POV. Mile

O trajeto até a casa de Julie foi, digamos... Tenso.

Eu tentava me concentrar em qualquer coisa que não fosse o garoto lindo ao meu lado. O engraçado era que Adrian segurava tanto o volante que seus dedos estavam ficando brancos.

__Chegamos! – Ele anunciou me despertando do meu transe

__Hm, eu tenho uma duvida – Olhei para ele – Como você vai abrir a porta? Que eu saiba a Julie não te deu uma chave

__Elementar meu caro Watson, - Ele sorriu, mostrando suas covinhas – Eu sou amigo de Julie Evans a muito tempo, então, digamos que eu sei que ela esconde uma chave extra na varanda. E digamos que eu sei onde fica.

Assenti com a cabeça e depois de Adrian pegar a chave, entramos na casa.

Adrian me guiou até o quarto de Julie e me mostrou como se funcionava o computador. Depois ele saiu fechando a porta, dizendo que era para a minha privacidade. Vai entender!

[...]

Eu estava digitando no computador super rápido de Julie ~ironia exalando dos poros~ quando escuto um barulho. Me virei e me arrependi na mesma hora, era um fantasma. Dessa vez o mundo esquisito dos fantasmas tinha se superado me trazendo um cara SEM CERÉBRO!

Ah como a vida é linda!

Enfim, eu me virei para a tela do computador novamente fingindo que não estava ouvindo os "gemidos" daquele fantasma escroto. Por que todos não podem ser como o Rayn?

Porém minha tentativa foi em vão ao ve-lo se aproximar de mim. Ele começou a derrubar coisas no caminho, um modo bem sutil de chamar a minha atenção.

Comecei a ficar assustada e me levantei de supetão derrubando a cadeira onde eu me encontrava.

__Me ajude garota - Ele murmurava essas palavras durante todo o trajeto até que estivesse bem a minha frente. Comecei a suar frio, mesmo sabendo que os fantasmas não podiam tocar nas pessoas.

O quarto ficou silencioso por um momento, pude ouvir minha respiração acelerada, e o suspiro meio darth vaider que ele dava. Fantasmas podem suspirar?

__ME AJUDE! - Ele gritou num rompante e se jogou em cima de mim. Obviamente ele me atravessou, o que foi muito incomodo, porém eu não percebi esse fato e dei um grito muito, muito alto.

Sai correndo para a primeira porta que eu vi e percebi que era um banheiro. Tranquei a porta e deslizei de costas na mesma até o chão.

Senti alguma coisa em meu rosto e percebi que lágrimas silenciosas e salgadas escorregavam de minhas bochechas. Me levantei e ergui meu rosto, vi o meu reflexo no espelho: Uma garota assustada, cansada, com os olhos vermelhos e cabelo emaranhado.

Comecei a soluçar; eu não queria nada disso para mim, não queria ver esses fantasmas estupidos, não queria ter que ajuda-los só para sairem da minha vida.

Olhei para a pia de marmore e algo me chamou a atenção. Uma tesoura. Daquelas pequenas para cortar o cabelo.

Com os dedos tremulos, peguei a tesoura e o metal gelado em minhas mãos me deu uma sensação de alivio. Toquei a ponta da tesoura em meu pulso e abri uma linha fina. O sangue começou a sair em pequena quantidade já que o corte fora superficial.

Ouvi batidas violentas na porta. Ignorei aquilo, eu estaria segura, o fantasma não iria me pegar. Quando fui investir novamente no corte ouvi um barulho muito alto e eu gritei novamente.

POV. Adrian

__VAI PORRA! - Eu estava tentando não morrer, mas o Mario não estava colaborando.

Provavelmente eu quebraria o controle de videogame de Julie Evans e ela me enforacaria vivo.

Mas quem liga quando voce está ganhando no Mario Kart?

Quando completei a ultima volta, comemorei internamente. Mentira, eu comecei a pular feito um maluco mesmo.

Eu sabia que Mile estava no andar de cima, por isso não gritei muito alto. Se ela viesse e me visse daquele jeito, bom, seria constrangedor.

Me sentei satisfeito e comecei a procurar outros jogos para eu vencer por que, eu sou foda. Parei o que eu estava fazendo quando ouvi um grito arrepiante e horrorizado vindo do andar de cima e soube que alguma coisa estava errada.

Subi correndo, tropeçando em alguns degraus por que sabe, a minha cordenação motora é excelente.

__Mile? Voce esta bem? - Bati na porta do quarto de Julie e não obtive resposta.

__Mile?! - Bati mais forte e ninguem respondeu. Tentei abrir a porta e incrivelmente, estava aberta.

__Milene? - Não havia sinal dela e comecei a ficar preocupado. Olhei assustado em volta e percebi que a porta do banheiro estava fechada. Bati na porta chamando Mile mas, se ela me ouviu, não quis responder.

Tentei abrir a porta mas a mesma estava trancada. Investi com mais força praticamente berrando o nome de Mile, mas ninguem respondia.

Certo, eu parecia um idiota.

Acabei por desistir, achando que aquele grito tinha sido algo da minha cabeça, porém, quando estava na porta do quarto quando ouvi um barulho. Vindo do banheiro.

Corri novamente até a porta e dessa vez, chutei o trinco com toda a minha força.

__MILENE HASTINGS! ABRE ESSA PORTA OU EU VOU ARROMBA-LA!

Como não obtive resposta e eu ja estava quase tendo um AVC, desci o pé naquela bagaça e ela se abriu com um estrondo.

Olhei apressado para todos os lados e encontrei Mile com os olhos arregalados de pavor. Cheguei mais perto para conforta-la até eu notar algo em suas mãos.

Ela seguiu o meu olhar e abaixou a cabeça, envergonhada.

__Mile, o que... o que é isso na sua mão? - Perguntei com minha voz tremula

Ela largou a tesoura, caindo de joelhos no piso frio, soluçando compulsivamente.

__Eu não quero ver esses fantasmas Adrian - Ela falou assustada.

Me agachei rapidamente na sua frente e ergui sua cabeça.

__Ei, olha nos meus olhos. Você não está sozinha Mile, eu estou bem aqui. E não vou a lugar nenhum– Dei um sorriso fraco para ela.

Ela começou a soluçar mais ainda e me abraçou forte. Senti minha camisa encharcar, mas não liguei.

Me afastei um pouco e peguei de leve em seus pulsos. Um tinha uma linha fina onde, supreendentemente saia muito sangue. O outro não possuia nenhum corte o que me fez suspirar aliviado por ter chego a tempo.

Segurei ela pelos cotovelos, levantando-a delicadamente enquanto ela ainda tremia um pouco.

__Não quero ir lá! – Se encolheu, olhando para a porta – O fantasma ainda está la Adrian

__Relaxa ok? Eu te protejo – Passei meu braço em volta de seus ombros e fomos caminhando lentamente em direção a porta do quarto.

Coloquei ela sentada no sofá e fiz um chá para ajuda-la a se acalmar. Depois de mais calma, eu percebi que seu corte ainda estava escorrendo e consequentemente, manchando o sofá. Julie Evans vai me matar!

__Vai ligar pra quem? – Ela perguntou quando me viu com o telefone na mão

__Ambulância – Falei como se fosse óbvio – Seu corte pode ter sido superficial, mais ainda sim foi bem feio

Liguei para a emergência que avisou que logo estaria aqui. Ela abaixou a cabeça.

Dei um pano para estancar o sangramento e me sentei ao seu lado.

__Voce já fez isso antes? – Falei baixinho já que não conseguia fazer essa pergunta em voz alta

Ela apenas assentiu, ainda com a cabeça abaixada. Meu coração se apertou, mas ignorei aquilo.

__Me desculpa Adrian – Ela murmurou também

__Ei, você não tem que se desculpar de nada okay? A Julie já ta louca com um fantasma, imagine com vários! – Falei dramaticamente e ela riu fraco.

Mile olhou para a TV onde ainda anunciava que eu havia ganho o jogo.

__Você é bom, nunca consegui passar nessa pista

__BOM? – Coloquei a mão no peito indignado, eu tinha que distrai-la de alguma maneira – Eu sou ótimo!

Ela riu.

__Ah ta bom então, senhor "eu sou fodão"!

Foi a minha vez de rir e Mile me acompanhou.

__Tudo bem, já que você duvida das minhas habilidades, vou ter que te mostrar como se joga!

Cliquei em reiniciar e comecei a jogar. Se dependesse de mim, aquilo nunca mais aconteceria com Milene Hastings.