Filho Da Caçada escrita por BlindBandit


Capítulo 11
Capítulo 11- Lutamos contra passaros mal humorados




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- Não, eu definitivamente não vou viajar nas sombras com você – Luca exclamou dando alguns passos para trás.

Bianca revirou os olhos.

- Cale a boca Valdez, eu já fiz isso antes, para de ser tão mariquinha.

- Não sou mariquinha!

- Então venha, estamos esperando por você.

Ele caminhou relutante até o resto de nós.

- Então, é o seguinte. Quero que vocês deem as mãos, e segurem firme, não soltem, e hipótese alguma. Não vai ser nada fácil achar vocês nos Campos de Asfódelos.

- C-ampo de Asfódelos? – Luca tremia. – Nós vamos passar por lá?

- Só por alguns segundos, mas não se preocupem. Enquanto estiverem conectados a mim, nada acontecera.

- Mas, e se algum de nós se soltar? – ele perguntou nervosamente.

- Você verá se cair. – ela disse sorrindo de uma maneira muito sombria. Bianca estendeu as mãos, Luca segurou sua mão, Nalu segurou as mãos de Luca, e Thalia as mãos de Nalu. Sam segurou a outra mão de Bianca, eu a mão para ela e Melanie me olhou relutante quando eu ofereci a minha mão, mas enfim segurou.

Então, tudo ficou preto.

Eu sentia o mundo girando em volta de mim, um zumbido atravessava meus ouvidos, senti meu estomago embrulhar. Eu me sentia como se estivesse dentro de uma lavadora de roupas, girando, girando, em alta velocidade. Alguem deu um grito de excitação, provavelmente Thalia. Tudo o que mantinha minha certeza de estar acordado e vivo, eram as mãos que apertavam as minhas.

Der repente, a  paisagem mudou. Estavamos sobrevoando um lugar muito cinza e triste. Os campos de Asfódelos se estendiam alem da minha visão. Era um lugar quente e úmido, quase sufocante. Com um cheiro horrível de enxofre. Almas, acinzentadas, sem rumo, vagueavam. Algumas gritavam, outras choravam. Mas a grande maioria parecia estar sob o efeito de alguma droga, entorpecidas. Seus murmúrios eram um triste canto, que cortavam o coração.

- Bem vindos aos campos de Asfódelos – Bianca disse sorrindo como uma guia turística. – Façam suas vidas valerem a pena, se não quiserem terminar seus dias como essas pobres almas.

Voltamos para a escuridão, mas agora era mais leve, e uma luz alaranjada crescia ao fim, ela foi aumentando, até o momento que fomos cuspidos pelo buraco, e caímos sentados em um chão de cimento.

Eu esfreguei a cabeça, eu sentia uma tonelada sob meus ombros. Todos nos parecíamos desse jeito. Menos Bianca, que estava de pé, encostada na parede, rindo de todos nós.

- A primeira vez é sempre a mais difícil – ela disse rindo- Vocês iram se acostumar com o tempo.

- Eu não vou me acostumar, porque não pretendo andar como sua carona nunca mais! – Luca exclamou se levantando e limpando a poeira das roupas.

- Mantenha a calma priminho – ela disse fazendo biquinho. – Foi divertido!

Ele a fuzilou com os olhos e saiu resmungando.

- Então, onde estamos? – Melanie perguntou?

- Eu não sei como chamam esse lugar, mas estamos no interior, em um lugar onde a seca tem aterrorizado a população.

 Eu olhei em volta. Estávamos no meio de uma vila, haviam casinhas simples. Casas de pescadores. Crianças com barriga de verme corriam descalças pelo chão de terra, levantando poeira atrás delas. Mulheres com os rostos sofridos olhavam para nós com desconfiança, os homens, aparentemente, estavam ausentes. Todos tinham um olhar agoniado, cheio de fome, dor sofrimento.

- O que aconteceu com esse lugar? – Thalia perguntou, horrorizada.

- Costumava ter um lago aqui, – Bianca disse apontando para um grande buraco de terra. Alguns esqueletos de peixe ainda estavam lá. – As pessoas viviam da pesca, e da agricultura, o solo era rico, e tudo crescia aqui.  As pessoas dizem que um fenômeno natural raro drenou a água desse lago de volta para os lençóis freáticos... mas eu sei quem são os culpados  - ela apontou para o topo de uma montanha de pedras ao longe. – Eles.

- Eles? – eu perguntei confuso, mas como resposta, um corvo farfalhou ao longe.

- Essas bestas são Aves do lago Estínfalo. Elas são conhecidas por comer tudo em seu campo de visão, e extinguir todos os recursos naturais. Elas trouxeram a miséria para cá.

- Então, só precisamos matar alguns passarinhos? – disse Nalu. – Parece fácil.

- Não se iluda filha da beleza. – Melanie disse de repente. – Esses passarinhos costumam ter asas e bicos de metal, assim como tamanho o suficiente para todos nós montarmos neles.

- Moleza- eu disse ironicamente. – Temos que pegar o pergaminho de volta com os passarinhos mal humorados, o que poderia dar errado.

- O fato de que nas lendas elas comiam carne humana – Sam citou, sorrindo. – Mas não se preocupe, pode não ser verdade.

Nesse momento, eu juro que Luca borrou as calças.

Nós andamos mais alguns metros, até um campo de trigo, ou o que teria sido, se todos os galhos não estivessem secos e sem vida.

Eu ouvi um crocitar a cima de mim, depois, uma sombra me cobriu, como se o sol quente tivesse se posto de repente. Uma ave enorme pousou na nossa frente, ela tinha i bico e as asas feitos de metal.

- Vamos começar essa festa – disse Thalia colocando a flecha no arco, eu concordei, fazendo o mesmo.

A primeira flecha que eu lancei, acertou o olho da fera, que começou a crocitar.

- Bela pontaria. – disse Bianca, desviando de uma outra ave.

- Temos que subir, até o ninho! – Sam exclamou.

- Drake, Melanie, vocês vão, são mais ágeis, precisamos de Thalia aqui, vamos segurar a barra o maximo possível.

- Sejam rápidos – disse Luca.

Eu assenti, e corri para a montanha.

A escalada já seria difícil se um bando de passarinhos não estivessem me bicando. Eu disparava flechas sem parar, assim como Melanie, quase não estávamos progredindo.

Um dos corvos mutantes passou bem perto de mim, sua asa raspou no meu braço, e eu pude sentir o metal afiado cortando minha pele.

Eu arquejei, mas não podia parar agora, acertei uma flecha na jugular da ave, ela atingiu o chão antes de virar pó.

Subimos mais alguns metros, os corvos passaram reto por nós, indo em direção a nossos amigos, que lutavam contra varias aves.

Eu vi Nalu sendo arrastada por uma das aves, Luca correu até ela, gritando, mas a ave já começava a levantar voo, então, eu vi a coisa mais impressionante da minha vida. Luca simplesmente pegou fogo! E começou a atirar bolas de fogo na ave, que soltou Nalu no chão. Ele voltou ao normal e correu até ela.

- Temos que chegar ao topo, antes que.... algo aconteça!

Melanie assentiu.

Estávamos quase no pico, eu estava um pouco a cima de Melanie, quando eu ouvi um grito. Melanie havia escorregado, e segurava na pedra com a ponta dos dedos, abaixo dela, havia um precipício.

- Melanie!  - eu exclamei, descendo as pedras até ela. – Segure firme.

Eu segurei no antebraço dela, e ela se agarrou ao meu, com dificuldade pelo meu braço cortado, puxei ela de volta para cima. Ela sentou ao meu lado, arfando.

- Você... me salvou. – Ela me olhou com uma mistura de gratidão com surpresa. – Porque?

- Porque você é minha Irma – eu disse simplismente. – Não nos damos muito bem, mas eu não deixaria você morrer. Você faria o mesmo por mim, certo?

Ela fez uma cara de pensar no assunto – Talvez.

- Engraçadinha – eu ri, e ela deu um empurrãozinho em mim, rindo.

Naquele momento, eu ganhei uma irmã.

Chegamos ao ninho, e lá estava o pergaminho, junto a um instrumento bizarro de bronze, pareciam duas cochinhas. Eu peguei o pergaminho.

- E agora? – perguntei. – Como paramos o resto deles? – Eu apontei para os covos atacando  o resto de nós.

Melanie pareceu pensar, então seu rosto se iluminou. – As Castanholas!

- Casta o que?

- Castanholas! – ela disse pegando as conchinhas de bronze no ninho. Colocou nos dedos e bateu uma na outra. Eu estava esperando um barulho metálico, mas fez-se silencio.

- Boa, gênio – eu disse caçoado, mas ao que parece, os corvos ouviram alguma coisa, pois todos olhavam para nós. – Toque de novo! – eu disse, e Melanie começou a tocar as castanholas freneticamente enquanto descíamos o morro. Os corvos pareciam atormentados, e saíram voando para longe.

Quando alcançamos o resto do grupo, eu corri até Luca, Nalu estava sentada ao lado dele, desacordada.

- De a ela um pouco de ambrosia – disse Sam, tirando da mochila.

Luca colocou a comida divina na boca dela, e alguns segundos depois, ela abriu os olhos e começou a tossir, depois, focou os olhos em Luca.

- Você pegou fogo! – ela disse incrédula, mas com um sorriso divertido no rosto.

- Parece que sim – ele deu de ombros.

- Você é mesmo filho do seu pai menino tocha. – disse Sam.

Ela então me olhou,e viu o corte em meu braço.

- Drake! – ela correu até mim – Você se machucou!

- Isso? – eu disse tocando meu braço. – Não foi nada, var sarar logo.

- Posso fazer sarar mais rápido  - disse ela.

Sam abriu a garrafa de água, e controlou a água até mim. Eu olhei boquiaberto a água flutuando em minha direção, todos faziam silencio. Sam parecia muito concentrada  A água gelada encostou no meu braço, e no começo eu senti queimar, eu fiz uma careta, mas depois, a dor tomou lugar de uma sensação de alivio. Quando ela terminou, examinei meu braço, e o ferimento estava fechado, pelo menos parcialmente.

- Sam! Isso é incrível! – eu exclamei abraçando ela. Quando eu soltei, ela estava corada.

- Obrigada – ela disse, tem outra coisa que eu queria tentar, mas vou precisar da ajuda de algumas filhas da tempestade. Nalu e Thalia se entreolharam e seguiram Sam até o lago seco. Elas fecharam os olhos e se concertaram, no começo, nada aconteceu, mas então, nuvens de tempestade se formavam, e água começara a brotar do chão. A chuva começou, forte, lavando tudo, juntamente de claro, raios.

Eu conseguia ouvir o povo do vilarejo comemorando. Em pouco tempo, o lago estava cheio.

- Brilhante – eu disse, e Sam sorriu, como se alguém dizer isso significasse muito.

Montamos o acampamento a pouca distancia do vilarejo, eu pulei o jantar, e fui direto para minha barraca, meu braço não doía tanto, e o pergaminho ainda pesava em meu bolso quando adormeci.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado!



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