Coalescence escrita por dreamer


Capítulo 3
2 - Broken the things


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei, eu sei. Estava claramente confusa com a história, insegura se postaria ou não. Mas então, sem enrolações, está aí o novo capítulo. Boa leitura.



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“Pain is temporary. It may last a minute, or an hour, or a day, or a year, but eventually it will subside and something else will take its place. If I quit, however, it lasts forever.” - Lance Armstrong

O restaurante havia discretamente silenciado, e os olhares ocultos eram completamentes dirigidos para nossa mesa, o que, certamente, me fazia ficar tensa. Nunca gostei de ser o centro dos olhares, e nem estar perto da atenção, meu pai me dizia que eu tinha medo de que gostassem de mim, mas não é isso. Eu não gosto que me olhem dos pés a cabeça, porque eu não vou imprecionar, e não gosto que me deixem no centro porque eu não irei satisfazer. Uma mulher loira, que deveria ter em média uns cinquenta anos, me encarava fixamente. Seus olhos eram azuis, e quando os meus encontraram, pude vê-la desviar. Então comentou algo com o homem que estava do lado, e eu apenas voltei a encarar o chão. Apenas me senti mais forte quando os braços de Anthony me envolveram.

– Harry, meu filho, deixe de bobagens. Eu digo que é para você assumir, e você assume, entendeu? Não vá querer que seu irmão faça isso, vai? - John Rider não exitou em alterar o tom de voz.

– Pai, eu não posso. Sabe que eu nunca quis isso, você sabe, que droga. Me deixe viver a minha vida, do modo que eu vou escolher. - Harry ergueu a cabeça e falou, de modo que pude perceber breves deslizes em sua voz.

– E o que você quer? Quer escrever, é isso? Quer viver de sorte, confiando em um talento que sabe lá se você tem? É isso que você quer Harry? Olhe para mim e diga. - ele fuzilava o filho com um olhar.

– É, é isso que eu quero. - disse, impulsionando o corpo para frente, mostrando desafio.

A mesa se silenciou, e as outras pessoas do lugar finalmente voltaram para suas próprias vidas.

– Nós terminaremos essa conversa em casa, todo mundo. - John disse, se dirigindo ao garçom e pedindo a conta.

– Leva a Annelise para o carro dos meus pais, e me espera no carro do Harry. - Anthony beijou minha testa e saiu andando ao encontro do irmão.

Tudo o que eu queria era ir para casa, falar com a minha mãe e perguntar o que estava acontecendo. Não queria ficar no meio das discussões familiares, porque eu sei que elas sempre terminam mal entre os Rider. Mas eu não poderia deixar Anthony sozinho, então eu faria o sacrifício. Guiei Anne até o carro, onde o motorista esperava.

– Olá Carl. - disse sem humor.

– Senhorita Claire, como vai? - ele me cumprimentou com um aperto de mão. Carl sempre foi do tipo gentil, o empregado mais fiel que eu ja vi na minha vida. Ele era humilde, e sabia que as coisas não eram fáceis na família.

– Sem o senhorita, por favor. E eu vou bem, obrigada. Sr. Rider pediu que Anne viesse para o carro, eles estão vindo. Parece que o jantar acabou mais cedo. - sorri, e dei uma leve piscada para Annelise, que me olhava com medo.

Quando cheguei no carro, Harry já estava lá. Abri a porta de trás e entrei, me posicionando na janela.

– É uma pena que tenha se arrumado para isso, Clar. - ele riu, sem nenhuma vontade, e com um olhar completamente vazio.

– Como se isso fizesse diferença para mim Harry, vamos, chega disso. Você está certo, faça o que quer. - falei baixo, medindo cada palavra.

– Eu queria que fosse fácil assim. - então Anthony chegou e se sentou ao meu lado, e ele ligou o carro.

– -- -- -- -

Meus olhos se abriram com dificuldade, pesados pela noite mal dormida, cansados pela óbvia falta de descanço. Ao me virar na cama, percebi que estava no quarto de Annelise, que dormia calmamente ao meu lado, e flashes da noite passada caiam sobre mim. Gritos, choro, coisas quebradas. Sim, eu subi com ela para acalmá-la e devo ter acabado adormecido com ela. Ainda vestia a roupa da noite anterior, e meu cabelo ainda estava preso. Droga, eu precisava ir para casa. Peguei minhas sapatilhas e entrei no banheiro que havia ao lado do quarto, lavei meu rosto, deixando a maquiagem mais borrada do que já estava, foi preciso mais esforço para endireita-lo. Penteei meu cabelo e lavei minha boca.

– Anthony? - bati na porta do quarto dele, mas ninguém respondeu, então desci as escadas. - Lídia? - chamei pela empregada na cozinha.

– Aqui Claire, - ela respondeu docemente. - sinto muito se a acordei, Anthony disse para deixar você dormir até a hora que quisesse, e então que eu pedisse para Carl levar você para casa.

– O que aconteceu? Digo, para onde todo mundo foi? - perguntei confusa.

– E eu é que sei? Sr. Rider saiu cedo para o escritório, nem tomou café, e a Sra. não saiu até agora do quarto. Anthony disse que precisava resolver algumas coisas, Harry eu nem vi.

– Muito obrigada, pode pedir para o Carl me levar? Realmente preciso ir. - sorri, tentando não soar preocupada.

Quando cheguei em casa, minha mãe estava no trabalho, e havia um bilhete em cima do balcão.

"Espero que volte cedo, Lucke ficou sozinho. Assim que chegar eu preciso que me ligue. "

Merda, eu havia me esquecido que ele não teria aulas por essa semana. Corri para o quarto dele, e por sorte ainda estava dormindo. Peguei o celular e disquei o número da minha mãe, e ela apenas atendeu dizendo que conversaríamos depois. Agora eu precisava de um banho, e depois saber o que houve com Anthony.

A água morna escorria pelo meu corpo, tirando uns vinte quilos de cansaço. Agradeci por isso, e coloquei uma roupa qualquer, depois desci para fazer o almoço. A campainha soou antes mesmo que eu terminasse de descer as escadas.

– Mãe? Pensei que tivesse a chave. - eu disse preocupada ao olhar para o seu rosto.

– Querida, eu preciso que me escute. - ela apontou para o sofá, para que eu sentasse. - eu preciso que vá para o hospital comigo agora, aconteceu uma coisa e... Eu acho que Anthony precisa de você.

Eu gelei, eu não conseguia me mexer, e a única coisa que eu sentia eram as batidas aceleradas do meu coração.

– O... O que aconteceu com ele? - eu gaguegei.

– Nada, com ele nada. - lágrimas ameaçavam escorrer pelo seu rosto. - É o Harry, ele sofreu um acidente, e seu estado não é nada bom.

O mundo parou na minha volta. Eu precisava ir para o hospital, eu precisava abraça-lo e dizer que ficaria tudo bem, eu precisava ver Harry e saber como ele estava.

– Eu vou ficar com Lucke, e de noite, quando for a hora do meu turno, vou levar ele para a casa de uma amiga minha, fica tranquila. E a propósito, pode pegar o carro. - ela me deu um abraço, e me alcançou as chaves. - Se cuide, e diga que eu sinto muito.

Eu não conseguia pensar em mais nada, apenas corri para o carro e acelerei o máximo que pude.

Quando você precisa fazer as coisas rápidamente, o mundo nunca colabora. Aquele hospital mais parecia um labirinto cujo não havia uma saída. Quando finalmente avistei o lugar em que a família de Anthony estava, a recepcionista não queria me deixar entrar.

– Você não está entendendo, eu preciso passar. - falei desesperada.

– Me apresente um documento, vamos. - ela disse calmamente.

– Eu não trouxe nada, o irmão do meu namorado sofreu um acidente e eu acabei de descobrir, não entende? - eu suplicava. - Minha mãe é enfermeira aqui, o Doutor Reinalds sabe quem eu sou.

Depois de um longo tempo de espera, eu finalmente pude entrar. E então, quando meus olhos fitaram o olhar de Anthony nada mais importava.

– Meu deus, eu sinto tanto. - eu disse, o abraçando.

– Que bom que você está aqui. - ele passou as mãos pela extensão das minhas costas, e escondeu o rosto nos meus cabelos.

Ele precisava de mim como nunca precisou antes, e eu teria que ser forte para servir para isso.





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Notas finais do capítulo

Comentem, favoritem, me ajudem. É importante para mim que tenham gostado. Até mais, beijos.



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