A Riddle escrita por petit_desir


Capítulo 11
TEXAS III




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Meu quarto ficaria no sótão. Era longe do quarto das meninas e era mais silencioso do que o resto da casa. Ele havia sido pintado de branco recentemente, para minha chegada. Todos os móveis haviam sido retirados, aqueles que costumam ficar encostados. Eu coloquei minhas roupas, as poucas que tinham, na cômoda. Os recortes de jornais que tinha guardado na última gaveta. Havia a foto que o orfanato tinha dos meus pais, os documentos, todas as coisas. No canto do quarto havia um baú, onde em cima tinha um toca discos e um rádio pequeno. Ao lado, havia colocado os poucos LP’s que havia trago e os CD’s. Não havia muitas coisas. A grande maioria, havia ficado guardada na casa de Ray. Aqui em cima tinha cheiro de sândalo. E tinha três grandes janelas, que pelas quais, o sol entrava forte. Minha cama de solteiro ficava na frente de uma delas, na do meio para falar a verdade. Quando dormia até tarde, acordava com o sol queimando meu rosto.

Eles eram ricos, tinham uma casa boa e uma grande fazenda. Mas, eles eram simples. Algo me dizia que Bess havia herdado tudo. Juan era um mexicano perdido. Ela não. Por mais que tivesse sido desgastada pelo tempo, tinha cara de quem havia sido cuidada. A caminhonete do lado de fora da casa enganava também. Eu sempre achei que eles tentavam encobrir alguma coisa, pelo menos, era o que eu achava até ter a confirmação. Não importa como, todo mundo em uma cidade pequena sempre vai saber da sua vida. Aqui todos sabiam da deles e eu, futuramente, também soube.

Naquela tarde em especial, qual eu arrumava meu quarto, lembro de ter usado meus poderes depois de muito tempo sem. Na poltrona que havia perto da porta, lembro-me de feito a imagem de Ray. Ele estava sentado, olhando através da janela. Ray sempre teve o olhar mais sereno que já conheci. Ele estava com calças jeans, camisa xadrez e all star. O cabelo ainda era raspado. Ele só deixou o black power crescer depois dos 18. Ele sorriu para mim e eu sorri de volta:

- Olá, Negão.
- Olá, Branquelo... – Ele respondeu. Depois de alguns segundos, eu havia me sentado na cama e eu conversava com minha ilusão. A falta que Ray fazia era terrível. Depois disso, ouvi passos perto de minha porta. Era Bess. Ela bateu e depois pediu para entrar. Fui até ela, fazendo antes que Ray desaparecesse.
- Você tem celular? – Ela me perguntou.
- Não, por quê?
- Com quem falava?
- Sozinho...
- Ah...- Ela olhou para o próprio avental. – Se tiver... gostaria que não usasse perto das meninas. Elas não tem, nos infernizaram por um... – E sorriu, olhando-me com seus olhos sempre tão afáveis.
- Certo.
- Alex, como você se mantinha em NY? Nos falaram que morou na rua, desde os 14 anos... – Ela caminhou até a cama, onde eu estava antes.
- Ilusões.
- O quê?
- Eu era um bom mágico. Isso me sustentava. Me dava comida, pagava minha pensão e minhas roupas.
- Mas, como aprendeu.
- Digamos que é um dom natural. – Eu havia me afastado dela, indo até meus LP’s. Os analisava impaciente.
- Pode me mostrar algo....?
- Claro.

Eu caminhei até ela, e peguei dentro do avental uma semente. Era de árvores. Ela andava com aquilo sempre para lá e para cá. Eu chamei sua atenção com meu dedo e abri a palma da mão, com a semente no centro.

- Olhe... – E fiz com que a semente germinasse, depois crescesse... Então, florescesse e frutificasse. Isso durou cerca de dois minutos. Seus olhos brilharam ao ver a “mágica” diante de seus olhos. Para minha grande sorte, Bess era uma ignorante. Seu marido também. Jamais suspeitariam que eu era um mutante. Meus poderes eram simplesmente mágicos e nada mais. Ela ainda olhava apaixonada para a árvore, diante de si. Então, eu arranquei uma maça e entreguei à ela... “Prove”. E ela ao morder a fruta, a mesma desapareceu e em sua boca apenas surgiu a semente que antes eu havia pegado dela. – Ganhava dinheiro assim.

Ela sorriu e saiu do meu quarto. Segundos depois, Ray reapareceu e riu comigo.


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