Manhã

“Que merda! Não acredito que estamos passando por isso outra vez.”

O trio Phantomhive estava na cozinha encarando uma torta de limão que estava sob o balcão.

“Ah... da ultima vez a gente comeu, certo? Acho que não fará muita diferença a gente comer dessa vez.”

“Idiota! E se dessa vez a gente comer e aquele mordomo ficar bravo? Ele vai cortar nossas cabeças fora!”

“Bard! Vou ter que fazer você tomar leite de novo? Você vai acabar ficando sem cálcio nos ossos de novo!”

“Tsc. Já disse antes. Não quero!”

“J-Já disse pra não desdenhar o leite!”

“Me pergunto por que o Bocchan ficou sem fome ontem à noite...”.

*mini-Flashback on*

“Bocchan, eu preparei uma torta de limão com amêndoas e-”.

“Esqueça, só vim tomar um copo d’agua. Perdi a fome.”

Os dois se encaram por algum tempo.

“Entendido.”

Ciel volta para o quarto.

“Pessoal, cuidem disso.”

“Certo!”

*mini-Flashback off*

“Quando ele disse que era pra limpar, dessa vez ele falou que a gente poderia comer?!”

“Ah... deve estar tudo bem de novo, não acha?”

“Já me decidi! Vamos comer! Peguem os pratos e os talheres!”

“Yes, Sir!”

O trio estava eufórico, sentaram, cortaram a torta e se serviram.

“Ah... que torta deliciosa.”

“Sebastian-san realmente sabe fazer as coisas muito bem! Aquele mordomo...”.

“Tsc, realmente está boa.”

Os três estavam se divertindo bastante, até que sentiram algo entranho, pararam de comer e olharam uns para os outros. Finny foi quem cortou o silêncio.

“Err... sou só eu que estou me sentindo estranho?”

Meyrin bufou.

“Ah! Estou animada! Sinto como se um fantasma estivesse bem aqui perto da gente!”

“Gwaah! F-fantasma?!”

“P-pare de falar besteiras, idiota!”

Aquela sensação estava cada vez mais forte para os três.

“Estou com medo.”

Bard e Finny estavam assustados e Meyrin olhando para os lados tentando ver alguma coisa. Enquanto isso, uma aura negra chegava por trás do trio e ficava cada vez mais perto.

Os dois engoliram seco e Meyrin estava quase tendo um sangramento nasal. Depois de alguns segundos o silêncio foi cortado.

“O que pensam que estão fazendo?”

Os três gritaram com a voz de Sebastian vindo por detrás deles. Finny começou a chorar, Bard começou a tagarelar e Meyrin olhava pra ele com muita, digamos, devoção.

“Irei repetir. O que pensam que estão fazendo?”

Meyrin despertou de seu ‘transe’ e respondeu.

“Êh? Como assim? Não estamos fazendo nada demais e-”.

Sebastian apontou para a torta semidestruída sob a mesa.

“Err...”

“Danou-se”

“S-Se-Sebastian-san, estávamos fazendo o que o senhor mandou...”

Sebastian olhou para ela e ela se acolheu para trás.

“Quando disse que era para vocês cuidarem disso, não ordenei que a comessem!”

“N-Nos perdoe...”

“Só pode ser brincadeira! Vocês não sabem fazer nada direito?! Se não fossem todos esses anos de trabalho, mesmo que mal feito, vocês estariam nos seus antigos locais, ou possivelmente mortos!”

O trio Phantomhive estava realmente muito assustado, era a primeira vez que Sebastian falava tão friamente e raivosamente.

Sebastian andou até a mesa bagunçada e suja de torta.

“Vocês vão limpar essa bagunça ou será que euvou ter que-”

“Sebastian, o que está fazendo?!”

Eu tinha entrado na cozinha para tomar o meu café da manhã quando vi Sebastian agindo de forma muito rude com os meus empregados. Eu nunca tinha visto ele tão furioso. Isso fez com que eu ficasse bravo também.

“Bocchan, eu só estav-“

“Calado! Seu maldito! O que pensa que está fazendo?”

Os olhos de Sebastian estavam brilhando no formato demônio e, definitivamente, eles já haviam percebido.

Ele me encarou.

“Esses três estão fora dos limites, eles-“

Eu levantei a mão para fazê-lo calar.

“Talvez você esteja fora dos limites, Sebastian.” A expressão dele se fechou ainda mais. “Seus olhos!”

O meu olho brilhou por um segundo quando avisei sobre o dele.

Ele me encarou por mais um tempo, fez uma reverencia e se retirou. Eu olhei para os meus empregados. Finny e Meyrin estavam até sentados no chão abraçando-se entre si. Bard estava com uma expressão triste e estava encostado na parede olhando para baixo. Eles estavam completamente assustados.

“Vocês estão bem? Ele machucou vocês?”

Os três estavam chorando e não conseguiam nem sequer falar. Eu ajudei Finny e Meyrin a se levantarem do chão, peguei na mão dos dois e eles levantaram, mas não conseguiam olhar pra mim.

Eles começaram a chorar ainda mais. Dei um abraço nos dois na minha frente.

“Está tudo bem agora, vão descansar. Eu cuido das coisas por aqui.”

Fui até o Bard e coloquei minha mão sobre seu ombro. Ele levantou a cabeça um pouco e eu vi o tanto que ele estava chorando. Ele era um homem forte, não gostava de mostrar sentimentos a ninguém. Eu olhei pra ele.

“Vá tomar um ar, Bard. Tudo bem... ?”

Meyrin e Finny saíram da cozinha chorando e Bard saiu olhando pra baixo tentando ao máximo abafar o choro.

Quando eles saíram eu caminhei até a mesa, olhei para a torta, passei o dedo e comi.

O limão, mesmo sendo azedo pode ficar doce.

O azedo pode virar doce...

Aquele maldito! Definitivamente havia alguma coisa acontecendo. Alguma coisa que estava além de mim para entender. Ele vai fazer alguma coisa, depois dessa cena que vi realmente ele vai fazer alguma coisa, e vai ser terrível.

Acho que devo ter cuidado com ele. Ele continua sendo meu mordomo, mesmo não podendo comer minha alma, ele ainda é. Mas mesmo assim...

Comecei a limpar a bagunça da mesa pensando em como eu vou conseguir entender o que Sebastian está aprontando.

“Tomara que aquele Shinigami seja útil.”

Continuei limpando a mesa e pensando em como iria resolver essa situação. Eu estava preocupado com aqueles três...

Quando terminei de limpar fui até o quarto dos empregados para ver como eles estavam. Bati na porta e entrei. Quando vi aquilo quase gritei.

“Pessoal, o que estão fazendo?!”

Eles estavam pegando suas coisas e colocando dentro de malas.

“Preparando nossas malas, Bocchan...” Finny respondeu

“Por quê??”

“Bom... acho que depois disso, nós vamos ser demitidos, não vamos?”

“Ficou doido?! O que vocês estão pensando?”

“Foi muito bom servi-lo por tanto tempo Bocchan...”

“Me perdoe pelas roseiras mal podadas...”

“Me perdoe pelos pratos quebrados...”

“...Me perdoe... pelas comidas... estragadas...”

Meus olhos começaram a encher de lágrimas.

Eu gritei.

“Vocês não vão a lugar algum!!!”

Eles pararam e me encararam. Todos ainda estavam chorando.

“Vocês... Vocês... são meus empregados! Vocês podem não ser os melhores empregados do mundo, podem ser desastrados, quebrarem as coisas, matarem o jardim, queimarem as comidas... mas mesmo assim... mesmo assim... vocês são os melhores empregados que alguém já teve! Vocês são o trio Phantomhive! Eu posso ser frio com vocês, posso não ser o melhor mestre que vocês tem, mas eu amo vocês... por isso, fiquem!”

“B-Bocchan...”

“Bocchan...”

Os três olhavam pra mim chorando muito.

“Por favor, digam que vão ficar.” Eu estava quase chorando também.

“Podemos realmente ficar?”

“Não podem, devem! Não se preocupem com aquele mordomo idiota, eu vou cuidar dele.”

Todos choraram ainda mais.

“Abraço?”

Todos vieram me abraçar e choraram muito. Eu estava feliz, me segurei para não chorar junto.

“Fiquem comigo, isso é uma ordem!”

Chorando todos disseram.

“Yes, my Lord!”

Sorri para eles e fui me retirando do recinto.

“Vocês são demais!”