Don't cry, I'm here.

Trafalgar mal entrou na cozinha da casa e foi atacado por um labrador de pelo marrom que, depois de derrubá-lo e fazer seu chapéu voar longe, começou a lamber todo seu rosto.

- Chopper! – Nami repreendeu – Esse é Trafalgar Law e é nossa visita. – Chopper latiu e saiu correndo para o quintal dos fundos – Desculpe, me esqueci de trancar a porta que dá para o quintal. – Law se levantou e sentou numa das cadeiras, ao lado da mola.

- Parece o Bepo.

- Bepo?

- Meu refinadíssimo vira-lata. – A jovem riu um pouco e pegou o boné esquecido no chão.

- Tome. – Deu um guardanapo para o moreno, que aceitou – Esse chapéu é mais quente que eu esperava. – Comentou depois de colocar o boné – Como você aguenta ficar o dia todo com ele?

- Você quem fez? – Ele perguntou apontando para um mapa do bairro em cima da mesa, perto de uma fruteira entupida de laranjas.

- Sim. Sempre gostei de desenhar mapas. – Sorriu com os olhos brilhando – Um dia, irei viajar pelo mundo todo e mapeá-lo!

- Belo objetivo. Você é boa no que faz.

- Não é apenas um objetivo, é um sonho de infância. – Calou-se por alguns segundos, como se pensasse – E você? Tem algum sonho?

-... Quero ser médico. – Respondeu ele.

- É? Que tipo de médico?

- Cirurgião (Dãã). – Ergueu a mão até a cabeça dela e pegou o chapéu de volta.

- Ah, eu gosto de usar seu chapéu. – Nami fez beicinho, fazendo Law rir.

- Compre um pra você.

- Mas eu gosto do seu. – Continuou fazendo bico.

- Exatamente, esse é meu. Arranje um para você. – Ela bufou em resposta.

-... Ele também usa um chapéu. – Murmurou com tristeza – Um chapéu de palha.

- Nami-ya, você não acha melhor conversar logo com Mugiwara-ya?

- Não sei se tenho força suficiente para encarar Luffy. – Admitiu, deprimida – Nem sei como consegui sair daquela escola de cabeça erguida.

- Ficar remoendo isso não vai ajudar em nada.

- Você já pensou em ser psicólogo? – Trafalgar riu da loucura da pergunta – Não, sério, você ia ficar rico rapidinho! Imagine quantos berris você ia conseguir! – Exclamou, esquecendo momentaneamente o seu problema conhecido como Boa Hancock.

- Estou indo bem, hein? Já descobri que você ama mapas e dinheiro, tem um labrador com o nome de Chopper e é viciada em chapéus.

- É, e eu só sei que você quer ser médico, tem um cachorro chamado Bepo e gosta de bonés extremamente quentes.

- Então estamos quites.

- Acho que sim. – Suspirou – Eu... Estou com medo.

- Do Mugiwara-ya? Da Boa-ya? De ir para a escola?

- De ficar sozinha de novo. – Law tomou um choque com essa confissão. De solidão ele entendia, havia crescido num orfanato, e seu único amigo, que estava mais para rival, era Eustass Kid, um ruivo tão irritante quanto Nami.

- De novo?

- Já fiquei sozinha muitas vezes. – Ela iria chorar, mas não queria fazer isso. Queria apenas esquecer. Esquecer Luffy, Hancock, o pessoal fofoqueiro da escola...

- Sei como é. – Traffy comentou – Vem cá. – Levantou-se a cadeira e estendeu um doa braços, chamando-a para um abraço que não foi recusado.

- Você está sendo meu herói, Law. – A jovem sussurrou.

- Nami-ya, eu não sou um herói. – Trafalgar devolveu no mesmo tom – Sou apenas um futuro médico apoiando uma futura geógrafa.

- Obrigada. – Saiu dos braços dele – Vamos ver um filme?

- Depende do filme.

- Pode ser "Sr. e Sra. Smith"?

- Comédia romântica? Se não tem outro.

- Tem outro sim, mas eu quero esse. – Mostrou-lhe a língua.

- Ruiva irritante. – Law de seu sorriso característico.

- Rei dos Sádicos. – O filme começou, os dois sentaram no sofá e Nami repousou sua cabeça no ombro de Trafalgar, que, por sua vez, passou o braço em volta dela – Agora eu sei por que sai da escola de cabeça erguida, Law.

- Por quê?

- Porque você estava lá, me apoiando. De novo, muito obrigada, Law.

-... De nada, Nami-ya. – O casal volta sua atenção para o filme.