outros usos, como a minha chave que tem a forma que eu desejar, no caso, a forma de qualquer fechadura. – eu olhei para a espada.
– Então, isso poderia tomar a forma que eu quisesse? Como uma adaga ou faca? – ela assentiu.
– Prata enfeitiçada é muito imprevisível, para que você possa usar o seu encanto terá que descobrir a chave que a faz mudar.
– Como uma palavra mágica?
– Exatamente, mas primeiro, abane ela um pouco para ver se consegue manobra-la. – assenti e levantei a espada, com minha mão, esperando enquanto Amélia se afastava alguns passos. Num súbito movimento, dou um golpe no ar, que faz com que a lâmina deslize por ele fazendo um suave barulho de cortar o vento. Ao mesmo tempo, uma leve rajada de ar levanta os cabelos avermelhados de Amélia enquanto um forte vento bate as portas do arsenal. Amélia levanta as sobrancelhas, sorrindo – Parece que você pode.

Durante o resto da manhã, Amélia me mostrou o resto do campo e as atividades que eu poderia fazer – basicamente esgrima, arqueirismo, canoagem, escalada da parede de lava, estudo de monstros, grego antigo, mapas território, estratégia e todo aquele blá blá blá. Enquanto me levava pelo acampamento, cada vez eu ficava mais animada em participar daquilo – eu nunca havia ido para acampamentos de verão, de qualquer forma.

– Bem, uma vez que você tem doze anos, você irá para o Chalé de Hermes até que sua mãe te reclame. Nós nunca sabemos quando você vai ser reclamada, mais essa é a regra. – eu acenei, me perguntando quem poderia ser.
– Quem você acha que é? – ela me perguntou, verbalizando.
– Eu gostaria que fosse Athena – confessei – mas não acho que seja tal.
– Por que? – disse ela.
– Eu não sou lá muito... brilhante. – consegui responder, ela fez um esforço para não rir.
– Ok, se for uma das Olimpianas, então ainda pode ser Deméter ou Afrodite. – torci o nariz para ela, agricultura e amor não pareciam muito úteis.
– Que outras deusas menores se tem? – ela perguntei.
– Bem, temos Nêmeses que é a vingança, Íris que é a deusa do arco-íris, Têmis que é a justiça, Hebe que é a juventude, Nike que é a vitória, e por aí vai. Não tenho a mínima ideia de qual poderia ser sua mãe. – ela disse, e então olhou para mim dos pés a cabeça – Mas se fosse seu pai um deus, diria que é filha de Hades.
– Uh, o forever alone dos deuses? Por que?– perguntei inocentemente, ela controlou outra risada.
– Porque – ela disse sorrindo – você se parece com um garoto filho dele que costuma vir de vez em quando, um tal chamado Nico. – ela disse.
– Uh, ele deve ser um bucutru. – falei, ela quase se engasgou com a própria risada, me arrastando até o chalé 11.

Era o típico chalé de acampamento: grande, velho, com a pintura creme-areia descascando. Ao lado da grande porta de madeira, havia algo que parecia o símbolo da medicina, mais quando estreitei meus olhos percebi que havia uma cobra a mais. A porta estava escancarada, e eu podia ouvir várias risadas, passos e talvez uma briga. Pareci uma taverna da idade média*: cheia de todo o tipo suspeito de gente. Ela colocou a cabeça para dentro.

– TRAVIS! – ela gritou, fazendo meu ouvido esquerdo ficar meio surdo. Todo o barulho lá dentro parou.
– Meu deus Mia, o que eu fiz agora?! – gritou uma voz lá de dentro, enquanto seu dono saía para fora. Era um garoto que parecia ter a idade de Amélia (Mia?), ele era alto e esguio, com cabelos castanho avermelhados cacheados e grandes olhos azuis. Ele tinha uma expressão sapeca no rosto, embora parecesse irritado. Mia cruzou os braços, olhando para ele provocadoramente. Ugh, se eu não soubesse, diria que estavam se paquerando.
– Eu tenho uma nova campista para você. – ela disse, gesticulando para mim. Instantaneamente a expressão de Travis mudou, ele parecia pronto para me beliscar.
– Filha de Hermes? – ele perguntou.
– Indeterminada. – Amélia respondeu, a expressão de Travis não mudou enquanto ele estendia sua mão para mim.
– Bom dia, eu sou Travis Stool, filho de Hermes. – ele disse, eu apertei a mão dele, longa e fina como mãos de pianista (ou de ladrão).
– Oi. – eu disse, ele levantou as sobrancelhas, provavelmente esperando que eu me apresentasse – Eu sou Eevee.
– Como o pokemon**? – ele perguntou.
– Exatamente. – ele sorriu, olhando para Amélia – Eu acho que ela não dura dois dias. – ele disse, levantei minhas sobrancelhas.
– Eu aposto duas semanas. – respondeu Amélia, e piscou para mim – Cuidado com eles. – e então ela se sumiu na névoa daquela manhã de inverno. Travis bateu no meu ombro.
– Não se preocupe, estamos apostando quando será reclamada. – ele disse.
– Isso parece bom. – respondi, ele sorriu. Quando sorria, parecia tramar como tirar os 5 dólares que surrupiei da minha avó para o lanche, e então eu me lembrei que Hermes era também o deus dos ladrões.
– Vamos lá, você tem uma galera para conhecer. – ele me empurrou para dentro.

Por dentro, era do mesmo modo que eu imaginei que seria vendo o lado de fora. As paredes estavam descascando, o chão tinha um tapete que provavelmente havia sido azul, mas era de um verde encardido agora. Havia muitas beliches nas paredes enfileiradas e pregadas no chão para não serem movidas, nos pés de cada uma havia uma espécie de mini-cômoda que tinha duas grandes gavetas encadeadas que pareciam baús. Tudo era feito de madeira e rangia, mais parecia aguentar muito bem o tranco. Também havia uma espécie de sala de convivência, com alguns sofás e mesas de jogos de azar, onde muitas pessoas se acumulavam, bebiam Pepsi e Coca, gritavam, brincavam mais todos pareciam bem naquele clima de Taverna.

No centro, muitas pessoas se exprimiam nos sofás enquanto três campistas se sentavam no chão jogando cartinhas. Um era uma cópia exata de Trevis, outro era um garoto tão branco que parecia rosa, e o último era uma menina com cabelos cor de areia. Todos tinham a mesma expressão de Trevis: um sorriso pronto para assaltar sua carteira.

– Ei galera! – gritou Trevis – Nova campista na área, o nome dela é Eevee! – me senti tentada a me esconder atrás de Trevis, o poste, mais permaneci em pé. Todos olharam para mim quietos no que pareceu ser um longo segundo e então sorriram, grunhiram algo como “oi”, “bem-vinda” e “cuidado com a carteira” e voltaram para o jogo. Trevis sorriu para mim – Venha, eu vou te mostrar uma cama, se ainda tiver.

Ele me arrastou até onde estavam as beliches, onde cada vez ficava mais difícil de caminhar sem tropeçar em algum entulho do chão. Ele me ajuntou umas quinze vezes, prometendo que com o tempo eu me acostumaria. Quando finalmente chegamos nas beliches, ele fez une-dune-tê escolhendo entre a grande validade de uma cama disponível, gesticulando para mim e dando a chave da gaveta nos pés da cama que seria minha.

– Quem fica com a cama de cima é Alice. – ele me disse, gesticulando para a garota loira jogando cartas. Ela nos olhou por alguns segundos e então sorriu e nos saudou com um aceno de cabeça, voltando para o jogo de cartas. Travis sentou na minha cama (batendo com a cabeça na de cima) e me explicou mais ou menos como o acampamento funcionava, algumas coisas que Amélia não me disse como o horário das refeições, as regras que eu poderia quebrar (eu juro que ele colocou desse jeito), como traficar algumas coisas com os sátiros (aparentemente, toda a comida daqui era a comida de todos, então não tínhamos doces, balas e chocolates) e como se esgueirar pela noite sem ser comido por uma harpia.

Ele era bem legal, do tipo irmão mais velho que tem uma propensão à fazer coisas erradas. O modo natural que ele falava sobre dobrar as regras me lembrava muito de mim, que valorizava as coisas furtivas. Quando ele se foi, fiquei incerta a respeito do que guardar no minha gaveta – eu tinha vindo praticamente sem nada, apenas a roupa do corpo e o ovo de fênix, que decidi deixar guardado no meu bolço.

Após os primeiros dias, eu descobri que o chalé de Hermes não era só um conjunto de semideuses indeterminados e filhos de Hermes, mais sim mais como uma grande – e estranha – família. Quando eu não tinha um cobertor, Conor – o sósia de Travis que depois fui descobrir ser seu irmão mais novo (embora fossem idênticos) – me emprestava um de seus cobertores térmicos traficados dos sátiros. Quando eu não tinha uma escova de dente ou roupas, Alice vestia a farda de irmã mais velha e me mostrava um arsenal de roupas femininas de todos os tamanhos que havia roubado do chalé de Afrodite no ano passado - o que foi de longe a coisa mais legal que uma garota já tinha feito por mim, sendo que eu era evitada por patricinhas dês que me entendo por gente -, naquela ocasião, me contentei em itens de sobrevivência como suéteres, camisas de manga comprida e roupa íntima (eu e ela tivemos que cavar por sobre toneladas de rosa pink para achar algo que não fosse muito ridiculamente “Ei! Roubei roupas de luxo de filhas de Afrodite!”).

De fato, as minhas únicas preocupações haviam sido em esconder meus poucos itens pessoais, que consistiam em Retaliadora e o ovo de fênix - que parecia impossivelmente crescer a cada dia. Muitos me perguntaram sobre a espada, alguns até tentara surrupia-la, mais mesmo de dia eu tinha um sono leve, e me acordava com o mais leve barulho ou mudança de luz no metro quadrado ao redor da minha cama, pegando dezenas de ladrões no flagra.

Durante as refeições, era maravilhoso – desde que meu pai morreu, eu havia sido criada pela minha avó, que sempre comia em silêncio ou resmungando pragas escocesas e na escola todos mantinham metros de segurança ao meu redor – alguém sempre estava contando uma piada, rindo, conversando comigo, eu fofocando à respeito do como as pessoas nos outros chalés pareciam. Eu dei boas risadas de filhos de Hipnos dormindo em cima de seus pratos, filhas de Afrodite passando batom depois de cada garfada, filhos de Hefesto mais interessados nos talheres do que na comida, filhos de Ares fazendo guerra de comida, e por aí vai. Eu sempre tinha que lutar por um lugar no banco, sendo que era uma mesa muito pequena para os quase 30 campistas do chalé 11, mais desde que minha bunda não ficasse pela metade da cadeira, eu estava bem. Nós também sempre fazíamos oferendas para os deuses, mais como minha mãe não havia me reclamado, alternei minhas oferendas à fogueira pelos meus deuses favoritos em ordem: Athena, Artémis e Hades.

Na minha primeira segunda feira, após o café da manha quando eu voltava furtivamente para o chalé para pegar meu chocolate matinal, encontrei um pacote em cima da minha cama. Sentei ao seu lado, observando o embrulho: era do tipo comum marrom-cinza amarrado em barbante, tinha uma etiqueta que estava toda estranha pela minha dislexia. Lá estava algo como PULA ESEQUIM FACAS, que deduzi ser “Para Eevelyn Forbes”. Abaixo, estava outras letras embaralhadas, mais como que um slongan, abaixo havia uma legenda em pequenas letras gregas, dizia “Hermes Express”. Sem pensar que aquilo podia ser um truque de Connor, rasguei o pacote e abri a caixa dentro.

Surpreendentemente, era da minha avó. Continha todas as minhas coisas favoritas: umas fotos do papai, a enciclopédia de plantas, meu colar escocês de um botão revestido com a lã dos Forbes - um verde escuro xadrezado com linhas negras, vermelhas e amarelas – e algumas roupas, como minha camiseta favorita que dizia “me deixe dormir”. Também tinha um papel dobrado que eu não reconheci, quando desdobrei me surpreendi em poder ler a letra da vovó Forbes:

Eevelyn,

Uma vez que faz dias que não volta para casa, eu deduzi que estivesse no acampamento ou morta. Aqui vai algumas coisas inúteis que achei que iria querer, como também algo útil como o seu colar do clã – lembre-se: isso pode salvar a sua vida.

Seu pai me disse que quando a hora chegasse, eu teria que te lembrar de algo – o que seria não recordo agora, mais acho que era algo sobre você se lembrar das lendas. Se puder, mande lembranças para Hermes, ele é um velho amigo meu.

Abgail Forbes~

Encarei aquele papel por alguns segundos, decidindo se deveria rasgá-lo ou chamar Hermes para esfregar na cara dele e mandar de volta, mais guardei o papel junto com as outras coisas no meu baú, decidindo aproveitar os concelhos da vovó Forbes mais tarde – ela era uma bruxa velha mais era impressionantemente intuitiva – quando decidi que tudo estava seguro, coloquei o colar e me dirigi para a aula de esgrima checando para ver se Retaliadora estava na minha cintura, decidindo que confiava mais na espada do que na minha avó.

Na aula de esgrima, eu repetidamente perdia Retaliadora para Lance, o instrutor do chalé de Ares que repetidamente gritava comigo para ser menos ruim nisso. Quando ele me desarmou pela vigésima vez, arranquei Retaliadora do chão rapidamente, surpreendendo ele com uma evasiva para o lado em seu primeiro golpe e batendo com a parte cega da lâmina em sua panturrilha, fazendo ele gritar de dor e me encarar com olhos esbugalhados até a morte. Quando se recuperou, suspirou, recuperando sua cabeça e me olhou seriamente.
– Treino sério a partir de agora Forbes – ele me disse – você é melhor do que eu pensei.

Eu não pude decidir se era algo bom ou ruim até o “treino sério” começar, que consistia em desarmá-lo ou levar tapas da parte cega de sua lâmina.

Foi mais ou menos na segunda semana que descobri sobre o navio. De fato, havia percebido que havia sempre algum campista carregando alguma coisa para dentro da floresta, ou que muitos campistas que eu via nas refeições faltavam as aulas ou até as refeições, e que sempre que eu perguntava à Connor, Travis ou Alice à respeito disso eles balançavam a cabeça, dizendo sempre depois e mudando de assunto.

No café da manhã da segunda semana, Quírion se levantou antes que começássemos à comer, parando o tintilar dos garfos no mesmo minuto. Ele usava uma camisa branca escrita “Campeão do XXIIIV Pônei de Rodeio” e sua expressão era séria.

– Aproximasse o momento. – ele disse calmamente olhando para a mesa de Athena – Pedimos a colaboração de todos os chalés para que ajudem a construir o Argo II, e que os chalés de Apolo, Ares e Hermes não façam nenhuma gracinha. – ele disse silenciando as queixas após sua fala – Agradeço a atenção e tenham uma boa refeição.

Olhei para Alice na minha famosa cara de ponto de interrogação, que cochichou no meu ouvido que me explicaria à noite, que eu devia lembrar a ela. Passei o dia todo cismada com isso e levando bofetadas da espada de Lance. Quando finalmente chegou a hora de voltar para a cabine 11, Alice me esperava na porta e rapidamente me arrastou pelo Acampamento.

– Olha, nós estamos tentando deixar o pessoal calmo à respeito disso, mais pelo visto você vai dar com a língua nos dentes e acabar perguntando à pessoa errada. – ela disse, sua voz muito baixa e urgente – Você já ouviu falar da mitologia romana que é surpreendentemente idêntica à mitologia grega, com apenas alguns pontos diferentes nos deuses? – acenei para ela, embora sempre preferira mitologia grega – Bem, há um tempo atrás um cara desapareceu. Ele era um campista famoso, aquele que nos liderou na última guerra. Você deve ter ouvido falar nisso. Bem, o cara era um filho de Poseidon, e era bem forte tenho que admitir; até que um dia fez puff e sumiu. Duas semanas depois um trio de semideuses vieram para o acampamento, um deles não era grego, era romano. – ela disse ainda mais baixo.
– C-como assim?
– Aparentemente, existe um outro acampamento para semideuses romanos. Os deuses ficaram com algo parecido com esquizofrenia depois que a potência ocidental partiu de vez da Grécia, e como os Romanos adotaram suas versões dos deuses gregos, a merda estava feita. Até hoje, os deuses tem filhos com suas versões romanas, e até onde eu sei, esse cara que desapareceu, o Percy Jackson, apareceu no Acampamento Romano como Jason, o filho de Júpiter apareceu aqui. Aqueles que estão construindo esse navio, o Argo II são o chalé de Hefesto, e tudo isso se complica porque eles vão usar esse navio para ir para o outro acampamento pegar Percy. Nós estamos em guerra novamente, só que não queremos desespero como na última vez.
– Guerra contra os romanos? – perguntei.
– Não aparentemente – ela responde, parando à alguns metros da floresta – Estamos em guerra contra a terra.disse Alice fitando a floresta com olhos desconfiados, como se algo lá pudesse nos matar sem piedade. A simples ideia de lutar contra algo assim me deu arrepios, e me fez lembrar das histórias do meu pai sobre a terra, sobre as várias deusas que os celtas escoceses atribuíram à ela.

Havia a linda e bondosa Nantosuelta, a deusa da natureza e fertilidade. A deusa da terra que representava a abundância e a facilidade de vida no verão. Havia a séria Erecura, que era tanto uma deusa da terra quanto do submundo. E havia Cailleach.

Cailleach era de longe a pior das deusas da terra, diziam que era a forma invernal Nantosuelta, uma maldosa bruxa velha que amaldiçoou os humanos fazendo-os passar frio e fome com o inverno, protegendo os animais das caças e as plantas da colheita. Diziam que ela levantava seu manto do chão, sendo escura como terra, e que a neve fazia seu capuz. Olhando para aquela floresta, não tive a impressão de ser açucarada e mágica com a neve, tive a impressão que fosse assustadora.

Olhei para Alice, que continuava com uma expressão muito séria e incomum para ela, então ela olhou para mim, seus olhos preocupados.
– Até onde eu sei, Romanos e Gregos estão do lado dos deuses do Olimpo – ela me disse – mas a terra não, a terra tem tentado roubar o poder deles desde de que Zeus assumiu as rédeas do mundo.
– Você quer dizer Ga-
– Não fale isso! – ela repreendeu, encarando a floresta por um longo segundo antes de me arrastar de volta para o chalé 11, que era um longo e frio caminho – Nomes tem poder Evee, não se esqueça. – eu acenei para ela enquanto Alice me guiava até o chalé.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*taverna: era uma especie de bar da idade média.**pokemom: pra quem não conhece, Eevee é o nome de um pokemon da série que tem o mesmo nome.

Leiam a minha história atual - http://fanfiction.com.br/historia/434398/A_Feiticeira/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Aurora" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.