Remus aparatou perto de um restaurante trouxa em Londres. Olhou em volta, mas os trouxas continuavam a andar sem perceberem sua súbita aparição. Ele ajeitou os botões de sua camisa e limpou as calças, por fim, andou até a entrada do restaurante. Após dar seu nome para atendente, foi guiado até uma mesa para dois perto das janelas. A moça deixou o cardápio em cima da mesa e se retirou enquanto Remus se sentava. Ele ficou batendo os dedos sobre a mesa, ansioso, depois pegou o cardápio e observou as derivadas comidas até que a atendente chegou novamente para mostrar a mesa à outra mulher. Remus levantou o olhar e sorriu, suspirando. Dorcas estava linda. Mesmo sem maquiagem, mesmo com um vestido simples e uma tiara vermelha colocando seu cabelo loiro para trás. Ela estava tão simples e, ao mesmo tempo, tão linda. Remus se levantou e puxou a cadeira para Dorcas se sentar e depois fez o mesmo.

–Posso saber o porquê da escolha desse restaurante? –perguntou Dorcas, meio envergonhada pelo olhar de Remus.

O garoto arqueou as sobrancelhas e encostou-se à cadeira, deixando a mão pousada na mesa.

–Eu acho que os trouxas têm magia própria nas comidas. –respondeu, girando o cardápio para que Dorcas pegasse. Ela riu e correu o olhar sobre as opções.

–Hm, acho que eu vou querer esse peixe com fritas. –decidi a loira.

–Boa escolha, mas eu vou ficar com o macarrão com almôndegas. –fala Remus, sorrindo torto.

–Então meu namorado sabe sobre comida trouxa e eu não sabia desta informação?

O garoto lhe mandou uma piscadela ao chamar um garçom e fez o pedido. Esperando a comida, os dois começaram a conversar sobre seus novos trabalhos. Dorcas disse que está tendo muito mais trabalho no St. Mungus por muitos acidentes e danos mágicos em pacientes de tudo quanto é lugar. Remus, concordo, diz que, depois de muito tempo, conseguiu um emprego no Banco Gringots, fazendo negócios com o exterior. Quando a comida chegou, os dois comeram em silêncio, apenas comentando o sabor trouxa. Após terminarem, Remus pediu, para sobremesa, sorvete de limão e pudim.

–Hmm, isso é realmente bom. –falou Dorcas, saboreando o sorvete. Remus riu e a loira tirou uma mecha do cabelo de cima do rosto e olhou para o namorado, que comia o pudim, finalmente falando o que estava ansiando: - Eu nem acredito que James e Lily vão se casar amanhã. Parece que foi ontem que Lily disse preferir sair com a lula gigante em lugar do Potter.

–Ahh, claro. O tempo passa rápido, não é? –sorriu Remus. –E amanhã eles vão se casar e eu sou um dos padrinhos e estou aqui, em um restaurante com a minha namorada, tranquilamente.

–Ha Ha, você fala como se eu não fosse madrinha e estivesse consumindo seu tempo, no qual você deveria estar com James.

Remus riu novamente, balançando a cabeça, e pediu a conta. Depois de pagarem, eles deixaram a mesa e foram para fora do restaurante. Na frente do local, havia uma praça e o casal foi para lá, com a intenção de dar uma caminhada à luz do luar. Eles se sentaram em um banco embaixo da enorme árvore que havia no centro da praça.

–Você tem que ver o vestido de Lily, Remus. É simplesmente lindo. –disse Dorcas, deitando a cabeça no ombro do namorado. –Ela também me disse que James estava um pouco triste por eles não poderem se casar do jeito clássico, sabe? Em uma grande igreja, essas coisas. Lily falou que Moody julgou ser mais seguro para eles e para os convidados que a cerimônia seja discreta.

–Pois é. James acha que Lily não está feliz com apenas uma coisa simples. –concordou Remus, pegando na mão de Dorcas. –Por isso que eu acho melhor a gente oficializar o nosso namoro depois que a guerra acabar. Está arriscado demais ultimamente.

Dorcas se limitou a assentir movimentando a cabeça. Não queria discutir com Remus naquela noite, queria apenas aproveitar o momento perfeito em meio a todo aquele caos. A loira já estava prestes a propôr que Remus a levasse para a casa de Lily quando um ronco de um motor atravessou o silêncio da noite. Dorcas se pôs em alerta imediatamente.

–O que foi isso? –indagou ela, olhando para os lados.

–O que mais poderia ser? –murmurou Remus, se levantando e puxando Dorcas. –Vamos para um lugar mais discreto.

Eles foram até uma rua onde havia uma construção. A área estava vazia no momento, então Remus guiou a namorada para lá. Olhando para o céu, foi possivel ver uma forte luz se aproximando, junto com mais um barulho de motor. Remus fez uma careta no exato momento em que uma moto caiu perto deles. O propietário pulou de cima da moto, tirando o capecete e balançando os cabelos.

–Alô, alô, pessoal. –cumprimentou Sirius, colocando seu capacete embaixo do braço.

–Sirius, eu não sei se você sabe, mas os trouxas não estão acostumados com motos voadoras. –repreendeu Remus, mas deu um tapinha no ombro do amigo.

–Relaxa, Aluado. Os trouxas só vêm o que querem. –retrucou o outro, sorrindo maroto. Enfim, ele olhou para Dorcas e sorriu, dando um beijo na bochecha da amiga. –Já tiveram seu jantar romântico? Porque vocês dois estão atrasados. Lily vai cair dura se Dorcas não chegar em quinze minutos. Vamos embora, então, né? –disparou Sirius, já voltando para perto de sua moto.

–Ahn, Sirius? Que... que coisa é essa? –Dorcas perguntou sem se mover para seguir Sirius.

Sirius se virou para ela, inclinando a cabeça para o lado e com a testa franzida.

–Ora, isso aqui é uma Triumph Bonneville T120 1959. –a loira continuou com os olhos arregalados para o meio de transporte inovador de Sirius. –Está bem, é um Triumph Bonneville com alguns ajustes. –como Dorcas ainda o olhava estranho, Sirius voltou para perto dela, mordendo a lingua e revirando os olhos. –Eu sempre quis ter uma moto trouxa, mas não teria muita graça se fosse do jeito trouxa. Portanto, com um trabalho de muitas semanas, eu a ajustei para que ela voasse também. Ela é mais rápida que uma vassoura! –completou, ansioso e orgulhoso do próprio trabalho.

–Mas... você está querendo que a gente vá até à casa de Lily, montados... nisso ai?

–Assim você me ofende, Dorcas. –Sirius se apoiou na moto. –Ela não é tão ruim assim. Agora... poderiam subir, por favor?

Ele subiu na moto e deu partida, levantando uma sobrancelha.

–Oh, eu vou ter que colocar meus braços em torno da sua cintura? –pergunta Remus, indo para o lado da moto.

–Bem, ou é você ou a lindinha da Dorcas pode fazer o favor. -Remus fechou a cara para o amigo, mas subiu mesmo assim. –Só falta, loira. –Dorcas, hesitante, subiu atrás de Remus, o apertando com força.

–É, isso. Pode apertar, Dorcas, só não faz com que minha janta volte. –informou Remus, fazendo uma careta de alívio assim que a namorada afrouxou um pouco o aperto.

Depois de mais dois roncos, Sirius conseguiu fazer moto subir para o céu e conseguiu dominá-la com mais facilidade. As luzes da cidade passaram rapidamente sob eles e o vento batia com força nos rostos de Sirius e Remus, já que Dorcas afundou o rosto no ombro de Remus, não querendo observar a altura em que estavam, apenas sentindo os cabelos voando para trás. Quando a moto começou a desacelerar, ela ousou dar uma espiada.

–Dorcas, está pronta para saltar em alta velocidade? –a voz de Sirius gritou contra o vento.

–O quê?! –berrou a loira, olhando para baixo. –Sirius, não importa o que você tenha de fazer, mas você vai me deixar na soleira da porta dos Evans.

–Não a irrite, Sirius. –falou Remus com um tom divertido sob a risada-latido de Sirius.

A moto começou a descer no quintal da casa de Lily e aterrissou com um solavanco. A porta dos fundos se abriu e a Sra. Evans apareceu. Os três pularam na grama fofa e foram em direção à casa.

–Olá, Sra. Evans! –disseram os três ao mesmo tempo.

–Onde está Lily? –perguntou Dorcas dando um abraço na ruiva-mãe.

–Ahn, lá em cima com James e Lene. –respondeu Sra. Evans, ainda olhando torto para a grande motocicleta de Sirius estacionada em seu jardim.

Dorcas sorriu e seguiu os meninos para o quarto de Lily. Ao abrirem a porta, viram James setando junto a Lily na cama, lendo algum jornal enquanto a noiva mexia em seus cabelos. Do outro lado do quarto, Lene estava com os braços cruzados sentada em uma cadeira perto do gurda-roupa de Lily, ela levantou o olhar para ver quem havia chegado e deu um pulo.

–Meu Deus, que demora! Pensei que vocês iam chegar século que vem. –resmungou a morena.

–Feliz por finalmente me ver, Lene? –disse Sirius, abrindo os braços, a convidando para abraça-lo. Lene sorriu com escarnio e também abriu os braços, se aproximando de Sirius, mas mudando de direção e indo até Dorcas, abraçando-a com força.

–Ai, loira, que saudade de você! –murmurou Lene contra o cabelo de Dorcas, que retribuiu o abraço rindo da cara de Sirius.

–Eu também, morena. –respondeu, dando tapinhas nas costas da amiga.

Lene deu um beijo na bochecha de Remus e se virou para James e Lily.

–Agora a gente já pode ir, não é Lily? –indagou Lene, se sentando na ponta da cama.

Lily parou de mexer no cabelo de James e cumprimentou os recém-chegados, sorrindo.

–Vocês não vão me falar para onde estão indo? –indagou James depois de saudar os amigos, virando-se para a noiva.

–Assim como vocês também não falaram onde é a sua despedida de solteiro. –retrucou Lily, passando a mão no cabelo de James. –E eu ainda não acredito que Sirius não o levará para uma boate strip.

–Olha, eu nem sei para onde eles vão me levar. –argumentou James, entrelaçando suas mãos.

–Parem de melação vocês dois. Vamos logo, James. –pediu Sirius quase pulando de ansiedade.

–Peter já deve estar nos esperando. –completou Remus e, logo depois, ouviu-se uma buzina.

–Oh, deve ser Alice.

–Por favor, não a levem para um lugar com homens se vestindo de bombeiro sexys. –gritou James, agarrando ainda mais forte a mão de Lily.

–Me poupe, Potter.- riu Lene, puxando Lily escada abaixo.

Os três marotos ficaram um tempo no quarto de Lily até que Sirius deu meia-volta, saindo do quarto, os outros seguiram ele, parando no quintal.

–Lá vamos nós novamente.

–Sirius, Remus, vocês não vão me levar para uma boate, não é? –indagou James, subindo na motocicleta.

–Não prometo nada, irmão.

Sirius deu partida e eles decolaram para o céu noturno novamente.