Rachel

Depois que meu tio e meu pai foram embora, nós arrumamos nossas malas e as deixamos em um canto da sala.

- Essa semana passou rápido. – o Kurt disse colocando a ultima mala dele junto com as outras – Foi divertido ficar aqui.

- Acho que não vai mudar muito. – o Sam disse.

- Acredite em mim, vai mudar sim. – ele falou e virou para mim – Ah! Quase esqueci. – ele disse e pegou uma pasta em cima da mesa – Você conhece essa pasta Rach? – ele falou e virou a capa para mim.

- Kurt Elizabeth Hummel onde você conseguiu isso?

- Na casa do seu tio. Em cima do seu guarda-roupa para ser mais especifico. – ele disse rindo.

- Porque você mexeu em cima do meu guarda-roupa?

- Também não sei. – ele deu de ombros.

- Me devolve. – pedi.

- Relaxa. Pode ficar. – ele disse e me entregou a pasta – Já li tudo mesmo. – ele falou indo em direção a escada.

- Você o que? – eu quase gritei.

- Calma Rach. – a Quinn falou rindo.

- Até parece que ele leu um diário seu. – a Britt disse.

- Pior. – respondi.

- Pior que ler suas lembranças pessoais? – a Demi perguntou.

- Bem pior. Pelo menos eu considero pior.

- O que tem ai? – a Sant perguntou.

- Devem ser as musicas dela. – o Blaine disse – To certo?

- Ta sim. – eu falei e o encarei – Você também leu?

- Não.

- Ótimo. – eu disse e virei para o Kurt – Quem deixou você ler?

- Relaxa garota.

- Você tirou alguma coisa daqui?

- Não. Mas quero saber quem te inspirou para escrever Who’s that boy. – ele falou e subiu correndo.

- Eu te pego! – gritei indo atrás dele.

Santana

Eu olhei os dois subindo e sentei no sofá, respirando fundo.

- Eles parecem duas crianças. – a Britt disse rindo e sentou do meu lado.

- Pois é. – suspirei e olhei para o relógio – Vou dormir. Boa noite.

Eu subi para o meu quarto e me joguei na cama. Depois de quase uma hora a Rachel entrou e sentou do meu lado.

- O que aconteceu? – ela perguntou.

- Nada.

- Sant ainda são dez e meia, e a Britt disse que você falou que vinha dormir já faz quase uma hora.

- E qual o problema?

- Você não dorme antes da meia noite. – eu sentei e a encarei por um segundo.

- Porque você finge que se importa?

- Do que você ta falando Sant? Como assim finge?

- Meus pais nunca ligaram para mim Rachel. Quando descobri que você é minha irmã pensei que ia ser diferente, mas eu estava errada.

- San, para de falar abobrinha.

- Sejamos realistas Rachel, você e o Kurt, por exemplo...

- Ah! – ela me interrompeu – Cala essa boca! Eu já entendi o que ta acontecendo aqui. Caramba Santana! – ela respirou fundo e me olhou por um segundo – Essa criança – ela disse e colocou minha mão na barriga dela – vai chamar você, e não o Kurt, de tia. Eu nunca daria essa pulseira para o Kurt. – ela falou e mostrou a pulseira no meu pulso, que de acordo com o que ela falou quando me deu, era da nossa mãe – E acima de tudo, nunca pediria para o Kurt me ajudar com aquela música.

- Rach eu...

- Sant me escuta. A única coisa em que o Kurt leva vantagem é ter crescido comigo. Você é minha irmã. Ele não pode competir com isso.

- Não é isso que parece.

- Eu e o Kurt passamos por muitas coisas juntos Santana. Coisas que eu realmente, na grande maioria, não gosto de lembrar. Não por causa dele, mas mesmo assim, grande parte das lembranças que eu tenho de quando éramos crianças são ruins.

- Você nunca fala do seu passado. – comentei.

- Porque eu não gosto de lembrar. – eu a encarei por um segundo e ela respirou fundo – Eu meio que cresci sem família San, e não gosto de lembrar disso. Muito menos do tempo de escola. Principalmente quando tínhamos entre seis e oito anos. Ninguém entendia que era doloroso para mim não ter pai ou mãe. As crianças caçoavam de mim por causa disso. Depois de um tempo, não sei se porque a maioria amadureceu ou se porque eu fingia não dar bola, só um grupo de quatro ou cinco pessoas me enchia o saco, mas era o suficiente. O Kurt sempre esteve do meu lado nesses momentos. Por isso somos próximos.

- Eu não sabia que você... – eu gaguejei – Desculpa.

- Você não tem culpa Sant.

- Eu sei. To pedindo desculpa por ter sido tão... egoísta.

- Sou eu quem tem que pedir desculpa. Acho que me empolguei de mais por que o Kurt e o Blaine vieram pra cá. – ela disse e respirou fundo – A questão é que você é minha irmã, não o Kurt.

Nós nos encaramos em silencio por um segundo e eu sorri.

- E como vai essa criança?

- Bem. – ela disse e deitou – Às vezes fico imaginando se é menina ou menino.

- E o que você acha?

Nós ficamos conversando ate às onze e meia, quando a Brittany subiu e a Rachel disse que ia para o quarto dela.