A Vida Da Miss Invisible escrita por BelovedCherry


Capítulo 6
A Gata das Botas e a Capuchinho Vermelho Nunca Se Deram Bem


Notas iniciais do capítulo

Nota: Capuchinho Vermelho = Chapéuzinho Vermelho

Aqui está mais um cap como prometido Angel-chan! ^^ Espero que isto satisfaça a sua curiosidade! o.~ ihihih
Vejo vocês lá em baixo!



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Fui até à casa dos Sousa a pé, já que moramos na mesma rua. Nunca gostei de exibir os grandes carros que a minha mãe deixa ao meu dispor e também são poucas ou nenhumas as pessoas que sabem que sou “rica” (nunca gostei muito de usar esta palavra para me caracterizar).

Lembro-me bem onde é a casa, de como ela é... enorme! Uma mansão de dois andares muito bonita, com o estilo de presidente de uma empresa bem sucedida, de uma cor madrepérola, com telhado azul escuro. O relvado da frente da casa é bem cortado, limpo e de cor viva, o espaço em redor da casa (cerca de dois metros sem relva, tudo ao redor da mansão) tem o chão coberto de pedrinhas brancas e rosadas e um caminho feito do mesmo modo que leva até ao portão da frente que é tão brilhante, sem um único sinal de ferrugem, que parece sempre novo em folha, além de também ser bem alto.

Hoje o portão está aberto, o que não é novidade, sei bem o que ela vai fazer para me castigar e humilhar... estou um pouco nervosa mesmo assim.

Passo pelos portões e sigo pelo caminho de pedras atenta a tudo. “Só espero que este ano ela se tenha lembrado de prender os cães...” penso ao relembrar a confusão do ano passado. Ao chegar em frente à grande porta de madeira escura da mansão toco à campainha e aparece à porta uma das empregadas da casa.

– Ah! Menina Mendes! Já chegou? A festa é mais tarde... – diz a mulher baixinha e rechonchuda, com uma expressão confusa na cara e com um sorriso simpático.

– Sim, eu sei Helena, mas a menina Sousa pediu para que eu viesse mais cedo. Sabe como ela é... – digo também com um sorriso.

A mulher acinte com a cabeça e abre mais a porta dando espaço para eu passar. Agradeço, pergunto onde está a Sousa e depois de Helena fechar a porta enquanto fala comigo vou até ao salão de festas da mansão, onde a mulher me disse que estaria a “Menina Tali”... Grrrr! Que raiva!

Parece que ninguém se apercebeu que nunca mais falei com a Sousa depois do que aconteceu. Quer dizer, refiro-me a falar algo de jeito! E não como fazemos sempre: “Bom dia Sousa”, “Quem é que tu pensas que és para me dirigires a palavra? Não falo com idiotas nerds falhadas!”. Normalmente é só isto mas em ocasiões especiais trocamos mais um par de frases, o que acaba comigo com ainda mais baixa auto-estima.

É incrível como a Sousa planeia tudo até ao mais pequeno pormenor! Aquela idiota mesquinha, além de atuar como uma verdadeira atriz, ainda organiza tudo para que ninguém me note nas festas, fazendo com que pareça que eu venha aqui para me divertir com amigas!

No salão está tudo quase arrumado. O espaço é enorme, com o topo das paredes adornados com largas fitas vermelhas e douradas, junto a uma das paredes vê-se alguns empregados a arrumar uma grande mesa de comida e um pouco mais ao lado uma mesa com bebidas, ambas as mesas têm toalhas vermelhas com detalhes em dourado e algumas decorações (também com essas cores), perto da parede mais ao fundo está um grande palco onde um DJ arruma as suas coisas para mais logo.

Algo que ainda não entendi foi o porquê das paredes estarem a ser iluminadas por um projetor que passa desenhos de cenas de contos de fadas. Qual será a ideia dela este ano?! Vai cá estar a escola toda e ela decidiu por todos a ler histórias para criancinhas, é isso?

– Muito bem pessoal! Está a ficar perfeito! – ouço a voz da Sousa gritar atrás de mim – Já chegaste Mendes?

– Não... estou em casa ainda, não se vê logo? – respondo irónica.

– Cala-te antes que me aborreças! – diz zangada – Mas bem... o que achas? – pergunta com um tom de orgulho na voz enquanto abre os braços para me indicar o salão da festa.

– Hum... bonito mas... para que é aquilo? – pergunto apontando as imagens nas paredes.

– É o tema deste ano. Contos de fadas e outros. E cada um virá vestido de um personagem de uma história que goste.

– Mas... hum... os empregados também? – pergunto receosa.

– Não! Claro que não! – diz aproximando-se enquanto ria como se eu tivesse dito o maior disparate do mundo. – Eles são muito velhos para isso!

– Ah, ainda bem... por momentos pensei que...

– Mas tu és uma excepção – interrompe com um sorriso torto e um olhar de superioridade.

– Quê?! Porque?! Como assim?!

– Ora... tu tens que chamar a atenção não é queridinha...? – diz apertando-me a bochecha com força a mais, mas no momento seguinte dá me uma chapada (menos forte que as outras, mas dolorosa ainda assim) – Agora despacha-te! Já perdemos imenso tempo a falar! – diz caminhando até ao centro do salão - A Helena vai dar-te a roupa que tens de vestir. Quero-te pronta em vinte minutos! E não te esqueças... – vira-se novamente para mim com um sorriso superior – Não quero a Miss Invisible hoje...

Ela vai embora até ao palco para falar com o DJ e eu viro-me e vejo a Helena, que acabara de chegar, um pouco mais atrás, ainda na entrada do salão. Caminho até ela com um sorriso de falsa empolgação mas parece que ela (ATÉ A EMPREGADA DA MINHA “INIMIGA” MEU DEUS!!!) percebe que algo não está bem.

– A menina não gosta muito deste tipo de festas não é? – pergunta com um sorriso carinhoso e compreensivo.

Não é bem isso mas não lhe posso dizer que venho todos os anos a estas festas só para trabalhar como empregada! O que é que a Helena pensaria de mim? Que sou medrosa e fraca ao ponto de deixar que me humilhem? É... acho que ela não estaria totalmente errada.

Sigo a mulher até ao quarto dela (pois é, ela trabalha a tempo inteiro e ainda mantém um sorriso no rosto) onde estaria a roupa para eu me trocar. A "menina Tali" disse que estou proibida de subir as escadas e "se vais ser minha empregada comporta-te como uma!", por isso é que me visto no quarto das empregadas e não num dos três ou quatro quartos de hóspedes que a casa tem. Mas não tenho muito para me queixar. Afinal, só entro lá para vestir o traje de empregada e depois só lá volto para ir buscar a minha roupa. O problema é que o quarto é pequeno e com um constante vaivém de empregadas da casa e da empresa de catering. Ficamos um pouco apertadas mas dá para o gasto.

– Aqui está menina! - diz Helena com um sorriso que salienta ainda mais as suas bochechas redondas.

A mulher tem nos braços um conjunto que quase não faz sentido! Para que é que eu vou ter que colocar um par de orelhas de gato?! Onde é que já se viu um gato de botas... Aaah... Entendi agora.

"Ai que vergonha... Este disfarce quase não tem roupa!" penso ao analisar o pequeno e curto macacão cai-cai com padrão leopardo, antes de o vestir, "Vou ficar constipada com tão pouca roupa! Além de ficar com aspeto de vadia ou algo assim..."

Quando fico pronta saio do pequeno quarto das empregadas entre empurrões e quase quedas. Ao chegar ao hall de entrada vejo a porta aberta e imensos carros a começar a chegar à mansão. O meu coração bate forte, com nervos, mas o seu descompasso de tambor é abafado pelo som da musica alta que já se fazia ouvir.

Consigo correr até à cozinha enquanto colocava a máscara negra com algumas rendas que trouxe para não me reconhecerem. "Mesmo que não acredite que alguém me conheça acho melhor jogar pelo seguro" penso já na cozinha enquanto preparava uma bandeja com aperitivos. Segundos depois aparece a Sousa na cozinha, para ver se estava tudo pronto para começar. O seu disfarce de capuchinho vermelho sexy esta constituído por um vestido vermelho curto e ligeiramente rodado (mas justo no busto), com um pequeno avental branco, uma capa com capuz vermelha (nã... é azul! por isso é que é a capuchinho vermelho, né?!), uns saltos altos vermelhos e umas meias brancas, até ao joelho.

– Podia ter ficado pior - diz com desprezo ao olhar para mim.

Tenho "vestido" (sim, entre aspas porque tecnicamente só tenho o macacão e a roupa intima!) o tal macacão, justinho, que me vai fazer espirar imenso amanhã, umas orelhas de gato e uma fita fina com o rabo de gato a tocar-me na barriga das pernas e umas botas de salto alto. Além disso também coloquei a máscara preta e as luvas, também pretas, que uso todos os anos nestas festas.

Eu já disse que estou com vergonha? Pois bem, digo outra vez! Eu estou com taaaaanta vergonha que só me dá vontade de fugir a correr! Os empregados mais novos, com idades abaixo dos 25, talvez, não param de olhar para mim pelo canto do olho! Porque é que eles não olham para as pernas da Sousa em vez de olharem para as minhas?! Que vergonha... aquela idiota da Sousa consegue fazer com que tudo corra como ela quer! Como é que é possível?! Ela lê mentes ou o futuro?!

Depois de verificar a comida e as bebidas, falar com os empregados e avisar-me para não tentar nada tolo, a Sousa sai da cozinha e, antes das portas fecharem, ainda consigo ver a multidão dentro do salão. Ela nunca brinca quando o assunto são festas e se diz que virá a escola toda... bem, já percebi à muito que não está a falar no geral. Até os professores e o diretor ela convidou!

Depois de um breve discurso de agradecimento pela presença e pelas prendas que todos trouxeram e a habitual frase em que "diversão" e "festa" são usadas pelo menos duas vezes cada, começa a música. Alta, mexida e com um ritmo alegre e contagiante. Acabei por, inconscientemente, bater o pé no chão e abanar a cintura ao ritmo da música de um modo discreto, mas logo paro ao ver Helena entrar na cozinha enquanto fazia gestos para começarmos a circular pelo salão com as bandejas.

Pego na bandeja e caminho até ao salão. Por incrível que pareça a festa está mesmo um máximo! Agora que está tudo arrumado o salão tem um aspeto bem mais animado! O chão ao centro do salão, perto do palco, tem uma pista de dança de vidro aos quadrados que emitem luzes coloridas cada vez que alguém os pisa, também existem vários balões pelo chão, e outros voam de um lado para o outro no salão, holofotes de luzes de cores diferentes iluminam o palco do DJ e o resto do salão. Uau! Mas ao contrário do que eu pensei, esta festa não vai ter apenas mascarados sem vergonha. Já vi alguns vestidos de princesas tão lindos, e abaixo do joelho, estilo Lolita, por exemplo. Pelo menos com isso não tenho que me preocupar! E as regalias do trabalho são ótimas! Estão aqui tantos rapazes bonitos que nem consigo contar. O problema mesmo é a minha roupa que, mal coloquei um pé no salão, já chamou a atenção de muita gente. Que vergonhaaaa...

Começo a andar pelo salão para servir os aperitivos e por onde passo ouço comentários curiosos. A Sousa faz questão de anunciar pela escola inteira que a sua empregada anual vai aparecer nas festas. Todos sabem que ela se está a referir à única jovem empregada da casa e parece que o facto de eu usar máscara atiça ainda mais a curiosidade dos outros! Já ouvi muitas vezes pela escola grupos, que em segredo planeavam uma maneira de descobrir a minha identidade. Este ano não soube de nada. Será que vão fazer algo?

Também já vi amigos e amigas da Sousa a pedirem-lhe para emprestar a Mist (quer dizer névoa, neblina; colocaram-me este nome porque dizem que só apareço uma vez por ano) para trabalhar nas suas festas. Mas ela recusa sempre! A Sousa é tão possessiva que nem partilha aquilo que não gosta (eu por exemplo).

A festa está a correr bem até agora. Tirando estes saltos com que estou a andar à três horas de um lado para o outro e o facto de quase ser atropelada casa ver que vou à cozinha "reabastecer" a bandeja... Até já houve briga! O coitado do namorado da Sousa ouviu das poucas e boas só porque não ADIVINHOU que ela se iria mascarar de capuchinho vermelho, em vez se lobo mau veio vestido de marquês. Não sei de onde é que ele tirou a ideia para o fato de marquês mas como hoje sou a Mist, fiz o mais certo. Afastei a Sousa, ligeiramente, de perto dele (que já agora se chama Lucas) e coloquei-me de braços abertos entre os dois para o defender. Ela dirigiu-me uma careta de "não te metas!" e eu apenas fiquei séria de um modo desafiador.

– Não sei como é que tu és tão idiota ao ponto de não avisares o próprio namorado sobre o que deve vestir e depois ainda brigas com ele?! És assim tão insegura a ponto de tentares controlar até aqueles que amas?! - disse de um modo firme fazendo-a arregalar os olhos.

– Vê lá como é que me falas! Já te esqueceste em que posição estás?!

– Não. Mas por isso mesmo é que estou a falar! Ou achas que num dia como os outros eu diria isto? - pergunto desafiadora.

Por todos o salão ouvem-se murmúrios como: "Se fosse eu no lugar da Tali já a teria despedido...", "Ouvi dizer que a Mist é uma aluna da nossa escola que está a passar por uma espécie de castigo... Nesse caso ela nem se importa de ser despedida!"

– E tem mais! DJ passa a música porque os convidados vieram para se divertir e não para ouvir gritos histéricos! - grito para o DJ que rapidamente me obedece.

Todos voltam a dançar e eu volto a pegar na minha bandeja, que tinha ficado em cima de uma mesa, para de seguida caminhar até à cozinha de queixo erguido. Antes de alcançar a cozinha ainda recebi um puxão no braço e um aviso da Sousa de que "isto não fica assim!". Mas então... já passou meia hora e nada. É melhor começar a preparar-me para a uma da manhã...


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Notas finais do capítulo

Aqui estão os disfarces delas:
Adri - http://www.polyvore.com/adriana_mendes_gata_das_botas/set?id=83534313
Tali - http://www.polyvore.com/tali_sousa_capuchinho_vermelho/set?id=83534201

Fiquem de olho nesse tal Lucas! o.~ Tenho a leve impressão que ele ainda vai reaparecer... e com um papel, ligeiramente, importante! kkkk
Beijos e se leram, gostaram e tudo mais... comentem... pode ser? T^T