Rachel

- Pronta para descobrir o que tem aqui dentro? – a Quinn perguntou.

- Na medida do possível. – eu respondi.

- Tudo bem. – ela conectou o pen drive no computador e me olhou por um segundo – Tem certeza que quer fazer isso?

- Abre logo isso Lucy!

Ela abriu o pen drive e eu respirei fundo. De primeira, só tinha uma pasta chamada “diários”. A Quinn abriu e leu o nome das duas pastas que havia dentro.

- Mario Michael Berry. – ele disse e eu paralisei – E a outra é Katerine Berry. Pelo jeito são de parentes seu. Você conhece?

- É o nome dos meus pais.

- Desculpa. – ela disse sem graça – Eu não sabia.

- Tudo bem.

- Você vai querer ler?

- Com certeza.

- Qual primeiro?

- Eu não sei. Tenho medo do que posso descobrir nos dois.

- Rachel? – a Santana disse entrando no escritório – Queria falar comigo?

- Queria sim. – eu respondi.

- Se você quiser eu leio e te mostro só as partes mais importantes – a Quinn disse ignorando a Sant – Você não precisa descobrir tudo sobre os seus pais.

- Como assim? Do que vocês estão falando? – eu respirei fundo e contei sobre o pen drive para a Santana, enquanto a Quinn olhava alguma coisa no computador – É sua chance de descobrir porque ele te deixou Rach. – a Santana sussurrou, mas tinha alguma coisa a mais no jeito que ela falava.

- Essa é uma das coisas que eu tenho medo. – cochichei baixou o suficiente para que as duas não ouvissem.

- Rachel, o diário do seu pai vai até o dia 15 de agosto desse ano. – a Quinn disse e me encarou – Você vai poder saber o que ele fez nesses quatorze anos também. É sua chance de entendê-lo melhor.

- Eu não sei...

- Eu já disse que leio e te mostro só o que é importante se você quiser, mas eu acho que seria melhor você ler tudo.

- Concordo com a Quinn.

- Vocês falam como se tivessem certeza de que tudo o que esta escrito ai fosse algo bom para mim descobrir!

- Rach, eu dei uma olhada por cima enquanto você contava para a Santana. Lê isso. – ela disse apontando para a tela do computador respirando fundo.

- Tudo bem. – eu concordei, mas a encarei quando vi a data.

- Lê. – ela disse e eu voltei minha atenção para o computador.

20 de agosto de 2010 – 23h00m

Hoje minhas garotas completaram dezoito anos, e eu não pude nem mesmo dar um abraço nelas.

O que me conforta é saber que daqui a dois anos a Rach vai ler a carta e eu vou poder voltar, mas estou preocupado com a reação dela, ou melhor, de todos.

Eu as vi hoje e ambas estavam felizes, até mesmo a Santana, apesar de que os Lopez continuam os mesmos imbecis de sempre.

É impossível colocar em palavras a dor que eu sinto por não telas por perto, mas eu vou continuar vigiando minhas garotas de longe enquanto não pego aquela infeliz.

Sinto falta de vocês minhas pequenas, mas enquanto não posso dizer pessoalmente que as amo, passo tudo para um pedaço de papel. É o melhor que posso fazer por enquanto.

Rach e Sant, parabéns. Amo vocês pequenas.

Eu olhei para a Quinn chorando.

- Acho que não pode ser tão ruim assim ler tudo. – ela disse me abraçando.

- Mas como eu vou saber que isso é verdade Q? Ele colocou isso aqui para eu ler. Como vou ter certeza de que ele não mentiu em tudo o que esta escrito aqui?

- Sinceramente eu não sei Rachel.

- Você acha mesmo que ele queria que você lê-se isso? – a Santana perguntou, olhando para a tela do computador.

- Como assim?

- Você poderia não descobrir que isso é um pen drive Rach. Talvez ele quisesse proteger as lembranças de alguma forma.

- Proteger do que Santana?

- A resposta pode estar ai. São lembranças pessoais Rachel. Talvez até mesmo como ele planejou a própria morte e como colocou o diário dentro desse pen drive esteja ai.

- Não é tão simples assim Sant.

- Mesmo que não seja verdade, prefiro viver com uma ilusão a viver com uma magoa. Eu posso ler?

- Claro. Não me importo. Mas tem outra coisa.

- E o que seria? – a Quinn perguntou.

- Porque o diário da minha mãe também ta ai?

- Rachel, eu não tenho as respostas para todas essas suas perguntas, mas o seu pai tem.

- E o que você sugere? Que eu pergunte para ele?

- Exatamente.

- Sem chance. – eu olhei para o computador e respirei fundo – Mas eu vou ler isso.

- Ótimo.

- Mas antes, você pode me deixar sozinha com a Sant um minuto Quinn?

- Claro. – a Quinn disse e foi até a porta – Qualquer coisa me chamem.

Assim que ela saiu e olhei para a Santana parada na minha frente e sorri.