Sirius desistiu de tentar abrir a porta ou convencer os amigos a soltá-los. Ele conhecia bem James e Remus. Sabia que não iriam ceder tão cedo e, além disso, as palavras de Lily eram firmes. "Vocês sabem o que queremos". Mas aquilo fora um golpe muito sujo.

O garoto olhou para o lado e, só agora, percebera que estava no armário de vassouras. Ok, preso um cubo minúsculo junto com uma morena mimada. É, a vida ainda pode melhorar. Sirius percebeu que em um canto ao seu lado, estavam livros empalheirados. Obra de Evans. Sobre os livros havia um pergaminho pequeno. Sirius esticou o braço e pegou o bilhete.

"Deposito esses livros aqui para lhes lembrarem que nós nos importamos com vocês. Se bem que se vocês realizarem o que queremos, saíram daí rápido e concluírem seus estudos. Mas, por enquanto, vão gravando matérias do N.I.E.M's. Não quero que sejam reprovados.

Desejando que não se matem,

Lily"

Sirius abafou uma risada e voltou a colocar o papel em cima dos livros. Alcançou um livro de DCAT e o abriu já que também não desejava ser reprovado.

–As principais vantagens de usar um fetição não verbal são... -As batidas na porta e os gritos de Lene ficaram mais altos, interrompendo a leitura de Sirius. -Marlene, você poderia parar, por favor? -disse Sirius, entredentes, mas Lene, parecendo não ter escutado, continuou batendo na porta e gritando maldições para quem quiser ouvir.

Sirius suspirou. Aquilo estava estranho. Irritado por não o deixarem estudar? Será que a doença nerd do Remus e da Lily é contagiosa? Ou é apenas uma TPM masculina? Enfim, que se importa?

–MARLENE! PARA DE SER TAPADA. ELES NÃO VÃO NOS SOLTAR. -gritou Sirius segurando os braços de Lene. A morena se debateu, mas no fim cedeu, porém sua expressão era assassina.

–Isso tudo tem dedo seu, não é Black? -ela perguntou, afastando as mechas de cabelo do rosto.

Sirius revirou os olhos e balançou a cabeça.

–Você realmente acha que, depois de seus ataques, eu gostaria de ficar aqui? -falou o menino, entediado e se sentando em uma cadeira velha. Lene cerrou os punhos novamente, mas não voltou a bater na porta. Sirius sorriu cínico e resolveu provocar. -Eu poderia estar me divertindo muito mais... Se é que você me entende. -Lene se virou para ele, fulminando-o com o olhar, e depois se voltou para as pilhas de livros ao lado dele. Ela abriu um sorriso psicótico, pegando um dos livros e jogando em Sirius.

–Você fica melhor calado, Black! -Lene murmurou enquanto Sirius massageava a testa, que foi o lugar onde o livro bateu. Lene se agachou e se sentou, ficando o mais longe possível de Black.

Eles se encararam por um tempo até Lene desviar o olhar.

–Seria bom se a senhorita me explicasse o motivo desse teatrinho. -Sirius, depois de minutos em silêncio, disse, chegando mais perto de Lene, o que não foi difícil já que aquela sala não era grande. Ele foi por trás de Lene e sussurrou em seu ouvido: -Eu sei que isso é um sonho para você. -Sirius sorriu ao ver que Lene se arrepiara e voltou a se sentar ao lado dos livros, arqueando uma sobrancelha para a morena, que virou o rosto, possivelmente corado, e abraçou os joelhos.

–Não é bem um sonho quando se trara de Sirius Galinha Black. -retrucou Lene por fim. Sirius a encarou com um careta e ela teve que reunir força para dizer o que estava a muito tempo preso: -Sabe, Sirius, eu realmente gostei de você. Era legal passar o tempo com você. Mas você, bem, mudou. E para pior. -Sirius abriu a boca para falar alguma coisa, mas Lene foi mais rápida. -Deixa eu terminar, pois você sabe que é verdade. Enfim, como eu ia dizendo, eu era uma garota apaixonada. -a voz dela falhou e Sirius a olhou com culpa. -Uma garota apaixonada pelo maior galinha de todos os tempos.

Lene deixou a frase no ar para que Sirius pensasse e, pela primeira vez, ela não hesitou em encara-lo. Acabara de dizer o que guardava e escondia por muito tempo e temia a resposta.

–Isso não explica muita coisa. -Sirius disse, voltando a ficar mais perto de Lene, esta não recucou, mas se limitou a olhar para os pés. -Por que nunca disse isso?

A morena respirou fundo para não dar um tapa em Sirius e voltou a encarar os olhos cinzentos dele, com uma súbita vontade de beijá-lo. Mas tudo isso era errado. Ela balançou a cabeça para afastar pensamentos e replicou a pergunta de Sirius:

–Deve ser porque você estava ocupado demais pegando uma qualquer enquanto eu ficava que nem uma tonta esperando alguma atenção sua. -Lene não esperava dizer tudo aquilo, mas simplesmente saiu e Sirius a olhou em choque. -Por favor, Black. Eu sei muito bem que você estava ciente dos meus sentimentos por você.

Sirius mordeu o lábio inferior, pensativo.

–Então, se você sente realmente isso, que tal darmos o que eles querem? -Sirius apontou com a cabeça a porta, julgando que os amigos estivessem ali, apenas tentando ouvir o que acontecia. Lene simplesmente afundou o rosto entre as mãos.

–É tão difícil entender, Sirius? -a voz de Lene saiu abafada. -Você não entende que eu cansei de esperar? Que cansei de aturar seu ego grande? -ela levantou a cabeça. -Eu não sou mais uma da sua lista, Black. -aquilo provavelmente era o carma por ter irritado tanto a Lily. E, agora, ela estava repetindo a mesma frase que a ruiva dizia para James.

–Lene... -Sirius tentou falar, mas Lene o fulminou mais uma vez com o olhar e ele esperou ela falar novamente.

–Acontece, Sirius, que além de você não ter me notado, fazer o que nossos queridos amigos querem é errado.

–Não entendi.

–Quer dizer que é errado te... te beijar.

Sirius ficou uma cara de acabara de levar um tapa. Sua cabeça tentava processar tudo. "Ok, primeiro ela fala que é apaixonada por mim. Depois, ela vem com essa de que não quer sentir meu beijo." pensou consigo mesmo enquanto encarava Lene.

–Me explique o porquê. -ele pediu com uma voz entediada. Afinal, Lene era sempre assim.

O queixo de Lene tremeu e ela hesitou em dar a resposta.

–É porque... eu reatei com Regulus. -Lene respondeu com a voz trêmula e a reação de Sirius não melhorou muito seu estado. O garoto se levantou rapidamente, se arrependendo de ter sentido culpa na história melancólica de Lene. Ele virou de costas para a morena e ficou murmurando coisas incompreensíveis a si mesmo. Lene pensou em se levantar também e tentar dizer alguma coisa a Sirius, mas o mesmo a impediu de fazer isto quando se virou bruscamente para ela.

–Hm, que bom para vocês. Sinceramente, você tem um péssimo gosto, Marlene. -ele disse dando de ombros e inda até a porta. -Acho melhor voltarmos a tentar sair daqui. -Lene ficou perplexa por um momento, mas acabou por ir até a porta também, mesmo confusa.

Bateram na porta, xingaram quaisquer seja a pessoa que estivesse do outro lado e tentaram se libertarem mais um vez. Mas em vão. A porta não abriria tão fácil nem se Merlin resolvesse ajuda-los.

–Desculpe, Mckinnon. Pela primeira vez, estou fazendo isso contra a minha vontade. -Sirius murmurou de repente e Lene pôde evitar que ele se aproximasse e lhe beijasse.

O beijo não foi o melhor de todos, pois, pensava Lene, que Sirius não demonstrava nenhum sentimento naquele beijo. E, como esperava Sirius, a porta se abriu e Lily, James e Remus apareceram sorridentes. Sirius e Lene se separaram rapidamente.

–Epa, vejo que vocês se resolveram. -James abriu um sorriso malicioso enquanto Lily e Remus trocavam um toque de mão. Mas ao verem as expressões de Lene e Sirius, o sorriso dos três despareceu.

–Ahn, acho melhor a gente correr. -Remus murmurou, arregalando os olhos. Dito e feito! Lá se foram Lily, James e Remus correndo pelos corredores seguidos por uma Lena raivosa e um Sirius furioso.