POV Sophie

Acordei e peguei meu celular. Quase 19h30 de quinta-feira. Enterrei a cara de novo no travesseiro. A porta do meu quarto abriu.

– Sophie?

– To acordada já, mãe. - Disse e abri os olhos.

– Tem uma coisa pra você na cadeira da penteadeira. - Sentei na cama.

– Desde de quando você compra presente pra mim sem ser meu aniversário ou Natal ou alguma data comemorativa? - Ela riu.

– Quem disse que foi eu quem comprou? - Levantei e ela fechou a porta, me deixando sozinha.

Caminhei até a penteadeira e vi uma caixa. To com medo. Abri e tinha um vestido lá dentro. Sem cartão, sem nome da pessoa que mandou… Somente o vestido. Tirei da caixa e ri baixo. Pelo modelo era mais que óbvio que foi o Simon que me mandou. Deixo bem claro que não é nada no estilo vadia. Se fosse, eu socaria a cara dele.

“Vamos sair?”

Mandei pra ele, que não demorou e me respondeu:

“Lógico que sim. Te dou meia hora pra se arrumar”

– Tá brincando comigo né? - Perguntei quando ele me atendeu.

– Você tá perdendo tempo, Sophie.

– Mas como eu vou me arrumar sendo que só tem isso de tempo?!

– Se vira. - Nossa, que romântico. Bufei desligando. Corri pro banheiro e tomei um dos banhos mais rápidos da minha vida. Saí, passei creme só nas pernas e me enfiei no vestido. Ou tentei.

– Mãe! - Berrei. - Mãe, pelo amor de Deus!

– Que é, menina? - Ela perguntou abrindo a porta e parou quando me viu. - Mas o que você tá tentando fazer?

– Entalou. - Minha voz saiu abafada. Olha que cena bonita: eu estava com as mãos pra cima, a metade da cara pra fora do vestido, quase comendo o forro e ficando agoniada.

– O vestido não é apertado, Sophie. E sua burra, era pra colocar por baixo.

– Eu to atrasada e essa porra entalou! Me ajuda, pelo o amor de Deus! - minha mãe começou a puxar o vestido. - Cuidado pra não rasgar.

– To te ajudando. Fica quieta! - Ai entrou. Posso ouvir os sinos de aleluia depois dessa.

– Obrigada. E procura um sapato pra mim? Aquele cretino só me deu meia hora! E… Eu tenho 10 minutos.

– Tá, tá. - Comecei a fazer uma maquiagem simples e agradeci a Deus por não ter borrado na hora de passar o delineador. Estava atrás do corretivo quando meu celular começou a tocar.

– Que é porra?

– Aonde tu tá? To aqui em baixo faz mó cota já.

– Vai se foder, Simon! Nem deu o horário ainda.

– Lógico que deu. - Olhei no relógio.

– Ai merda. To descendo. - Desliguei. - CADÊ MEU SAPATO?

– Não to achando um que preste. Preciso falar pro Jason comprar sapatos pra você. - Ela saiu do closet uns dois minutos depois com um sapato na mão.

– Valeu! Te amo! Até mais tarde! - Berrei já descendo as escadas. - Oi, pai. Tchau, pai. - Disse abrindo e fechando a porta de casa.

– Sabia que ia ficar perfeito em você. - Simon disse assim que me viu.

– Hm... Obrigada. E pelo vestido também. - Ele sorriu e me deu um selinho. Entramos no carro do pai dele. Peguei o espelhinho e recomecei a me maquiar.

– Só não demora mais pra se arrumar porque é uma só.

– Você nem me deu tempo direito. - Continuei me maquiando. Quando terminei, guardei tudo na bolsinha de maquiagem. Uns 5 minutos depois, Simon parou o carro. Espichei o pescoço e observei onde estávamos. Logo a placa do Holy Light apareceu diante dos meus olhos. Vi que abriram a porta pra mim. Quando olhei, era o manobrista. Simon entregou a chave pra ele e me estendeu a mão. - Isso é sério?

– Lógico que é sério. - Agora está mais iluminado do que na frente de casa. Olhei melhor pra ele. Simon está de paletó. Repito: SIMON ESTÁ DE PALETÓ! Isso é um milagre!

Entramos no restaurante. Eu nunca havia estado ali. E nunca vi um aquário tão grande. Aquele lugar era imenso. Só tinha perua milionária com os maridos que se limpam com dinheiro nas mesas. Os garçons andavam apressados de um lado para o outro de smoking. E eu via várias garrafas de champagne passando dentro daqueles baldinhos em cima de carrinhos.

Eu estava olhando tudo tão atentamente que nem percebi quando o Simon falou o nome pra recepcionista. Quando vi, já estávamos andando até a mesa.

– Qual a ocasião especial? - Perguntei assim que ficamos a sós.

– Eu falei que ia te recompensar. - Fiquei olhando pra ele.

– Mas eu não imaginei que seria em um jantar no Holy Light! Eu... Isso é inacreditável! Sério. - Ele sorriu e pegou na minha mão. Me sinto como se estivesse em algum filme.

– Eu te amo. - Sorri envergonhada.

– Eu te amo também. - Disse ainda sorrindo.

– Com licença. Boa noite. - O garçom disse parando na nossa mesa. - Já se decidiram? - Simon soltou minha mão e abrimos o menu. Olhei pro Simon sem mexer a cabeça. Escolhi o primeiro prato que tinha. Pedimos refrigerante, já que somos menores de idade.

– Escolheu qual? - Simon me perguntou quando o garçom saiu.

– O primeiro. E você?

– Um prato com camarão. O que achou do lugar?

– Perfeito! - Eu não conseguia parar de sorrir. - Obrigada. - Ele sorriu.

– Não precisa agradecer. Agora... Espero que a comida venha logo, porque eu to verde de fome.

– E eu digo o mesmo.

Depois de jantarmos, decidimos parar o carro em uma fazenda que era caminho pra casa. Deitamos no capô e no vidro do carro e ficamos olhando pro céu.

– O que achou do jantar? - Ele perguntou pegando na minha mão.

– Achei perfeito. Achei tudo perfeito!

– Vou ter que lavar o carro do meu pai durante um ano depois dessa. - Ele disse rindo. - Ou era isso ou ele não liberava o dinheiro. - Abracei o Simon.

– Eu te amo.

– Também te amo. - Ele beijou o topo da minha cabeça.

POV Jenny

– Ela tá demorando muito pra voltar. - Jason disse enquanto fazia massagem no meu pé. Logan estava dormindo no carrinho.

– Simon levou a Sophie pra jantar. Daqui a pouco eles tão aí.

– Qual o motivo da comemoração?

– Que comemoração? Não tem comemoração nenhuma. AI JASON! Não quebra meu pé! - Fiz bico.

– Mas eu nem encostei direito. Para de reclamar. E já são quase onze horas. Tenho que ficar de olho no Simon.

– Sophie já sabe se cuidar.

– Ela só tem 15 anos.

– Exatamente. Ela não é mais criança. Agora um pouco mais pra baixo, Jay.

– Vou fazer massagem no sofá desse jeito. - Revirei os olhos.

– Sabe o que eu to com vontade?

– Hm? - Ele resmungou sorrindo malicioso.

– De sanduíche de bacon. - Jason olhou pra mim.

– Eu não vou pra cozinha.

– Então vai no fast food. - Disse sorrindo. - Eu vou com você.

– Sério? - Ele olhou pra janela. - Acho que é melhor ir de barco porque vai chover.

– Nossa, que gracinha. - Ele sorriu.

– Você paga?

– Tenho marido pra isso.

– Depois eu vou a falência e não sabe porque.

– Para de reclamar. E você dirige. Sabe... Eu to emocionada.

– O que aconteceu agora?

– Faz tempo que não como bacon. Ah! E amanhã vai comigo pra eu comprar um vestido pro lançamento da loja?

– Tenho que ir?

– Pensa... Vou ficar bonita pra você. - Jason sorriu. Dei um selinho nele. Peguei o Logan, que estava no décimo quinto sono e fomos pro carro comprar meu sanduíche de bacon. Não antes de o Jason falar "espero que a Sophie esteja em casa antes de a gente chegar" com cara de bravo.