A Aurora escrita por rkaoril


Capítulo 14
A casa da noite


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais um capitulo *u* tive que postar agora no meio da madrugada porque acabei de voltar de um baile, então por favor, aproveitem e comentem!



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QUANTO MAIS O TEMPO PASSAVA, mais eu me sentia melhor. Nico e eu tínhamos sérias duvidas do por que eu estar viva, mas concluímos que discutir o assunto não nos daria respostas.

Após eu ter levado o raio, Nico foi totalmente doce comigo, de um jeito estranho. Ele estava atencioso, me perguntando sempre se eu estava bem, se queria que parasse. O que resultou em eu completamente perdoando ele pelo episódio do rio. Conforme o tempo foi passando, eu já estava me sentindo muito melhor na verdade – exceto quando eu olhava para a esquerda e via o meu ombro todo preto.

Mas embora eu estivesse apta para caminhar, Nico continuava com suas pernas enormes comparadas as minhas, então chegamos a um ponto que eu pedi que ele, por favor, esperasse enquanto eu checasse minha bolça – que era um grande alvo de criatividade minha. Devo dizer que qualquer esperança de trocar de roupa assim que possível foi barrada quando eu vi todo o conteúdo da minha mochila tão preto e ensopado quanto eu.
- Veja pelo lado bom – disse ele, enquanto eu olhava com descrença para os sanduiches de Thalia que haviam estragado – você já tomou banho e já se secou.

O soco que eu dei no ombro dele foi muito merecido.

De qualquer forma, quando parecia que ainda estávamos no meio do caminho, eu me senti melhor – não menos irritada com ele, porém, mas otimista. Então quando me perguntei se o sol já tinha se posto, algo dentro de mim dizia com toda a certeza que sim.
- Nico. – eu disse – O sol. – ele parou e olhou para o céu, que meio tapado por algumas árvores mostrava em uma cor de roxo escuro meio azulado. Ele suspirou, e então olhou para mim.
- Você não tem tempo, certo? – eu assenti – Ótimo. – ele disse, então me puxou contra ele antes que eu pudesse protestar e deu um passo para frente.

Quando ele deu esse passo, a pouca luz da floresta foi trocada por uma escuridão tão escura que era a mesma se eu fechasse meus olhos.
- Segure-se. – ele murmurou, e eu me apertei contra ele;

Oh, eu não vou mentir pra você – aquilo foi incrível. Não que eu estivesse realmente com medo daquilo, mas ter uma desculpa para me apertar contra o garoto foi a melhor coisa da minha tarde – de novo. Ele ainda estava encharcado do rio e da chuva, e eu podia sentir boa parte dele por debaixo da camisa – assim como seu coração que martelava tanto quanto o meu. De qualquer forma, quando eu soube que estava um pouco mais quente eu abri os meus olhos e pulei para longe dele, piscando para o garoto que cambaleou e se apoiou em um poste de luz.

- Por que você me trouxe, quero dizer, com você?
- Você está com pressa não é? E levou um raio agora pouco. – ele disse, meio desnorteado – Treine isso quando tiver tempo e não tiver que salvar o mundo.

Em Los Angeles parecia um pouco mais escuro – estávamos em uma daquelas ruas do centro nas quais você podia ter uma breve visão da praia lá longe e do garoto que parecia bêbado se firmando no poste de luz.
- Você está bem? – eu perguntei, meu tom um pouco mais suave que da última vez que eu falei com ele.
- Não – ele disse, então ficou em pé decentemente embora ainda esfregasse os olhos.
- Com sono? – ele assentiu.
- É sempre assim, eu vou melhorar daqui a pouco. – ele disse, então olhou para o lado e tossiu.

Eu fiquei ali do lado dele, esperando ele parar de tossir os pulmões e pensando em como ele tinha me ajudado quando eu estava em uma situação parecida e também quando eu levei um raio.
- Você não pode voltar para lá – eu disse por fim – você vai desmaiar. – ele balançou a cabeça.
- Eu vou pro mundo inferior. – ele disse, tossindo mais um pouco – Preciso, falar com meu pai. – eu pisquei para ele.
- E o outro fantasma? – ele levantou as sobrancelhas para mim.
- Fica para depois, agora – ele disse, gesticulando para o posto de gasolina do outro lado da rua – vai lá tomar um banho, e procure a casa da noite.
- Mas você... – ele piscou um olho para mim travessamente.
- E não se esqueça de que você não tem tempo. – então ele simplesmente se virou e começou a caminhar.
- Nico! – eu gritei antes que pudesse parar a mim mesma. Ele se virou com as sobrancelhas levantadas.
- Sim?
- Tome banho você também. – eu disse. Pela primeira vez desde que eu tinha o conhecido, ele riu. E eu pude ver seu rosto em alegria, ou pelo menos pude até que ele se virou e desceu a rua ainda rindo, o som de sua gargalhada tocando em meus ouvidos como uma melodia feliz.

De alguma forma, enquanto eu atravessava a rua em direção ao posto de gasolina, eu soube que fazia algum tempo que ele não ria.

-

Quando o caixa do posto de gasolina me viu completamente ensopada e chamuscada na sua recepção, quase enfartou e me jogou as chaves antes que eu pudesse dizer um a. Eu deslizei para longe da lancheira e observei a loja de roupas.
- Posso pegar algumas coisas, e pagar quando eu trouxer as chaves. – o motorista fez que sim com os dedos.

Eu peguei com cuidado algumas roupas que eu sabia serem caras de mais para pagar todas juntas – um par de botas de combate(item básico de sobrevivência), uma jaqueta preta, uma camisa azul escura de algodão, jeans rasgados e roupa intima. Corri para dentro do banheiro e tomei banho o mais rápido que pude, parando apenas para observar as marcas do raio no meu corpo – era como se as veias no meu ombro tivessem ganho relevo, meio cinza, meio rosa. Quando saí coloquei as roupas antigas no lixo, assim como a mochila e as coisas estragadas. Antes de deixar o posto, coloquei tudo o que sobrou do dinheiro – encharcado – enrolado na chave e a coloquei sobre o aquecedor, que ficava do lado de fora do banheiro na esperança de que alguns dólares pudessem desculpar o roubo.

Com apenas Retaliadora, o quadrado prateado que papai me deu a alguns pedaços de ambrósia chamuscada e molhada no bolço interno do casaco, eu saí pela rua à procura de qualquer sinal da casa da noite.

Quando já fazia pelo menos umas três horas que eu estava caminhando sem rumo, comecei a me desesperar.

Eu não estava realmente com medo das ruas escuras de Los Angeles, mas qualquer sinal de um objeto suspeito me fazia dar pulos. Então eu percebi que estava suando frio, com as unhas cravadas nas palmas e mordendo o meu lábio. O nervosismo não era aplacado pela minha boa disposição noturna, então eu olhei para o céu com estrelas apagadas de LA e sussurrei.
- Mãe, por favor. Algum sinal.

Eu não vou mentir para você – tive certeza que era quase 10 horas da noite quando encontrei algum vestígio do local. Começou com uma sensação sob meus pés, diferente do que havia sido na floresta com o episódio do sarcófago de lama. Era uma sensação calorosa, como uma brisa suave de verão ou uma xícara de nescau quente no inverno. Então eu olhei para o lado, e vi outro daqueles prédios feitos de vidro-espelho que mostrava um reflexo um pouco melhor do que o anterior – uma garoto pálida com boa parte do cabelo longo preto em uma traça nas costas da cabeça, alguns fiapos de cabelo rebelde escapando. Ela usava roupas punk e seus olhos tinham a cor do céu de noite, e suas veias eram nítidas por sua pele. Atrás dela havia um prédio – ou melhor, um estabelecimento de cor negra. Parecia uma casa noturna com a grande porta comercial de metal na frente, e emblemas em azul escuro quase pretos.

Pareceu uma boa pista, então eu atravessei a rua e olhei de perto. Era realmente uma casa noturna, porém estava abandonada e eu não conseguia ler o nome pintado em azul escuro. Na minha frente, a porta de metal estava pichada com minúsculas letras de gangue azuis na porta prateada, e quando eu deslizei a minha mão por sobre o nome para ver melhor, as letras se agitaram e se misturaram, brilhando em azul fogo e juntando uma palavra grega na minha frente.

Μονοκατοικία Νυξ

- Casa da Noite. – eu li e a porta subiu com um som ensurdecedor de metal enferrujado, mostrando um caminho escuro que foi ficando cada vez mais nítido, até que eu podia enxergar com precisão nele – Bem – eu disse – aqui vou eu.


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Notas finais do capítulo

Hehe, bora shippar Neeve? ;D

Não se esqueçam de comentar!