– Srta. Granger? – uma voz desafinada e totalmente esganiçada me chamava – srta.? – insistia.

Abri os olhos lentamente, a visão ainda turva. Só quando puxei os braços para esfregar os olhos que percebi uma coisa, eu estava com as mãos amarradas. Olhei em volta, estava em um local desconhecido, parecia um porão: havia somente um colchão – onde eu estava deitada – e um banheiro aparentemente sujo ao fundo. Atrás de um pilar pude ver um par de olhos grandes e curiosos, seguidos de um par de grandes orelhas de abano.

– Desculpe, Dobby não queria acordar a amiga de Harry Potter – o elfo saiu de trás do pilar e fez uma exagerada reverência que fez seu nariz encostar ao chão.

– Dobby, que lugar é esse?

– A srta. está presa no porão dos antigos senhores de Dobby.

– Como vim parar aqui? – tentava me lembrar, minha cabeça latejava – eu estava em casa... E o Malfoy – tudo pareceu clarear – como me encontrou aqui Dobby?

– Harry Potter foi visitar a srta. e não a encontrou em casa, então procurou Dobby e pediu para achá-la. E Dobby achou – estufou o peito, orgulhoso – Harry Potter está preocupado.

– QUEM ESTÁ AÍ? – gritou uma voz feminina extremamente aguda, parecia se aproximar rapidamente.

– A Sra. Lestrange está vindo – disse assustado.

Dobby segurou meu braço e aparatamos. Caí deitada em um tapete, arfei. O elfo desamarrou-me com um estralar de dedos.

– HERMIONE! – Rony correu até mim, desamarrando minhas mãos e me ajudando a sentar no sofá – o que aconteceu?

– Draco Malfoy – disse enquanto esfregava os pulsos, estavam vermelhos. Rony bufava – me sequestrou.

– EU VOU MATÁ-LO – surtos de raiva.

Tateei o corpo em busca da minha varinha, mas não a encontrei. Enquanto Rony descontava sua raiva nas almofadas – socando-as e as jogando para o ar enquanto gritava insultos – fui tomar um banho. Estávamos na casa de Sirius, mas não vi Harry ou ele ainda, “MAS QUE VERGONHA, QUE DECEPÇÃO PARA A FAMÍLIA BLACK” ótimo, Rony havia acordado o quadro da Sra. Black.

Tranquei-me no banheiro, enquanto a banheira enchia despi as roupas. Fiquei a me olhar no espelho. Eu estava horrível: pálida e com olheiras fundas, cara de doente. Havia algo de errado em meu corpo, uma mancha arroxeada no pescoço que não estava ali antes, provavelmente bati em algo quando desmaiei. Desliguei a torneira da banheira e entrei, a água estava quente, meus músculos agradeciam por isso. Prendi a respiração e afundei, perdida em pensamentos. Quando retornei para a sala, Sirius e Harry estavam lá.

– Mione – Harry me abraçou – o que aconteceu?

– Eu estava sozinha em casa quando ouvi um barulho. Fui para a sala, as luzes apagaram e o Malfoy me atacou – resumi, sentando-me no sofá e encostando a cabeça no ombro de Rony, que corou em resposta – com um crucio – meus olhos se encheram de lágrimas com a lembrança.

Sirius segurou Harry e eu segurei Rony na mesma hora que pegavam suas varinhas para provavelmente correr para a rua e aparatar.

– ME SOLTE SIRIUS – Harry se debatia – EU VOU MATAR ESSA FUINHA.

– Rony, para, por favor – lágrimas caíam de meus olhos, Rony cedeu na mesma hora e me abraçou forte.

– Não se exaltem – Sirius disse, soltando Harry – não adiantaria de nada ir atrás do Malfoy para serem mortos pela família comensal – ironizou.

Acabei dormindo nos braços de Rony, que me levou para a cama e se deitou ao meu lado. Acordei, porém, no meio da noite com gritos em meu quarto. Olhei para Rony, ele roncava, procurei então de onde vinha tanto barulho e me deparei com uma briga de elfos ao lado da cama. Dobby puxava as orelhas de Monstro, que tentava puxar seu nariz.

– Traidor! – Dobby gritava.

– Dobby pare! – corri para afastá-lo de Monstro.

– Não toque na srta. Granger! – ordenou Dobby, se colocando em minha frente de braços abertos como se me protegesse.

– Monstro não fazia nada de mal com a srta. – Monstro cuspia as palavras, curvando-se em uma forçada reverência – sua sangue-ruim... – rosnava insultos em voz baixa, mas antes que terminasse a frase Dobby já rolava com ele no chão novamente, lhe dando cabeçadas.

Mesmo com toda a gritaria Rony não acordava, tive que empurrá-lo da cama para que acordasse. Rony segurou Monstro e eu segurei Dobby.

– Monstro ia sequestrar a srta.! – Dobby o acusava.

– Isso é um absurdo – Monstro se defendia ofendido.

– Estava pronto para pegá-la e aparatar! – o elfo gritava.

– Monstro só veio ver se a srta. Granger estava bem – se soltou bruscamente de Rony e saiu porta a fora resmungando.

Aquilo era estranho, o que Monstro queria comigo? Rony me olhava com uma feição preocupada, segurou minha mão e se deitou na cama comigo, me abraçou pelas costas e em poucos segundos roncava alto. Não conseguia pregar os olhos, olhava a escuridão no quarto como se esperasse ver alguém ali, acho que estou ficando paranóica. De repente percebi algo diferente ali, em cima do criado mudo, estava a minha varinha.