Devaneios De Uma Noite Calma De Outono escrita por Guilherme Emilioreli


Capítulo 1
Devaneios de uma Noite Calma de Outono




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Estava eu, deitado em minha cama. Um silêncio digno de um funeral se apoderava do quarto, até então ocupado somente pelo meu ser e por meus pensamentos. Então, ouço o som de alguns poucos passos. Um som que se aproximava de mim, cada vez mais, até se silenciar por completo. Alguém se deita ao meu lado. Por um momento, penso ter percebido uma sombra, provavelmente feminina, caminhando em direção à minha cama. Sinto seu corpo comprimindo-se contra minhas costas, seu rosto colado à minha nuca.

O silêncio era absoluto. Eu conseguia perceber e sentir cada momento da respiração tensa dela. Ambos estávamos sem camisa. Sua perna direita apoiava-se por entre as minhas, colocando-me em uma situação um tanto quanto agradável, creio eu, que para ambos. Então, ouço sua voz chamando por meu nome, de modo tão doce e envolvente, que por pouco, não me perco em suas palavras.

- Jellal, seu perfume e indescritível... Sempre que chego a senti-lo, quase me perco em meio aos meus pensamentos, sobre você, sobre nós, sobre tudo...

Então, percebo que ela continuava a sentir aquele odor que, para ela, me caracterizava. Atento à sua respiração constante, como se, o motivo pelo qual ela conseguisse viver, fosse o simples cheiro que deixava meu corpo, consegui entender tudo. Fora a única mulher que conseguira tal feito.

Erza Scarlet conseguia, de algum modo, me inutilizar, me fazer achar que eu nunca conseguiria sair daquele lugar. Daquela cama. Daquele quarto. E eu, simplesmente, me submetia àquelas frequentes situações em que, agora, dia após dia, eu era colocado de tal forma a parecer até parte de um pesadelo. Um pesadelo no qual tudo aquilo terminaria, tal como começou: por um acaso no qual não conseguia descrever o porquê, nem quando, ou sequer como, aconteceu.

- Se eu pudesse, faria o possível para que nada disso terminasse. Para que ficássemos aqui. Juntos. Para sempre.

Então, como uma maldição pelo uso de tais palavras e pelo simples fato de pensar em algo tão desagradável como um pesadelo, comecei a sentir aquele cabelo, de tom vermelho escarlate, se afastando de mim, o qual era digno de um cheiro tão bom para mim, quanto o meu era para Erza. Ela se afastava, quase como se debatendo, lutando para continuar a meu lado, como se eu fosse tudo o que ela queria. Mas nada podíamos fazer para impedir aquilo.

Acordo de um salto, suando frio, sozinho em um quarto escuro. Então percebo que aquilo não passava de um mero sonho. Um sonho traiçoeiro, no qual começava de um jeito ideal, do qual ninguém teria a audácia de querer acordar. Porém, se tornava um de meus piores pesadelos. Aquela era mais uma noite em que eu veria o nascer do sol. Uma noite, na qual eu tinha certeza de que não iria dormir. Aquele era meu pior pesadelo, que se repetia, em todas as madrugadas.

Mas, como qualquer coisa que possua algum tipo de existência, também tinha sua parte boa. Eu conseguia, mesmo que por alguns instantes, senti-la. Eu podia ouvir sua voz, e voltar àquela época em que éramos tão íntimos. Aquele tempo em que eu ainda podia senti-la e tocá-la. Àquele tempo em que eu ainda vivia.


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