Little By Little escrita por Stardust


Capítulo 1
True perfection has to be imperfect


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente ♥ estou começando essa história e espero de verdade que vocês gostem! Boa leitura. Beijos ♥



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O sol fraco da manhã entrava pela janela e refletia em minha pele. Sentada na frente daquele quadro inacabado eu não conseguia pensar em mais nada, a não ser no que estava faltando para que ficasse perfeito. Havia herdado a habilidade de pintar da minha mãe. Me lembro de que quando era pequena ficava sentada perto dela vendo o movimento dos pincéis em sua mão. Vez ou outra, ela me olhava e perguntava o que eu estava achando e eu sempre dizia que estava perfeito, porque eu realmente achava bonito cada traço feito por ela.

Lembro-me, certa vez, de chegar de uma viagem da escola e me deparar com um quadro de meu pai bem na entrada. Na tela, ele estava em pé, seus cabelos escuros que batiam no ombro estavam bagunçados pelo vento e ele olhava para baixo, no violão que estava segurando. Ao me ver observando-o meu pai apenas disse: "Eu amo sua mãe, Donna. Ela me faz sentir vivo até mesmo em suas pinturas.". Lembro-me de seu sorriso apaixonado e de desejar encontrar um marido como aquele. Naquela época, a casa era cheia de quadros e o cheiro de tinta a consumia, mas isso me trazia um sensação incrível e talvez tenha sido por causa disso que decidi virar pintora e musicista nas horas vagas, puxando o talento musical do meu pai.

Balancei a cabeça afastando as antigas lembranças e voltando ao presente, quando estava concentrada tentando pensar no que faria com aquele quadro. Observei o lago cheiro de cisnes que havia pintado e o pôr do sol que deixava o céu alaranjado. O que estaria faltando? Coloquei a mão no rosto tentando pensar e acabei me sujando. Aquilo não era novidade. Meus cabelos negros estavam cheios de tinta acompanhando minha camiseta velha da banda Oasis. Meu som tocava pela segunda ver seguida o álbum The Dark Side Of The Moon e eu já me encontrava na música Brain Damage, mas nada de acabar o quadro. 

Quase que de repente, coloquei o pincel no quadro e comecei a desenhar um rapaz dentro do barco. Ele tinha os cabelos escuros e barba curta. Sorri ao ver o que havia desenhado. 

Me inclinei com intenção de alcançar um copo de café que estava em cima da mesa. Enquanto o bebia, fiquei observando quanto aquele quadro havia ficado bonito e confesso, tive orgulho de mim mesma. 

No mesmo instante, a música Time começou a tocar e olhei assustada para o relógio. Estava atrasada! Como havia me distraído a ponto de esquecer que precisava ir no museu onde teria uma apresentação sobre "A Noite Estrelada" de Van Gogh? Justo uma de minhas obras preferidas e eu havia esquecido. 

Peguei minha bolsa e saí correndo, descendo as escadas do casarão com tal velocidade que pensei que iria cair. 

- Onde vai vestida desse jeito? - Jason, o garoto chato que morava ao lado do meu quarto, parou para me perguntar. Nós éramos um grupo de adolescentes que dividiam um antigo casarão. Era mais barato e perto da faculdade onde eu cursava medicina. Pretendia ser uma boa psiquiatra.  

Olhei instintivamente para baixo, vendo minha blusa e minha calça azul com manchas coloridas. 

- Tem isso aí no seu cabelo também. - observei-o aproximando de mim e tocando em meu cabelo. Jason era chato, mas admito que tinha belos olhos verdes que encantariam qualquer uma. 

- Não ligo. - disse dando de ombros. 

- Você curte mesmo esse lance de pintar, não é? 

"Lance de pintar."

- Sim, é meu jeito de desabafar. - tentei sorrir, mas Jason me tirava do sério. - Jason, tenho que ir. Estou atrasada. - disse olhando para o relógio e virando as costas.

- Tudo bem. Que tal me mostrar seus quadros outra hora? - olhei para trás para respondê-lo, mas vi ele abaixando-se para olhar a bunda de outra garota que passava. 

- Ando muito ocupada. - abri a pesada porta de madeira e saí, deixando-o com um olhar curioso. 

Não sei se todos os homens eram safados daquele jeito ou se eu não tinha sorte em encontrar a pessoa certa. Balancei a cabeça tentando afastar aquele pensamento, já que o dia estava lindo.

Comecei a andar pela cidade. As flores coloridas das árvores consumiam a rua e a cada esquina encontrava uma cor diferente. Na rua, as pessoas ficavam curiosas ao me ver passando, mas outras já vinham cumprimentando por lembrar que eu era a "garota estranha do casarão que pinta". Era sim que me chamavam quando eu não estava por perto, mas eu sorria ao saber disso porque era como um elogio. Talvez eu não fosse estranha, mas eles que eram loucos demais pra entender minha sanidade. 

Passei perto de uma cafeteria e senti o cheiro de café. Não deveria entrar, já que tinha cinco minutos para estar no museu, mas fui consumida pela vontade de tomar café. 

- Oi, Donna! - Billie, o rapaz ruivo atrás do balcão me cumprimentou. Ele trabalhava na cafeteria e eu o via quase todos os dias. 

- Billie! Como está? - perguntei sorrindo. Adorava conversar com ele. 

- Estou bem e você, pelo visto, andou pintando, certo? - disse olhando para a minha roupa. 

- Deu pra perceber? - fiz uma careta e comecei a rir. Billie me acompanhou com sua risada engraçada. - Estou indo para o museu. E estou atrasada.

- Quero ir lá qualquer dia, mas nunca tenho tempo. - sua voz era de desapontamento. - Aqui. É o seu preferido. - me entregou um copo café. Abri minha bolsa preta para pagá-lo. 

- E é por conta da casa, nem tente pagar. - ele sorria.

- Billie...

- Sem desculpas. 

- Obrigada, você é incrível. - me virei e saí correndo pela rua. Talvez ainda chegasse a tempo da apresentação. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Devo continuar postando?



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