A Aurora escrita por rkaoril


Capítulo 18
Me preveem algo terrível (de novo)


Notas iniciais do capítulo

Wow pessoal! Estou postanr, pelo celular, então desculpe pela pêssima formatação do texto! Por favor, comentem!

*formatação corrigida



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Capítulo 18 – Me preveem algo terrível (de novo)

Rápido de mais, eu estava sendo içada para cima.

Eu não havia estado propriamente no tártaro, mas estando fraca e cansada quando eu caí na borda provavelmente deve ter ajudado a o que quer que havia lá dentro à distorcer a minha mente. É, era realmente assim que eu me sentia – violada, triste, sem esperança. Como se meu cérebro tivesse sido tornado em gelatina.

Então, quando quem me ajudou a subir me ajudou a ficar em pé eu simplesmente caí – meus joelhos vacilaram, meu corpo tremia e eu fui ao chão.

Por sorte, o bom samaritano que estava me ajudando me pegou no ar, como se estivesse acostumado à lidar com garotinhas desastradas e me puxou contra ele para que eu tivesse algum apoio.

Lentamente, eu consegui processar os detalhes – o cheiro agradável de subterrâneo, a camiseta preta que estava contra a minha cabeça e a sensação terna de segurança.
– Você... – eu murmurei fracamente.
– Eu. – ele respondeu, e então me puxou para que eu pudesse olhar para ele.

Ele estava como sempre – cabelo preto bagunçado, jeans preto e aquela jaqueta de aviador. Diferente das outras vezes que eu o vi ele não parecia divertido ou sarcástico, e sim seriamente preocupado. Ele olhava nos meus olhos como... bem, como eu olhava nos dele. Ele podia ver o meu sofrimento? Podia sentir a minha tristeza e desespero?

Ele puxou de um bolço do casaco dele um cantil e deu pra mim. Tinha o gosto salgado e suave do molho Greavy do meu pai, e de repente, aquilo foi o bastante. Aquele gosto me lembrava das noites frias de inverno que o meu pai fazia o molho greavy e nós assistimos filmes de terror e ação – eu sou provavelmente a única menina de 13 anos no planeta que nunca teve medo de filmes de terror – na frente da lareira, com os pratos cheios de batas frias e bifes assados com greavy e fofos cobertores nos aquecendo.

Aquilo foi como uma anestesia à minha dor mental – um alívio temporário, que eu sabia que um dia a dor voltaria. Então eu tomei outro gole, só por precaução e devolvi o néctar à Nico. Ele então olhou para longe.
– Como você entrou aqui? – ele me perguntou.
– Pela Casa da Noite. – eu respondi. Ele me fitou por alguns momentos e então suspirou.
– Eu suponho que você nunca vai me dizer onde isso fica, não é?
– É claro que não. – eu disse sorrindo.
– E eu suponho que você também não tem ideia de como sair daqui não é? – eu assenti – Ótimo. – disse ele – Bem, quer uma carona?

Antes que eu pudesse responder, ele passou uma mão pela minha cintura e me puxou contra ele. Por um longo – e maravilhoso – segundo, eu pensei que ele fosse me beijar. Mas então tudo ficou estupidamente frio, e lá nós estávamos viajando nas sombras de novo. Então, puff! lá estávamos nós, na frente do Empire State Building..
– Wow! – eu disse, cambaleando para trás quando ele me largou – Me avise antes de fazer uma coisa dessas! – ele bocejou e esfregou os olhos, então olhou para cima e piscou para o topo do Empire State.
– Aqui está você. – ele disse – Você concluiu sua missão. Vá para o Acampamento e receba a Glória. – ele estava parecendo magoado com aquilo.
– Ei Nico. – eu disse – Você bem que podia ir comigo. – ele então olhou para mim e piscou.
– Eu? – ele disse – Por que?
– Está de noite – eu disse – provavelmente madrugada. Você está caindo de sono e eu notei um certo Chalé 13 quando estava no acampamento. Você não quer vir comigo? – eu perguntei. Ele negou com a cabeça, mais não é como se ele tivesse escolha – Vamos dorminhoco. – eu disse, pegando ele pelo braço e arrastando comigo. Ele inicialmente protestou, mas estava com tanto sono que começou a andar dormindo, e então simplesmente ficou quieto.

Oh, ok. Eu admito que o caminho todo até um ônibus que nos levasse à Long Island eu estava pensando no por que de eu estar insistindo em ele vir comigo. Quero dizer, Amélia tinha me dito que o pessoal do acampamento não se dava muito bem com ele e Annabeth havia mencionado ele como um "possível" aliado, como se não soubesse se as intenções dele pudessem ser boas ou não. Sinceramente? Ele era muito legal, salvara minha vida mais vezes do que eu podia contar e do seu próprio jeito, ele era até agradável. As pessoas do Acampamento pareciam todas falar com cuidado sobre ele, como se tivessem medo, mas até então, parte os sorrisos de psicopata e fazer coisas tensas como atravessar um rio e volta e meia me puxar contra ele para me levar à algum lugar (eu não estou necessariamente reclamando da última), ele realmente não dava medo.

Então eu finalmente encontrei um bom ônibus que aparentemente nos levava à Long Island. Ele estava vazio exceto pelo motorista e nós, e quando o motorista pôs o olho em mim e Nico praticamente inconsciente no meu ombro, eu sorri e disse.
– Ele está bêbado. – o motorista assentiu e gesticulou para que entrássemos.

Me sentei o mais perto da saída possível e coloquei Nico apoiado na janela para que ele puxasse um ronco sem se apoiar em mim. Eu ocupei minha mente olhando pelas janelas e esperando pela nossa parada, então mal percebi quando o tri de senhoras entrou no ônibus.

Ah, você poderia me dizer – oque você tem a ver com senhoras que se vestem como motoqueiras e entram em um ônibus no meio da noite? Mas hey! Elas não eram senhoras normais. Quero dizer, talvez por ser filha de Nyx, a criadora da névoa eu tivesse um poder sobre isso por que quando eu olhei para o trio de senhoras que se aproximavam eu pensei Ah inferno!

A senhora do meio – e aparentemente a líder – sibilou para mim, então eu vi a sua verdadeira forma – parecia uma mistura de bruxa velha com morcego, com longas asas como um. Então com aquela voz sibilante ela falou comigo.
Criança tola. Acha que pode entrar no Hades e sair como se fosse um banheiro público?
– Bem. – eu disse, movendo minha mão para o cabo de Retaliadora, embora eu realmente preferisse não lutar no meu atual estado – Você sabe: aquilo parece um banheiro publico.

Isso foi o suficiente para que que ela avançasse para mim, com aquelas mãos de couro que pareciam muito uma versão animal do Edward mãos de tesoura. Eu pulei para a minha esquerda saindo do banco, momentaneamente esquecendo de Nico adormecido na janela. Eu então corri na direção delas, mas elas não pareciam propensas a machucar Nico – ficaram ali paradas boquiabertas olhando para ele. Antes que saíssem do transe, eu puxei Retaliadora como espada mesmo e golpeei a primeira na cintura, o que deveria ter cortado ela em duas se não tivesse virado pó dourado e se desfeito no ar. Então as outras vieram em minha direção, mas então eu puxei a minha espada e enfiei na garganta da segunda, deslizando para decapitar a terceira. Eu mal tinha morto elas quando de repente o pó dourado reapareceu, formando novamente as bizarras senhoras.

Sem pensar eu apertei a campainha do ônibus, peguei Nico e o sacudi por um minuto. Ele abriu os olhos atônito e olhou para mim, voltando à dormir logo à seguir. Eu o puxei pelo ombro e corri com ele para fora do ônibus, que ia para longe junto com os monstros.

Enquanto Nico se apoiava no meu ombro e – como eu temia – dormia em cima de mim eu olhei ao redor, e quase tive um troço – nós estávamos em Coney Island. O parque de diversões brilhava com metade de suas luzes acesas no meio da noite, e mais perto do que parecia o Atlântico Norte, havia um intenso brilho verde.

Da avenida, eu podia ouvir o mar retumbando com ondas tão agitadas tanto quanto o céu de quando eu havia tomado um raio, e um vento com gosto de sal frio vinha em nossa direção. Quando eu olhei ao redor, ao Brooklyn, eu notei que nunca estivera tão assustada – exceto talvez quando eu estava lutando com Érebo. O vento, as ruas escuras e desérticas todos pareciam gritar para mim fugir, que aquele não era o meu lugar.

O que eu poderia fazer naquela situação? Quero dizer, eu poderia continuar na parada de ônibus ou ter dobrado duas esquinas e usado o metrô – mas eu não fiz nada disso, ao invés, coloquei o braço de Nico ao redor do meu pescoço de modo que pudesse caminhar com ele e arrombei a entrada do Luna Park, indo em direção ao clarão verde.

Quanto mais eu me aproximava do mar, mais forte as ondas ficavam – como se o oceano estivesse realmente bravo comigo. Com boa parte das luzes do Luna Park apagadas a roda gigante, o tobogã e a barraquinha de salgados pareciam um tanto fantasmagóricas – e ter um filho de Hades inconsciente no seu ombro realmente não ajudava.

O clarão verde estava mais próximo, e quando não haviam brinquedos ou barraquinhas entre mim e ele eu vi que era uma pessoa.

Um cara, na verdade. Ele estava parado fitando o mar com uma expressão triste como se fosse comum ele estar exalando uma aura verde – ou como estivesse simplesmente triste de mais para se importar em parecer um ET. Quando cheguei mais perto, a luz fazia meus olhos arder, mas eu pude notar alguns detalhes na aparência do homem – ele usava um terno cinza surrado, tinha um cabelo castanho meio grisalho e parecia ter muitos anos – provavelmente passando dos quarenta. Quando estava apenas à alguns metros dele o homem olhou para mim, seus olhos refletidos em uma tristeza tão grande quando o oceano atrás dele – tão grande, que eu não podia ver o fim.

O homem sorriu tristemente, e apontou para um banco de pedra alguns passos atrás de mim. Eu entendi o recado – coloquei Nico para cochilar no banco e fui falar com o cara.

Quando cheguei ao lado dele o homem estava olhando de novo para o oceano, então suspirou tristemente e olhou para mim. Seus olhos eram de um verde tão brilhante quanto sua aura e mostravam a mesma tristeza ilimitada.
– Você deve ser Eevelyn – ele disse – eu previ que você viria.
– Eu... – eu disse, pasma de novo com um estranho que sabia o meu nome – quero dizer, previu? – o homem assentiu, e então olhou de novo para o oceano.
– Eu sou um filho de Apolo – ele disse sem olhar para mim – e eu tenho o dom da previsão. Eu sabia que você iria ser destinada a lutar com Gratão, e que mesmo ganhando Érebo despertaria. E eu também sabia que se você os derrotasse, a sua vida iria ir ao rumo do caos.
– Como assim? – eu disse – Você... você está me dizendo que eu ganhei e por isso vou sofrer? – ele assentiu.
– Exatamente. Veja bem, você só ganharia se tivesse a ajuda de um certo alguém – ele gesticulou para Nico dormindo no banco atrás de nós – e só sairia do Submundo com ajuda desse alguém. Consequentemente, esse alguém se perderia e por causa disso você estaria ligada à uma certa promessa que literalmente transformaria a sua vida em um caos.
– Você não fala coisa com coisa – eu disse – um certo alguém? Uma certa promessa? Você fala como se fosse uma sinopse, falando a história do filme sem contar o final. E como posso saber se você realmente sabe o futuro? – ele olhou para mim de novo com aqueles olhos verdes brilhantes, e eu me lembrei de Rachel Dare, o oráculo do acampamento.
– Você vê a luz do oráculo de delfos em mim. – ele disse – Assim como a tristeza dentro das pessoas e as luzes fantasmas que aliás te guiaram para aquele garoto, o seu respectivo destino. Isso é um efeito colateral comum de seu defeito mortal.
– Uh, defeito mortal? – ele olhou para mim como se eu tivesse perguntado como se abre uma geladeira.
– Defeito mortal – ele disse – um defeito típico em heróis, mortais e deuses, que geralmente atrapalha a vida deles. Eu poderia listar vários, mas o seu realmente é raro – eu não vejo alguém com esse defeito à anos.
– Então – eu disse – qual o meu e por que eu vejo coisas?
– O seu é compaixão. – ele disse – Você vê e entende quase que instantaneamente o ponto de vista das pessoas, e em casos extremos você vê a tristeza dentro delas. Eu acho que isso é muito provavelmente por causa da sua mãe, Nyx, que tem o mesmo defeito mortal: ela criou a névoa, a personificação do que oculta as coisas, como um mascara para a atual realidade, que muitas pessoas usam para esconder a tristeza dentro de si.
– Não não não não não – eu disse – eu não tenho compaixão, sério! Como eu poderia? Eu sou esquentada e tudo mais, e eu...
– Não pôde matar a hesperide – ele disse – entendeu a filha de Zeus com um simples olhar assim como com Annabeth, e está desesperadamente preocupada com o garoto ali – ele apontou para Nico – que aliás tem um destino quase tão ruim quanto o seu, ou o meu, mas esse não é o caso. De qualquer forma, eu estou aqui para te dar um aviso Eevelyn – ele me pegou pelos ombros – seja o que acontecer, a culpa não é sua. Espere e ele vai voltar.
– O que você quer dizer com isso? – ele me fitou.
– Não tente interferir no destino, ou só vai ficar pior. Você dificilmente vai seguir o meu concelho, mas eu não posso deixar você cometer o mesmo erro da sua avó.
– Oque? – eu disse – Como assim?
– A sua avó cometeu um erro terrível quando tinha a sua idade – ele disse – ela tentou interferir no destino dela, e foi renegada. Faça o mesmo e terá o mesmo final.
– Como assim renegada? – eu disse – E a minha avó cometeu um erro? Ela é uma semideusa ou algo do tipo? – pela primeira vez ele sorriu para mim. Não era um sorriso sincero, mas eu realmente pensei que o cara devia sorrir mais.
– Ela é filha de Ares – ele disse – você não sabia? – e então ele puxou um daqueles relógios correntes de dentro do terno, e balançou a cabeça – A minha hora chegou, eu tenho que ir à outro lugar. Vá para o metro e dessa no 303, haverá um ônibus que para na frente da colina meio-sangue e você chegará em casa em segurança.
– Espere! – eu disse quando ele se virou e começou a ir embora – Qual o seu nome e por que você está me dizendo isso? – ele olhou para trás de novo e sorriu tristemente.
– Meu nome é Oliver Smith – ele disse – e se você não seguir o meu conselho, nós nos encontraremos no dia treze de Dezembro, daqui a três anos. E eu espero sinceramente que não nos encontremos.

E então ele foi embora, longe o bastante as sombras do parque o esconderam e eu sinceramente não o procurei – as palavras que ele tinha me dito me deixaram atônita, como as magias antigas do tártaro: minha avó renegada e filha de Ares, eu ter um terrível destino assim como Nico, e uma ação minha desencadearia todo o caos na minha vida.

Minha vida já é um caos – eu pensei chutando as pedras enquanto o mar gritava atrás de mim – realmente não pode ficar pior.

Como eu estava errada.


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