Suco de abobóra. Torta de maçã. Pudim. E tudo que há de bom. Esses foram os ingredientes escolhidos para mais um café da manhã esplêndido em um domingo nublado. Um dia preguiçoso.

James e Lílian eram os únicos do sétimo ano na mesa da Grifinória. Não pense besteiras, eles são apenas amigos. Bons amigos não fazem coisas pervertidas e sim trocam anotações para os N.I.E.M's, aliás, mesmo no mundo mágico, conseguir um emprego não é nenhum truque de mágica. Agora, naquele momento, Lílian estava tendo um mini ataque porque não tinha uma anotação da última aula de Feitiços, já que tinha feito uma passagem na enfermaria. Mas James, que já havia pegado com Lene, a passou o pergaminho da última aula antes que a ruiva terminasse se ataque de nervos.

Logo o Salão Principal estava ficando cheio. Sirius, Remus, Peter, Dorcas e Lene se sentaram junto com James e Lílian.

-OH MERLIN, ME ACUDA! -gritou Lene se sentando ao lado de Sirius e largando a bolsa do seu outro lado. -EU ESTOU VENDO ISSO MESMO?

-A ruivinha não está batendo no Pontas. -falou Sirius dramaticamente.

-Eles estão tendo uma conversa civilizada. O amor é lindo, não é Sirius? -perguntou Lene com sua voz doce e forçada.

Lílian revirou os olhos e corou levemente, mas voltou sua atenção para os livros, escondendo seu rosto vermelho. James franziu o cenho e deu um tapa no braço de Sirius.

-Nós não estamos namorando! -exclamaram James e Lílian uníssono, se entreolharam surpresos por terem falado juntos e depois completaram: - Somos amigos. Bons Amigos.

Os outros deram risadas pelo uníssono dos dois, mas depois de levarem tapas, pararam de gargalhar. Mesmo assim, Remus brincou sarcástico:

-Almofadinhas, se eles não estão desentupindo a boca um do outro é óbvio... -não chegou a completar a frase porque James se esticou só para dar mais um tapa no seu braço. -Ai, Pontas! Você vai deixar meu braço roxo!

James deu um sorriso de vitória.

-Essa é a intenção.

-Vai com calma, jovem. -falaram Sirius e Peter, rindo da desgraça alheia.

-Os próxi...

Lene interrompeu, entregando uma carta para Lílian.

-Ruivitcha, uma bela coruja me acordou hoje com essa bendita carta. Acho que é para você.

-Bem, se está escrito "Lílian Evans" é porque deve ser para ela, não acha? -ironizou Dorcas passando o papel vermelho para Lílian. Lene revirou os olhos.

-Ai, parem de brigar, vocês duas! -pediu Lílian já impaciente com as amigas e abriu a carta:

"Lílian,

Ainda duvido que uma coruja leve esta carta para você. Possivelmente chegara atrasada, mas tudo bem. Eu só quero lhe desejar feliz aniversário. Porque mesmo que eu não me misture com gente dessa laia, você é minha irmã. Enfim, espero que tenha gostado do vestido, acho que vai ficar lindo em você.

Espero que esteja bem. Até logo.

Petúnia."

Lílian franziu o cenho e os lábios, confusa, porém contente. Não é todo dia que recebe uma declaração de sua irmã. Dobrou a carta cuidadosamente e colocou dentro de um livro de Poções já que estava sem bolsa ou mochila. Ficou abobada por um tempo, mas logo voltou a realidade quando os amigos começaram a se levantar. Os Marotos foram na frente, Lene e Dorcas ficaram esperando Lílian.

-Acho que vou marcar um treino hoje. -falou James se espreguiçando.

-Ahn, mas Pontas, hoje tem lua cheia. -respondeu Peter, sussurrando a última parte enquanto olhava para os lados verificando se ninguém havia escutado.

-Ahh, é mesmo. -assentiu James agora conçando os olhos.

-Sono, Pontas? -perguntou Remus, sorrindo irônico, depois trocar um olhar cumplice com Sirius.

James assentiu mais uma vez e começou a procurar alguma coisa dentro dos livros que carregava.

-Ah, quem mandou acordar cedo para fi...- Sirius foi interrompido quando ouviram alguém chamando "Aluado, Aluado". Quando se chama um maroto, você automaticamente está chamando os quatro. Então, os quatro marotos se viraram e viram Lílian correndo atrás deles, com os cabelos ruivos balançando.

-Voltou a nos chamar pelos apelidos, Lílian? -perguntou Peter quando ela chegou perto deles.

Lílian sorriu e maneou a cabeça, fazendo um gesto com as mãos. Se lembrou o que fora fazer a ali e se voltou para Remus, pedindo para que eles conversassem a sós. Remus avisou que James não precisava ter cíumes e que logo voltava, Pontas murmurou alguma coisa do tipo "o que eu fiz para merecer isso, Merlin?" enquanto dava uma risada abafada. Lílian e Remus saíram do Salão Principal e andaram pelos corredores do castelo até se encontrarem sozinhos. Então, Lílian se colocou na frente de Aluado, impedindo-o de caminhar.

-Remus, eu andei pesquisando muitas coisas e acho que encontrei um forma de lhe ajudar.

Remus franziu a testa pelo tom sério que Lílian usara. Ficou em silêncio por um tempo, colocou as mãos nos bolsos da calça e perguntou:

-Me ajudar em relação a...

-Ao seu problema, ahn, peludo. -sussurrou a ruiva em resposta.

-AH NÃO! Não, não. Lílian obrigada pelas suas intenções, mas não há como ajudar. Já basta o que aqueles loucos dos meus amigos fizeram.

Lílian cruzou os braços e semicerrou os olhos, com indignação.

-Remus, pare de frescura. -ela pegou um pote dentro dos bolso da capa e mostrou ao amigo. -Não sei se lembra, mas quando Minerva me perguntou que carreira eu quero seguir, eu respondi que gostaria de ser medibruxa. Então, na semana passada, quando eu "passei mal", eu estava apenas aprendendo algumas coisas com Madame Pomfrey, com a permissão de Minerva, é claro. Enfim, Madame Pomfrey tocou no assunto de um acidente mágico, os lobisomens, e me passou um pergaminho com uma poção, a mata-cão, que é usada para que o lobisomem mantenha a consciência nas noites de lua-cheia.

Lílian recuperou o folego e estendeu o pote com poção para Remus. Ele assentiu devagar e desconfiado, mas pegou a poção das mãos de Lílian.

-Sim, mas, isso não vai me impedir de ser um monstro. -comentou Remus, sarcástico. Lílian jogou as mãos para o ar, pedindo paciência a Merlin.

-Aluado, você não é um monstro. É uma ótima pessoa, o primeiro maroto que consegui suportar. Você só tem alguns problemas que, infelizmente, não pode ser curado. Agora, por favor, tome esta poção hoje e se tiver resultado me fale eu tenho mais outros potes para a semana do ciclo.

-Obrigada, pequena ruiva. -Remus sorriu torto e abraçou Lílian por ela conseguir ver sua beleza interior.

***

Remus saiu do castelo e logo avistou os seus amigos embaixo da árvore, propriedade dos marotos. Caminhou até eles e se sentou ao lado deles. James e Peter estudavam. Sirius apenas admirava as montanhas no horizonte.

-Almofadinhas, se você quer ser auror, trate de estudar! -exclamou Remus, anunciando sua presença, jogando um livro no colo de Sirius.

-Ai, Aluado, ficou tapado? -indignou-se Sirius pegando o bendito livro. Remus sorriu enquanto Peter e James zoavam com Sirius. -Mas, enfim, o que a nossa ruiva queria? -perguntou Almofadinhas olhando malicioso para James, que semicerrou os olhos na menção de "nossa ruiva".

Remus deu risada e contou-lhes sobre a poção que Lílian fizera.

-É, a ruiva é demais. -disse James depois que Remus terminou, se encostando no tronco da árvore. -Almofadinhas que doou a saliva de cachorro?

Peter e Remus deram risada. Sirius revirou os olhos e deu uma tapa na nuca de Pontas.

-Haha. Que graça. Chega até doer.

Riram mais um pouco até que Sirius também começou a rir junto.

-Mas eu tenho uma outra graça para contar. -anunciou James, voltando a se curvar para frente. Seus amigos olharam para, dando a entender que são todo ouvidos. Então, James prosseguiu e contou sua mini-marotagem. Os outros -sim, até Remus - concordaram na hora em participar do plano.

-O que eu tenho que fazer, Pontas? -perguntou Peter, animado com a marotagem.

-Bem, você e Aluado atraem Ranhoso até o segundo andar enquanto eu e Almofadinhas arrumamos nossa surpresa. -respondeu James esfregando as mãos uma na outra.

-Esse é o verdadeiro Pontas! -animou-se Sirius, dando tapinhas nas costas de James. -Estou orgulhoso de você.

***

Remus e Dorcas andavam abraçados e tranquilos pelo castelo. Conversavam animadamente sobre a próxima visita ao povoado vizinho. Uma revista informara que a Zonko's estava com produtos novos e isso deixou os bruxos de Hogwarts ansiosos para experimentar as novas maravilhas que a loja mais querida tem a apresentar.

Aluado já havia feito sua parte no miniplano de Pontas, agora era só esperar os gritos de Snape. Que logo vieram, mas não era bem o que esperava, já que os gritos virem de uma ruiva esquentada.

-POTTER, BLACK, VENHAM JÁ AQUI!

Dorcas e Remus olharam para trás e então viram dois marotos vindo na direção deles. Pararam quando alcançaram o casal e logo depois Lílian virou o corredor, vermelha de raiva. Dorcas deu uma risada e perguntou:

-O que as pestes aprontaram?

Os olhos de Lílian faiscaram na direção das pestes e suspirou, cerrando os punhos.

-Eles fizeram o favor de pegar um peça com o Ranh... ahn... Snape.

Remus, James, Sirius e Peter (que acabara de chegar) se dobravam de rir.

-Ah, Lily, fizemos um favor ao Ranhoso. -disse Peter em meio as risadas.

-Sim, demos um charme ao cabelo dele. -completou Sirius, se apoiando em James.

-O CABELO DELE ESTÁ ROSA! -exclamou Lílian. Ela percebeu no que acabara de falar e abafou uma risada. -Está bem, está bem. Sem detenções dessa vez. Esperava mais de você, Pontas. Tsc Tsc.

-Ah, lírio... -James jogou seu charme.

-Acho melhor Evans... -provocou Lílian, brincando. -Tsc Tsc, James, pensei que tivesse mais maturidade.

Sirius e James se aproximaram de Lílian e deram um beijo de cada lado de bochecha da ruiva e depois saíram correndo, ainda rindo.

***

O céu já estava ficando roxeado. A noite estava chegando, trazendo junto a lua cheia. Os marotos, Lílian e Dorcas estavam na sala comunal, jogando conversa fora até dar a hora dos meninos terem que sair.

Sirius observou em volta e perguntou:

-Ahn, cadê a Lene?

Os outros também correram o olhar pela sala comunal e encolheram os ombros, sem resposta.

-Hm, é mesmo. Não a vejo desde o café da manhã. -concordou Dorcas, deitando a cabeça no ombro de Remus.

Ficaram mais um tempo ali em meio de conversas banais até que Remus anunciou que era melhor já irem. James foi até o dormitório e pegou a capa de invisibilidade. Logo, depois de muita insistência de Dorcas que queria ir junto e conseguirem convence-la a ficar, os marotos já estavam andando pelos corredores do castelo, invisíveis e apertados, já que não tinham mais 13 anos. Pararam quando chegaram a grande porta de entrada, espiaram e viram Filch fazendo guarda. Os marotos sempre têm um plano. Peter pegou alguma coisa no bolso e atirou no fim do corredor. Ocorreu um pequeno barulho, como se fossem várias pessoas conversando, e depois uma explosão inofensiva. O suficiente para que Filch corresse e procurasse a origem do barulho. Então, os meninos correram sorrateiramente até o lado de fora do castelo. Remus mantinha uma das mãos dentro do bolso da capa, onde estava a poção mata-cão.

-Você vai tomar a poção, né? -perguntou James num tom quase inaudível.

Remus assentiu com cabeça e eles continuaram a andar até o Salgueiro Lutador, onde Peter se transformou na forma animaga e foi até nó, fazendo os galhos do salgueiro pararem de tentar assassinar os meninos. Sirius ficou dando cobertura enquanto os amigos estravam e depois foi logo ao alcanço deles. Chegaram no "quartinho da transformação selvagem do Remus" (palavras de Sirius) e se sentaram no chão. Aluado começou a sentir anormal e olhou para janela, a luz da lua cheia iluminou seu rosto. James e Sirius fizeram com que Remus tomasse rápido a poção e depois se transformaram em um cervo e um cachorro grande, respectivamente.

Sem incidentes. O efeito da poção foi divino.