Jack

De tantas vezes da qual tinha andando por aquele corredor, não era de se admirar que alguém perguntasse da minha presença por ali, afinal de contas sou quase como parte deles, tipo, não faço parte do grupo de professores e funcionários da escola, quero dizer, não sou turista por ali.

Diga-se de passagem que eu consegui mais uma vez arranjar uma confusão e não, Pitchnner não descobriu a algazarra que eu e meus amigos arranjamos para tentar afasta-lo ou pelo menos fazer com que o mesmo muda-se de ideia. Resumindo, nem sei o porque estou aqui... Que ótimo! Talvez por eu ainda ser considerado o baderneiro, vai saber.

O fato é que o professor Bunnymund quer falar um assunto e eu vim ao chamado, ou será o contrário? O jeito era procurar por ele até, bem... Até ele falar o que sabe.

E falando no cara... Acenei um joinha e ele pareceu ver um fantasma. Eu sei que sou pálido, mas nõ é para tanto! Assim eu fico ofendido., muito ofendido.

— O que você tá fazendo aqui? — Indagou com o costumeiro tom furioso, pelo menos ele não surte o mesmo efeito como antes.

— Espera um pouco... Você falou que tinha algo a me contar e acha que eu não iria vir até aqui descobrir logo? — Respondi e ele rosnou de frustração. Ele não é o único, gastei energia e saliva atoa.

— É um assunto delicado...

— Já pensou em comprar um diário? — Comentei e ele lançou um olhar típico dele — Olha... Se for por causa da diretora, eu sei que vocês já namoraram e você esta com raiva dela ter saído do cargo dela, se era apenas isso — Dei de ombros e suspirei cansado, andar até aqui cansa mesmo — Pode poupar fôlego.

— Ela nunca foi minha namorada e nem nada... Liran foi namorada do Pitchnner... Não sei o que você e a sua turma pensam de nós dois — Franziu o cenho e eu olhei desconfiado para ele — O que faz você pensar que eu e ela...?

— O jeito que você ficou furioso ao vê-la se retirar por causa do Pitch já é uma pista — Dei novamente de ombros e ele bufou — Era apenas isso? Eu tenho aula de matemática agora, meu professor é um inferno e nem sei se ele já passou para o outro prédio... — Fingi preocupação na voz e isso bastou para o convencer — Tem certeza que vocês não tinham nada? Nem um pouco?

— Vá para sua aula, Frost! —Ralhou e me empurrou para longe dali antes que alguém de importante me visse.

E eu teria que gastar novamente minhas energias. Corri pelos corredores até o outro prédio e subi as escadas até a minha sala, vendo que metade dela estava esperando fora da sala pelo professor, aproveitei que ninguém liga para minha existência, e quando liga é para algo importante, joguei minha mochila na cadeira onde eu sentava no fundo da sala e aproveitei os poucos minutos que tenho refletir sobre o que foi falado pelo louco do Bunnymund.

A tia da Astrid, a ex-diretora foi namorada de Pitchnner? Isso é tão estranho que é quase igual a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha.

Agora a pergunta que não cala, será que a Astrid sabe disso? Se ela soubesse, ela não se meteria em assuntos alheios. Mas outra pergunta, se o tubarão já foi namorado da ruiva, por que ele tem algo com a mãe da Rapunzel? Por que a Punzie tem que estar envolvida nessa bagunça toda?

Quando o professor entrou na sala, todos voltaram para dentro e a aula entediante de matemática se deu inicio. Eu sou vou ter que aguentar por duas aulas seguidas o sentido de equação segmentária e paramétrica.... Se eu não entender, vou ter que apelar para o Soluço, ele que é o nerd e eu preciso disso para passar com azul na média. Como eu queria que as coisas fossem fáceis como a minha bagunça.

Só depois da terceira aula que foi vaga e ficar no pátio como uma assombração, o sinal do intervalo tocou e eu poderia tirar uma foto da minha ansiedade para esperar alguém conhecido aparecer e entre elas a Punzie ou a Astrid.

— Esperando sua princesa, cara pálida? — Uma voz de garota falou ao meu lado e olhei estranhamente para ela. Morena e olhos claros, cabelo trançado de modo parecido da Astrid, tenho a impressão de que já a vi junto a loira — O que? O gato mordeu sua língua ou você não me conhece direito ainda?

— Acho que a segunda opção — Respondi e ela sorriu sacana, e eu conheço bem esse sorriso. Era igual ao meu quando aprontava algo.

— Sou Heather, uma amiga estrangeira da Astrid — Se apresentou e mascou seu chiclete — Você deve ser o famoso Jackson Frost.

— Jack, não Jackson — Resmunguei com o alternativo de Jack.

— Tanto faz — Rolou o olhar — Então, eu queria uma troca de informações e para você, talvez seja útil.

— E seria? — Franzi o cenho e cruzei os braços, parece que Punzie teria de esperar um pouco.

— O que mais seria? É sobre a sua princesa de lindas madeixas loiras — Falou num tom fantasioso, fazendo com que eu fizesse uma careta — É sobre a mãe dela, a mamãe Gothel não é muito querida no hospital em que minha mãe trabalha e ela esta na minha lista negra, contar uma coisa que manche sua imagem a qualquer um é como o prato frio de vingança — Contou, mexendo em sua unha como se fosse o assunto mais normal do mundo enquanto eu olhava sério para ela.

— O que tem em relação a mãe dela?

— Segure seus freios, cara pálida — Ergueu a mão e me puxou para um outro canto do pátio, indo em direção a cantina e pedindo um lanche, deixando em seguida o dinheiro ali sobre a bancada — Primeiro quero uma informação que eu acho que você tem, foi contada ainda hoje a você — Ela ia continuar, mas o pegou o lanche já pago — Não é apenas o Soluço que consegue hackear o sistema de câmeras da escola, ele apenas não consegue acessar o som.

— Você viu a conversa que eu tive com o professor Bunnymund? — Indaguei, sem deixar muito amostra minha surpresa, todo mundo ali tem uma pitada de loucura?

— Eu apenas vi, mas não ouvi direito. Vocês dois mais discutem do que conversam, mas o nome Pitchnner ficou muito em claro — Sorriu cínica e mordeu seu lanche, oferecendo um pedaço e eu apenas recusei, querendo acabar com aquela conversa — O que tem ele?

— Isso é da sua conta? — Ri amargamente e sorri do mesmo modo.

— Depende, eu ainda tenho o segredo da Gothel e da Rapunzel. E você quer saber o que é — Mordeu novamente o lanche — Algumas coisas não são necessárias de se saber, e o que você soube não deve ser a das mais agradáveis.

E não é que mesmo indiretamente ela tem razão? Não esperava que aquele patético fosse namorado da diretora Liran.

— A ruiva da diretora era namorada do Pitchnner — Falei logo de uma vez e ela se engasgou com o lanche, tossindo como uma louca e quando se recuperou tinha o olhar arregalado.

— Será que da próxima vez você poderia me preparar antes? — Indagou furiosa e bateu o pé — Ou você quer que eu conte de uma vez o segredo da Gothel? — Rolou o olhar.

— Conte logo, Heather — Falei amargo e ela tossiu novamente, fazendo certo drama.

— A Gothel não é a verdadeira mãe da Rapunzel, nunca foi e ela é uma fraude, uma louca — Contou num tom sério — Não sei o que ela fez para conseguir a loira, mas é bem capaz dela ter tido ajuda do nosso querido e atual diretor.

Espera um pouco! Como assim? Parece que eu acabei levando uma bolada na cara como quando criança e ninguém avisou...

— Ela é adotada então? — Media as palavras, como se qualquer resposta depois dessa pergunta não fosse coisa boa.

— Nem adotada ela é — Riu com escárnio — Você é cego ou o teu mundo é muito perfeito? Ela leva um tapa no rosto sem dó nem piedade, quase nem entra numa escola mista do estado e que por um acaso a mãe dela nem gosta de vê-la longe de casa, na casa de algum amigo.

— Como você sabe desses últimos detalhes? — Indaguei, sério.

— Do mesmo modo que eu olhei o histórico de faculdade do Pitchnner e entrei como uma mosca no sistema de vigilância da escola — Falou com orgulho — Mas não é todo dia que eu faço isso, eu faço por questões minhas e por não gostar da situação que minha mãe se encontra.

— E seria...?

— Não é assunto seu, esse pelo menos não é — Deu de ombros e terminou rapidamente seu lanche — Como eu disse antes, alguns assuntos não são necessários de se saber, assim como muitos outros que eu descobri no meio do caminho — Falou, já se afastando e eu acabei a seguindo para um canto qualquer do pátio.

— Para quê você queria contar isso?

— Para você poder tomar conta as sua princesa direito de agora em diante, você não sabe o caos que ela vai se envolver daqui para frente — Avisou, se virando para mim e apontando para o meu peito como se me acusasse de algo — Só não cometa uma burrada com ela, a garota não merece um nó na cabeça, o cabelo dela já o faz.

— Ei!

— Relaxa, foi apenas uma brincadeira. Não é o que você fazia Jackson? — Começou a se afastar para outro canto do pátio e nem fiz questão de segui-la.

Minhas mãos tremiam com o que eu tinha acabado de ouvir... Rapunzel não sabia disso e não ficaria sabendo, pelo menos não agora, ela ficaria irada quando souber ou pior. Lembro como se fosse agora a imagem do rosto dela com a marca de mãe, seu rosto vermelho e seus olhos inchados devido ao choro. Agora pelo menos eu tenho metade da explicação do porque de tudo que já aconteceu.

Tudo ficou tão embaralhado na minha cabeça que nem notei a proximidade dos meus amigos, e entre eles estava Rapunzel.