O Mistério De Ooo escrita por Kitsu


Capítulo 2
O portal




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Lizz avaliou o livro, ela sentia um estranho formigamento ao toca-lo e isso a deixava nervosa.
—Então Maria, já me decidi- Disse receosa a menina
—Tem certeza? Isso está aqui faz muito tempo - Respondeu a atendente em um tom sincero porém apreensivo - Não quer escolher outro livro? talvez de contos?
—Certeza absoluta! -Falou Lizz em um tom convicto, porém no fundo, bem no fundo sabia que estava com medo.
Não entendia a preocupação de Maria, mas aquele livro, o Enchiridion, parecia puxa-la aos poucos... Talvez fosse somente impressão, ela não sabia. A menina colocou a mão no bolso

—Quanto é?
Maria parecia bem desconfortável, variava a atenção entre o livro e a garota; algo em seu olhar revelava que aquilo não era somente um conjunto de folhas carimbadas com o propósito de entretenimento, tinha algo a mais, algo que estava omitindo.
Ambas permaneceram em silencio por algum momento, até que Lizz repetiu sua pergunta
— Então, quanto custa?
A atendente piscou tal como se tivesse saído de um transe e respondeu, pigarreando
— Não acho que esse livro tenha um código de barras, então vou deixar por setenta reais.
A menina arregalou os olhos, tudo aquilo??? E o que ela queria dizer com " Não acho que esse livro tenha um código de barras?" Era tão antigo assim? prefiriu não questionar, tinha o suficiente mesmo...
Tirou a nota de cem no bolso, colocando sobre o balcão
— Aqui está- ela sorriu enquanto agarrava o livro
Maria tremeu por um momento e pegou o troco, hesitando por um instante e logo deixando duas notas de dez caírem sobre a madeira.

—Estão faltando dez reais...- Notou, agora reparando nas feições da mulher

Estava rígida, mais pálida que o comum, e seus olhos, antes vivos, davam à menina a impressão de estar na frente de um cadáver
—Você não deveria estar aqui... - a atendente falou, sua voz incrivelmente rouca e grossa
A menina, confusa, deu um passo para trás

—Seja o que for, nunca... JAMAIS leia algo deste livro em voz alta... Me ouviu!?
— C-certo - Falou gaguejando, Lizz tremeu por um instante.
Ela estendeu a mão em um aceno ''pode ficar com esses dez reais... er, é gorjeta''  logo se virando, pronta para se retirar daquele local antes agradável. Seu instinto a mandava correr, sair de lá o mais rápido possível, era uma estranha sensação... De como se algo fosse a atacar, Lizz sacudiu a cabeça
—Não é o como se ela fosse me matar... Certo? - Falou com seus botões ao abrir a porta e ouvir os pequenos cinos tintilarem.
Por um instante hesitou, seu pensamento repetiu-se em sua cabeça diversas vezes até , de fato se virar. Lá estava a atendente, olhando fixamente para o livro; Lizz sentiu sua espinha gelar, aquilo de fato não era normal.
A menina caminhou até a saída do Shopping, então, longe dos olhos de Maria, disparou em direção à bicicleta, destravando e montando rapidamente. Suas pernas doiam e sua respiração falhava, mas a garota não planejava parar, a visão da atendente a olhando não saia de sua cabeça, aquilo era perturbador. A adrenalina fazia com que sua resistência aumentasse, e isso a fez acelerar a pedalada duas vezes mais , as rodas batiam fortemente nas poças de lama, sujando suas pernas e molhando suas meias. Ao chegar em casa, Lizz abriu a porta e entrou, batendo-a com força e subindo as escadas, ignorando qualquer tipo de saudação vinda de seus pais. Ao chegar no  quarto, suas pernas vacilaram, fazendo-a desabar no chão.
Arfava incessantemente, sem conseguir se levantar. Seu corpo tremia e tudo que queria naquele momento era se jogar na cama e descansar.
Passado algum tempo, a menina finalmente saiu do chão, tirando a capa, os sapatos e as meias. Nossa, ela estava realmente molhada!
A garota pegou uma toalha, rapidamente se secando e a jogando para o lado. Ela estava mais curiosa do que nunca.
—Eu realmente quero saber o que é isso - Murmurou enquanto pegava o livro
Abriu-o , deparando-se com uma estranha linguagem. A menina não conseguia ler o que lá estava escrito, e isso a frustrou imensamente.
—Como assim? que droga de livro é esse? - falou indignada
A garota decidiu procurar na internet para ver o que achava, talvez fosse alguma língua morta. Rapidamente, abriu o Google e procurou "enchiridion", achou somente um site, na verdade era um blog com o estranho título: "Simon Petrikov e suas descobertas",haviam postagens com fotos e alguns textos, aparentemente havia escrito alguns livros sobre artefatos sobrenaturais e outros assuntos similares. Se interessando, começou a ler o que aparentemente era a última publicação. O "post" falava sobre suas condições mentais , ele, o escritor, alegava que estava ouvindo vozes e vendo vultos. Lizz parou
—Isso provavelmente é falso- murmurou
Apesar de não acreditar no que estava escrito, a menina desceu mais a pagina, porém os textos só falavam sobre mitologia, um tema que a interessava, e sua relação com um certo artefato amaldiçoado, uma coroa.

Haviam fotos de um homem, possivelmente um arqueólogo e dono do blog, segurando a tal coroa, mas isso não era nada que a impressionasse.Já estava desistindo quando algo chamou sua atenção, uma imagem, era do mesmo arqueólogo, mas desta vez ele estava segurando um livro cujo ela logo identificou. Era o enchiridion.
Arregalou os olhos, fitando o livro, e logo voltou-se para a tela do computador. Rapidamente desceu a página, na esperança de achar algo mais, porém o único texto que estava escrito era:
" Encontrei este livro perto da coroa, averiguei, porém não encontrei respostas... Doei para um museu|

Doou para um museu? Como era possível!? O livro estava em suas mãos... Ela sabia que o blog não era falso...Bom, pelo menos sobre o livro, tinha uma foto! Mais curiosa que nunca, procurou as notícias de jornal arquivadas. Lá estava!
" Arqueologo Simon Petrikov descobre livro misterioso em ruinas"
Ela leu a notícia, esperando desvendar mais segredos sobre o tal Enchiridion, porém a reportagem só falava sobre Simon e seu histórico de trabalho, além de mencionar que não haviam informações concretas sobre o livro. Lizz deixou o computador de lado e, frustrada, olhou para o Enchiridion
—Deve ter algo que eu consiga ler! - concluiu, irritada, enquanto folheava as paginas gentilmente para não destrui-las
Ela folheou praticamente todo o livro até achar um pequeno pedaço de papel, quase destruído, grudado ao canto de uma folha. Cuidadosamente, ela retirou-o de lá e o analisou, lá tinham algumas anotações
— Hey, eu consigo ler isso! - Disse sorrindo, enquanto fitava o que estava escrito
De repente, a lembrança de Maria e seu aviso inundou sua mente. A garota estremeceu, mas, não devia ser nada demais... Talvez a atendente só precisava de uma folga
—Vamos lá - Falou consigo mesma, ansiosa
A letra estava meio apagada, mas a menina conseguia ler, parecia estar em latim, espremendo os olhos e se aproximando do papel, ela recitou o que lá estava escrito:
—Et originali mundo exire porta dimensiva aperire velle rationem cujusdam implicatis
Ao completar a ultima palavra, olhou ao redor na expectativa de que algo acontecesse. Como esperava, nada... Aquela Maria era doida por achar que aquele livro era especial. De qualquer maneira, iria mantê-lo pelo fato de ser interessante.
—Vou procurar um dicionário pra ver se consigo entender alguma coisa - murmurou enquanto abria a porta do quarto.
Lizz permaneceu paralisada, tentando processar o que via. Ao invés de ver o corredor de sua casa, a menina fitava uma enorme passagem aparentemente... MÁGICA. Tremendo, ela se afastou.
—O que é isso? - gaguejou caindo para trás - I-isso é loucura
Aquilo emanava uma aura poderosa de maneira sobrenatural, era estranho, porém não conseguia impedir a sensação crescente de atração que brotava em seu peito. Estava com medo, muito medo, não mais controlava as ações de seu corpo, e quando se deu conta, estava com metade de seu corpo dentro da estranha passagem, e o que era mais estranho, segurava o livro com força descomunal, como se nunca fosse solta-lo.

Percebeu que não havia mais volta, quando o resto de seu corpo penetrou no sombrio e misterioso portal.

Fim do capítulo 2

A imagem que Raquel viu no Blog


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