Jack

Sabe aquela sensação de que algo grave acontecia a sua volta e você não tinha noção do que poderia ser, mas era bem óbvio? Era exatamente isso que eu sentia que estava acontecendo e nem mesmo Soluço ou Merida me contavam algo, bem, eles não me contaram nada, mas acabei descobrindo da pior maneira o que poderia ter acontecido ao olhar para aqueles enormes e lindos olhos verdes. Algo realmente estava errado, seus cabelos antes loiros e compridos estavam curtos demais e escuros, tintados. Mas seu sorriso, mesmo aquele fraco que compartilhava estava presente, mas murcho.

Ao vê-la na hora da saída, foi meio óbvio que corri em sua direção sorrindo, mas parando ao ver sua face rosada e inchada pelo choro recente. Não resisti e a abracei, abracei para tomar para mim toda sua dor, para poder lhe transmitir tranquilidade e para que ela pudesse saber o quanto eu a amava, mesmo depois de todas as brigas que tivemos, das birras que cometi e dos erros que ela testemunhou, queria que ela soubesse que eu estaria ali para quando seu mundo estivesse desmoronando.

Mesmo nos afastando, pude ver seu olhar perdido, perdido e vazio. Não queria o vazio no olhar que tanto amava.

Poucos minutos foram o suficiente para Rapunzel contar que estava morando na casa da Merida até o assunto que a atormentava acabasse e que aquela mudança de visual era apenas um passo para algo que ela estava mudando na vida, esquecer algo que tinha crescido com ela.

Não demorou muito para que Soluço e Merida aparecessem e encarassem Rapunzel com uma preocupação gigante, ambos correndo até onde estávamos e ambos abraçando a nós dois e formando um abraço em grupo, um tipo de coisa que amigos nos tempos atuais não fazem ou se fazem, não mostram.

Foi estranho, Soluço deu a brilhante ideia de reunir todos na casa dele como no dia antes das voltas as aulas, mas chamando Astrid junto e quando notamos, o ar da casa do nerd Soluço não tinha mais o ar abandonado de antes, tinha uma presença nova com o rosto parecido do Soluço, não foi surpresa apenas minha vista quando o magrelo apresentou a mãe.

O clima entre nós era tenso e a sala em que nos divertíamos parecia vazia, bem, foi vazia até Astrid chegar e estar acompanhada de Heather e minhas primas, junto de muitas sacolas que continham doces e salgados e diversão estampada em suas faces. Elas não estavam ali para ter o mesmo clima, estavam ali para espanta-lo e trazer um novo.

O cabelo de Elsa estava solto e sem a costumeira trança, tendo Anna e Rapunzel cada uma de um ado e tentando algum penteado, rindo das falhas. Merida competia com o controle do console para poder jogar um game de luta, o típico "perdeu, passa" que ninguém respeita. Soluço apenas assistia a disputa do controle e eu como idiota e amigo da Rida tentava pegar o cabo de guerra para tentar acabar com aquilo, mas sem sucesso.

As férias estavam próximas sim e com o próximo ano teríamos o nosso último ano do ensino médio, talvez nunca tivéssemos uma reunião como aquela, mas talvez custasse guardar aquele dia na memória.

Os poucos dias que se passaram foram estranhos, digo, a tia de Astrid ficou sabendo da história toda assim como o restante da escola, as autoridades ainda decidiam se a mandavam para uma prisão ou o hospício, depois da confissão lucida que Gothel deu e mencionou Pitchnner no meio, o cargo de diretor foi tomado dele assim como toda a verdade.

O pai de Merida e do Soluço fizeram um tipo de pazes e eu estava lá, queria ver se o circo iria pegar fogo. Só de ter mencionado tal coisa para Merida, acabei por levar um cascudo dela e uma careta de Soluço, mas podia ver claramente que eles acharam engraçado quando falei tal coisa, afinal, aquele era o meu normal.

— Cuide bem da Rapunzel, Jack — Elsa balança meus ombros, tentando botar a ideia de que eu fosse descente com Punzie.

— Claro que eu vou cuidar dela, Rapunzel é minha namorada sua doida — Afastei suas mãos e mim e lhe abracei.

Com toda certeza foi pouco tempo que Anna e Elsa passaram aqui em casa, alguns meses podem ser muita coisa, mas para mim que tenho primas que moram do outro lado do oceano é muito tempo, um tempo que não aproveitei tanto como deveria.

— Você é meio idiota, Jack, só estamos querendo saber se você é tanto assim — Anna falou ao lado da irmã, cruzando os braços e com o olhar desconfiada.

O aeroporto estava meio lotado aquele dia, comemorações de fim de ano e ambas teriam de voltar para casa para ficar com os pais, os problemas de casamento de meus tios já se acertaram e nada melhor do que ter suas filhas para tentar reatar os laços.

— Meio? Anna, Jack é um completo idiota, ainda bem que ele conseguiu ver a garota que ele ama e deixou de estar na friendzone — Deu de ombros, pegando a mala de rodinhas e a mochila — Vou sentir sua falta seu cabeça de vento — Falou, Abraçando-me novamente.

— Você é o melhor primo que existe — Anna falou, juntando-se ao abraço e as apertei com um abraço de urso, as duas menininhas que eu amava.

— Ei! E eu? — Emma fazia uma carinha de chateada, tendo as risadas das primas e sendo puxada para o abraço — Vamos sentir a falta de vocês... — Falou chorosa.

— Cuide do seu irmão, Emma — Anna pediu, se separando do abraço e ouvimos de longe a chamada do voo de ambas.

Em meio a multidão, ambas desapareceram e Emma chorava em meus braços, mas mantendo um sorriso em seu rosto, falando que elas voltariam e que conversariam pela internet, sorri junto a mesma, Emma tinha razão, Elsa e Anna estariam ali a um palmo de nós.

— Vamos, Emma? — Peguei sua mão e a mesma concordou com a cabeça.

Seguimos até em casa, pagando o táxi e olhando nossa casa, sorrindo ao entrar e ver Rapunzel ali, que comemoraria junto não só de mim, mas da família verdadeira dela, de sua mãe que amou saber que a filha estava tão perto de si. Eu também amo saber que Rapunzel estava ali tão perto de mim.