Polissuco escrita por Érika


Capítulo 22
A Batalha de Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vocês estão?
Eu escrevi um capítulo enooooooorrme (equivalente a TRÊS CAPÍTULOS de "As relíquias da morte") para compensar todos os atrasos do ano!
Por favor ignorem os possíveis erros de escrita, eu escrevi boa parte do capítulo de madrugada, morrendo de sono, sem saber exatamente o que eu tava fazendo.
Enfim, espero que gostem do capítulo e por favor não me matem, obrigada.



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"There's an albatross around your neck
All the things you've said
and the things you've done
Can you carry it with no regrets
Can you stand the person you've become"

The Weight Of Living (part II), Bastille

As paredes tremiam, pedaços do teto caiam, flashes vermelhos e verdessurgiam de todos os lados, iluminando os corredores já decorados com corpos.

Isso é guerra, pensou Draco Malfoy escondido em um corredor ainda vazio. Para ele, a guerra começara muito tempo antes, quando Voldemort voltou à vida. Mas agora, vendo todo esse caos e destruição, ele percebeu que aquilo era apenas o show de abertura.

–O Lorde das Trevas disse que... –Começou Cabble, mas o Malfoy logo o silenciou, certo de que ouvira uma voz familiar. Ele andou até a intersessão entre os dois corredores e pressionou o corpo contra a parede, tentando captar o que o Potter dizia.

— Gina, — disse Harry, — eu sinto muito, mas nós precisamos que você saia também. Por pouco tempo. Depois você volta.
O Malfoy arriscou espiar o corredor, apenas para ver que todos estavam de costas para ele. Então ele colocou a cabeça para fora, vendo Gina Weasley e Tonks saindo da Sala Precisa saltitando enquanto o Potter gritava:
— Então você poderá voltar pra dentro! Você tem que voltar aqui pra dentro!
— Espera um pouco! — disse o Weasley com voz aguda. — Nós esquecemos alguém!
— Quem? — Quando ouviu a voz de Hermione o coração de Draco parou. No meio dessa guerra, descobrir que alguém amado está vivo é um luxo. Ele colocou a cabeça ainda mais para fora, para ter uma vista melhor da garota. Ela estava encharcada em suor, a barra dos jeans suja de lama, os braços carregando vários ossos compridos, assim como os que o Weasley tinha nos braços.
— Os elfos domésticos, eles estão todos lá embaixo na cozinha, não estão?
— Você quer dizer que nós devemos mandá-los lutar? — perguntou o Potter.
— Não, — respondeu seu escudeiro ruivo, — Eu quero dizer que nós deveríamos dizer a eles para saírem. Nós não queremos mais Dobbys, queremos? Nós não podemos ordenar que eles morram para nós...

Hermione largou os ossos no chão e atirou os braços ao redor do ruivo, grudando seus lábios nos dele. Por um segundo o Weasley pareceu em choque, sem saber o que fazer, então largou os ossos que segurava, segurou a cintura da menina e retribuiu o beijo com tanto entusiasmo que quase a tirou do chão.

Draco sentiu sua garganta fechar a medida que o ar se esvaia de seus pulmões. Não podia acreditar que segundos antes ele estava tão feliz.

Ele tinha passado o último mês se convencendo de que a Granger merecia muito mais o Weasley do que um covarde como ele. Enquanto o Weasley lutava por ela, estava sempre com ela e a exibia com orgulho como se ela fosse a taça mundial de quadribol, eu não fiz nada por ela, nem quando ela mais precisava de mim, eu a escondi, eu tive vergonha dela, eu não tive a coragem de lutar com ela ou por ela, mesmo querendo, repetia o Malfoy para si mesmo todos os dias, tentando colocar na teimosa cabeça que ele e Hermione nunca poderiam ter alguma coisa de verdade, que tudo o que eles tiveram foi uma ilusão. E ver a menina beijar o Weasley tão feliz, com tanto orgulho, só confirmou o que ele vinha falando para si mesmo. Mas isso não quer dizer que não doeu quando a realidade finalmente o acertou.

–Malfoy, ta tudo bem ai? –Perguntou Crabble, que vinha na direção do loiro, seguido por Goyle. Draco tentou responder, mas tudo em que conseguia pensar era “Ela nunca me beijou assim, ela nunca teve orgulho de mim, ela nem sequer gostou de mim”.

— É hora pra isso? — Harry perguntou em tom de deboche, e o Malfoy nunca foi tão grato por alguma coisa que o Potter disse. Quando Ron e Hermione não fizeram nada a não ser aumentar a ferocidade do beijo, Harry começou a gesticular fanaticamente, tentando chamar a atenção dos amigos. — Oi! Tem uma guerra acontecendo aqui!
Quando Rony e Hermione se separaram, Draco soltou todo o ar que ele não sabia que estava segurando. Ele podia suportar um com o braço ao redor do outro, mas se o Weasley e a Granger ousassem trocar saliva na frente dele mais uma vez, o Malfoy não tinha certeza se iria se aguentar em pé.
— Eu sei, parceiro —respondeu o ruivo, ainda grogue do beijo. — então é agora ou nunca, não é?
— Não se importe com isso, e a Horcrux? — Disse Harry. Draco sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir a palavra, não sabia o que significava, mas tinha certeza de já ter ouvido o Lorde das Trevas falando-a. — Acham que podem apenas segurar isso até acharmos o diadema?
— Sim... certo... desculpe. — Respondeu o Weasley, ajudando Hermione a recolher os caninos, ambos com o rosto rosado.
Draco assistiu em silêncio enquanto o Potter fazia o velho ritual para entrar na sala. Quando a porta finalmente surgiu atrás da tapeçaria do unicórnio no cercado, os três amigos entraram na sala, seguidos por Draco, Crabble e Goyle.

A porta da sala fechou atrás deles, deixando qualquer sinal da batalha do lado de fora. O silêncio da sala era enfeitado apenas de leves passos sobre o carpete e ocasionais suspiros. Quando o som dos passos à sua frente cessou, Draco parou abruptamente, gesticulando para Crabble e Goyle fazerem o mesmo.

— E ele nunca percebeu que qualquer um poderia entrar? — ecoou a voz do Weasley no silêncio.
— Ele pensou que ele era o único. — disse o Potter. — Uma pena pra ele que eu tive que esconder coisas no meu tempo... por aqui. — ele acrescentou. — Eu acho que está aqui embaixo...

Draco, Crabble e Goyle seguiram o trio pela sala. Draco sentiu um aperto no peito ao passar pelo velho armário sumidouro que ele consertara.

Accio Diadema! – Ordenou Hermione em uma tentativa inútil.
— Vamos nos separar — Harry disse aos outros dois — Procurem por um busto de pedra de um homem velho, vestindo uma peruca e uma tiara. Ele está em cima de um armário embutido e definitivamente próximo daqui...

Draco gesticulou para que Crabble e Goyle fizessem o mesmo e fossem atrás de Harry e Ron, respectivamente. Ele, por sua vez, seguiu a Granger.

–Então, você está me seguindo pra me torturar outra vez ou pra implorar por perdão? –Perguntou Hermione sem se virar para Draco, os dois já estavam longe dos outros o suficiente para que ela não precisasse sussurrar.

–Eu... eu... –Draco não sabia o que dizer. Na verdade, ele não fazia ideia de por que estava ali. Ele tinha planejado ficar às sós com a Granger, mas não o que dizer pra ela. –Eu só queria te falar que eu decidir não lutar com eles.

Hermione sabia muito bem quem eram “eles” e não pôde deixar de ficar surpresa. Mas se a vida lhe ensinou alguma coisa sobre as pessoas, foi que Draco Malfoy não é a mais confiável. Ela acreditou nele tantas vezes, e mesmo com tantas chances ele conseguiu partir seu coração todas as vezes.

–Ah sim, claro, é por isso que você está com Crabble e Goyle. –Ela respondeu ironicamente. Draco pensou em perguntar como ela sabia sobre Crabble e Goyle, mas ele resolveu falar a verdade:

–Eu estava procurando por Astoria, estavam falando que uma das Greengrass estava fingindo estar do lado das Trevas quando na verdade estava cobrindo o outro lado e estuporando os comensais. Gwen foi para a Bulgária com o Krum, e eu não acho que Daphne fosse fazer isso...

–Draco, -Interrompeu Hermione e o menino sentiu o coração disparar quando ela o chamou pelo primeiro nome. –Astoria está bem, todos os estudantes menores foram evacuados antes da guerra começar, eu a vi saindo.

Draco sentiu-se flutuando. Desde que ouvira o boato sobre a Greegrass, pensou em todos os tipos de coisas horríveis que os comensais poderiam estar fazendo com ela, se eles a tivessem pego. Ele abriu a boca para agradecer à Hermione, mas ela falou antes que as palavras saíssem.

–Você vai responder a minha pergunta? Se você está do nosso lado, por está com Crabble e Goyle?

–Eles me viram procurando Astoria e perguntaram quem eu estava procurando, então eu inventei que o Lorde das Trevas tinha me pedido para levar o Potter até ele, mas os dois Neandertais insistiram em me ajudar na caça-ao-Potter, então eu estava arrastando os dois pelo castelo à Procura da Tori quando nós cruzamos com o maldito Potter e os Neandertais resolveram seguir vocês. E, segundo, eu não estou “do seu lado”, eu só não estou do lado deles.

Aquilo foi suficiente para que Hermione enfiasse o punho no rosto pálido do Malfoy, no exato lugar em que acertou no terceiro ano, no exato lugar em que acertou no casamento do Bill e da Fleur.

–Eu sempre soube, Malfoy, eu sempre soube que você era um covarde. Eu tentei me convencer de que você era uma pessoa boa por dentro, e você é, mas você não tem coragem de ser essa pessoa, você não tem coragem de mudar pra melhor, mesmo sofrendo, você não tem coragem de deixar o seu passado pra trás para criar um futuro melhor.

Draco abriu a boca para protestar, mas ela continuou a falar:

–Eu achava que a esse ponto, depois de tudo o que você viu, você fosse deixar as futilidades de lado e passasse a dar valor a coisas mais importantes. Mas, olha pra você, mentindo sobre procurar a sua melhor amiga, me ver sendo torturada sem levantar um dedo sequer, tudo porque você não tem coragem de encarar as consequências, tudo por causa do seu maldito orgulho e covardia.

–E-eu não tive escolha, você sabe o que eles fariam comigo se eu fizesse isso? –Draco tentou argumentar. Ele não conseguia pensar direito. Tudo que conseguia pensar era que a Granger estava a um metro de distância dele e ele não podia sequer tocá-la, não se ainda quisesse todos os dedos das mãos.

–Isso é só uma desculpa fajuta, você teve todas as escolhas possíveis, mas você escolheu não fazer nada! E pra não se sentir culpado por isso você botou na cabeça que não teve escolha! Essa é a verdade!

Hermione percebeu o que tinha dito tarde demais. Ela queria ajudar o amigo a enxergar a verdade, ela não queria magoá-lo. Mas quando as palavras saíram da sua boca ela percebeu que já era tarde demais, não havia volta. Ela tinha acabado de assinar o fim da amizade entre eles.

–E o pior de tudo, -ela disse, quase sussurrando. –É que eu não consigo te odiar. Você quebrou o meu coração várias vezes, uma decepção atrás da outra, -mas você também trouxe as melhores melhoras que alguém pudesse desejar, ela pensou, mas não o disse em voz alta. –mas tudo o que eu consigo sentir por você é pena. Eu fui a vítima, mas quem mais se iludiu, quem mais sofreu, foi você.

E com isso ela saiu, sentindo-se quebrar em pedacinhos. Não queria ter feito isso, não, de jeito nenhum. Mas ela sabia que isso tornaria tudo mais fácil para eles. Se ele a odiasse e o lado das trevas vencesse, ela seria a primeira a ser assassinada, e ele não sofreria tanto. Se o lado deles vencesse, Draco provavelmente seria mandado para Azkaban ou até mesmo executado, e pensar nele como um covarde tornaria tudo muito mais fácil para Hermione. Além disso, se um deles nem sequer chegasse ao fim da guerra, a perda seria muito mais fácil de lidar se os dois se odiassem, ou pelo menos foi isso o que Hermione achou.

À medida que Hermione se afastou, Draco sentiu os joelhos cederem, e ele caiu no chão. Ele ficou olhando para um ponto fixo no teto abobadado, tentando processar o que acabara de acontecer.

Já tinha perdido a noção do tempo quando Crabble o encontrou e disse:

–Vamos, nós encontramos o Potter.

Draco assentiu e se levantou lentamente, usando uma instante como apoio.

Crabble o guiou até Goyle, e os três seguiram até o Potter, que parecia distraído demais para notar os Sonserinos o encurralando. Draco apontou a sua varinha para o garoto.

— Espera aí, Potter. –Disse Draco, sem precisar fingir o tom de desgosto. Falara o nome do Potter com desgosto tantas vezes que ele já saia assim automaticamente.— É a minha varinha que você está segurando.
— Não mais. — respondeu Harry, segurando a varinha roubada na mansão Malfoy. — Achado não é roubado, Malfoy. Quem te emprestou essa?
— Minha mãe. — respondeu o loiro, percebendo tarde demais que Harry não estava realmente interessado no dono da varinha.
Harry riu debochadamente.
— Então como é possível, vocês três não estarem com Voldemort? — perguntou Harry.
— Nós seremos recompensados. — disse Crabbe, repetindo a mentira que Draco o contara mais cedo. — Nós voltamos, Potter. Nós decidimos não ir. Decidimos entregá-lo a ele.
— Bom plano. — Disse o Potter, olhando em volta como de procurasse alguma coisa. — Então, como você entrou aqui? — ele perguntou, tentando distraí-los.
— Eu praticamente morei na Sala de Coisas Escondidas todo o último ano, — disse Malfoy, ele sabia que Harry queria distraí-los, mas ele não queria levar o Potter pra Voldemort, então entrou no jogo. — Eu sei como entrar.
— Nós estávamos escondidos no corredor lá fora, — grunhiu Goyle. —você virou bem na nossa frente e disse que estava procurando por um diaduma! O que é um diaduma?
— Harry? — a voz de Rony ecoou detrás de uma estante. — Você está falando com alguém?
Crabbe apontou a varinha dele para a estante cheia de livros e louças quebradas e gritou: — Descendo!
A parede começou a cambalear, então a parte superior começou a desabar quase em câmera lenta.
— Rony! — Harry berrou, enquanto Hermione gritava, e vários objetos caiam da estante. Harry ergueu a varinha disse: — Finite! — e ela se estabilizou.
— Não! — gritou Malfoy, segurando o braço de Crabbe que tentava repetir o feitiço. — Se você destruir a Sala, talvez você possa enterrar esse tal de diadema!
— Qual é o problema? — disse Crabbe, se libertando das garras do Malfoy. — É Potter que o Lorde das Trevas quer, quem se importa com esse diaduma?
— Potter, veio até aqui pegar alguma coisa, então isto significa que...
— “Significa que”? — Crabbe se virou para Malfoy com raiva, e o loiro achou que estava prestes a ganhar o segundo soco do dia. — Quem se preocupa com o que você pensa? Eu não obedeço as suas ordens, Draco. Você e seu papai estão acabados.
— Harry? — gritou Rony novamente, do outro lado da pilha de entulho. — O que está acontecendo?
— Harry? — imitou Crabbe. — O que está acontecendo... não, Potter! Crucio!
Harry se jogou para o lado, a maldição acertou um busto de pedra, quebrando-o em pedacinhos, e o diadema saiu voando.

— PARE! — Malfoy ordenou. Não aguentaria mais uma cena de tortura, não aguentaria saber que decepcionou Hermione outra vez. — O Lord das Trevas o quer vivo...
— E daí? Eu não o estou matando, estou? — gritou Crabbe, enquanto se livrava dos braços do loiro que tentava o impedir de usar a varinha. — Mas se eu conseguir, eu matarei, o Lorde das Trevas o quer morto de qualquer maneira, qual é a dif...?
Um jato de luz escarlate havia passado a centímetros de Harry: Hermione correu pela quina do corredor e mandou um Feitiço Estuporante diretamente na cabeça de Crabbe. Malfoy o tirou do caminho um segundo antes de o feitiço acertar o exato lugar em que Crabble estava.
— É aquela sangue-ruim! Avada Kedavra!

Hermione saiu do caminho do jato verde assim que ele foi lançado em sua direção. Draco sentiu o corpo enrijecer e apontou a varinha para Crabble, mas Harry foi mais rápido e atirou um Feitiço Estuporante em Crabbe que se jogou para fora do caminho e bateu na varinha de Malfoy, fazendo ela voar de sua mão; ela rolou para longe da vista, embaixo de uma montanha de mobília quebrada e ossos.
— Não o mate! NÃO O MATE! — Malfoy gritava com a pouca voz que lhe restava. Crabble e Goyle tinham as varinhas apontadas para Harry, mas hesitaram por um segundo e o moreno se aproveitou da chance.
Expelliarmus!
A varinha de Goyle voou para longe da mão dele, Goyle pulou estupidamente no mesmo lugar, tentando recuperá-la; Malfoy rolou para longe do segundo Feitiço Estuporante de Hermione. Nossa, eu realmente a chateei, pensou Draco.

Avada Kedavra! — Gritou Crabble novamente.
Rony pulou para fora de vista para evitar o jato de luz verde. Tateando à procura da varinha, Malfoy se agachou atrás de um guarda-roupa de três pernas enquanto Hermione apontava a varinha atrás dele, derrubando Goyle com um feitiço estuporante enquanto ela ia em direção a Harry.
— Está em algum lugar aqui! — Harry gritou a ela, apontando para pilha de entulhos na qual o diadema tinha caído. — Procure por ela enquanto eu vou ajudar Ro...
— HARRY! — ela gritou.

Malfoy olhou para cima apenas para ver Crabble o Ron correndo para longe de enormes chamas.

— Gosta de quentura, escória? — debochou Crabbe de Harry enquanto corria.
Ele parecia não ter nenhum controle sob as chamas que criara. As chamas eram enormes e os perseguiam, lambendo as pilhas de coisas entulho, que se transformavam em pó ao simples toque das chamas.
Aguamenti! — Harry gritou, mas o jato de água que voou da ponta da varinha dele evaporou no ar. Instantaneamente Draco reconheceu o fogo maldito. Não podia acreditar que Crabble fosse tão estúpido ao ponto de fazer isso.
— CORRAM!
Malfoy estava prestes a correr quando viu Goyle inconsciente no chão e lembrou do que Hermione lhe falou mais cedo. Eu não sou covarde, disse a si mesmo enquanto erguia o corpo inconsciente de Goyle e o arrastava. As chamas estavam cada vez mais próximas, as imagens de serpentes, Dragões, Quimeras, se formando no fogo mágico. O peso extra de Goyle também não ajudava, mas Draco não estava disposto a deixar o sonserino para trás. Ele gritou por Crabble, mas o menino já devia estar bem longe dali. Ele sim é covarde, pensou Draco, amargamente, eu não.

Depois de alguns minutos ele não aguentou e desabou no chão. A fumaça densa impedia o loiro de ver um palmo a sua frente, o fogo crepitante era quase ensurdecedor e toda vez que Draco inspirava, era como se seus pulmões estivessem cheios de veneno. Ele já estava quase inconsciente quando viu alguma coisa planando acima da sua cabeça. E, como em um sonho, lá estava Harry Potter, o herói da história, o menino que sobreviveu, com a sua mão estendida para o loiro.

Pela primeira vez na vida, Draco ignorou o orgulho e segurou a mão do Potter, já tinha perdido muito para perder a vida por uma simples questão de orgulho. A mão de Draco, porém, estava suada e escorregadia, e com o peso extra de Goyle não tinha como o Malfoy subir na vassoura, e ele não deixaria o outro para trás por nada, afinal, os dois já foram melhores amigos.

Harry gesticulou para Ron desceu da vassoura, e o ruivo obedeceu, gritando:

— SE NÓS MORRERMOS POR ELES, EU TE MATO, HARRY!

Ron e Hermione colocaram o corpo de Goyle em sua vassoura enquanto Draco montava atrás de Harry na vassoura. Quando eles levantaram voo, Draco não conseguia ver muita coisa, graças à fumaça, mas conseguia ver as chamas douradas por todos os lados, egolindo tudo o que via pela frente. Ele lera sobre essas chamas o suficiente para saber o que elas faziam, mas não estava nenhum pouco a fim de descobrir na prática. Foi então que ele viu o grande retângulo na parede, quase invisível por causa da fumaça.

— A porta, vá para a porta! — Gritou Malfoy no ouvido de Harry.— O que você está fazendo? O que você está fazendo? A porta é para aquele lado! —mas Harry apenas o ignorou, recuou em um giro e mergulhou. O diadema parecia cair em câmera lenta, girando e brilhando enquanto ia em direção da boca de uma serpente de chamas, e então ele o pegou com a habilidade de um apanhador profissional, encaixando-a ao redor de seu pulso.
Harry ele levantou voo e foi imediatamente em direção ao local onde o Malfoy dizia ser a porta. Ron, Hermione e Goyle haviam desaparecido, Malfoy estava gritando e se segurando em Harry tão como se sua vida dependesse disso. E dependia.

Então, através da fumaça, Harry viu uma mancha retangular na parede onde o Malfoy apontara, e ele sentiu seus pulmões cantarem de alegria quando inspiraram ar puro. Antes que Harry pudesse evitar, eles colidiram com a parede do corredor à frente.
Malfoy caiu da vassoura e ficou deitado com o rosto virado para o chão, respirando o ar puro como se respirasse pela primeira vez. Ele estava tonto e enjoado, a cabeça parecia prestes a explodir, não conseguia sequer abrir os olhos. Tudo culpa daquela maldita fumaça. Se Crabble não tivesse feito aquele fogo maldito...

Nos últimos dois anos Draco mal falara com o menino, só quando era necessário, mas mesmo com toda a sua estupidez, Draco se sentiu mal pelo menino que já considerara seu melhor amigo. Draco sabia que Crabble fora engolido pelo fogo, o feitiço se voltou contra o feiticeiro, mas e se ele tivesse conseguido escapar... Draco precisava saber se ele estava vivo, afinal, foi ele quem levou Crabble para a sala Precisa, e se Crabble tivesse morrido lá, seria tudo culpa dele.

Sem abrir os olhos, sem sequer mexer um músculo, Draco juntou todas as suas forças para tentar falar.

— C-Crabbe, — gaguejou o Malfoy, com a voz fraca. — C-Crabbe...
— Ele está morto — disse Ron com aspereza, e nesse momento Draco teve a certeza de que, se tivesse força, teria voado no pescoço do Weasley. Mas no momento tudo o que ele podia fazer era sentir a sua consciência se esvaindo lentamente, até que ele estivesse flutuando no vazio profundo.

***

–Ooh, ele está acordando, ele está acordando! –Disse a voz entusiasmada de Madame Pomfrey. Draco podia ouvir gritos e soluços ao fundo, intercalados com ocasionais maldições sendo gritadas à distância. –Oh, querido, você nos deu um baita susto! Eu temia que você fosse parar nas mesas com os outros.

Nas mesas? Hã? Aonde eu estou?

Draco olhou para cima e deu de cara com um céu limpo, salpicado de estrelas. Um céu lindo para um dia horrível, pensou Draco. Só então ele percebeu que estava no refeitório de Hogwarts, que no momento era uma espécie de enfermaria improvisada. Os feridos estavam espalhados pelo chão, elfos domésticos rodando a sala com medicamentos e coisas como sopa, chocolate quente e chá. No centro da sala estavam as quatro mesas juntas, e sobre elas estavam distribuídos vários corpos. A primeira coisa que Draco viu foi um tufo familiar de cabelos rosas. Ele correu até o corpo da prima, disposto cautelosamente ao lado do marido dela, Remus Lupin.

Draco não chorou, não tinha sequer certeza de que tinha lágrimas. Tudo o que ele sentia era um estranho vazio, uma vontade de não fazer nada, de não viver, mas não de morrer. De todos os seus parentes, Draco podia afirmar, sem hesitar, que Tonks era uma das poucas que não odiava, para falar a verdade ele até que gostava dela. Infelizmente, como as duas partes da famílias tinham ideais completamente diferentes, eles não costumavam se encontrar, e Draco podia contar nos dedos as vezes que teve uma conversa de verdade com a prima. Depois do desastre que foi o último jantar em família na Mansão Malfoy, Draco ainda tinha esperanças de que, depois da guerra, a família se unisse novamente, de que ele pudesse conhecer melhor a prima. Mas nada disso ia acontecer, pois lá estava Tonks, o corpo inerte ao lado do marido, o cabelo que sempre mudava de cor ficaria no mesmo tom de rosa para sempre, o rosto sempre estampado com um sorriso parecia agora tranquilo, em paz, como se não tivesse ideia de que a maior guerra da história da magia estava acontecendo do lado de fora.

–Querido, vamos tomar uma sopa, você está fraco demais para ver isso... –Começou Madame Pomfrey, arrastando Draco pelo braço em direção a um elfo domestico de aparência gorducha. Draco a seguiu sem relutância, mas parou imediatamente quando viu pelo canto do olho um flash de cachos loiros bem familiares. Ele se soltou do aperto da bruxa rechonchuda e correu em direção ao corpo.

Hermione mentiu, ele pensou, Astoria estava na escola e eu não fiz nada para mantê-la viva.

Ele estava errado, afinal, ele ainda tinha lágrimas, lágrimas essas que começaram a escorrer antes mesmo de ele alcançar o corpo da menina. Ele colocou uma das mãos da menina entre as suas e se deixou soluçar. Não conseguia imaginar por um segundo sequer um mundo sem Astoria. Ele havia se tornado dependente na melhor amiga, ele a lia como um livro, e sabia cada linha desse livro decorada. Desde as pequenas sardas em seu nariz até os seus cílios espessos e escuros, desde uma mecha de cabelo que era muito mais clara que as outras, até o modo com que ela não conseguia deixar seus dedos finos e compridos parados.

Foi então que ele percebeu.

Alguma coisa estava muito errada.

A mão entre as suas tinha os dedos curtos e rechonchudos, era macia, e não se encaixava nas suas. Não como as dela encaixavam.

Lentamente ele levantou a cabeça e examinou o corpo. Essa menina era mais baixa que Astoria, menos sardenta, e não tinha a cicatriz nas têmporas, resultado de uma sessão de tortura na casa dos gritos. Ele fechou os olhos e lembrou do dia em que o Krum dissera “Elas són iguais! Eu tenho cerrrteza de que você nón consegue falar uma diferrença entrrre elas!” “Um ano, essa é a diferença” respondera Gwen.

Daphne que sempre julgou ser um exemplo de sangue puro, Daphne com quem namorou por quase um ano, Daphne que tinha um orgulho quase inabalável, Daphne que tinha um futuro brilhante pela frente. Daphne, que agora não passava de mais um nome na longa lista de vítimas da guerra.

–Isso sim é uma heroína, -Disse Madame Pomfrey, se aproximando de Draco. –Todo mundo acreditava que ela estava do lado deles, foi quando ela começou a estuporar os comensais. Ela recolhia as varinhas deles e distribuía para os desarmados. O boato, porém, correu rápido, e logo todos os comensais sabiam que não deviam confiar na Greengrass. Ela foi encurralada aqui na frente, e deu a vida para que aquele menino ali – Ela apontou para uma criança de dez anos com cachos acaju dormindo sentado contra uma das paredes. –Chegasse a salvo aqui. Se não fosse aquela vaca da Bellatrix Lestrange...

Draco parou de prestar atenção no que a bruxa estava falando. Ele não conseguia mais olhar para o corpo da Greengrass do meio, não sem pensar no futuro brilhante que ela tinha pela frente. Ele não aguentaria mais nenhuma perda, ele precisava saber como estavam seus pais, sua tia Andrômeda, Astoria, até mesmo Pansy e o Nott.

Ele foi em direção às portas e as empurrou o mais forte que pôde, abrindo uma brechinha suficiente para ele passar. Do lado de fora da porta sete pessoa montavam guarda, mais sete em cada ponta do corredor, garantindo que ninguém chegasse ao refeitório.

Draco passou por eles sem dificuldades e seguiu pelo corredor principal com a varinha erguida. Não demorou muito para um jato de luz vermelha ser lançado em sua direção, errando por pouco. Draco resolveu optar pela técnica de Daphne, ser um comensal também tem suas vantagens.

através do topo da escada para dentro do salão de entrada.

— Eu sou Draco Malfoy, Eu sou Draco, eu estou do seu lado!
O Comensal caiu inconsciente de súbito na frente de Draco, que olhou em volta, procurando quem o salvara, mas o corredor estava praticamente vazio, e não havia ninguém por perto. Então uma mão surgiu do nada, como se estivesse debaixo de uma capa da invisibilidade, deu-lhe um soco na barriga. Malfoy caiu em cima do Comensal, a boca sangrando, meio aberta.
— E essa é a segunda vez que salvamos sua vida essa noite, seu bastardo de duas caras! — Draco reconheceu a voz do Weasley, e continuou no chão, assistindo os três pares de pé não cobertos pela capa se afastarem.

Ele tentou se levantar, mas caiu nas duas primeiras tentativas. Quando finalmente estava de pé, decidiu voltar para a enfermaria, onde seria muito mais útil. Ele não era um guerreiro, ele nunca foi. Ele era um curandeiro, ele queria ajudar as pessoas, mesmo que isso significasse ficar sem saber como os pais estavam. Além disso, o comensal que o atacou de alguma forma sabia que ele tinha mudado de lado. Talvez o tivesse visto na vassoura com o Potter, talvez o tivesse visto saindo do refeitório. Seja lá o como ele sabia, se ele tinha essa informação os outros provavelmente também tinham, e Draco não estava nem um pouco afim de ser a próxima Daphne.

Ele sentiu um dos guardas lendo a sua mente, provavelmente para checar suas intenções, um segundo antes de deixá-lo entrar no refeitório, o homem sussurrou quando Draco passou:

–Eu sinto muito por tudo isso, deve ter sido muito difícil... boa sorte.

Draco não sabia o quanto da sua mente o homem tinha lido, mas parecia ser o suficiente para ver o pesadelo que Draco vivia. O menino lançou um sorriso triste ao estranho em agradecimento.

Então ele entrou na enfermaria e pôs-se a ajudar aqueles que precisavam.

****

–Harry Potter está morto. Morreu enquanto fugia, enquanto vocês apostavam sua vida por ele. Nós trouxemos seu corpo como prova que seu herói se foi. –Ecoou a voz de Voldemort na mente de todos do castelo. — A batalha foi vencida. Vocês perderam metade de seus guerreiros. O número de meus Comensais da Morte é maior que o de vocês, e o garoto que sobreviveu finalmente morreu. Não há mais guerra. Aquele que tentar resistir, homem mulher ou criança, será massacrado assim como os membros de sua família. Saiam do castelo, ajoelhem-se diante de mim, e você será poupado. Seus pais e filhos viverão e serão perdoados,e você se unirá a mim nesse novo mundo que construiremos juntos.

Draco não fez um esforço para se mexer, não queria ir la fora, não queria encarar Voldemort, queria ficar na enfermaria, fazendo curativos improvisados.

Alguns segundos depois, todos começaram a andar para fora da sala, alguns porque Voldemort os mandara fazer isso, outros por pura curiosidade, para saber se o Potter realmente estava morto. Draco foi empurrado pela multidão castelo a fora, e não demorou muito para ver o Potter bem no centro, morto nos braços de Hagrid. Ao seu lado, duas figuras loiras e esguias pareciam apavoradas. Mas estavam vivos.

Draco tentou chamar a atenção dos pais, falar que estava vivo, mas não ousou atravessar a praça e ficar do lado dos comensais. Não, ele já tinha feito muita coisa para voltar atrás. Ele definitivamente não era mais um deles.

— NÃO! –Gritou McGonagall, ela parecia devastada. E ela estava, pensou Draco, nunca passou pela cabeça dela que o Potter poderia perder.

— Não!
Não!
−Harry!HARRY!

Os berros de Rony, Hermione e Gina eram ainda piores que a de McGonagall, se é que isso era possível. Choros e protesto eram ouvidos da multidão, que começou a marchar em direção a Voldemort e seus seguidores.

SILÊNCIO — gritou Voldemort, e ouve um estalo e um brilho de luz, e forçou o silêncio de todos. — Acabou! Coloque-o no chão Hagrid, aos meus pés, onde ele merece.

Hagrid Fo fez.

— Vocês vêm? — Começou Voldemort, andando ao lado do corpo sem vida do Potter. — Harry Potter está morto! Vocês entendem agora, desiludidos? Ele não era nada além de um garoto que contava com os outros para sacrificar suas vidas por ele!
— Ele te superou! — gritou alguém na multidão, Ron. Os protestos acompanharam o grito do ruivo, mas logo foram silenciados por mais uma explosão.
— Ele foi morto tentando sair dos terrenos do castelo — disse Voldemort, e de algum modo Draco sabia que ele estava mentindo. Ele sabia uma lista de defeitos do Potter, mas covardia não era um deles. − morto tentando se salvar−
Continuou Voldemort, mas logo se calou. Neville Longbottom havia tentado o desarmar, mas o feitiço não teve efeito. Voldemort apontou a Varinha das Varinhas para o grifinório e ele instantaneamente caiu no chão.
— E quem é este? — sibilou Voldemort− quem foi o voluntário a demonstrar o que acontece com a aqueles que continuam lutando quando a batalha está perdida?
Bellatriz gargalhou antes de responder:
— É Neville Longbottom, meu Senhor! Aquele que estava dando muito problema ao Carrows! O filho dos aurores, lembra?
— Ah, sim, me lembro — disse Voldemort, olhando para Neville que estava se arrastando para trás, desarmado e desprotegido, parado entre os Comensais da Morte e os sobreviventes.
— Mas você é sangue puro, não é, meu bravo garoto? — perguntou a Neville.

— E daí se eu for? — respondeu o garoto.
— Você mostra espírito e bravura, vem do estoque nobre. Você dará um valioso Comensal da Morte. Nós precisamos de pessoas como você, Neville Longbottom.
— Eu me juntarei a vocês quando o inferno congelar — respondeu Neville, então gritou: —Armada de Dumbledore!

A multidão gritou em aprovação, e Voldemort tentou silenciá-los, mas os seus feitiços não pareciam funcionar. Então ele simplesmente disse:

— Muito bem, se é sua escolha Longbottom, reverteremos o plano original.

Voldemort agitou sua varinha e, segundos depois, o chapéu seletor voou de uma janela quebrada direto para as mãos do mestre das trevas.

— Não haverá mais seleção em Hogwarts, — anunciou o Lorde das Trevas — não haverá mais casas. O emblema, escudo e cores de meu nobre ancestral, Salazar Slytherin vão suprir a todos. Não vão, Neville Longbottom? — ele apontou sua varinha em Neville, forçando o Chapéu em sua cabeça, cobrindo seus olhos. — O Neville aqui vai demonstrar o que acontece a quem é tolo o bastante pra continuar a me opor. —e, com um movimento em sua varinha, Voldemort fez com que o Chapéu Seletor estourasse em chamas.
Gritos cortaram a praça, e Neville estava em chamas, incapaz de se mover.
Um tumulto surgiu dos limites da escola, as pessoas estavam se amontoando contra a parede enquanto outra corriam para o castelo, atirando para todos os lados, clamando gritos de guerra. Grope, o gigante, veio se arrastando nas bordas do castelo e gritando “HAGGER!”.
Draco observou Neville se soltar do feitiço que o prendia, pegando o chapéu em sua cabeça e tirando de lá a brilhante espada de Gryffindor.
Com a espada nas mãos, Neville cortou a cabeça de Nagini, que girou no ar, brilhando na luz que inundava do salão de entrada , e caindo aos pés de Voldemort.

— HARRY! —, Hagrid gritou. — HARRY – AONDE ESTÁ O HARRY?

Então o verdadeiro caos começou.

Centauros e gigantes corriam por entre as pessoas, esquivando-se dos constantes raios verdes e vermelhos. Gritos de guerra eram ouvidos à medida que a multidão corria enfurecidamente, atirando em todos os comensais que viam pelo caminho.
Draco foi arrastado para a entrada do castelo, e aproveitou a chance para procurar os pais na multidão.
Os elfos domésticos de Hogwarts entraram no Hall de Entrada, gritando e balançando facas, e em seu comando, Monstro com o medalhão de Regulus Black balançando em seu peito. Sua voz de sapo gritava:
— Lutem! Lutem! Lutem pelo meu Mestre, defensor dos elfos domésticos! Lutem contra o Lorde das Trevas, em nome do corajoso Régulus! Lutem!
Os elfos atacavam com suas facas, acertando qualquer comensal que se atrevesse a cruzar o caminho deles. Tudo o que Draco podia fazer era torcer para que nenhuma das figura encapuzadas fosse o seu pai.

Ele abriu caminho até o salão principal, seus olhos scaneando a multidão desesperadamente, procurando conhecidos pares de olhos cinzentos. Foi então que finalmente os encontrou. No centro da batalha, parados, estavam Lucius e Narcisa Malfoy, assistindo em choque o feitiço de Molly Weasley acertar em cheio Bellatrix Lestrange. A bruxa caiu dura no chão, um sorriso de deboche ainda estampado no seu rosto pálido. Quase que imediatamente, Voldemort apontou a sua varinha para Sra. Weasley, atirando uma maldição da morte com tanta ferocidade que podia matar a todos num raio de cinquenta metros. A maldição, porém, não chegou a atingir a ruiva.

— Protego! — gritou a voz do Potter, e o feitiço protetor se expandiu no meio do salão, Voldemort olhou fixamente para a fonte do feitiço quando Harry finalmente retirou a capa de invisibilidade. Harry andou até o centro do salão, sem perceber que a varinha de unicórnio caíra do seu bolso enquanto andava.

Vendo a cena, Draco mergulhou no chão para recuperar a antiga varinha de pelo de unicórnio. Enquanto Draco matava as saudades da antiga varinha, gritos e sussurros corriam pelo castelo, todos cheios de surpresa, todos falando a mesma coisa: "Harry! ELE ESTÁ VIVO!". Mas as comemorações não duraram muito tempo, o silêncio caiu súbita e completamente, enquanto Voldemort e Harry olhavam um para o outro, e começaram, no mesmo momento, a andar em círculos.

— Eu não quero que mais ninguém me ajude, — Anunciou Harry para os espectadores à sua volta, e no silêncio total sua voz foi levada como o barulho de tambores. — Tem que ser desse jeito. Tem que ser eu.

Voldemort assobiou.

— Potter não quer dizer isso, — Debochou o Lorde das Trevas, seus olhos vermelhos bem abertos. — É assim que isso funciona, não é mesmo? Quem você vai usar como escudo hoje, Potter?
— Ninguém, — respondeu Harry, ignorando o tom de provocação do outro. — Não existem mais Horcruxes. É apenas você e eu. Nenhum pode viver enquanto o outro sobreviver, e um de nós está prestes a ir embora para sempre...
— Um de nós? — zombou Voldemort, pronto para atacar a qualquer minuto. — Você acha que será você, não é mesmo? O menino que sobreviveu por acidente, e porque Dumbledore estava puxando suas cordinhas.
— Acidente, foi quando, minha mãe morreu para me salvar? — perguntou Harry. Ainda haviam sombras se movimentando, os dois, em um perfeito circulo, mantendo a mesma distancia um do outro,ignorando completamente a plateia em volta. Draco aproveitou a distração para deslizar até seus pais.— Acidente, quando eu decidi lutar no cemitério? Acidentalmente, que eu não me defendi essa noite, e ainda sobrevivi, e voltei para lutar novamente?
Acidentes! — rugiu Voldemort, mas ainda sim ele não acertou, e a multidão estava paralisada como se estivessem petrificados, ninguém arriscando sequer respirar. — Acidente, chance e o fato de que você se encolheu e choramingou atrás de grandes homens e mulheres, e me permitiu te matar!
— Você não irá matar mais ninguém está noite, —constatou Harry, olhando Voldemort nos olhos, verde no vermelho. —Você não será capaz de matar mais ninguém. Você não entende? Eu estava pronto pra morrer, pra te impedir de machucar essas pessoas −
— Mas você não o fez!
— Eu penso que sim, foi o que fiz. Fiz o que minha mãe fez. Eles estão protegidos de você. Não notou que nenhum de seus feitiços os acertou? Você não pode torturá-los. Você não aprendeu com os seus erros, Riddle, aprendeu?
— Você está me desafiando?
— Sim, estou te desafiando. Eu sei de coisas que você não sabe, Tom Riddle. Eu sei várias coisas que você não sabe! Quer ouvir mais, antes de cometer outro grande erro?

Draco finalmente alcançou os pais, e segurou a mão da mãe, acariciando-a sem dizer uma palavra. Narcisa levou um susto com o toque, mas quando viu que era o filho ela soltou um suspiro de alívio e apertou sua mão com mais força. Draco arriscou um olhar para o pai, mas ele estava completamente rígido, as feições sérias, ignorando completamente a esposa e o filho. Draco se perguntou o que sua mãe tinha feito para o pai ficar assim.

— É o amor de novo? — zombou Voldemort. — Solução favorita do Dumbledore, amor, o que pode vencer a morte? Acho que o amor não parou sua sua queda na torre, parecendo um boneco. Amor, que não me impediu de matar sua mãe sangue-ruim como uma pedra, Potter ! E ninguém parece que amá-lo o suficiente para entrar na frente do meu feitiço e pará-lo. Então o que irá parar sua morte quando eu lançá-lo?
— Só uma coisa,
— Não será o amor que salvará você agora. — interrompeu Voldemort — Você deve acreditar que sabe magias que eu não sei, ou tem uma arma mais poderosa que a minha?
— Eu acredito em ambos — sibilou Harry, e por um segundo Draco podia afirmar que Voldemort estava chocado, mas logo recuperou a compostura.
— Você acha que sabe mais magias do que eu? Do que o Lorde Voldemort, que fez magias que Dumbledore nunca sonhou em fazer?
— Ah, ele sonhou com isso. — disse o Potter. — Mas ele sabia mais do que você, sabia o suficiente para não fazer o que você fez.
— Fraco, você quer dizer! — gritou Voldemort. — Muito fraco para se atrever, muito fraco para pegar o que podia ter sido dele, o que será meu!
— Não, ele era mais esperto que você, um bruxo melhor, um homem melhor.
— Fui eu que ordenei a morte de Dumbledore! –Gritou Voldemort, como se ninguém ali soubesse disso.
— Você pensou que fez isso, — disse Harry, estranhamente calmo. — mas você está enganado.
Pela primeira vez, a multidão se movimentou enquanto as cem pessoas em volta das paredes respiravam como um.
— Dumbledore está morto! — Voldemort gritou para Harry, mais uma vez constatando o que todos já sabiam. — Ele está em tumulo de mármore nas terras desse castelo, eu vi, Potter, e ele não irá retornar!
— Sim, Dumbledore está morto, Snape era a favor Dumbledore desde o momento em que você começou a caçar a minha mãe. E você nunca percebeu, porque era um a coisa que você não podia entender. Você nunca viu, Snape lançar um Patrono, viu, Riddle?
Voldemort não respondeu. Eles continuaram em circulo como se fossem atacar o outro a qualquer momento.
— O patrono de Snape era uma corça, o mesmo que o da minha mãe, porque ele a amou por praticamente toda sua vida, desde que eles eram crianças. Você deveria ter percebido, ele pediu para você poupar a vida dela, não pediu?

Eu sempre soube, disse Draco para si mesmo, sempre soube que o Snape era um traidor!


— Ele a desejava, isso era tudo, — zombou Voldemort. — mas quando ela se foi, ele concordou que haveria outra mulher, uma de Puro Sangue, digna para ele –
— É claro que ele lhe disse isso, — interrompeu Harry, — mas ele era o espião de Dumbledore desde o momento que você a ameaçou, e vinha trabalhando contra você desde então! Dumbledore já estava morrendo quando Snape o matou!
— Não importa! — gritou Voldemort. — Não importa se Snape era meu ou de Dumbledore, ou que patéticos obstáculos eles tentaram colocar no meu caminho! Eu os esmaguei como esmaguei sua mãe, o suposto grande amor de Snape! Oh, mas tudo faz sentido, Potter, em jeitos que você não entenderia! Dumbledore estava tentando manter a Varinha Mestra longe de mim! Ele pretendia que Snape fosse o verdadeiro mestre da varinha! Mas eu a consegui antes que você, a pequena Varinha Mestra, a Varinha da Morte, a Varinha do Destino é verdadeiramente minha! O último plano de Dumbledore saiu errado, Harry Potter!
— Sim, saiu. — disse Harry. — Você está certo. Mas antes de você tentar me matar, eu aconselho você a pensar sobre o que você fez... pense, e sinta algum remorso, Riddle...
— O que? –Perguntou Voldemort chocado. Não acreditava que esse menino insignificante tivesse a coragem de o desafiar assim.

— É a sua última chance, — Continuou o Potter. — é tudo que sobrou pra você... seja um homem... tente... tente sentir algum remorso...
— Você se atreve a... — rosnou Voldemort novamente.
— Sim eu me atrevo, porque o último plano de Dumbledore não deu errado, não. Deu errado para você, Riddle.
As mãos de Voldemort estavam tremendo com a Varinha Mestra, e Harry segurou a de Draco muito forte. A cada segundo que passava e nenhum dos dois atacava, Draco ficava surpreso.
— A varinha ainda não está funcionando direito pra você porque você assassinou a pessoa errada. Severo Snape nunca foi o verdadeiro mestre da Varinha Mestra. Ele nunca derrotou Dumbledore.

Snape está morto? Pensou Draco, chocado.
— Ele matou –

— Você não estava ouvindo? Snape nunca derrotou Dumbledore! A morte de Dumbledore foi planejada entre eles! Dumbledore pretendia morrer, vitorioso, como o último verdadeiro mestre da varinha! Se tudo tivesse saído como ele havia planejado, o poder da varinha teria morrido com ele. Porque ninguém nunca havia ganhado dele!

— Mas aí Potter, Dumbledore era tão bom que me deu a varinha. — A voz de Voldemort saiu com um quê de malícia. — Eu roubei a varinha no túmulo do último mestre! Eu a removi contra o desejo de seu mestre! Seu Poder é meu!

— Você não ganhou poder, Riddle, Ganhou? Possuir a varinha não é o suficiente! Não ouviu ao Olivaras? A varinha escolhe o bruxo... A Varinha Mestra reconheceu um novo mestre antes de Dumbledore morrer, alguém que nunca tocou nela. Um novo mestre removeu a varinha de Dumbledore contra seu desejo, não realizando assim o que ele fez, neste mundo a mais perigosa varinha foi totalmente fiel a ele!

Assim que as palavras saíram da boca do Potter, Draco preveu o que viria em seguida, escondendo-se no meio da multidão do raio verde que eventualmente Voldemort lançaria.

— O verdadeiro mestre da Varinha Mestra era Draco Malfoy

— Mas o que isso importa? Se você estiver certo, não faz diferença para você ou para mim. Você não tem a varinha de fênix há um tempo: Vamos duelar com habilidades apenas... e, depois de eu te matar, mato Draco Malfoy.

— Mas é tarde demais. — disse Harry, e por um segundo Draco reconheceu o mesmo tom de eu-sei-de-tudo da Granger.

— Você perdeu sua chance. Eu o peguei primeiro. Eu derrotei Draco semanas atrás. Eu tirei a varinha dele.

Só então Draco percebeu que o Potter estava desarmado. E que apenas uma varinha ali o obedeceria. A voz da Granger ecoou na sua mente. Você não tem coragem de deixar o seu passado pra trás para criar um futuro melhor (...) tudo por causa do seu maldito orgulho e covardia. Ele pensou em Daphne, em seu sacrifício para salvar a vida de um nascido-trouxa que ela nem sequer conhecia.

Eu não sou um covarde, repetiu Draco para si mesmo, subitamente ciente de que não queria de jeito nenhum um futuro em que Voldemort reinava. Ignorando o próprio orgulho, ele fez o que jamais pensou que faria: ele ajudou o Potter.

Draco atravessou o centro do Hall correndo, atirando a varinha recém-recuperada para o Potter, que a pegou no ar. Draco sumiu na multidão, grato por não ter sido acertado pela maldição que o Lorde das Trevas provavelmente atirara nele. Só quando estava bem camuflado na multidão que o Malfoy parou de correr.

—Então tudo acaba aqui, não é? A varinha que está em sua mão sabe que seu último mestre foi desarmado? Porque se ela souber... Eu sou o novo mestre da Varinha Mestra. –Draco ouviu o Potter dizer enquanto recuperava o fôlego.
No mesmo segundo, Voldemort e Harry apontaram as varinhas um para o outro e gritaram:
Avada Kedavra!
Expelliarmus!
Os jatos verdes e vermelhos colidiram no centro por um segundo, então o feitiço de Voldemort ricocheteou e voltou para ele, o acertando no peito. A Varinha Mestra voou alto, girando no ar. Harry, com sua habilidade de apanhador, pegou a varinha com sua mão livre e Voldemort caiu para trás, como um mortal comum, afinal de contas, não havia nada de especial no Lorde das Trevas.

A Guerra havia acabado, estava tudo bem outra vez. Draco devia se sentir bem, não devia?

Mas ele não estava nada bem. Tinha perdido muita gente, tinha visto muita coisa, tinha ouvido muita coisa, tinha feito muita coisa.

Ele não era mais o filhinho de Lucius Malfoy, que exibia o nome da família com orgulho. Ele não era mais o comensal enviado para uma missão suicida, enfrentando uma crise existencial. Mas ele também não era uma pessoa boa, também não era um mocinho, tinha ajudado o outro lado na guerra, sim, mas isso não apagava as coisas horríveis que fizera no passado.

Ele não tinha ideia do que ia acontecer agora que a guerra, que já havia se tornado parte do seu cotidiano, tinha acabado. Ele não tinha ideia de como ficaria a família agora que o Lorde das Trevas, Tonks e Bellatrix se foram, agora que ele e a mãe tinham trocado de lado. Ele estava apavorado com a ideia de algum futuro.

–Eu soube sobre o que você fez, foi muito corajoso.

Draco sentiu-se relaxar ao ouvir a voz, já havia esquecido o quanto estava preocupado com a menina. Astoria andou até ele e se sentou ao seu lado nas escadarias da escola. Ela devia ter chegado a pouco tempo na escola, junto com os outros estudantes que foram evacuados para Hogsmeade mais cedo.

O Malfoy se virou para a amiga, grato por ela ainda estar viva. O rosto da menina ainda estava vermelho e inchado, ela estava respirando pela boca e ocasionalmente um leve soluço atrapalhava a sua respiração, mesmo assim a menina parecia empenhada em não deixar mais nenhuma lágrima escorrer.

–Sabe, -Disse Draco delicadamente, passando seu braço pelos ombros da loira, que se escorou em seu peito. -Eu fiz aquilo por causa dela, ela me mostrou o que era coragem, ela me ensinou o que ninguém consegui me ensinar. Ela foi uma heroína.

À menção da irmã, Astoria não aguentou e começou a soluçar. Draco a puxou para perto de si e ela enterrou a cabeça em seu ombro.

–O que a gente vai fazer agora? –Ela perguntou fracamente, as palavras abafadas pela camisa do Malfoy.

–Agora, -Ele começou, se fazendo a mesma pergunta. –a gente espera.

***


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Notas finais do capítulo

POR FAVOR NÃO ME MATEM
Eu sei, é sofrimento demais, MAS eu prometo que o final vai ser feliz (Na medida do possível kkk)
Essa coisa de o Draco jogar a varinha para o Harry eu tirei de uma cena que gravaram no filme (mas não usaram, infelizmente).
Pois é, a fic já está chegando ao final e eu ainda não estou pronta pra isso, só mais alguns capítulos para o final...
Espero que tenham gostado do capítulo! Se vocês dessem a opinião de vocês sobre a fic, sobre o capítulo, eu ficaria muito feliz!
Ah, sim, perdoem o desenho. Dessa vez eu fiz com muita pressa, não dei tanta atenção aos detalhes, eu só queria fazer alguma coisa pra vocês.
Bjs, até o próximo capítulo!