Rachel

Eu acordei com o celular tocando em baixo do travesseiro. Peguei ele e sai do quarto.

Quando vi o numero foi fácil saber o que ele queria. Meu tio tinha essa mania de querer sempre ser o primeiro a me dar os parabéns.

- Fala tio.

- Parabéns Rach. Dezenove anos.

- Nem me fala. To cada vez mais velha. E não gosto nada disso.

- Nunca ouvi uma mulher falar que gosta. – ele riu. – Amanhã vocês vão passar aqui perto de casa né?

- É. Vamos sim.

- Tem como você dar uma passada aqui?

- Eu posso tentar.

- Ótimo. Quero te dar uma coisa.

- Não precisava ter comprado nada tio.

- Eu sei. Feliz aniversario Rach. Tenha um ótimo dia. Tenho que desligar.

- Tudo bem. Tchau tio.

- Tchau Rachel.

Eu desliguei o telefone e ri baixinho.

- Não acredito que ele me ligou só pra me desejar feliz aniversario. – eu cochichei para mim mesma.

- Então hoje é seu aniversario?

Eu dei um pulo quando ouvi a Santana.

- Caramba Sant. Você me assustou.

- Desculpa, mas não foge do assunto. Porque você não falou nada?

- Porque, para mim, não faz muita diferença. Alias parabéns. Hoje também é seu aniversário.

- Por favor, não lembra ninguém ok?

- Como assim não lembra ninguém?

- Ninguém nunca lembra. E é melhor assim. Os parabéns ficam por conta dos fãs.

- Nem sua família?

- Ninguém. Às vezes eu me pergunto por que meus pais quiseram uma filha.

- Que saco. Deve ser chato.

- Eu já me acostumei.

- E você ainda vai fazer show hoje.

- É melhor. Assim eu tenho com o que ocupar a cabeça.

- Você já comemorou seu aniversario alguma vez? De verdade. Tipo, com uma festa.

- Quando eu era pequena sempre lembrava meus pais. Ai eles faziam uma festinha. Só uma coisinha para os amigos. Para os amigos deles alias, já que nunca me deixavam chamar um amigo meu. Alguém que eu realmente quisesse na festa. Entende?

- Eu sei como é.

- Mas o que o seu tio queria? Ligou as sete da manhã só para te dar os parabéns?

- Não. A gente vai passar perto da minha casa amanha. Ele me pediu para ir lá.

Eu e a Santana ficamos conversando por um tempo, ate que, aos poucos, todos foram acordando, e nós fomos nos arrumar.