Sanguinárias escrita por Lady Mary


Capítulo 1
Capítulo Único - Sanguinárias


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem c:



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Ela ajeitou a saia justa e o top, retocou a maquiagem, e olhou-se mais uma vez no espelho retrovisor do carro. Jenna era, simplesmente linda. Eram essas as palavras que a definiam: linda, sedutora... misteriosa.

Tinha cabelos naturalmente ruivos e sedosos, olhos hipnotizantes (apesar de ter de usar lentes) e lábios avermelhados em contraste com a pele alva. Possuía belas curvas - a aparência que toda garota gostaria de ter, até seu cheiro parecia ser atraente.

Apesar de toda sua perfeição, Jenna não gostava de si mesma. Achava-se um ser horrível e os desejos de sua criatura eram, sem dúvida, repugnantes. Tantas vezes tentara tirar a própria vida... O que, claro, nunca adiantava. Cortar os pulsos, atirar na própria cabeça, se jogar no mar, pular de um prédio... Nada. Jenna estava literalmente ficando louca, tentava ao máximo se isolar e não se alimentava... somente vez ou outra, e odiava-se por isso.

Foi exatamente nessa época que ela encontrou Alec, um milionário belo, com seus 40 anos e cabelos grisalhos que só davam mais charme à sua pessoa. Os dois se identificaram e passaram a viver juntos. Não, não tinham nenhuma espécie de "relação", Jenna evitava-o dentro da casa, Alec dava-lhe arrepios. Porém, Alec era a única pessoa com que Jenna poderia conviver, a partir de agora. Era ele que impedia que ela não enlouquecesse.

Houve uma tarde em que Alec abriu o jogo para Jenna. Contou-lhe o que ele fazia para conseguir o derramamento de sangue da forma que lhe era agradável e disse que, ou ela participava, ou ia embora, voltava a sua solidão. Jenna abriu um sorriso sádico e angelical ao mesmo tempo, pensando em tal forma... divertida de passar o tempo e fazer alguma atitude "boa", pelo menos a seus olhos. Um modo de sentir-se melhor.

As roupas que Jenna estava usando naquele dia eram propositais - roupas para atrair a presa. Hora da caça.

Jenna entrou na boate. Todos os olhares - tanto masculinos quanto alguns femininos - voltaram-se para a beleza e a sensualidade incomparáveis da moça. Jenna avistou sua caça - sentada no balcão, olhando para outras mulheres, típico - e dirigiu-se ao assento a seu lado.

– E aí, delícia? - Ele perguntou, com um forte hálito de álcool.

– Olá, como vai? - Jenna respondeu, sedutoramente.

– Melhor agora.

Após um pouco de flerte, Jenna saiu da boate, guiando o moço que a seguia, hipnotizado com a sensualidade da garota. Jenna entrou em um beco - como já havia feito tantas vezes antes - e fixou o olhar no homem, que se aproximava. Ele a beijou - argh - e perguntou:

– Ei gatinha, vamos pro motel, ok?

Jenna que, apesar da aparência frágil e delicada, era incrivelmente forte, afastou o moço com as mãos, dando um sorriso angelical. Ela já sentia o cheiro do sangue dele pulsando.

– Não será preciso.

***

No dia seguinte, um mendigo encontrou um corpo de um homem com algumas marcas - pequenos cortes, formando uma figura mais ou menos arredondada - no pescoço e muito, muito sangue espalhado. Os investigadores do caso revelaram que o homem se chamava Noah Rodriguez. Ele estava esperando em liberdade o julgamento pelo estupro seguido de espancamento de Anne Evans. Também revelaram à imprensa que não haviam suspeitos por enquanto - não tinham pistas - e a causa da morte não haviam sido os cortes. Não fora descoberta.

***

Na manhã seguinte, a jovem de cabelos cor de fogo foi ao hospital.

– Qual o quarto de Anne Evans? - Perguntou ao recepcionista, que quase babava pela bela jovem a sua frente.

– Do-dois meia sete. - Ele respondeu, sem tirar os olhos de Jenna, que sorriu angelicalmente e se retirou em direção ao quarto.

A menina tinha 15 anos, longos cabelos escuros como uma noite sem lua e olhos verdes que, agora, estavam fechados. Sua pele era branca - não tanto quanto a de Jenna - e havia emagrecido bastante depois do... incidente. Jenna aproximou-se de Anne com visível compaixão nos olhos.

– Eu sinto muito pelo o que aconteceu, Anne Evans.

A garota acordou assim que sentiu o toque frio da mulher.

– Você já disse isso. - Ela falou, com uma voz fraca e rouca, devido ao desuso.

Jenna mostrou-lhe uma foto. Uma foto com um cadáver - a sua presa - e a menina sorriu, fraca.

– Você sabe o que eu quero, senhorita. - Ela disse, totalmente segura de si. Era claro o respeito e a admiração que tinha por Jenna..

– Mas você é tão nova...

– Senhorita, obrigada por vingar-me mas você sabe que, se eu ficar aqui, irei... - a voz dela fraquejou. - Morrer.

– Se eu fizer o que me pede, também estará morta, de certa forma. Você terá de fugir, abandonar seus amigos e sua família... E é perigoso, será a primeira vez que eu... você sabe. - Respondeu Jenna, friamente.

– Já fiz minha decisão. - Anne estava impassível.

Jenna fechou os olhos por alguns segundos..

– Tudo bem, mas vai doer...

– Um pouco? - Completou a menina, esperançosa.

– Não. Será a pior dor que já sentira na vida e... na morte também, provavelmente.

A menina suspirou, suas mãos tremiam levemente, mas Anne Evans definitivamente era uma menina corajosa. Até ali, era a primeira que pedia tal coisa à Jenna. Ela virou o rosto para o outro lado e fechou os olhos.

– Tudo bem, vá em frente, senhorita.

Jenna sussurrou um "desculpe" baixo e debruçou-se sobre a garota, tomando o cuidado para não exagerar na dose - um erro mínimo, e a garota estaria definitivamente morta, assim como Noah Rodriguez. O sangue da garota tinha um cheiro maravilhoso, mas Jenna tentou conter-se. Ficou apenas tempo suficiente para que o veneno entrasse no corpo da menina.

Anne gritava incontrolavelmente, a dor que sentia era avassaladora, o calor vinha desde o pescoço e irradiava por todo o corpo. Não via nada além da escuridão. Sentia-se dentro de uma fogueira, queimando até transformar-se em um punhado de cinzas. Ela tentava mover-se, sair das chamas que queimavam seu corpo e a machucavam, mas haviam punhos de aço segurando seus braços. Agora ela não movia-se ou gritava. Não por causa dos punhos de aço, mas simplesmente porque... não conseguia. Era como se não tivesse mais corpo. Talvez tivesse mesmo virado apenas um punhado de cinzas mas ainda sentia uma dor terrível e agonizante.

A nova Anne abriu os olhos devagar. Seus braços e suas pernas ainda tinham resquícios da dor. Dois grandes olhos vermelhos observavam-na friamente, sentada em uma poltrona com as mãos delicadas cruzadas sobre as pernas e um sorriso sádico, divertindo-se pela dor da garota, como se dissesse "Eu avisei". Logo, ela reconheceu a moça de cabelos de fogo e pele alva. Anne começou a sentir-se mais forte, mais corajosa e até mesmo... indestrutível, imortal.

Olhou-se no espelho. Estava ainda mais bela do que era antes, sem nenhuma imperfeição. Sua pele era agora tão alva quanto a de sua senhorita e seus olhos... rubros. Eram de um vermelho intenso, dominador, hipnotizante. Sedentos. Ansiando por sangue.


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