Acordei assustada, com Luke me sacudindo.

 - Thalia! - Ele sussurrou - Acho que ouvi alguma coisa.

- Atrás do muro? - Eu disse, ainda sonolenta. - Venha, vamos ver o que é!

 Ainda devia ser umas 3:00 da manhã, porque a lua ainda estava bem alta no céu.

 - Mais monstros não, por favor... - Escutei alguém sussurrando - Tudo bem, vamos lá.

 Praticamente no mesmo instante, uma menininha saiu de trás do muro, com pijama, toda descabelada e com um martelo nas mãos, além de uma pequena mochila nas costas.

 - Aaah!! - Ela gritou enquanto pulava de trás do muro - Ei! Vocês não são monstros!

- Jura? - Eu disse. Tudo bem, talvez eu tenha sido um pouquinho, só um pouquinho arrogante. - Como você se chama?

- Annabeth. - Ela respondeu, manhosa.

- Muito bem, Annabeth. Você está com fome? - Disse Luke, gentil como só ele consegue ser.

- Bem... Sim... - Ela disse, ainda envergonhada por ter tentado nos atacar

- Então vamos! - Eu e Luke dissemos, praticamente no mesmo instante, agarrando as pequenas mãozinhas de Annabeth.

 Annabeth começou a rir, e eu podia dizer que aquela era a primeira vez que ela tinha companhia (que não fossem os monstros, para deixar claro) em dias.

Eu, Luke e Annabeth corremos até um arbusto e o abrimos no meio com as mãos, mostrando a entrada para a nossa pequena caverna. O seu interior havia sido forrado com a toalha de mesa que eu agarrei quando fugi,  e eu e Luke tínhamos acabado de arrumar o banquete da noite: um pacotinho de carne seca, meio sanduíche, duas garrafas d'água e uma barra de chocolate que Annabeth nos deu.

 Enquanto comíamos, Annabeth nos contava sua história. Ela havia fugido de casa há 6 dias, e desde então vinha sendo atacada por diversos monstros, tendo como arma apenas seu martelo. Também disse que seu pai não ligava pra ela e praticamente tinha a abandonado nas mãos de sua madrasta, já que mal falava com ela. Nos contou que, em sua casa, vinha sofrendo ataques de aranhas. Na terceira noite em que as aranhas a atacaram, ela fugiu.

- Mas eu acho que um martelo talvez não seja a arma mais apropriada para uma guerreira tão valente... - Disse ele, fazendo cócegas em Annabeth, que ria sem parar. - Que tal... Isso?

Luke tirou de seu cinto (que até então eu nem sabia que existia) uma faca de bronze celestial. Simples, mas linda. Devo admitir que fiquei com um pouco de ciúmes naquela hora, já que ele não tinha me dado nada. Quem diria... Eu, Thalia, com ciúmes de uma mini pessoa...

 - Quantos anos você tem mesmo?

 - Eu tenho 7 anos. Por que?

 - Por nada... - Respondi - Curiosidade...

 - Vocês não vão me abandonar como meu pai só porque eu sou muito pequena, não é? - Ela disse, desesperada. Ótimo... Eu fiz uma menininha de 7 anos chorar. - Por favor, não!

 - Acalme-se, pequena. - Disse Luke. - Nós não vamos te deixar. Agora, somos uma família.

 - Obrigada... - Ela fez uma pausa para bocejar - Obrigada por cuidarem de mim...

 No mesmo instante em que Annabeth apoiou a cabeça no meu colo, ela dormiu.