Soluço

Quando recebo uma noticia ou eu posso ficar em choque ou com raiva, talvez triste ou decepcionado. Mas ao ouvir a noticia da Astrid no primeiro momento eu tive o misto dessas emoções.

Novo diretor... Eu não conhecia bem A diretora para ter tudo isso, mas eu conheço a tia da Astrid que é a diretora e guardiã legal dela fora da Noruega, isso era estranho... Eu a conheci apenas uma vez e isso foi quando teve um dos piores invernos no país, ela tinha a aparência de uma adolescente, como a sobrinha só que ruiva e com sardas.

No corredor da escola o rumor parecia ter se espalhado como a peste negra e logo eu podia ouvir pequenos múrmuros de protesto, de como a diretora não era as mil maravilhas, mas depois de ter procurado um histórico do cara em outros lugares da qual ele trabalhou, não seria agradável ter ele monitorando e dando advertências ou muito menos suspensões para os alunos, ele faria ou tacaria o terror.

— Eu tenho um plano e você faz parte dele Solucinho! – Algo, ou melhor, alguém se jogou em minhas costas, me fazendo quase cair no chão. – Não pense em recusar que até onde sei você merece um pouco de adrenalina nesse seu corpo magrelo.

— Dia para você também Frost. – Falei com um tom mal-humorado, hoje não, tudo menos hoje.

— Não me venha com esse olhar. – Ele se apoiou em meu ombro. – A ideia disso tudo foi da Merida e não minha, mas o plano para orgulho da sociedade foi planejado com muita habilidade, e você sabe por quem?

— Peter? – Chutei

— Não, cabeça de dragão! Por mim! O genial Frost, sabe, às vezes eu acho que deveria ganhar o prêmio Nobel.

— Nos seus sonhos, agora se me der licença, tenho mais o que fazer... – Me afastei de Jack e andei até o meu armário, mas parece que ele não ia desistir tão fácil, o que só me irrita.

— Qual é Handdock?! Tá irritadinho hoje por qual motivo? Já sei! Seu pai não deixou você jogar LOL o fim de semana?

— Não...

— Não deixou você jogar Dota?

— Não...

— GC?

— Mas que diabos, Frost! Não e não! Mas que raiva, o que você quer peste? O que eu tenho que fazer para você parar de me atormentar tanto, tipo agora? – Olhei para ele não irritado, mas com um olhar choroso, odeio quando ele fica assim. No passado era pior, mas hoje em especial ele está insuportável!

Um sorriso malicioso e maroto surgiu em seu rosto: Preciso que você venha comigo até a diretoria.

— Não... Você não vai... Frost como você é cruel! – Saquei logo o que ele planejava, sim isso era maluquice e nossos pais teriam de comparecer e nos dar vários sermões.

A chance que ele teria seria também a única, por isso ele teve tão pouco tempo ara esgotar a minha paciência, ele precisava de mim para pelo menos ficar de vigia, as câmeras dos corredores não conseguiriam capturar o dono do estrago com o movimento dos alunos antes de entrarem em suas salas.

— Eu chamei uma ajuda extra, se você não se incomodar. Não é que você seja inútil, é que sempre é bom remediar. – Ele virou-se para mim, com um sorriso mais idiota que ele tinha, ou melhor, o sorriso de tipo “essa é a única maneira de não falar que você é totalmente inútil”.

— Quem é que você chamou?

— Peter, Guy e Nod. – Ele entrou em um corredor que não tinha muitos alunos e eu o segui em direção as escadas que levava em direção a sala da diretora e de outras salas de área restrita a alunos.

— Você chamou o aluno novo? O Nod? Isso é serio mesmo? – Olhei em direção aos três caras que conversavam sobre algo interessante.

— Nem vem! Ele só topou ajudar por causa da namorada dele que também faz parte do meu plano maléfico. – Levantou as mãos em sinal de rendição.

— Qual é o plano? – Suspirei, não ia adiantar de nada discutir com ele.

— O plano será mostrar para o novo diretor quem é que manda! – Olhei para pessoa que se colocou no meio dos três garotos, Merida.

— O.K. Merida, o que você faz aqui?

— Eu ajudei o Jack a bolar o plano, seria uma injustiça eu não participar. – Ela cruzou os braços, fazendo pose de durona.

— Isso mesmo, agora vamos vão ser bonzinhos e começaremos logo de uma vez, faltam apenas vinte minutos para os corredores estarem vazios. – Jack esfregou as mãos maleficamente.

— Falta alguém... – Merida suspirou, parecia que ela adorava estragar as caras e faces do albino. – Kristoff!

Um garoto desceu as escadas e ficou ao lado de Nod, era o líder do time de futebol americano da escola...! Kristoff, o cara loiro que fazia as garotas irem à loucura... Agora eu me sinto péssimo...

— Eu trouxe os fones. – Ele jogou um fone para cada um de nós, um pequeno aparelho do tipo espião, era apenas esconder com a franja do cabelo e ninguém iria notar. – Só cuidado, a distancia pode dar falha a alguns dos comunicadores, e só mais uma coisa... Não os quebrem, seria uma droga eu ter que comprar um desses, dói só de ver o preço. – Todos colocaram o fone e só Jack ficou atrapalhado para colocar, peguei o aparelho da mão dele e o joguei para Merida, que o ficou ajudando.

— Bem, todos juntos! – Jack falou e todos formaram uma roda. – Eu e Merida vamos à sala do diretor, Pan você nos ajuda a abrir a porta porque aquilo não abre de jeito nenhum...

— Como você sabe? – Olhei para ele surpreso, ele já tentou abrir aquilo alguma vez?

— Eu falei para ele, a diretora tinha pegado as chaves da quadra e eu tentei uma vez entrar lá, sorrateiramente. – Kristoff falou, dando de ombro como se aquilo fosse uma ia ao parquinho, Peter e Nod deram uma risada e Jack só olhava sério para todos.

— Nod, eu não sei o motivo de Guy não ter vindo, mas vocês dois já sabem o seu papel não é? – Nod concordou. – Se tudo falhar, código delta.

— Jack, concordamos em não usar o código delta! – Merida parecia rugir de raiva. – Nada vai dar errado, se algo der errado Papai Noel existe!

— Vai lá saber-se o que pode acontecer, e Noel existe sim lembra? É tio da diretora. Barbudo e tudo. Mas voltando, Kristoff você é o plano de distração para o bicho papão, atrasar ele é a meta, e Soluço...

— Eu sempre sou o ultimo...

— Você que pensa, ficou com a melhor com a melhor parte. – Nod se se encostou à parede.

— Você ira entrar na sala onde o tio metido a chato controla as câmeras de toda a escola, e ser o Thaw! – Ele riu para ver a minha reação.

Eu não poderia estar gostando da ideia, não isso não deveria... Droga, estou sorrindo!

— O que estamos esperando? – Pan falou mantendo posição e saiu correndo junto a Merida pelos corredores.

Jack foi logo atrás deles, e logo eu também estava correndo pela escola, andando pelos corredores abarrotados de alunos. A sala do “Thaw” ficava no outro prédio e ele não tinham tantos alunos, apenas os monitores de sala e professores, ou os bagunceiros.

Olhei pelo corredor organizado, a sala ficava apenas no próximo corredor à direita, as gravações tinham uma decodificação muito difícil para se hackear, precisava de algo para me camuflar, mas o que?

— Tá procurando alguma coisa parceiro? – Fiquei em choque, era o professor de Educação Física, Bunnymund...! – Não gosto de repetir minhas perguntas sabe...

— Professor! Eu estava justamente procurando o senhor! Soube sobre a diretora? – Comecei a suar frio, eu estava perdendo tempo...

— Sei o que você está planejando garoto, não tem como ajuda-la, até eu gostaria de fazer algo, mas não posso. – Minha chance de fazer tudo dar certo! Vamos lá professor não me de um murro...

— Você gosta da diretora? – Estreitei os olhos, falando baixo caso alguém ouvisse.

— Como?! Há, parceiro você é engraçado! Vamos, o que você quer? O que posso fazer? — Sorriu malandro e franzi o cenho, nem acreditando na minha sorte, achei que nem teria sorte e tudo fosse por água abaixo.

— Hein? Tão fácil assim? — Comentei e ele concordou.

— Fácil assim, não pense que o Frost é muito discreto e eu conheço a sobrinha da diretora, ela e a escocesa andavam de um lado ao outro, agitadas. – Deu de ombros.

— Bem, se é assim... — Dei de ombros, suspirando ao ver que ele falava sério — Preciso entrar na sala do “Thaw”, mas se eu passar, a câmera pode ver o que fiz ou o suposto e registrar, não posso deixar que eu seja o principal suspeito e tudo vá pelos ares!

— Você precisa que elas estejam cobertas é isso? Guy o aluno veterano já fez isso. – Ele apontou. – Agora vamos que eu te dou cobertura.

Andamos até a sala e me assustei ao ver que o vigilante não estava por ali.

— Bom ver você, novato! – Um sorriso Cheshire apareceu em meio ao escuro e seu rosto era iluminado pelos monitores.

— Guy! Mas como...?

— Tem coisa que você não precisa saber, agora faça sua parte que quanto mais cedo melhor. – Ele puxou uma cadeira vazia e me direcionei a ela, comecei a digitar no teclado do computador xp, aquilo estava fácil demais...

— Por que o professor metido a canguru está de vigia na porta? – Ele falou bravo e nervoso.

— Ele também não topa que alguém tome o cargo de diretor. – Dei de ombros.

— Melhor irem logo, o professor Eugene acabou de passar, ele sempre é o primeiro a ir para a sala. – Mund falou.

— Tô quase... – Sussurrei para mim mesmo. – Falta apenas criptografar a câmera um... Apenas ela... Pronto! – Liguei o fone. – Treinador dragão, alguém na escuta?

“Katnip para dragão, veja a situação do Kristoff” Era a voz de Merida “Quero que você mexa a câmera se ele o avistar, assim começa o atraso”.

— Certo... – Olhei para a câmera três, a segunda entrada para a escola estava apenas no portão o Kristoff e os colegas do time dele, junto das lideres de torcida, mas eu conhecia algumas delas. Elas são as que não vão com a cara da líder delas. Então vai ser tudo perfeito.

Quando ele se virou para a câmera ele apenas a encarou, mexi no controle e mudando o controle para o mouse, fazendo assim para mexer a câmera e um lado para o outro. Ele deu uma leva concordância e deu um murmuro para seus colegas que logo se manteriam posições.

Em outro monitor, coloquei na sala da diretora e vi que Merida e Jack reviraram a sala, apenas Jack tirou sua atenção da bagunça e pegou algo na mochila, uma lata de spray.

O.K, isso passou dos limites...

— Treinador dragão para Avalanche, na escuta?

“Avalanche para dragão, por que diabo você tá me enchendo?”

— Não acha que isso é um pouco demais?

“Pelo contrario, é apenas um aviso, mas não do tipo Harry Potter”.

— Não exagere o.k.?

“O.K cambio desligando.”

Pelo visto ele não ira exagerar muito, aquela sala ainda era da tia da Astrid e o bicho papão iria assumir aquilo tudo apenas, o que? Três dias depois do estrago!

Voltei minha atenção para câmera três e o cara pálido já estava no portão, mas... Essa não, a Liran! Deuses, ela vai se meter numa encrenca quando ela vir isso tudo!

— Mund, a diretora está com o suposto manda chuva, você sabe o que pode acontecer se ela estiver ao lado dele se tudo der errado? – Olhei para a porta e ele me fitava, sério.

— Eu vou sair, mas cuidado vocês dois. Eu vou perder o meu emprego!

— Antes o seu do que o da diretora não é? – Guy falou, rindo.

Mund saiu correndo deixando apenas eu o veterano Guy ali.

— Dragão para Avalanche, manda chuva chegando! Repito, manda chuva chegando!’

“Quê? Não...”

— Sim! Agora trate de terminar isso que eu vou excluir ou pelo menos tentar excluir o que a câmera registrou...

“Como? Essa merda registrou o que aconteceu aqui?!” Merida quase explodiu meu ouvido.

— Saiam dai agora! Estão me ouvindo? Agora! Guy você também, sai daqui.

— Eu? Nós não deixamos nossos Brothers se ferrarem sozinhos, eu tenho de estar junto, eu e a Merida, Jack e todos que participaram disso. Só tenho pena do Kristoff que vai sair do time e não vai jogar semana que vem pelo titulo. – Ele deu de ombros. – Vai treinador dragão, você falou que iria tentar apagar tudo, faça isso e pelo amor tenta também por todos.

Agora era minha responsabilidade, mas eu não ia tentar, ia fazer!

Quando eu terminei de digitar que nem um doido maníaco, o monitor ficou em preto, ainda faltavam oito minutos, dei uma rápida olhada nos dados de registro de gravação, nada. Dei uma olhada pelas câmeras, todos já tinham ido e a sala do diretor estava com as coisas no lugar.

— Vamos Guy, temos que correr!

Chegamos ao primeiro prédio e ao entrar no corredor que dava a minha sala, parecia que haviam feito uma festa ali, folhas e mais folhas de cadernos no chão, apostilas jogadas e amassadas. Ainda havia em um canto no final do corredor o que se parecia uma festa e Kristoff estava no meio, o bicho papão ainda estava no meio daquilo tudo e Jack e Merida tinham entrado no embalo, Peter não estava à vista.

— Eu vou é aproveitar o que dá e ir embora. – Guy entrou no meio da bagunça, os alunos que estavam na sala ficavam na porta, apenas observando. Eu não ia aproveitar aquilo e ficar na baderna, ia para a sala de aula, melhor do que levar uma bronca dupla.

— Soluço! – Rapunzel atravessou a sala e me deu um abraço de urso. – V-você estava ajudando Jack e os outros com aquele plano maluco? – Concordei. – Você é idiota? Poderia ser pego ou pior, ter sido expulso!

— Ei Punzie, quanta confiança é essa em minha pessoa? – Toquei seu rosto. – Tenha mais fé, assim quem sabe nem preocupação você vai ter.

— Vocês quase se ferraram e tudo só porque eu falei disso para a Merida... – Ela tirou minha mão de seu rosto. A marca do tapa tinha sumido, mas ele parecia que ainda estava lá.

— Mesmo assim, e agora? E aquela bagunça toda?

— Logo isso para, mas enquanto não acaba vamos ver o resultado, deve ter saído melhor do que a encomenda. – Puxei-a pela mão e saímos da sala.

Jack chegou e a puxou para um abraço, rodando e depositando vários beijos em seu rosto e dando um beijo nos lábios dela. Merida não demorou a chegar e fez o mesmo em mim e no Jack... Já disse que detesto uma cena de beijo de um casal bem incomum? Até parece que eles tiveram algo... Ou não parece e sim se eles já tiveram.

Parecia que isso iria durar, mas o alarme de incêndio tocou e todo o corredor ficou molhado.

— Ativaram o plano delta... – Merida serrou os punhos e procurou pelo responsável, mas ao invés disso achamos a turma da festa se encostando aos armários e entre o corredor o professor Mund estava ao lado da diretora, enquanto o cara pálido falava apenas algumas coisas que a deixou triste e a fazendo sair dali correndo.

— Você é o pior diretor que essa escola terá! Acha que conseguira a confiança deles? Eu me lembro de você na faculdade Pitch, você vai se arrepender disso. – E então Mund foi ao encalço da diretora, ou melhor, ex-diretora.

Enquanto o bicho papão dava um sorriso e virou seu olhar para Jack e para nós.

— Que a diversão comece.