Ao Despertar escrita por httpsdiamandis


Capítulo 1
Inferno Pessoal


Notas iniciais do capítulo

Sim, essa é mais uma daquelas fanfics de vampiro que você pode ou não gostar.
Qualquer semelhança com livros e séries é mera coincidência...ou não.

Boa leitura, comentem oque gostaram e oque não gostaram, opiniões, criticas, qualquer coisa será bem vinda, e não sejam leitores(as) fantasmas, POR FAVOR♥



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Eu estava andando pela floresta, como sempre acontecia nos meus sonhos, naquele último mês. Olhei em volta, tentando achar um jeito de sair daquele labirinto, daquela floresta tão familiar e confusa ao mesmo tempo.

Tropecei, xingando alto enquanto analisava os arranhões em meu braço.

De repente, surgiu uma mão estranhamente pálida, me oferecendo ajuda. Levantei o rosto, reparando na mulher que parecia estar lá há muito tempo. Eu não tinha miníma ideia de quem era, ou por que ela estava ali, mas seu sorriso me transmitia confiança.

"Confie em mim" seu sorriso continuou inalterado enquanto ela ainda esperava que eu pegasse em sua mão.

Hesitei.

Eu estava prestes á pegá-la quando alguém apareceu em meio ás árvores. Um homem estranhamente familiar de olhos negros e brilhantes. Ele olhou para o espaço que havia entre minha mão e a da mulher, como se sua vida dependesse daquilo.

"Não confie nela" a frase foi pronunciada em tom de advertência. Olhei para além dele, e outras pessoas com uma beleza claramente inumana surgiram pelas árvores, talvez preparadas para me matar se eu segurasse a mão da mulher.

Ficamos em um impasse por segundos que pareceram horas e, quando segurei a mão de mulher e me levantei, o homem atacou- revelando suas presas, presas de vampiro.

Os outros que espreitavam pelas árvores também revelaram presas, e, de mãos dadas com a mulher, senti a morte chegar.

*************

O maldito som do despertador me acordou, fazendo-me pular. Mas que droga! Eu temia por esse dia durante todos os dias nas férias, mas ele chegara a um piscar de olhos...Meu primeiro dia no 2º ano, que ótimo! Mais um ano sendo alvo de piada constante dos gorilas do futebol e dasmacacas de torcida.A maioria dos adolescentes estaria 'feliz' por voltar ás aulas após o período de férias, mas não para mim, Sarah Collleman, a esquisitona da do colégio.

Gemi e levantei da cama me sentindo um lixo, e fui tomar um banho.

A água morna não trouxe a tranquilidade que eu esperava. Aquele pesadelo constante estava me deixando com fortes dores de cabeça. Por que era sempre o mesmo? As cenas da luta, do homem de olhos negros e da imensidão verde eram flashes que eu não conseguia esquecer.

Crianças, esse é o resultado que se têm quando você assiste muitos filmes de vampiro.

Sai do banheiro parecendo um zumbi( rindo sem humor algum da irônia) e fui em direção ao meu armário. O que usar em uma ocasião tão ilustre como o “purgatório”, mais conhecido como escola?

Peguei as primeiras coisas que vi pela frente, sem ao menos ver se combinava ou não.Quem se importa?

Senti o cheiro de panquecas e sequei meu cabelo rápido, morta de fome.

Me olhei no espelho. Eu estava com 'aquela' expressão carrancuda outra vez. Olhe, eu não costumo ser assim, tão irritadiça. Talvez fosse meu estômago que parecia um carro velho dando partida, ou talvez o fato de eu estar prestes á enfrentar mais um ano "daqueles". Ou talvez fosse aquele sonho maluco que me assombrava há quase um mês. É, provavelmente as três coisas juntas.

Coloquei meus óculos de grau enormes(aliviada por ver meu quarto o menos embaçado possível), peguei minha bolsa e desci as escadas correndo seguindo o cheiro de café da manhã.

– Bom dia Sarah! – Tia Juliet me deu um sorriso caloroso colocando as panquecas na mesa.

Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu tinha 12 anos, e minha parente mais próxima era tia Juliet, uma das únicas da familia que não mora na Europa.Ela era viúva e vivia na pequena cidade de Richlands, na Viginia.

–Bom dia tia Juliet – dei um beijo em seu rosto, me sentando e colocando calda nas panquecas.

Comecei a comer feito louca tentando aplacar a fome que sentia. Ela olhou para mim, rindo.

– Uau, você está mesmo com fome. Ansiosa pelo seu primeiro dia? - os cantos de seus olhos verdes de enrugaram quando ela sorriu. Minha tia era igualzinha á minha mãe: os mesmo cabelos alaranjados, o mesmo gosto por Bruce Springsteen, as mesmas feições delicadas. Mas os olhos eram diferentes; os da minha tia eram verdes e os da minha mãe, azul-escuros assim como os meus. E essa semelhança me fazia sentir ainda mais falta da minha mãe, todos os dias, há exatamente cinco anos.

– Claro, é sempre ótimo ir á escola – murmurei com sarcasmo, de boca cheia.

Tia Juliet sabia mais do que ninguém sobre minha constante 'luta' na escola(mesmo que eu nunca contasse, ela sempre ficava sabendo através de sua amizade com minha professora de inglês), e, percebendo meu estado de espírito, não disse mais nada.

Depois de comer quase todas as panquecas, lavei meu prato e copo e guardei no armário. Sai pegando a chave do meu carro no bolso e fui até a garagem, abrindo o portão com a maior dificuldade do mundo.

Meu carro era uma raridade, um Impala 67 preto que eu havia comprado com parte da minha herança. Na verdade meus pais não eram 'ricos', eles só tinham um pouco de dinheiro guardado para minha faculdade, que eu agora usara metade graças ao carro. Ah, e sim, eu comprara o carro por causa de 'Supernatural', simplesmente pro ser o melhor carro de todos os tempos.

Tia Juliet se despediu mais uma vez, elogiou meu carro relativamente novo e foi com sua moto na direção contrária da minha, para a escola primaria em que dava aula.

Eu estava dando a partida quando parei para olhar ao meu redor.O dia estava lindo, ensolarado e perfeito demais se não fosse pela escola.Foi então a sensação veio.

Eu estava sendo vigiada.

Vasculhei as árvores mais próximas e as outras unicas três casas da rua procurando por alguém, mas eu estava absolutamente sozinha.

Balancei a cabeça negativamente e liguei o rádio, decidindo que estava ficando louca de pedra.Fui para o leste em direção á casa de Tessa, minha melhor amiga. Na verdade ela era a minha única amiga. A Tessa era louca por caras com bandas, caras com tatuagens, caras que andavam de skate...Bom, acho que é mais fácil dizer que Tessa era louca por qualquer tipo de cara.

A casa dela era a 5 minutos da minha, então não é de se advinhar que só faltava uma morar na casa de outra.

Ela estava parada na frente da sua casa, sentada na varanda. Tessa era magra e alta, com cabelos castanhos que passavam da altura dos ombros e grandes olhos castanhos.Ela veio correndo em minha direção, tapando o rosto com a mão, por causa do Sol.

– Oi Sarah! Ah, finalmente soltou o cabelo? Mas que milagre é esse? - Tessa riu, entrando no carro, e sentando no banco carona.

Dei de ombros, balançando a cabeça e rindo.

–Acho que sei o motivo: David Adams! - ela gritou, com as mãos para o alto. Eu fiz ela calar a boca, olhando em volta, procurando por testemunhas, mesmo a rua estando vazia.

Nós ficamos 'brigando' por alguns minutos, até que ela se rendeu por que não queria estragar a trança que havia feito. Sorri, vitoriosa, e então coloquei as mãos no volante outra vez.

– Então...Está pronta para ir á guerra?

–Veja pelo lado bom Sarah, agora só faltam mais um ano.

Suspiramos ao mesmo tempo.

Foi ai que o som de pneus cantando virando a esquina chamou nossa atenção.Mas é claro...Stacy e seus amigos haviam saido dos caixões para ir á escola.

Basicamente, Stacy Sanders, a sta. Rainha do Baile era o esterótipo de garota loira de olhos verdes aspirante á barbie.Sério, a garota parecia ter saído de um daqueles filmes do tipo 'As patricinhas de Beverly Hills' e outras bobagens. Ela era enteada do vice-prefeito e obviamente tinha dinheiro. Mas isso não impedia o fato dela ser vestir feito uma prostituta. Bem...Uma prostituta de luxo, para ser mais boazinha.

Também havia Elizabeth, seguidora fiel e tão popular quanto Stacy.Ela era líder de torcida e sua familia era uma das mais importantes do local, a dos fundadores da cidade. Para os pais e professores era um exemplo a se seguir, mas nas festas era a primeira a subir em uma mesa, vomitar, tirar a roupa, e fazer outras idiotices de bêbados. Ah, ela também cheirava e fumava DEMAIS, mas isso é segredo. Só todos os estudantes de Richlands High School e um ou dois inspetores sabiam, mas ninguém era estúpido o suficiente para mexer com a familia dos fundadores.

Jessica era outra amiga de Stacy, mas eu suspeitava que ela só continuasse andando com ela e Elizabeth por conveniência, já que era a única que não havia sido 'corrompida', e se mantinha comportada, uma boa aluna e até um pouco nerd, além de ser a única do grupo que não perdia tempo infernizando á mim, Tessa, e os outros excluídos na escola. Provavelmente Stacy a mantinha por perto porque precisava de alguém para fazer seus trabalhos escolares e manter as aparências, já que Jessica era quase tão bonita quanto Stacy, com seus cabelos castanho escuros lisos na altura dos ombros, sobrancelhas bem feitas e grandes olhos escuros. Para mim ela parecia uma atriz pornô, para falar a verdade. Mas até que Jessica era a menos odiável.

Joey, Mitchell e Christopher eram seus aduladores. Christopher era meio-irmão de Stacy, e por ser filho legítimo do vice-prefeito achava se achava no direito de fazer o que bem entendesse. A tarefa principal dele(depois de ficar por ai correndo atrás de uma bola no campo de futebol), era fazer da minha vida um inferno. Ele era tão burro que me impressionava o fato de ter chegado ao segundo ano no colégio, já que nem conseguia soletrar 'obsessão'(sério, no 9º ano eu tive a prova disso).Mitchell era seu melhor amigo e também 'meio' burro, namorado de Elizabeth e o maior corno da escola, já que a garota que ele pensava ser fiel o traia com qualquer um que andasse e respirasse. Chegava a dar pena, mas ele parecia não se importar já que tinha uma das garotas mais bonitas da escola ao seu lado. Ou talvez ele fosse cego e não percebia.E Joey...Bem, ele era capitão do time de basquete e mais drogado do que Elizabeth. Haviam boatos de que ele era um dos principais fornecedor de drogas da escola, mas nada confirmado. Ah, e eu e Tessa já haviamos visto ele de pegação com Elizabeth atrás da arquibancada, o que me fazia ter ainda mais pena de Mitchell.

–Cara, não dá para acreditar que um dia fomos amigas deles! – Tessa disse, olhando-os através do retrovisor ,que estavam parados esperando Jessica na frente de sua casa.

É surpreendente, eu sei... Enfim, quando meus pais morreram eu fui obrigada a vir para Richlands, como já falei, conheci Tessa, Stacy e seus outros amigos, além de uma garota chamada Alyssia que morreu há três anos. Todos se tornaram meus amigos, em especial Tessa e Stacy, o que me ajudou a superar a recente condição de orfã.

Em um 'belo' dia, eu e Tessa fomos para a casa de Stacy(que na época estava começando a subir na escala de piranha-popular, na escola) e vimos à mãe dela e o diretor juntos, na cama dos pais dela. Decidimos guardar segredo, mas Stacy acabou flagrando-nos falando sobre o que tinhamos visto e pirou. Acho que para não virar alvo de piada já que sua mãe tinha um caso com o diretor, e também como não queria deixar de ser a enteada do vice-prefeito, ela pirou. Começou a evitar-nos dando a desculpa de que Tessa e eu erámos lésbicas. E é obvio que o boato se espalhou pela escola inteira.

Como Richlands é uma daquelas cidades pequenas em que homossexuais, lésbicas e outras pessoas 'diferentes' são consideradas 'inapropriadas'(a maior babaquice, eu sei), logo todos começaram tirar sarro de Tessa e de mim, mesmo sendo tudo mentira. Até mesmo os pais dos alunos olhavam para minha tia e para os pais de Tess de um jeito estranho durante as reuniões de pais. Inacreditável. Mas claro que nossa família nunca levou esses rumores á sério, e eles nunca proibiram nossa amizade. E nem nós deixamos de andar juntas, por que realmente não ligávamos para o que os outros pensavam. Mas desde o dia em que esse maldito boato surgiu há três anos atrás, a vida minha e de Tessa tem sido um inferno.

Stacy percebeu que eu e Tessa estavamos encarando-os pelo retrovisor e deu um sorriso falso para nós duas. Deus, como eu os odiava! Será que não dava para esquecer toda aquela história e fingir que não existiamos...Nos deixar em paz?Ah, é, eles não tinham nada melhor para fazer além de ferrar com a nossa vida.

Só mais um ano Sarah, pensei. Só mais um ano e eu me mudo daqui para Nova Iorque, onde ninguém vai se importar com essas besteiras de escola, e eu serei uma jornalista do The New York Times.

Mas esse dia ainda não chegou, e eu ainda tenho que suportar esses imbecis.

– Vamos mostrar para eles o que é música de verdade – Tessa aumentou o volume do rádio e colocou a mão para fora da janela, mostrando o dedo médio(um hábito comum para minha melhor amiga).

Acelerei, tentando não ouvir os insultos.

***********************

Eu havia me esquecido de como a escola era um caos, o estacionamento lotado,e alunos ocupando todas as vagas possiveis. Acabei achando uma vaga para estacionar perto dos drogados. Ótimo, revirei os olhos, e comecei a tossir, olhando para o carro do lado, onde Gerald Helders, o cara que tinha uma banda horrivel(mas que Tessa ia nos shows porque 'eles eram uns gatos') fumava junto com um amigo. Onde é que o inspetor Tate está quando se mais precisa?Qual é, o ano mal começou!

Nós duas saimos do carro, enquanto Tessa olhava com um certo interesse para Gerald. É, eu avisei sobre o interesse dela em garotos...

Puxei ela pela manga para longe daquele fedor de cigarro, preocupada com a aula.Sim, eu sei que isso me torna nerd. Não, eu não ligo.

Na metade do caminho pelo estacionamento, Tessa(que estava ocupada demais mostrando o dedo do meio para um cara do time de futebol que havia dito alguma coisa sobre como 'lésbicas eram seu fetiche' e como nos achava 'atraente' e mais algum absurdo que não escutei direito)parou de andar para olhar para trás, então ela me deu um sorriso malicioso, dizendo:

– David vem ai– ela cantarolou e revirou os olhos.

Eu sabia e era idiotice, mais ainda sim ajeitei meu cabelo, tentando parecer que não havia esperado o verão inteiro para vê-lo, enquanto David fazia manobras com seu skate(no qual era péssimo, mais ninguém comentava isso perto dele ) e vinha em nossa direção.

David usava calças que mostravam a cueca(oque era idiota, mas, enfim...), e mantinha seus cabelos castanhos bagunçados sempre. Era um dos únicos na escola que não ligava para os rumores espalhados por Stacy. E como deve ter ficado óbvio, eu meio que tenho uma 'queda' por ele.

– Oi garotas – David cumprimentou, tentando disfarçar após quase cair do skate(avisei que ele era péssimo nisso...)

– Oi – eu sorri feito uma boba, sentindo minha bochecha esquentar.Droga, será que não dar para ser menos óbvia?

– Soltou o cabelo, gostei mais desse jeito – ele colocou uma mecha do meu cabelo pretro atrás da orelha. –E ai Tessa, o que aconteceu com você? – ele apontou para Tessa. Ela havia realmente mudado o jeito de se vestir desde o ano passado(passara de garota católica com blusas tapando até o pescoço, para uma pessoa normal),Tess riu e deu de ombros.

– Oi – Connor veio logo atrás.

Connor Adams era o irmão de David. Os dois eram gêmeos(não idênticos, infelizmente) mas completamente diferentes: enquanto David era popular, descolado e...Como dizer isso de uma maneira não ofensiva? Bom, David Adams não fazia exatamente o tipo de aluno inteligente.E Connor era um gênio da matemática, fotógrafo do jornal da escola e sonho de consumo de 60% das garotas nerds. Esqueci de falar que ele era tão bonito quanto o irmão?

Ah, os irmãos Adams...Meu Deus, até pareci Tessa falando agora.

Nós quatro caminhamos juntos até a escola, contando como havia sido o verão, e me surpreendi ao perceber o quanto o meu havia sido entendiante.

– Ei Connor tira uma foto nossa, vamos ser celebridades no jornal – David dissem quando chegamos na porta da escola.

– Claro – Connor riu, revirando os olhos.

David ficou no meio entra mim e Tess para a foto. Eu sorri tentando não parecer constrangida e embasbacada com a mão de David em minha cintura.

–Ficou bom – Connor olhou o visor da máquina.

Então o conversível prateado de Stacy parou ao lado dele. Aquele era o único carro chamativo na cidade, que ela provavelmente havia conseguido se prostituindo(estou brincando, na verdade foi com o dinheiro do padrasto mesmo...)

Stacy saiu do carro com Christopher e Jessica, enquanto Joey, Elizabeth e Mitchell saiam de um outro carro azul, provavelmente de Mitchell.

Eles 'desfilaram' pelo estacionamento como se fossem os donos do lugar. Se eles soubessem o que metade da escola pensava, que só os suportavam por que não queriam acabar como eu e Tessa... com certeza não sairiam por ai com o nariz empinado.

Balancei a cabeça incrédula com a falta de noção de Stacy, quando a própria veio até mim e me empurrou com o ombro. Trinquei os dentes, impaciente.

Fingi ignorá-la, tentando não chamar a atenção, olhando para o chão. David, que para minha surpresa ainda matinha o braço em minha cintura sussurrou 'não ligue para ela' em meu ouvido, o que é claro quase me fez desmaiar ali mesmo no estacionamento. Okay, exagerei um pouco.

Tessa(que sorria ao olhar para David e eu abraçados), tentou aliviar a tensão, mudando de assunto:

– E o jornal da escola? – ela perguntou para mim e Connor.

Eu era redatora(inciante) do jornal da escola, e havia preparado uma “surpresa” para os esportistas daquela escola. Aquela era minha primeira matéria, e eu esperava ser levada á sério.Havia passado quase o verão inteiro preparando-a, para que mostrasse a total realidade.

– Temos uma surpresa para os dráculas azuis – eu e Connor trocamos um olhar cumplice.

O sinal tocou.

Eu tinha aula de cálculo com David e fomos juntos para a sala, enquanto eu fazia um prece silenciosa para que naquele ano as coisas realmente diferentes.

Mas, com o passar do dia, tudo parecia igualzinho ao anterior. As mesmas piadinhas sobre mim e Tessa, as mesmas bolas de cuspe tacadas por Joey em meu cabelo...Parecia um filme visto várias e várias vezes. Eu já até decorara o roteiro.

Praticamente corri para fora da sala quando o sinal para o intervalo tocou. O jornal estava perto de um dos murais da escola, e, por todos os corredores, haviam panfletos falando sobre a minha matéria(Connor havia feito os panfletos e espalhado por todo o canto). É agora, pensei, enquanto pegava um papel amarelo do chão e lia o que eu mesma havia escrito.

Na mesa do almoço Tessa me olhava boquiaberta. Sorri vingativemente ao sentar ao seu lado na mesa.

–Vingança, Tess...Vingança..- mordi a maçã, enquanto assistia a policia ir até a mesa em que eles estavam sentados.

Elizabeth,Joey, Christopher, Mitchell e os times de basquete, futebol e as lideres de torcida sairam do refeitorio cercados por policiais. Christopher me lançou um olhar ameaçador por sobre o ombro. Eu o devolvi com um sorriso.

Também não me importei com olhares ofensivos vindos da 'mesa real' por Stacy e Jessica.

–Você é um gênio! - David disse, surgindo de sua mesa do almoço. Ele ergueu os braços e deu um beijo em minha testa. - Faz tempo que eu queria vez aqueles imbecis se foderem. É isso ai garota!

Tessa cutucou meu braço, e eu lhe lancei um olhar de:"você não está ajudando", enquanto as pessoas em volta(que haviam escutado o que David havia dito) me olharam diferentes, variando entre olhares de raiva e admiração.Droga, tudo o que eu queria era ficar invisivel, e não essa atenção toda.

Não consegui comer em paz durante o intervalo inteiro. Alguns apareciam para falar me agradecer por ter feito aquilo, outros não tinham coragem de falar alguma coisa e só me encaravam. E o resto, basicamente os que faziam parte da "realeza adolescente" da escola, pareciam prestes a me esganar.

Os que foram levados pela policia não voltaram. Claro que por minha culpa, outros alunos 'suspeitos' que não faziam parte dos times da escola acabaram sendo levados também, como Gerald Helders(o cara que Tessa estava a fim) e outros seis ou sete drogados da escola.

Entrei na sala de espanhol, quando o sinal tocou, e pude perceber que todos os alunos pararam a conversa para me encarar. Ah, droga.

Tessa, por outro lado, parecia estar adorando aquela atenção toda, aproveitando para fofocar durante a aula com duas garotas que já haviam me xingado um dia, mas que agora diziam que eu estava 'estabelecendo uma nova ordem na escola' e outra bobeira que não entendi direito.

Até mesmo a professora Hernandez alternava seu olhar entre o live de espanhol e minha cara. Ela olhava para mim como se estivesse com medo e pena ao mesmo tempo. Foi ai que eu entendi. Mexendo com os filhos dos habitantes mais poderosos da cidade, eu instantaneamente estava mexendo com eles também. Como foi que não havia pensado nisso antes de preparar toda a matéria do jornal?

– O ocorrido foi resolvido, agora não quero mais que toquem no assunto – Sr. Marshall , nosso diretor disse, quando o sinal bateu anunciando o fim da aula. – E a propósito Sta. Colleman, bela matéria, quase tudo descrito se mostrou verdadeiro – ele deu uma ênfase em 'quase tudo' e saiu da sala.

O diretor cheirava á azeitona, É SÉRIO , e ele era muito bizarro, ah e sim, foi com ele que a mãe de Stacy teve um caso. E isso é um segredo absoluto até hoje.

Os cochichos começaram e, ao andar pelo corredores, eu via as pessoas segurando os panfletos e me encarando.A tão esperada última aula finalmente chegou, mas para o meu azar era de Educação Física, na qual eu era péssima. Passei no armário para guardar meus livros, quando um bilhete caiu no chão.

Me encontre no Marc's hoje ás sete. E vá com o cabelo solto, gosto dele assim.

David.

***************

Não precisa ser nenhum gênio para advinhar que ás sete horas eu estava em frente á Marc's, o mais próximo que temos de um Mc Donald's, esperando por David. Só achei estranho ele não me convidar pessoalmente, já que David Adams não fazia o tipo de garoto tímido que coloca um bilhete no seu armário.

Quando deu 19h25 suspirei dando meia volta. O que um garoto como ele iria querer com uma excluida como eu?

Foi então que um carro virou a esquina, os faróis me deixando cega.

–Olhe só o que nós temos aqui! - ouvi a voz de Stacy vinda de algum lugar do carro.

Como foi que eu acreditei que David realmente marcaria um encontro comigo?

–Que coincidência! - Christopher disse saindo do carro.Eu não enxergava nada por causa dos faróis e mal me mexia, paralisada de medo.

Ele e outros dois caras, obviamente Joey e Mitchell me cercaram. Olhei para os lados, mas estava longe da lanchonete, perdida na estrada escura. Não havia para onde correr.

–Fiquem longe de mim - gaguejei mal conseguindo falar.

Finalmente consegui me mover, dando cinco passos para trás, mas alguém me puxou pelo braço, colocando a mão em minha boca para que eu não gritasse. Notei que eles usavam luvas.

–Não tão rápido, querida. Você vem com a gente. -Christopher disse, levantando a mão e mostrando uma corda que eu não notara.

Os três usavam um capuz preto, mas pela voz eu distinguia facilmente quem era quem ali.

Tentei lutar mas foi completamente em vão. Aqueles caras tinham quatro vezes a minha força, e taparam minha boca com uma fita e meus olhos com um pano, para então amarrar minhas mãos e meus braços como uma boneca de pano. Bateram com alguma coisa em minha cabeça, o que me deixou tonta e ainda mais incapaz de lutar.

Fui jogada em um lugar que provavelmente era porta-malas do carro. Aquele lugar me dava falta de ar.

Deram partida no carro, e eu escutava risadas e ofensas contra mim vindas de Elizabeth. A risada de Jessica também estava ali, sinal de que o grupo inteiro havia se reunido para me jogar no rio. Então eu tinha total certeza de que foram eles que haviam matado Alyssia. E eu era a próxima vítima exatamente há um mês antes da tragédia completar três anos.

Depois de quase quinze minutos agonizantes o carro parou. Ouvi passos e o porta-malas sendo aberto. Alguém me pegou no colo enquanto eu gritava e me contorcia. Consegui sentir o cheiro da floresta e o som da água corrente abaixo. Estávamos na ponte Richlands.

–Ah, por favor, cale a boca! - Stacy murmurou, sua voz ficava mais perto á cada passo que a pessoa que me carregava dava.

Por fim tiraram a venda dos meus olhos e fui jogada no chão. Com a visão embaçada por estar em meus óculos vi seis silhuetas paradas em minha frente. A menor que estava com uma blusa azul-clara se aproximou. Reconheci o perfume doce misturado com o cheiro de maconha que ela havia acabado de fumar. Elizabeth.

–Fui expulsa do time de lideres de torcida e suspensa da escola. Por sua culpa. Você sabe que não sairá daqui viva, não é mesmo? - ela parecia fria e calculista, um lado que eu nunca vira antes, mesmo ouvindo-a me xingar durante todos os dias.

Tomei fôlego para disparar uma série de palavrões que tia Juliet desmaiaria se escutasse.

Tia Juliet...

Me lembrei de como ela me ajudara a escolher um jeans e camiseta mais cedo, quando eu anunciara que iria sair com David.

–Me deixe ir embora - supliquei, pensando em como minha tia voltaria a ser a viúva solitária que era antes do acidente dos meus pais.

–Está louca? A primeira coisa que você vai fazer é correr para a polícia dizer que 'sequestramos' você. Um absurdo, claro - Stacy disse. Mesmo não enxergando quase nada, eu sabia que ela havia revirado os olhos como sempre fazia.

O barulho de seus saltos rosa se aproximando me deu calafrios. Ela levantou um pé e, antes que eu me encolhesse, deu um chute bem no meu nariz que começou a sangrar quase que imediatamente. O impacto me fez bater a cabeça na madeira da ponte. Olhei para trás, para o rio que receberia meu corpo morto provavelmente em menos de cinco minutos.

Quando olhei para frente outra vez, fui recebida com um soco no olho vindo de Mitchell. Ou seria de Joey? Naquela hora pouco me importava quem havia dado o soco. Só que eu provavelmente estava com olho inchado do tamanho de uma bola de tênis.

Os outros se aproximaram mais e terminaram de me espancar. Alguém pisou em minha perna, quebrando-a. Outro puxou meu cabelo tão forte á ponto de arrancar quase tudo fora. Meu dente quebrou e cuspi sangue ao levar um soco na boca. E para completar, uma garrafa de cerveja foi quebrada em minha cabeça enquanto os agressores cuspiam e riam de mim.

–Qual são suas últimas palavras? - Stacy perguntou, parecendo se divertir como nunca.

Bem, se é para morrer que eu morra com estilo, pensei.

–Sua mãe e o diretor da escola estavam mandando ver mesmo na cama do vice-prefeito naquele dia, não é mesmo? - usei toda a força que me restava para dar uma gargalhada sarcástica.

Notei que o choque se espalhou pelo grupo.

–De que diabos ela está falando? Sua mãe traiu o meu pai? - Christopher perguntou, a voz levantando três oitavas.

–Claro que não seu imbecil! Ela só está querendo provocar uma briga, uma brecha para poder escapar - Stacy respondeu, também gritando.

–Nós sabemos a verdade, não é mesmo Stacy?Eu, você e Tessa. Lembra do dia em que eu e ela pegamos sua mãe montando no diretor? - continuei com meus ataques, minha voz mal passava de um sussurro enquanto eu lidava com a dor de vários ossos quebrados.

–Engula o que você disse. Bem no fundo do rio, vadia - Stacy disse friamente, me pegando pelos cabelos e dando mais um soco em minha cara. Ela também usava luvas. Provavelmente de marca. Maldita.

–Me explique essa história agora! - Christopher gritou.

–Não temos tempo. Vem, me ajuda á jogar ela no rio - Stacy respondeu, enquanto tentava me levantar do chão.

Christopher se aproximou e me levantou com facilidade e eu fiquei suspensa á seis metros de altura. Ele hesitou. A única coisa que me separava da morte eram suas mãos enormes segurando meus pulsos.

–Isso é realmente verdade? - Ele perguntou.

Tentei focar em seu rosto, em seus cabelos loiros e olhos castanho-claros. E por um momento tive pena dele. O pai era quase tão corno quanto Mitchell, o namorado de Elizabeth(que estavam atrás de nós, assistindo a cena em silêncio).

Mas antes que eu pudesse responder, Stacy teve um de seus ataques:

–Ande! O que você está esperando? É só soltar a mão dela!

Todos se aproximaram da ponte para ver minha morte.

–Vejo vocês no inferno, otários - murmurei.

E então a mão de Christopher se soltou da minha e eu cai.

Cai como Alice, em Alice no Pais das maravilhas, caindo na toca do coelho. Foram apenas segundos, mas para mim tudo parecia estar em câmera lenta como nos filmes. Fechei os olhos quando meu corpo bateu contra a água gelada.

Não lutei contra a correnteza.

Só esperei pelo afogamento. Esperei até minha cabeça bater contra uma pedra.

E a última coisa que vi antes da inconsciência foi uma lembrança dos meus pais. E depois disso foi só escuridão.

Escuridão e olhos negros e brilhantes do homem que eu vira no sonho.

*******************

Eu sentia meu corpo latejar. Minha garganta doía demais. Olhei para o céu, estava começando a clarear. Eu me levantei zonza(na verdade tentei) e vaguei aos tropeços na beira do rio, sem ter a minima ideia de onde estava, e de como saíra com vida. Se é que rastejar por ai vendo seu sangue nas pedras significa sobreviver. Minha cabeça doía demais, tanto que eu mal conseguia enxergar, só sentia meus ossos doerem.

Desisti de rastejar e só continuei deitada de bruços.

Não conseguia mais sentir meu braço esquerdo. Estava tudo acabado. Eu sabia que um dia minha morte chegaria.Mas não tão rápido. E não pelas mãos de Stacy Sanders e seus amigos.

Eu estava quase fechando meus olhos e esperando pelo topor quando o vi.

O mesmo garoto do sonho, exatamente o mesmo que eu vira nadar até mim quando caíra no rio. Era impossível não reconhecer seus olhos negros. Seria alucinação?

Vi ele se aproximar, se ajoelhar ao meu lado e então me tomar em seus braços.Alucinações. Com certeza alucinações.

Foi ai que ele me mordeu no pescoço. No começo eu achei que ele era pervertido ou coisa do tipo, mais então uma dor insuportável tomou conta do lugar em que ele mordera. A pior do de toda a minha vida. Era como se sua mordida tivesse...Veneno.

Eu queria gritar, mas não saira nada, a não ser um sussurro que eu dera com o maior esforço do mundo.

O garoto mordeu seu pulso e o levou até minha boca. Não consegui protestar, porque minha boca estava cheia de seu sangue. Ao beber(involuntariamente), senti minha garganta queimar(ainda mais), e a sensação se espalhou aos poucos pelos resto de meu corpo.

– Me desculpe – ele sussurrou, e então tocou em meu rosto. Seu toque era estrema mente frio, ainda mais quando eu sentia meu corpo queimar.

Eu o encarei desnorteada. Como eu queria avisá-lo que estava queimando. A sensação era insuportável.

A dor continuava, parecia que as veias dos meus braços e pernas estavam queimando, e que meus ossos estavam sendo esticados e estraçalhados. Eu preferia mil vezes a simples dor de cabeça de algumas horas atrás, ou a sensação de afogamento da noite anterior. Aquilo não era nada comparado ao que eu sentia agora. Como se eu estivesse queimando no inferno. Em meu inferno pessoal.

Eu ofegava, incapaz de gritar. A floresta silenciosa, o rio, os pássaros e o homem observavam minha morte. Então a coisa mais estranha aconteceu: o senti meu dente doer ainda mais e com as minhas mãos em chamas eu os toquei percebendo que...Ah. Meu. Deus. Tinham crescido presas em mim, presas de vampiro. Okay, as alucinações agora estavam passando dos limites.

O tempo passava, e a dor insuportável continuou. Eu queria gritar para que o homem que me mantinha em seus braços me matasse. Eu preferia mil vezes a morte do que enfrentar aquilo.

Por fora eu provavelmente só o encarava de olhos arregalados, já que percebera que quando me mexia a dor aumentava. Também percebi que olha-lo me acalmava, me distraia do fogo que se espalhava. Podia ver meu reflexo em seus olhos negros. Deus, eu estava um lixo...Será que dava para morrer menos feia? Eu estava parecendo um zumbi!

O dia começou a passar. Eu observava o céu escurecer aos poucos. Os animais passearem em minha volta alheios á minha morte. E os olhos negros.

Ele não saiu de perto de mim nem por um segundo. .

Por fim, o céu começou á clarear.

A sensação de estar sendo queimada viva diminuiu, e eu fui levada aos poucos para a inconsciência, cada vez mais e mais...Até que eu perdi todos meus sentidos, não enxergava nada, não via nada, não sentia nada, nem ouvia nada. Era como se eu estivesse submersa em um lago...Eu seria capaz de gritar e alivio. Finalmente a morte chegara, silenciosa e entorpecente.

Talvez tenham se passado dias, ou talvez horas, mais de repente, tudo passou, foi como acordar de um sono profundo. A ponte. O afogamento. As agressões. O garoto de olhos escuros. A floresta. Tudo parecia ter sido um sonho. A unica coisa que me fazia saber que estava não estava em casa eram as folhas e pedras roçando nos meus braços.

Mas alguma coisa estava diferente, eu ainda mantinha os olhos fechados, mas podia ouvir absolutamente tudo ao meu redor. Abri os olhos, assustada. A floresta nunca fora tão viva! Eu enxergava cada detalhe de cada folha. Sabia exatamente onde estava cada animal oculto naquele lugar. Me sentia um cego enxergando pela primeira vez. A coisa mais estranha era que eu via tudo nitidamente. Onde é que minha miopia foi parar?

Me sentei, olhando em volta. Foi ai que o Sol apareceu por entre as árvores. era como e ele me queimasse, uma versão leve do inferno que fora(ou oque eu pensei que fosse) a noite passada. Incomodava os meus olhos e me dava dor de cabeça. Também sentia minha garganta queimar, isso ainda não passara desde que eu caíra no rio, era como se eu estivesse há dias sem por uma gota de água na boca, só que eu não queria água...

– Sarah! – ouvi alguém me chamar ao longe.

Levantei-me em um milésimo de segundo, com certeza estranho. Mas, mesmo assim, mas me levantar eu consegui ver cada detalhe ao meu redor.

Chocada, finalmente olhei para baixo. Minhas roupas estavam completamente rasgadas, eu estava sem meu tênis e a minha blusa estava muito apertada, eu continuava sem entender nada do que acontecera comigo. Também haviam as tatuagens. Como longos tentáculos negros, descendo por um dos meus braços.

É, a queda havia afetado meu cerebro!

A queda...

Por que eu não sentia mais dor? Por que eu me sentia saudável e forte como nunca estivera antes?

Eu estava imaginando como seria voltar para casa e fazer Stacy pagar prisão perpétua, quando um policial com um cachorro entrou em meu campo de visão, e respirei pela primeira vez. Estranho. Muito estranho. Eu podia distinguir cada odor á minha volta. Absolutamente tudo.

Foi ai que senti cheiro de sangue.Não era o meu sangue. Por falar nisso, eu parecia completamente curada. As mãos do policial que surgira entre as árvores estavam arranhadas, mais foi o que bastou para um impulso louco de beber seu sangue tomar conta de mim. O cheiro era tão bom, tão atraente...

– Eu quero... – sibilei, e percebi que minha voz também mudara, agora ela era meio abafada, combinava com a sensação da minha garganta.

– Ah, finalmente querida. Você está bem? – Ele se aproximou de mim e tocou meu braço, me guiando. Mas eu não queria ser guiada. Eu queria sentir o gosto do seu sangue(uma parte de mim se sentia enojada com esse pensamento. A outra parte dizia para ela calar a boca e atacar logo o policial).

Dei um grunhido e o joguei no chão. O cachorro latiu para mim, mas eu me agachei e dei um grunhido ainda mais apavorante que o fez fugir.

–O que... – o policial tentou se levantar, mas eu o joguei no chão outra vez e mordi o seu pescoço.

O gosto era embriagante, como álcool. Era como uma droga, despertando sensações de prazer em meu corpo(embora eu nunca tenho provado droga ou álcool antes).

Minha sede foi passando aos poucos. Os gritos do policial ecoavam pela floresta, até ficarem mais baixos e eu sentir seu corpo relaxar e seu coração dar a última batida.

Então a ficha caiu.

Em que diabos eu me transformara? Eu havia virado um monstro, quer dizer, eu acabara de matar um cara! Um policial, que provavelmente tinha filhos, e uma esposa. Em choque, dei cinco passos e então sai em dispara da pela floresta.

Finalmente consegui sair na estrada. Uma mulher, mais nova do que tia Juliet estava de joelhos em frente ao seu carro, tentando trocar o pneu. Ela me lançou um olhar divertido e envergonhado, por não ter ideia de como consertar aquilo.

Não consegui resistir.

Antes que a mulher abrisse a boca, eu a joguei no chão e drenei todo o seu sangue. Percebi tarde demais o que havia feito. Ela estava morta. Sem vida na estrada.

Em que raios eu havia me transformado? Eu precisava morrer. Aquilo era desprezível, e o pior é que nada que provei antes tivesse um gosto tão bom quanto o sangue do policial e da mulher. Tive então uma ideia. Suspirei e sai correndo pela floresta.

Parecia que eu estava voando, meu pés mal tocavam o chão, em poucos segundos cheguei a onde queria: a ponte Richlands( nome criativo...). Ela era feita de madeira caindo aos pedaços, e bem no centro estava a foto de Alyssia enfiada ao lado de uma estátua de Maria. Passei a mão na foto como se Aly ainda estivesse lá me aguardando, nas profundesas do rio. Olhei para baixo do porta-retratos, onde meu sangue inundava a madeira.

Se eu sobreviver, vou vingar nossas mortes, Aly. Prometi silenciosamente


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