Belford escrita por Paulo Paixão


Capítulo 1
Piloto




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Paulo Henrique dava passos decididos em direção ao auditório do Colégio Belford. Finalmente ele conseguira realizar seu sonho de fazer um segundo coral na sua escola; um coral que aceitasse homens e que fizesse com que ele ganhasse reconhecimento. Ele é um cantor sem igual e merecia ser ouvido, assim imaginava a si mesmo.  Ele passou os seus dois primeiros anos do ensino médio concentrando-se em ter nota suficiente para ser aprovado para o ano seguinte; em manter-se popular, sendo convidado para as festas; em estar no time de futebol, sendo claramente um jogador medíocre e em tentar criar esse coral. Agora que era seu ultimo ano na escola e que finalmente era possível concretizar seu plano ele não deixaria nada desviá-lo do caminho para a glória.

Paulo entrou no auditório, cumprimentando rapidamente os que chamavam por ele no caminho. O auditório estaria vazio se não fosse a presença de duas mulheres que conversavam próximo ao palco. Uma delas era Emanuelle, que lecionava inglês e era uma das mais ternas professoras do colégio.  Quando Paulo contara-lhe sua ideia de formar um coral novo, ela adorara e o apoiara desde o inicio e, quando souberam que seria necessário um docente para ser responsável pelo coral, ela mostrara-se a única opção. A outra mulher chamava-se Flávia, que era a treinadora do time feminino de vôlei e do coral que já existia, este um coral feminino que já havia sido por duas vez classificado para o campeonato nacional. Se ter conseguido a autorização para um segundo coral foi um processo demorado, certamente fora por causa dela. Não havia motivo nenhum para ela estar ali e definitivamente ela não tinha com boas intenções.

-O que você está fazendo aqui?  - perguntou Paulo a Flávia, ignorando completamente que ele poderia ser suspenso por falar assim com um professor

-Minha TV quebrou, e eu queria rir um pouco...

-Mandaram-na aqui para aconselhar na escolha dos membros- Interveio Emanuelle
-Como assim? Por quê?
-Você provavelmente se lembra de que eu sou uma autoridade no assunto, liderei por dois anos seguidos um grupo de garotas que foram pras nacionais
-Mas você é nossa concorrente.
-Não, só é concorrência se houve competição – Disse Flavia calmamente sentando-se na poltrona mais próxima – e isso meu caro, será um banho de sangue, quer saber o por quê?
Paulo só ficou calado. Emanuelle queria dizer algo, mas tudo que passava pela sua cabeça era que provavelmente Flavia havia ensaiado aquele discurso a semanas.
-Você nem ao menos tem um time, só cinco pessoas se inscreveram pro “teste” – ela fez as aspas com a mão – ou seja, contanto com você, garoto coral, vocês são seis e precisam de doze membros para participar de uma competição. E essas pobres almas que estão tão desesperadas por atenção que se jogam nesse navio destinado ao naufrágio que vocês piedosamente chamam de coral são meninas que eu não aceitei no meu grupo, ou são meninos eu na verdade queriam ser meninas as quais eu também não aceitariam no meu coral – quando ela finalmente parou de falar Paulo ia falar algo, mas foi interrompido – querem um conselho? –Não! Mas ela não se importava – Você é medíocre em tudo que faz garoto, então por que não se contenta com isso? Tem funcionado até agora, não tem? Então por que não voltar atrás em vez de por toda a sua popularidade a perde pra daqui a quatro messes perder a competição? E você? – ela se voltou para Emanuelle – A mediocridade também funciona pra você, por que você não para de fingir que se importa e volta a dar suas aulinhas enquanto todos esses adolescentes ficam mexendo nos IPhones Twitando sobre quão chata é a vida deles?
-Agora chega! – Emanuelle não gritou, mas sua voz beirava isso – Você está aqui para nos aconselhar, por isso eu ainda não pedi para se retirassem, devemos começar os testes agora.
-Não precisa pedir- disse Flavia se levantando – Minha TV não quebrou e mesmo se tivesse eu tenho outras 12 – Ela se virou e quando estava quase na saída – meu conselho, aceitem todos – e finalmente saiu do auditório.

Os testes foram bons; o primeiro foi de uma primeiranista chamada Melissa, uma menina qu parecia uma criança que havia se perdido dos pais de tão pequena que parecia na imensidão do palco, mas quando começou a cantar ela dominou a situação com uma voz poderosa; O segundo teste foi o de uma secundarista chamada Monique que é o oposto da Melissa, uma mulher negra e grande, mas que também foi impressionante na apresentação; o próximo foi de um secundarista esquelético chamado André que possuía uma voz quase feminina; depois foi a vez da secundarista Isabel que não foi lá muito bem, parecia retraída com um pouco de medo; mas foi o ultimo teste que perturbou Paulo
-Olá – disse garoto grande de feições indígenas ao chegar ao centro do palco – Meu nome é Caio Paraguaçu e eu vou cantar Just One of the boys – ele se virou pra banda, acenou com a cabeça e eles começaram a tocar.
A performance foi incrível, Caio não só sabia tocar como se movia no palco e interagia com a banda, os garotos da banda até cantaram em coro alguns “Just One of the boys” e “One of the boys”.

Caio começava a se sentir mal, ele já estava na Belford há uma semana e não havia falado muito com ninguém. Há dois meses ele recebeu o e-mail que confirmava a aprovação dele no sistema de bolsas de estudo, então ele saiu do Maranhão e foi para São Paulo estudar numa escola esnobe, ele sabia que não seria o senhor popularidade, mas não imaginava que as coisas seriam tão ruins. Ele tem dois colegas de quarto, um deles adora falar sobre se mesmo na terceira pessoa e o outro não parece muito atento a nada. Na sua sala de aula ele só fala com duas pessoas, uma garota que ele tem a impressão que gosta dele e um cara que não é o que pode-se chamar de poço de inteligência. Como bolsista ele tem que fazer pelo menos três atividades extras, então ele se inscreveu no clube de debate, no vôlei e no coral; Mas nem nessas atividades ele conseguiu fazer amizades, o pessoal do debate leva as coisas muito a serio, ele é o único novato no time de vôlei e os veteranos não parecem gostar de novatos, no coral que parecia a atividade mais interessante mostrou-se a mais chata, ele fica sentado ouvindo o Paulo e a Melissa cantarem, quando mais ele aquece a voz. Eles dois vem trabalhando na musica Os Outros do leoni.
Caio estava na sala durante o intervalo, estava sozinho, todos haviam decido para o pátio para assistir a performance do Elite Voices, o coral feminino que seria rival do coral que ele participa, ele queria descer e para ver isso, mas da janela daria pra ver perfeitamente. A banda começa a tocar e ele percebe quão intimidador é o grupo rival, uma garota loira cantava shampain da Marina and the Diamonds enquanto o coro fazia uma coreografia bem elaborada.
- Elas são boas, não?
Caio se virou e viu um garoto loiro, alto e com um sorriso que o deixou bobo entrando na sala, se aproximando dele, ele tentou afastar qualquer pensamento referente ao garoto que se aproximava dele.
- Você não é da cidade, é? – disse ele olhando pela janela ao lado de Caio.
- Não e você só sabe fazer tag questions?
O menino riu
- Meu nome é Marcos – Disse estendendo a mão
- Eu sou o Caio – apertando a mão do garoto por um tempo demorado demais, Caio se toca e solta mão de Marcos que volta a dar aquele sorriso, os dois se voltam para a janela.
- Tá vendo a menina loira do Elite?
- Estou vendo pelo menos umas 10 – respondeu Caio
- A solista – Marcos até apontou – Ela é minha irmã mais velha.
Uma ideia semelhante a uma teoria da conspiração passa pela cabeça de Caio.
-Por que você veio falar comigo?
-Oi? Preciso de motivo para ser amigável?
-Eu sou um membro do coral rival ao da sua
-Você é? Por quê? Você não gosta de ter vida social
Caio respondeu com um olhar duro
-De vez em quando eu olho você por aí, andando sozinho, só queria fazer amizade – ele levantou as mãos - e outra, se eu tivesse espionando eu não falaria sobre minha irmã.
-É não faria sentido mesmo – Caio olhava nos olhos claros de Marcos e ficava cada vez mais difícil afastar os pensamentos.

André foi o ultimo a entrar na sala, ele não estava gostando de ficar na sombra dos outros, mas ele não via saída, ele não tinha uma voz masculina o suficiente para pegar os solos do Paulo e ele cantar solos femininos seria o mesmo de pedir para perder nas competições. Ele se sentou ao lado de Monique.
-Agora que estão todos aqui – Falou Emanuelle – podemos começar, eu pensei em começarmos a fazer um numero de grupo, onde todos tem a possibilidade de cantar.

No dia seguinte Emanuelle estava na poltrona central da terceira fileira da plateia do auditório, olhando para seus alunos que se dispunham no palco em formato de V.

Paulo: Eu me lembro muito bem
Como se fosse amanhã
O sol nascendo sem saber
O que iria iluminar
Eu abri meu coração
Como se fosse um motor
E na hora de voltar
Sobravam peças pelo chão

Isabel: Mesmo assim eu fui à luta
Eu quis pagar pra ver

Coro: Aonde leva essa loucura?
Qual é a lógica do sistema?
Onde estavam as armas químicas?
O que diziam os poemas?

Melissa: Afinal de contas
O que nos trouxe até aqui?
Medo ou coragem?
Talvez nenhum dos dois!
Sopra vento um carro passa pela praça
E já foi...já foi!

André: Por acaso eu fui à luta
Eu quis pagar pra ver!

Coro: Aonde leva essa loucura?
Qual é a lógica do sistema?
Onde estavam as armas químicas?
O que diziam os poemas?

Monique: O tempo nos faz esquecer
o que nos trouxe até aqui
mas eu lembro muito bem como se fosse amanhã

Caio: Quem prometeu um descanso em paz
Pra depois dos comerciais
Quem ficou pedindo mais

Coro: Armas químicas e poemas
Armas químicas e poemas

Pela primeira vez nessa semana Paulo conseguiu ter esperança, o grupo funciona, eles só precisam de mais pessoas para isso dá certo, esse o pensamento que pairava no ar, todos agora pensavam que eles podiam ser um time, um bom time.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o meu primeiro capitulo da minha primeira fanfic, espero realente que gostem e que sejam compreensíveis com qualquer erro, por favor comentem qualquer opinião ou critica.



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