Ao chegar em casa encontrei Jacob dormindo no sofá, a Tv ligada em um canal de filmes de ação. Seu braço pendurado do sofá, se dobrava ao chegar ao chão. Ele vestia uma calça de moletom verde e uma blusa regata verde. Coloquei a bolsa e as chaves em cima da mesa de vidro.

Soltou um gemido ao ouvir o barulho e se espriguiçou.

- O que você está fazendo aqui? – perguntei seca

- Tenho que cuidar de você – disse sem nem mesmo se levantar

- Boa sorte – tirei os sapatos e segui para o quarto.

Ao chegar no quarto liguei o computador, enquanto inciava tomei um banho e troquei de roupa. Começava a chover forte novamente, fechei as portas da varanda e voltei ao computador.

Uma mensagem já piscava no e-mail, onde dizia: “Está chovendo bastante aqui em Forks não é? Logo logo vai passar aberração. Beijos, M.”

Meu coração disparou mas manti a calma, fechei a janela e respirei fundo. Só poderia ser Megan.

Deixei o computador ligado e fui até o topo da escada e vi que Jacob continuava no sofá.

- Jacob, venha ver isso – ele ignorou e continuou a ver o filme – É Megan!

Na mesma hora ele levantou e correu escada acima pulando de dois em dois degrais. Me direcionei até o quarto abrindo novamente a janela do e-mail. Ele entrou no quarto logo e se posicionou atrás de mim lendo a mensagem.

- Bella tem que voltar logo. – ele disse bem baixo, quase que em uma voz inaudivel

Nas duas horas passadas Jacob teria ficado no telefone longe de mim, eu não sabia o que fazer, me mantia parada no sofá com os joelhos dobrados e abraçada aos mesmos. Não conseguia pensar e quase nem mesmo respirar. Nunca havia me sentido assim, nem mesmo na presença dos Volturi.

Jacob desligou o telefone e sentou na poltrona em minha direção.

- Eles chegarão amanhã... Mas seus avós terão que ficar lá. – colocou o telefone em cima da mesa de centro enquanto mantia seu olhar fixo em mim.

Fechei os olhos, primeiro essa visita para os Volturi, depois esses caçadores de paranormais. Não podia estar pior.

Minhas lágrimas desceram instintivamente, Jacob se aproximou e me envolveu com seus braços quentes. Deitei minha cabeça em seu ombro e continuei a chorar, sentia seus dedos passar por entre meus cabelos.

Acordei em minha cama e estava tudo escuro. Percebi então a cortina fechada, levantei lentamente e a abri. Chovia muito e as gotas batiam forte sob o vidro.

Não havia mais barulho algum na casa, abri uma brecha da porta e a claridade atingiu meus olhos fazendo com que os fechasse rapidamente.

Os abri novamente e sai do quarto descendo as escadas. Ninguém estava em casa, chamei Jacob mas não tive resposta. Fui até a cozinha e o café já estava pronto em cima da pia. Não havia bilhete, não havia nada.

Eu não tinha fome. Ainda estava magoada com Jacob, mas ele era o único com quem eu poderia contar agora.

Guardei o café na geladeira e fui para a sala. Liguei a tv e zapeei pelos canais, sem nem mesmo ver o que estava passando. Desliguei e continuei sentada. Observava a chuva bater sob as paredes de vidro da casa. A porta abriu e olhei assustada, era Jacob que entrava ensopado.

- Desculpe a demora, eu estava na ronda. – então reparei que entrou em casa totalmente nú

- Cade suas roupas? – perguntei jogando uma almofada contra seu peito

- Perdi na lama – ele disse jogando a almofada de volta pra mim e riu – nunca viu isso antes?

- Preferia não ter visto – disse seca enquanto subia as escadas.

Alguma roupa de emmett deveria servir nele, embora Em fosse bem mais baixo. Peguei uma calça cáqui preta e uma blusa de manga azul, uma toalha no banheiro e joguei do alto da escada. Ele continuava na porta. Fui em direção a biblioteca e o deixei sozinho na sala.

Em nenhuma das prateleiras encontrava o gênero que queria, Esme arrumava as prateleiras de um jeito que eu não entendia. Enfim, no alto da biblioteca encontrei um livro esverdeado com aros dourados. No titulo dizia “Caça-paranormais“, folheei as páginas que eram organizadas por ordem alfabética. Cheguei ao H; Ha; He... Hizones.

No livro dizia as mesmas coisas que Emilly havia me contado. A lenda, de acordo com escritores experientes, era real. No livro não ensinava outro modo de matar um Hizon sem ser quebrando a  arma, e não explicava também o modo de acabar com essa arma.

Folheei mais alguns livros durante algumas horas, nada mais falava sobre a tal lenda. Quando me deparei já estava escuro, no relógio marcava 20:34. Meu estomago roncou, larguei os livros em cima da mesa e fui ao primeiro andar com a intenção de comer algo. Ouvi sons de talheres e na cozinha estava Jacob com um sanduiche gigante sobre a mesa onde estava sentado.

Nossos olhares se cruzaram, ele continuou a comer e eu passei direto por ele em direção a geladeira. Havia nuggets congelados, os coloquei no microondas e esperei encostada no balcão até que ficasse pronto. Os coloquei num prato e coloquei o refrigerante em um copo. Levei meu prato e o copo até a mesa no sentido oposto de Jacob, ele continuava a comer sem levantar os olhos.

Comecei a comer e ele parecia diminuir cada vez menos o ritmo em que mastigava.

Ambos terminamos de comer juntos, ele me seguiu até a pia, mas colocando seu braço na frente do meu fez com que eu derrubasse meu prato o fazendo estilhaçar no chão. Cerrei meus pulsos com raiva.

- Droga Jacob! – observei meus pés descalços em meio os vidros

- Me desculpa – ele deixou seu prato na pia e instintivamente –eu acho- me tirou do chão, juntando seu corpo no meu.

O choque de seu corpo quente arrepiou o meu. Fechei meus olhos sentindo seu hálito quente em contraste com meu rosto. Fui voltando a mim aos poucos.

- Pode me por no chão – disse estridente, ele obedeceu imediatamente, dando uns passos a frente e me pondo em cima do balcão da cozinha.

Bufei e segui para fora da cozinha em busca de um chinelo para poder limpar a sujeira. Coloquei os chinelos e voltei a cozinha, Jacob estava de joelhos no chão juntando os cacos com as mãos.

- Sai daí – disse me aproximando e o empurrando para que soltasse os cacos ao chão de novo

- Renesmee .. – ele levantou e veio em minha direção

- Eu preciso limpar essa sujeira, com licença – desviei e me abaixei para catar os cacos com a pá

O observei sair da cozinha quieto, me doia o coração, mas ele estava errado, e sabia disso.

****

A manhã estava fria, não chovia, mas dava para ver que ventava bastante. Terminei de me arrumar e desci as escadas observando Jacob espalhado em uma poltrona e a TV ligada. Peguei uma maçã e a joguei na bolsa, voltei a sala, desliguei a TV e joguei o controle no sofá, saindo, bati a porta bem forte para que ele acordasse.

Assim que coloquei os pés para fora de casa um vento gelado bateu em meu rosto me fazendo gelar por inteira.

Entrei no carro e segui em direção ao colégio. Havia chegado cedo demais, o vento havia diminuido. Esperei o sinal tocar encostada no carro do lado de fora do FHS.

Na porta do colégio passou uma van esverdeada e dela saiu a novata.

- Roxie! – gritei, acenando com intenção de que me visse

Ela olhou e veio andando até mim de cabeça baixa e rapidamente. Vestia uma saia xadrez que ia até debaixo dos joelhos e uma camisa social branca. Usava uma meia calça marrom e um sapato da mesma cor. (http://marieclaire.media.ipcdigital.co.uk/11116/000055a41/97bb_orh750w480/Lily-Collins-21.jpg)

- Oh meu Deus Roxie, que roupa é essa que você está usando? – eu ri e disse baixo assim que ela se aproximou – você parece uma freira!

- Não fale assim Renesmee, são as roupas que eu tenho da California. – ela corou

- Você vestia essas coisas na California? – embasbaquei ao imaginar o mico – precisamos fazer compras pra você!

- Eu não tenho dinheiro Renesmee! – ela disse colocando o cabelo atrás da orelha

- Será tudo por minha conta!

- E as aulas? - ela negou, mas no fim a convenci.

Havia descoberto mais coisas ainda sobre Roxie, ela morava na California com seus pais, mas havia se mudado para Forks para morar com os avós pois havia brigado com o padrasto. Mas pelo que havia me contado, no fim do semestre voltaria para casa pois já estava se resolvendo com a mãe.

Seguimos a Port Angeles, o melhor lugar para fazer compras naquele fim de mundo. De todas as opções que eu escolhia, Roxie se negava a levar. Aos poucos fui convencendo-a do que ela deveria usar.

Fomos ao cabeleireiro e ela fez uma hidratação e um novo corte. Roxie saiu da loja de roupas e parecia outra pessoa. Todos por onde pássavamos olhavam. Eu já sabia que não era eu, ela tinha uma beleza parecida com a minha, mas por incrivel que pareça, tinha algo a mais que eu.

Voltamos ao colégio e conseguimos pegar o quarto tempo. Como no dia anterior, os meninos davam em cima de Rox, as líderes de torcida e ambas meninas invejavam, era quase possivel ver o veneno escorrendo da boca de cada uma das chefes de torcida.

O resto do dia se passou assim, aos olhares de todos.

Roxie tinha me pedido para conhecer minha casa, no caminho para casa recebi uma ligação de Jacob e simplesmente não atendi. Ao chegar em casa vi uma picape, a placa dizia ser de LaPush.

Ao contrário das outras meninas ela não elogiou a casa ou tentou puxar meu saco, apenas observou quieta. Abri a porta da sala e encontrei toda a “gangue” de LaPush no sofá vendo o jogo. Quil, Embry, Sam, Jacob, Seth e Mathew.

Assim que entrei todos se viraram para mim e sorriram, menos Seth, que mantinha seu olhar paralisado em algo atrás de mim. Roxie olhava para o topo da escada e observava os detalhes da casa.

De repente, em meio ao silêncio, todos os garotos começaram a comemorar enquanto Seth continuava na mesma posição desde o inicio.