Hunters escrita por BelleM


Capítulo 1
Capítulo 1- Dia normal? Para eles, sim.




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Temperance, Kansas.

Aquela cena era nojenta. Para a maioria das pessoas, para Eva Marie Salvatore era apenas normal. Ela se encontrava num beco escuro queimando pedaços de um vampiro grande e loiro. Lisa, sua companheira de caça não desfazia sua "cara feia" por nada. "Novatas!" Eva pensou ao olhar a amiga e notar seu desconforto. Lisa estava nessa vida havia seis meses, caçando com Eva e Kevin, seu parceiro de caça de longa data.

—Adeus! — Eva falou tirando sua jaqueta, que agora estava cheia de sangue de vampiro, sem nenhum desconforto. Não que ela gostasse da chacina, mas com os anos se acostumou. Qualquer caçador, mesmo que o mais sentimental de todos, sempre se acostuma.

—Eu odeio vampiros, muito

—Lobisomens são piores Lisa, são difíceis de encontrar — Lis deu uma boa olhada na lata de lixo, que queimava os restos mortais do monstros, fazendo aqueles estalos típicos, como carvão na churrasqueira. Ela suspirou e balançou a cabeça concordando com a opinião da colega.

—E o Kevin, será que está bem?

—Claro, ele já deve ter acabado com o espectro que perturbava os Wilson, não se preocupe Lisa

—Bom, só sei que quero tomar um banho e dormir

—E eu encher a cara de cerveja e me jogar em qualquer lugar

Elas entraram no carro, um Chevy 96, velho, mas que quebrava um galho enorme, diferente do Monza 98 que Kevin herdara do pai. Eva ligou o rádio, com o objetivo de evitar a conversa que ela sabia que estava prestes a sair da boca de Lisa... Havia dias que as duas não tocavam no assunto, e Eva tinha certeza que a amiga estava curiosa. Já não aguentando, Lisa então fez exatamente o que a outra caçadora temia.

—Então... As profecias, teve mais alguma? —“Na mosca!” Eva pensou, na verdade ela sabia que a outra daria um jeito de tocar no assunto. Não era nada agradável para a morena falar sobre isso, se sentia uma aberração sobrenatural, como essas que caçava. Ouvir vozes sem lembrar de nada depois eram coisa dela, só dela. Eva definitivamente não queria falar de suas bizarrices com Lisa Nollan.

—Ah Lis, o de sempre... Poderia ligar para Kevin, por favor? — Lisa sorriu, entendendo perfeitamente que era um pedido para esquecer aquela conversa. Pegou o celular e colocou no Viva-Voz.

—Lisa, tudo bem?

—Sim Kevin, e por ai?

—Acabei da mandar um pro inferno... Mas porque ligou, aconteceu alguma coisa? — Era a vez de Eva “entrar em ação” Lisa aproximou o aparelho da amiga e piscou, como se dissesse “Acaba com ele, me divirta!” Eva assentiu com a cabeça e gesticulou um “ok”

—Oi Kevin, eu que pedi para ela ligar, sabe, você anda muito lento ultimamente, eu só queria saber se ainda estava vivo

—Que coincidência Eva, quando vi o nome “Lis” Piscando aqui, tive certeza que ela queria avisar que você estava em perigo e não tivesse dado conta do sanguessuga

—Hum, sabe que eu sou melhor que você, por isso eu fiquei com o vampiro de dois metros e você com o “fantasminha camarada”

A falsa briguinha dos dois era apenas descontração de um dia cheio de trabalho, e os três sabiam e se divertiam com isso, afinal era um modo de deixar o clima mais ameno entre eles.

—Está insinuando que eu fiquei com medo de enfrentar um vampiro?

—Não, estou afirmando

Eva virou o rosto para Lisa, que segurava um sorriso. Ela gostava de ter alguém normal ao lado, e Lis era assim, ela não ficava obcecada com cada morte que saia nos jornais. Lisa ainda possuía uma certa ingenuidade que agradava Eva. Então a voz falando trouxe a morena de volta á realidade.

—Ah Eva, você anda uma graça ultimamente... Mas sabe mais do que ninguém que vampiros preferem donzelas indefesas á homens fortes e assustadores, e vamos combinar, essa sua cara de sonsa engana qualquer um

—Acho que a única donzela aqui é você, morre de medo de uns dentinhos afiados — E assim a conversa continuou, até Kevin ficar sem resposta e se despedirem. As garotas comemoraram a “vitória” e voltaram para casa, querendo apenas deitar a cabeça em seus travesseiros.


Jefferson city, Kansas.

Pela manhã, Joseph e Adam haviam acabado de deixar o bar El toro, e seguiam para a cidade de Temperance, estavam no Kansas haviam três dias e só o que conseguiram foi uma possessão demoníaca falsa.





—Essa merda de lugar me dá nos nervos — Adam, o Simons mais velho resmungou, mantendo os olhos esverdeados fixos na estrada de terra á sua frente.







Joseph, o mais novo, apenas ergueu os ombros entediado, e continuou a fazer seu passatempo, um caça-palavras recém comprado, o que deixava seu irmão confuso, e sempre que olhava para aquilo pensava “Como nascemos da mesma mulher?” Para ele era um mistério os dois serem tão diferentes. Joe preferia exercitar a mente, já Adam preferia exercitar outras coisas.



—Joseph o que aconteceu? — Adam perguntou, ele sabia quando o irmão estava com problemas, conhecia aquele olhar irritado e a obcessão de Joe por “queimar os neurônios” com suas “porcarias de nerd”, como ele se referia ás revistas do irmão. Joseph deu um longo suspiro, e pela primeira vez naquele dia resolveu encarar o irmão.


—Esquece, você não se importa mesmo Adam

—Ok, definitivamente o pequeno Joe está com problema — Adam falou mais para si mesmo do que para o moreno ao seu lado. Joseph odiava aquilo, essa mania do irmão querer saber de tudo, de cada pensamento, como se ele fosse capaz de resolver toda a loucura que era a vida deles, mania essa herdade de seu pai George.

—Não me chame de pequeno Joe, nunca. Falo sério — Foi o que o mais novo se limitou a dizer, jogando a revista e a caneta para o banco de trás, e virando rosto para a janela, até a paisagem seca e sem vida era melhor que encarar a face tranquila e nesse momento, irritante, de Adam. Seus olhos verdes viam a imensidão marrom clara á sua frente, porem sua mente assimilava uma imagem bem diferente do deserto quente e empoeirado pelo qual estavam passando. Joseph via claramente ele e Laila, em seu antigo apartamento no centro de Nova Iorque. Velhos tempos, velhos e bons tempos. Ele tinha a impressão que fazia décadas, porem acabara de completar quatro anos que seu pai, a lenda George Simons, ligou para seu celular pedindo ajuda, logo para ele, apenas com o pretexto que não tinha em quem confiar tão perto de onde estavam... Foi nesse dia que Joe deixou de ser o estagiário no Manhattan News, um importante jornal local, para voltar a ser o que sempre foi, um caçador.


—Joe, aposto dez cervejas que está pensando em Laila


—Você adora isso, não é Adam? Me irritar quando percebe que já estou de mal humor

Adam ergueu os ombros, entortou a boca, como se concordasse, mas não entendesse esse seu “dom” de perturbar o Simons caçula nos piores momentos.

—Exatamente por isso que não quero contar tudo para você

—É sobre a Laila... Já conversamos sobre isso, você não é obrigado a fazer o que fazemos

—Sabe que não é tão simples assim. Não posso voltar, não depois dela ter quase morrido por mim

—É isso ai Clark Kent, se abra comigo, fale sobre sua Lois Lane

—Vai se ferrar... Meu Deus — Joseph apontou para a janela do motorista. Ao ver a expressão assustada no rosto do irmão, Adam parou o carro bruscamente, se virando logo em seguida.

—Merda — O mais velho gritou abrindo a porta e correndo em direção a garota loira que se contorcia no chão, ela não devia ter mais que doze anos, observou Adam. Joseph seguiu o irmão no mesmo ritmo acelerado. Ambos pararam em frente a menina, que agora estava quieta e deitava completamente na terra. A garota estava com as roupas rasgadas, com sangue pelo corpo, alem de possuir algumas manchas roxas nos pulsos.

—Me ajudem... Ele, ele pode vir atrás de mim — Joe carregou a garota com tanto cuidado, como se ela fosse uma peça frágil de vidro. A criança gemeu fazendo os Simons se olharem e morderem levemente os lábios. Eles não sabiam o que falar, como agir. Era incomum até para eles encontrarem uma criança naquele estado tão deplorável. Adam ligou o carro enquanto Joseph colocava a garota no banco de trás, ele iria voltar para frente, mas desistiu quando viu o olhar suplicante da garota, e então sentou-se colocando a criança novamente em seu colo.

—Ok, qual seu nome e onde fica o hospital mais próximo? — Adam perguntou meio nervoso, ainda sem saber como lhe dar com uma garota tão jovem.

—Meu nome é Kate... Vai direto... — Adam balançou a cabeça concordando e engoliu a própria saliva. Joe também estava nervoso e confuso. O que ele deveria falar? Segundos depois ele encarou o rosto machucado e assustado, só querendo saber que tipo de pessoa faria aquilo com uma criança.

—Kate, eu sou Joseph, mas pode me chamar de Joe, e o que está na frente é Adam, somos... Jornalistas. Mas o que aconteceu?

—Ele queria me matar, era um, um... — Kate começou a soluçar e agarrar Joe, já encostando sua cabeça no peito do “jornalista” desconhecido. Novamente os irmãos se olharam, um esperando que o outro tivesse alguma ideia de não deixarem a garota pior. Era muito para eles passarem por uma situação daquelas.

—Calma Kate, está segura agora... Mas precisa falar quem fez isso, temos que ligar para a policia

—Meu pai, meu pai é policial... Tem que ligar agora, alguém tem que buscar minha mãe.
































































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Notas finais do capítulo

Emoçãaaaaaaaao, espero que gostem



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