Já estavam no navio há algumas horas. Regina sentia-se tão estranha... Nunca tinha pensado que tanta coisa lhe aconteceria em tão pouco tempo. Pensou que iria morrer dessa vez. Das outras vezes, também foi ela que lhe salvara, mas nunca a morte tinha sido um fato tão real para si. E quando parecia ser o fim lá estava ela novamente. Emma Swan, a mulher que parecia ter destruído sua vida, de repente, foi quem a tirou da definitiva morte.

Seu filho que a havia chamado de vilã alguns dias, falou que agora ela era seu herói também. E quando tudo parecia ir bem, quando finalmente achou que teria Henry de volta, sua vida de volta... Lhe arrancaram Henry! O que aqueles monstros queriam com seu filho? Regina tinha muito medo, Ela havia matado o pai de Greg e agora que ele sabia e estava com Henry ela tinha medo de que ele fizesse o mesmo por vingança.

Só agora ela entendia o real significado das palavras de sua mãe: “Isso teria sido o suficiente.” Tudo o que Regina precisava era do amor de Henry, ela poderia suportar dividir isso com Emma, só agora ela percebia que aquela briga estava longe de ser importante para sua felicidade, mas e agora? Como suportaria ficar longe dele sem saber o que estava acontecendo?
Quando ele sumia com a outra mãe Regina enlouquecia de ciúmes, mas sabia que ele estaria bem. Agora com aqueles insanos ela não fazia ideia do que ele poderia estar passando. Estava se sentindo tão atordoada! Estava tão fria a noite naquele navio.
Regina chegou a roer as unhas, hábito deplorável que ela não possuía, mas que acabou sucumbindo devido ao estado que se encontrava.

Ela estava em pé na parte de trás o convés olhando o balançar do mar de Neverland, a lua refletia no mar inundando-o daquele brilho triste. Queria chorar, mas nem forças pra isso ela tinha. Ouviu passos se aproximando, pensou que era o Hook, teoricamente o único que estava acordado já que ele estava conduzindo o navio. Mas ao olhar pro lado viu dois olhos verdes marejados a fitarem.

_Esta frio aqui fora. (Emma disse se encolhendo com os braços cruzados.) Sem sono? (Ela perguntou bocejando.)
_Como ter sono? (Regina perguntou num tom mais ríspio do que realmente queria falar.)
_Nós vamos encontrar ele. Eu prometo! (A loira falou compreendendo a apreensão da outra.)

Regina olhou pros lados perdida. Queria chorar, mas não podia... Não daquele jeito, não com Emma Swan ali lhe observando. Em meio aos sentimentos que queria transbordar e a vergonha de se mostrar frágil acabou por afundar a cabeça no ombro da loira tentando inutilmente esconder as lágrimas teimosas que insistiam em escapar de seus olhos castanhos.
Emma ficou um pouco surpresa com a reação da morena, já a rainha só se sentiu patética agindo daquela forma, mas já tinha sucumbido ao choro. A mais nova não sabia bem como agir mas acabou a envolvendo em seus braços e afagando seus cabelos. Ficam assim por alguns breves minutos. A morena assim que se recuperou se desvencilhou do abraço virando de costas para secar as lágrimas.

_Desculpe Miss Swan, eu realmente estou preocupada com o Henry. (Ela disse tentando disfarçar o nível de seu abalo..)
_Eu estou tanto quanto você. (Ela respondeu com o olhar pesaroso) Eu deitei na cama, mas não conseguia dormir, a imagem dele sendo levado por aqueles dois não sai da minha cabeça!
_Eu vou arrancar o coração daqueles dois miseráveis! ( A Rainha falou sacudindo as mãos no ar)
_Dessa vez eu te apoio! (Ela respondeu soltando um meio sorriso.)

A morena suspirou e sorriu de leve em resposta. Só agora Regina percebeu que sempre que estava perdida era aquele olhar que encontrava. Sentiu um formigamento estranho na mão, uma inquietação. Elas se encararam em silêncio. Só quebraram o contato quando, por conta de uma onda mais forte, Emma sentiu o solavanco no navio a jogar para cima da outra que a segurou. Emma podia sentir a respiração da prefeita se acelerar enquanto os seus olhos eram penetrados por aquelas fendas castanhas.

_Regina eu...

Emma começou a falar, mas ao sentir a mão da rainha suave em seu rosto estremeceu e perdeu a fala. Baixou o olhar envergonhada com aquilo e concluiu:

_Obrigada.
_Pelo que? (Regina perguntou recolhendo a mão e a cerrando, tentando disfarçar o que estava sentindo.)
_Por tudo. (Ela concluiu segurando a mão da morena.) Por ter sido uma mãe ótima pro Henry, por ter o protegido, por ter nos salvado...
_Não. (A morena interrompeu.) Eu que agradeço por ter me dado uma segunda chance. Se não fosse você ter voltado eu jamais teria visto meu filho deixar de me ver como a Rainha má.

A xerife balanço a cabeça concordando brevemente e mordendo o lábio inferior criando coragem para falar:

_Sobre isso, eu queria te dizer e já devia ter te dito... Eu sempre te vi como Regina.

A morena franziu o cenho para aquilo e lembrando de quando os Charmings a acusaram de ter matado o grilo, mas nem foi preciso indagar sobre isso:

_Me desculpa ter me deixado levar algumas vezes. Quando acharam que você tinha matado o grilo eu realmente acreditei em você mas quando eu vi “você” “matando” o Archie no catador de sonhos...
_Não precisa se explicar Swan. Minha mãe fez aquilo de uma forma que ninguém acreditaria em mim.

Elas se aproximaram um pouco mais.

_Sinto muito de qualquer forma.
_Tudo bem... Eu fiz coisas piores. (A rainha disse se rendendo a um meio sorriso.)

Emma suspirou e sorriu:

_Você só precisava de uma segunda chance.

Foi a vez da morena sentir a mão da outra em seu rosto. Ela encarou confusa a aproximação repentina da loira, mas não a impediu. Só falou:

_Vamos mesmo encontrar nosso filho não vamos? (Regina perguntou com a voz fraca.)
_Juntas nós conseguiremos. (a loira disse diminuindo ainda mais o espaço entre as duas.)

Seus rostos foram se aproximando tão lentamente que parecia uma eternidade. Pelo menos foi isso o que Regina pensou entre os segundos arrastados que os lábios demoraram a se tocar. A rainha ainda incerta do que devia fazer enlaçou o pescoço da outra e aprofundou aquele contato.

O beijo era calmo e carinhoso.Enquanto as suas bocas permaneciam unidas parecia não haver mais problemas. Prolongaram aquele contato ao máximo e quando se separaram se olharam ternamente.

_Henry iria gostar disso... (A morena disse um tanto envergonhada sentindo o coração pulsar mais forte.)
_Ele irá gostar.

Emma disse puxando Regina novamente para si e voltando a beija-la. E ao longe no horizonte, ainda enegrecido pela noite, já começava a aparecer as curvas das terra de Neverland em meio ao oceano.