Assimetria conveniente escrita por DeadPmoon


Capítulo 3
Momentos


Notas iniciais do capítulo

Eaí queridos leitores! Como vão? Aqui está o terceiro capítulo! Me desculpem se demorei para postar... Tive muitas tarefas pra fazer (inclusive um roteiro de curta metragem. É mole?). Final de semestre é de matar né Enfim, espero que gostem!



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Capítulo 3 - Momentos

MAKA P.D.V

Há pouco eu imaginava que ver meu próprio corpo bem na minha frente era a coisa mais bizarra que já havia acontecido comigo. Pois é, me enganei. DAR BANHO EM MIM MESMA, isso sim é perturbador, além de anormal, estranho, insólito, aberrante, anômalo e tudo o que há de ruim. Eu poderia passar dias fazendo uma lista colossal de palavras que definiam minha situação naquele momento. Quer dizer, não era exatamente eu, era o Kid no meu corpo. De qualquer forma isso só tornava as coisas mais difíceis pra mim. Lá estava eu, lavando meu próprio cabelo, de frente para mim mesma, enquanto vigiava constatemente se Kid não abria uma frestinha entre os dedos para espiar (por mais que eu o confie como uma pessoa não o confio como um garoto). Ao mesmo tempo em que eu roçava meus dedos no couro cabeludo dele (meu) eu me sentia quentíssima devido ao vermelho de contrangimento que ocupava as maçãs do meu rosto. Sim, era aquele o meu corpo porém era Kid que estava dentro dele. Era ele que estava sentindo meu toque e isso era quase impossível de se ignorar. Quando lembrava desse fato eu chacoalhava a cabeça tentando afastar aqueles tolos pensamentos.

DEATH THE KID P.D.V

Esfinge! Torre de pisa! Crooked House! Meu cabelo! SIM! Devo pensar nas coisas mais assimétricas desse mundo, assim eu simplesmente esqueço que a Maka está dando banho em mim... Eu não quero levar outro Maka Chop! Tenho que evitar qualquer tipo de hemorragia nasal ou vermelhidão no rosto. Mas veja bem, eu não tenho culpa. Mesmo que eu pense em toda essa assimetria deprimente espalhada pelo mundo pensar no corpo simétrico da Maka compensa tudo isso... E ela roçando esses dedos na minha cabeça? Que toque leve e delicado... Isso me faz...

– MAKA CHOP!

–Ai Maka! Que que eu fiz? – Questionei indignado enquando levava uma das minhas mãos para afagar minha cabeça que estava agora contundida.

– PÕE ESSA MÃO NO ROSTO KID! – Ela disse exasperada e eu rapidamente retornei minha mão no rosto afim de novamente vedar minha visão. A dor me fez esquecer por um momento da situação limitada na qual eu me encontrava.

– E-eu não tenho culpa! Você me bateu com toda essa sua força e minha cabeça doeu. – Exclamei, orgulhoso.

– Foi merecido. Você estava sorrindo igual um tonto aí! PERVERTIDO! – Ela disse irritada. Eu estava? Eu sou mesmo idiota! Acabei me perdendo em pensamentos bobos de novo!

– Venha, o banho acabou. – Ela disse e então senti uma toalha sendo enrolada em volta do meu (dela) corpo que ela então prendeu de forma que nem mesmo era necessário segurá-la.

– Posso abrir os olhos agora? – Indaguei. Ela murmurou assentindo. Quando abri os olhos a primeira coisa que reparei foi nas bochecha dela (minhas) levemente coradas. Ela estava com... vergonha? Bobagem. Devia ser o calor do vapor que ocupava o banheiro.

Tirei o excesso de água do cabelo e logo saímos do toalete. Nos direcionamos então para o quarto para que eu vestisse uma roupa. Porém naquele momento um infortúnio tomou conta do nosso destino: No corredor da mansão, na metade do caminho, nos deparamos com a última pessoa que desejávamos naquele momento: Patty. Ela analisou a cena rapidamente e em poucos segundos eu já previa a merda.

– Maninha! O Kid tá levando a Maka pro quarto dele! E ela tá de toalha! – Ela gritou, gargalhando. Mesmo sabendo da nossa terrível situação ela resolveu fingir que não havíamos trocado de corpo só pra dizer aquela tolice cheia de segundas intenções. A frase, mesmo que saindo da boca da Patty, me deixou ridiculamente constrangido. Parece que não foi diferente para Maka.

– Cala a boca Patty! – Exasperei e avancei nela em uma tentativa infantil de fazê-la parar de gritar bobagens. Ela logo pôs-se a correr para fugir e em poucos segundos escutei um segundo berro.

– PARA KID! A TOALHA VAI CAIR! – Maka gritou desesperada. Ao ouvir tais palavras parei imediatamente, corado. Eu esquecia toda hora que não era dono desse corpo! – e é melhor nem pensar em nada pervertido se não quiser apanhar pela terceira vez.

– Sim senhora. – Respondi, obediente. Ao escutar tais palavras senti um calafrio passar pelo meu corpo acompanhado por um temor inexplicável. Dois sopapos dela recebidos já eram mais que o suficiente para mim. Qualquer pensamento que poderia um segundo atrás ocupar minha mente havia agora se extinguido.

Poucos segundos depois Liz apareceu do meu lado.

– Não liguem para a Patty, bobinhos. – Ela disse, serenamente. – Venha Kid, eu vou arranjar um pijama pra você. Maka, fique tranquila. Eu não vou deixar esse tarado espiar enquanto eu o troco!

– Obrigado, Liz – Ela sorriu.

Segui a Liz e em poucos minutos eu já estava com um pijama feminino cobrindo meu corpo. Sinceramente me pergunto como as garotas aguentam usar esse tipo de roupa. Se é pra dormir pra que escolher algo feito com um tecido que cola tanto no corpo? Que incômodo!

– Deixe –o solto, por gentileza – Ordenei para Liz quando ela foi pentear meu cabelo. Se fosse para prendê-los em dois rabos-de-cavalo, eu mesmo o faria, mas com mais tempo. O desejava perfeitamente simétrico e, sem paciência para arrumá-lo naquele momento, eu preferia deixá-lo solto - Assim ele estaria naturalmente em ordem com a simetria.

Em pouco tempo me encontrei com Maka, que estava sentada em uma poltrona no quarto que havia sido reservado para ela , lendo um livro. Literatura estrangeira, na capa estava escrito: “A hora da estrela”. Não o li ainda, seria ele interessante?

– É sua vez de tomar banho, Maka. – Comentei, lembrando-a.

– Tá. Mas eu vou fazer isso sozinha – Ela disse, amena. Opa, peraí!

– Como assim, Maka? Isso não é justo! Só eu que vou ficar vendado? – Protestei, constrangido.

– Idiota! É claro que eu vou estar vendada! – Ela pareceu ofendida - Eu vou amarrar um pano sobre meus olhos. Mas é diferente porque comigo você não precisa se preocupar com nada. Você sabe muito bem que não farei nada pervertido! Você pode até ficar perto vigiando, se quiser. Mas eu que vou me lavar.

É, ela tinha razão. A Maka não era esse tipo de pessoa. Logo fomos novamente para o banheiro, apenas a direcionava com minha voz (para ela conseguir pegar o sabonete e cosméticos) e em poucos minutos ela já acabava o banho. Provavelmente tomou o mais rápido banho de sua vida devido ao tamanho constrangimento da situação. Ajudei-a somente a se trocar pois não havia como ela o fazer vendada.

Ensinei-a passo a passo como arrumar meu cabelo – processo deveras desgastante, a menina não tinha nenhuma vocação como cabelereira assim como eu não tinha didática nenhuma. Duas longas e desgastantes horas depois ela conseguiu aprender devidamente. Tudo agora estava em seus conformes. Finalmente estávamos livres daquela situação vexaminosa. Naquele dia.

– E como farei para tomar banho quando eu morar lá com o Soul, Maka? – Perguntei, curioso.

– Eu vou conversar com a Blair sobre isso – Ela disse com expressão sombria, provavelmente devido ao fato de que ela já devia começar pensar em algum método convincente para Blair me dar banho com decência. Preferi não questionar.

Jantamos algo e logo após fomos para a sala, acompanhados de Liz e Patty, para assistir um filme qualquer. Em meia hora as irmãs já se entediavam com o longa-metragem que estava passando e subiram para dormir. Eu e a Maka estávamos entretidos com o filme, que era um daqueles que deve-se raciocinar um bocado para entender o enredo. Quando acabou, passamos algumas horas discutindo sobre ele. Foi uma conversa construtiva e divertida. Eu nunca havia passado tanto tempo falando com ela e portanto tal divertimento foi uma surpresa (agradabilíssima, diga-se de passagem) para mim. A Maka era mesmo uma pessoa extraordinária.

Nos despedimos e cada um seguiu para o seu quarto. Fui direto escovar os dentes como o costumeiro. Me olhei de relance no espelho me deparando, obviamente, com o reflexo da imagem da Maka. Foi então que desprender meus olhos da superfície espelhada tornou-se uma tarefa difícil: Como nunca havia reparado o quão bela é essa menina? Olhos esverdeados exuberantes que refletiam um par de jóias esmeralda, cabelos presenteados com a coloração arenosa – elemento símbolo de uma bela paisagem tropical; feições delicadas dignas de contemplação.... Mas o quê? Devo parar com tais pensamentos. São palavras de bobos apaixonados. E eu não sou isso, certo? É claro que não.

Finalizadas as preparações pré-sono, deitei-me e logo adormeci.

MAKA P.D.V

Fui em direção ao quarto, me aprontei para dormir e logo estava deitada na cama perdida em pensamentos. Aquela conversa que tive com o Kid há pouco tempo atrás foi bem agradável. Na verdade, sempre o admirei mas nunca pensei que seria capaz de conversar com ele de forma tão descontraída. Logo senti um cansaço e meus olhos pesaram. Era hora de fechar os olhos. Girei meu corpo na cama em busca de uma posição confortável e então resolvi abraçar uma almofada devido ao meu costume de fazê-lo em casa. A que peguei era preta e de estampa lisa. Ela tinha um cheiro delicioso. Era um aroma perfumado e penetrante. Abracei-a com mais força colocando-a contra meu rosto. Queria senti-la mais de perto. Em pouco tempo adormeci, embriagada com aquele odor extasiante.

DEATH THE KID P.D.V

Acordei na manhã seguinte ao som dos pássaros cantarolando alegremente e o sol ofuscando em meu rosto. O dia estava agradável, uma brisa amena invadia meu quarto pela janela-semi aberta e soprava em meu rosto, me trazendo um frescor matinal delicioso. Lavei o rosto e segui meu caminho em direção ao quarto em que Maka estava alojada afim de ver se ela já havia acordado. Bati na porta suavente pedindo permissão para entrar sem obter resposta. Por segurança, abri a porta vagarosamente mas como não houve nenhum pedido que a fechasse por parte dela adentrei o quarto. Ela estava ainda adormecida. E ao lado dela, largada, estava uma almofada que não combinava com o resto... Todas eram vermelhas e aquela era preta! Oras, aquela era a minha almofada predileta! Eu sempre apoiava o rosto nela. Bem que senti falta dela essa noite. Porque será que ela estava lá? Peguei-a de volta em busca de retornar a simetria para o arranjo do quarto, fechei a porta com cuidado para não acordá-la, levei a almofada de volta ao meu quarto e fui preparar um belo café da manhã para a minha convidada especial.

MAKA P.D.V

Não deu vinte minutos que eu ouvi alguns ruídos no meu quarto que eu acordei de vez. Demorei para levantar da cama porque ela era super macia e quase que me suplicava para eu continuar deitada nela. Uma hora resolvi deixar de preguiça e então em pouco tempo já estava descendo as escadas da mansão, em busca de Kid, que provavelmente estaria comendo algo. Ao chegar em um dos cômodos, fiquei boquiaberta com a beleza excepcional do arranjo de queijos, peixes e bolos que se encontravam em uma extensa mesa de madeira da sala de jantar número dois (sim, elas tinham numeração. Era pra ficar mais fácil se localizar). Kid estava sentado com o prato vazio e não havia nem sinal de Liz e Patty ali. Elas provavelmente deviam ainda estar desmaiadas na cama.

– Você fez tudo isso? – Perguntei, surpreendida.

–Tenho um ajudinha dos criados na arrumação mas fiz questão de preparar o peixe para você. Afinal, você é uma convidada e não deve se incomodar com coisas como cozinhar. – Ele disse docemente. Sorri sinceramente, estava realmente muito feliz com a surpresa. Ele era um verdadeiro cavalheiro.

– Obrigada Kid, é muito gentil da sua parte. – Falei com gratidão e então me sentei para provar aquelas iguarias.

Os pratos estavam verdadeiramente saborosos, comi com muito gosto, tanto que mal falei para ser possível saborear com mais eficiência a refeição. O Soul nem imaginava o quão sortudo ele seria a partir de hoje!

– Estava maravilhoso. – Elogiei e então limpei a boca com um guardanapo.

– Obrigado – Ele sorriu e pareceu corar de leve.

Saímos da cozinha e sentamos na sala. Conversamos por alguns minutos e logo surgiu a dúvida.

– Bom, e agora? Você irá para minha casa? – Questionei em curiosidade.

–Primeiramente, gostaria de lhe mostrar minha biblioteca particular – ele disse sorrindo.

Ouvir essas palavras me fizeram mergulhar em um entusiasmo tremendo! Uma biblioteca particular era meu sonho de consumo. O segui com excitação até uma enorme sala que alojava no mínimo uns dez mil livros. Aquele lugar era divino.

–Esse lugar é perfeito. – Anunciei contemplando tamanha excelência do cômodo em que nos encontravamos.

– Quando quiser qualquer título emprestado é só me pedir. – Ele ofereceu gentilmente. Assenti com felicidade.

–Isso seria maravilhoso! Obrigada Kid. – Abracei-o em gratidão.

DEATH THE KID P.D.V

Quando ela me abraçou, senti o calor que era dela, mesmo ela estando no meu corpo. Era um abraço caloroso, confortante, delicioso. Eu podia sentí-la e isso muito me agradava. Infelizmente não durou muito, era apenas a típica forma dela de agradecer por algum favor amigável. Quero que aconteça mais vezes...

Ficamos por um tempo rodeando pela biblioteca, conversamos sobre livros e histórias, discussões como eu já esperava maravilhosas e divertidas. Ali percebia como tínhamos personalidades compatíveis. Eu podia passar o dia inteiro ali, falando com ela. Infelizmente a alegria não durou por muito tempo pois logo eu deveria ir embora para o apartamento dela.

Poucas horas depois Liz e Patty acordaram e em pouco tempo nos despedimos. Isso me chateou pois queria ter ficado um pouco mais com Maka... Mas ela alertou que se eu não fosse logo para o apartamento Soul iria surtar. Parece que ele passava mal se comesse muita comida instantânea e eu deveria fazer o almoço dele. Que moleque mimado! Por mim ela que ficasse com dor de barriga. Eu definitivamente só estava fazendo aquilo para atender as vontades da Maka. Quanto tempo será que eu iria aguentar morando com o porco-espinho albino assimétrico? Bom, a minha sorte (e paciência) estavam lançadas. Que rolem os dados.


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Notas finais do capítulo

Acabou-se! Próximo episódio o lindo do Soul vai aparecer mais. E o querido (e chato) do Black*Star e a Tsubaki também. Comentem se quiserem saber o que vai acontecer a seguir! Como sempre, aceito sugestões, críticas, qualquer coisa. E eu respondo, é claro.

Observações do capítulo:

1. Procurem Crooked House no google e descubram do que o nosso querido Kid está se referindo. E lembrem-se que a esfinge não tem nariz (O motivo disso é deconhecido. Algumas teorias dizem que foi atingido por uma bala de canhão em uma guerra, outras que um desastrado a destruiu sem querer, enfim, ninguém sabe ao certo), tornando-a assimétrica. Porque fanfic também é cultura! Hehe.

2. Vocês provavelmente vão perguntar como a Maka vai convencer a Blair a dar banho no Kid sem se comportar com indecência. Eu já pensei nisso e vocês saberão no próximo capítulo.

3. "A hora da estrela" é um livro da Clarice Lispector, escritora brasileira reconhecida, para quem não conhece. Eu comecei a lê-lo por isso o coloquei na história. É interessante porém beeem filosófico. Confesso que fiquei um pouquinho perdida... Se um dia sentirem vontade tentem ler. Eu o coloquei como literatura estrangeira na fic porque, naturalmente, para os personagens, é literatura estrangeira! Afinal eles não são brasileiros, né.


Enfim, é isso. Até, gente bonita!



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