Fire On Ice - Hiatus escrita por tbagmari


Capítulo 8
08


Notas iniciais do capítulo

Hm, oi?
Gente, mil desculpas, eu fiquei mais de um mês sem postar! Quase morri. Pra ser sincera, ainda to sem internet, mas vim pra casa do meu pai pra poder postar.
Desculpa a demora, espero que o capítulo agrade (:



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Mellery Hayes

– Por que eu estou vendo duas Mellery's? - Travis perguntou enquanto Ammy se levantava e vinha em minha direção.
– É a minha irmã, Travis – respondi entredentes, olhando Ammy.
– Então ele é o Travis de ontem – ela murmurou pra si própria. - Tá pegando maninha?
– Não, Ammy, não estou pegando – respondi.
– Não sei não, hein – ela parou na minha frente, me encarando.
– Quem aqui tava beijando ela à poucos segundos atrás? Você, então não venha com esse seu “não sei não”, ok? - respondi fechando os punhos.
– Se acalma Mel, não quero arranjar briga – Ammy disse sorrindo sarcástica. É óbvio que ela quer briga.
– Não me chame de Mel – fechei os olhos tentando me controlar. Eu estava a ponto chorar e de socar a cara dela.
– Por que? Te faz lembrar de alguém isso? Hein, Mel? Te faz lembrar de alguém? - ela disse ainda com o sorriso no rosto, mas eu podia ver a tristeza nos olhos dela. Mas isso não importa pra mim.
– Vem, Mellery – ouço a voz do Travis. Era a segunda vez que ele se pronunciava. Ele apareceu no meu lado e me puxou pelo cotovelo pra fora de casa.
Ao sentir o ar fresco bater em meu rosto eu não me aguentei e comecei a gritar. Eu gritava com todas as minhas forças. Estava pouco ligando pros vizinhos que saíram na rua. Estava pouco ligando por Ammy estar ouvindo. A única coisa que eu queria era tirar aquele sentimento de dentro de mim.
– Mellery, Mellery, pare de gritar – Travis disse me segurando pelos ombros.
– Por que eu pararia? - perguntei com a garganta doendo.
– Porque você vai ficar sem voz assim. E se você ficar sem voz não vai poder dar aula pra mim – disse sério. O encarei. É sério mesmo isso? - To brincando, não me olhe assim, Mellery. Tenho medo quando você me encara assim – ele disse franzindo o cenho. - Mas sério, você vai ficar com dor de garganta se não parar de gritar.
– Uma dor de garganta não vai me fazer morrer – revirei os olhos.
– Mas vai fazer você ficar sem sorvete – Travis sorriu.
– Merda – resmunguei. - Tem como me soltar?
– Ah, sim – ele me soltou. - Mas então, você quer falar comigo sobre... aquilo? - apontou pra casa.
– Não.
– Ok – ele suspirou.
– Cara, como você pode achar que a Ammy era eu? - perguntei andando pela calçada. Queria andar um pouco, esfriar a cabeça. Ou melhor, ocupar a cabeça com outras coisas.
– Vocês são gêmeas! - ele disse andando um pouco atrás de mim.
– Travis, olhe pra mim – falei parando e me virando pra ele. - Olhe o que eu estou vestindo. A Ammy realmente parece comigo?
– Em minha defesa, eu fiquei confuso por ver “você” - ele fez aspas no ar. - com aquela roupa.
– Hm, sei – resmunguei voltando a andar. - Quem é capaz de me confundir com a Ammy? Isso é detestável.
– Então você me detesta por isso?
– Não por isso. Eu te detesto porque, entre todas as pessoas daquela bosta de colégio, você me escolheu pra te ajudar em biologia. Não podia ser qualquer outra nerd assumida? - voltei a andar. - Se não fosse por você eu estaria do outro lado da cidade, deitada no sofá, assistindo documentários de fantasmas e tomando sorvete de morango.
– Ok, pra compensar essa coisa horrível que eu fiz com você, vamos tomar sorvete – Travis disse frisando a palavra horrível e me puxando pelo braço para trás.
– Ei, o que te deu hoje? - exclamei soltando meu braço de suas mãos.
– O que? - Travis perguntou confuso.
– Babaca – resmunguei. Travis é muito lerdo! Será que ele realmente não percebeu que é a terceira vez que encosta em mim hoje?
– Vem, vamos na sorveteria que fica no centro. Tem o melhor sorvete de morango da cidade – disse andando em direção à minha casa, onde seu carro estava estacionado.
– Por que não podemos ir à pé? - perguntei cruzando os braços e andando logo atrás dele.
– Está louca? É no centro da cidade a sorveteria. Longe demais.
– Sedentário – resmunguei. Entramos no carro e ele logo deu a partida.
Liguei o rádio e só passava músicas que eu não gostava.
– Pode escolher um CD dali – Travis falou apontando pra um estojo cheio de CDs, que estava no banco de trás do carro. Peguei-o e comecei a procurar algo bom. Logo no início achei o CD Appetite for Destruction, do Guns N' Roses. O coloquei e mudei para a faixa 7, que era minha música favorita.
– Argh, por que essas coisas só acontecem comigo? - resmunguei passando as mãos pelo cabelo. - Eu sou a pessoa mais azarada do mundo! Eu podia muito bem ser uma adolescente normal de 17 anos em que a maior preocupação é a semana de provas. Mas não, eu tenho que ser a estranha antissocial com o peso da vida de um pessoa. Isso é uma grande merda! Sabe, ás vezes eu queria poder voltar no tempo e mudar apenas uma coisa que eu fiz. Mudar apenas alguns palavrinhas. Isso era o suficiente pra mim! - falei tudo de uma vez só. Não sei explicar se estava desabafando com Travis ou se estava falando sozinha, como de costume. - Isso tudo me mata! - gritei.
– Pronto? - Travis perguntou após alguns minutos de silêncio.
– Pronto – revirei os olhos. Essa era a melhor coisa que ele ia dizer? Tudo bem, eu não quero reconforto mesmo.
– Acho que essa foi a primeira vez que você falou tanto comigo, de uma vez só – ele comentou. - Eu gosto disso, apenas não me sinto bem por ter sido um tema que lhe aborrece.
– Da próxima vez que eu for falar tanto vou falar sobre um tema que lhe agrade, pode ficar tranquilo – ironizo.
– Ok, Mellery está de volta – ri sozinho.
– Tem como parar de rir de mim? Mas que droga, vou arrancar seus dentes pra você ficar de boca fechada – cruzo os braços e me afundo no banco.
– Você é muito fria Mellery. Você é como o inverno, fria e vazia – disse olhando pra frente.
– Nossa, além de rir de mim agora vai dar uma de poeta à minhas custas. Legal, além dos dentes vou ter que arrancar a língua também. Vou anotar na minha lista de afazeres – bufei.
– Psicopata.
– Idiota.
– Irritadinha.
– Posso saber o porquê do diminutivo? - arqueei uma sobrancelha, encarando-o.
– Porque, bom, sabe como é, Mellery... Você não é muito grande – coçou a nuca. Bom, digamos que Travis tem sorte de termos chegado na sorveteria, se não eu já teria voado no pescoço dele. Ao invés disso, apenas sai do carro.
– Legal, além de me chamar de estranha e psicopata, agora ele vai ficar implicando com minha altura. Só falta começar implicar com minha obsessão por cavalos e meus desenhos estranhos. Mais algo estranho... - resmungo enquanto entro na sorveteria. Travis vem logo atrás de mim rindo, como sempre.
Escolhemos nossos sorvetes, pagamos e vamos nos sentar em uma mesa. Estava tudo muito bom, já que eu tinha cinco bolas de sorvete de morango e Travis tinha a boca fechada, ou melhor, ocupada por sorvete, o que lhe deixou quieto.
– Você desenha? - cedo demais pra comemorar.
– Sim – respondo.
– O que?
– Desenhos.
– Sobre...
– Coisas.
– Que coisas?
– Coisas são coisas, não questione as coisas – respondo irritada. Eu por algum acaso estou no meio de um interrogatório?
– Depois eu sou o poeta – murmurou. - Mas sério, o que você desenha?
– Depende do meu animo – resolvo o responder, já que tenho quase certeza de que ele não vai parar de encher meu saco.
– O que você mais desenha?
– Rostos – falo olhando pra taça de sorvete.
– De quem? - Travis se inclina pra frente.
– Das pessoas que passam por minha vida, na maioria das vezes. Mas também desenho alguns famosos e invento pessoas – dou de ombros.
– Eu estou passando pelo sua vida, certo? - o encaro. Aonde ele está querendo chegar? Aceno de leve com a cabeça. - Você já me desenhou?
– Já – respondi sincera. Que foi? Eu não vou mentir pra ele, porque, se vocês não perceberam, de alguma forma estranha, Travis percebe quando eu minto.
– Eu poderia ver o desenho?
– Você tem espelho em casa, então porque não olha nele? Vai estar igual ao desenho.
– Eu quero ver eu desenhado e não eu no espelho – revirou os olhos.
– Pede pra um desenhista te desenhar então – falo óbvia.
– Eu quero o seu desenho.
– Não, Travis. Eu não vou te mostrar o desenho – estava começando a ficar irritada.
– Por que? - ele fez bico. Um garoto de quase 18 anos fez bico. Ok.
– Porque eu não gosto de mostrar meus desenhos pra ninguém – falo terminando o sorvete.
– Eu não sou ninguém.
– Não, sim você é – falo e balanço a cabeça, juntando as sobrancelhas. - Que merda eu disse?
– Fiquei confuso – Travis apoia o queixo na mão.
– Não é novidade – murmuro.
– Que? - ele me encara.
– Nada não, vamos embora?
– Mas eu nem acabei meu sorve...
– Foda-se, eu não aguento mais essa mesa de crianças atrás da gente – o interrompo. Me levanto e saio da sorveteria.
– Onde vamos agora? - Travis pergunta andando um pouco atrás de mim.
– Não sei – dei de ombros.
– Já sei! - ele exclama entrando no carro. Fico parada ao lado da porta. - Vamos logo Mellery, ainda tenho que passar em casa pegar alguma coisas.
– Aonde vamos? - perguntei entrando no carro.
– Surpresa – sorri travesso.
– Odeio surpresas – bufo.
– Não é novidade você odiar algo.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?
O próximo capítulo é tão... tão... não tenho palavras pra descrever.
Ah, sobre os comentários, muuuuuuuito obrigada por eles. Vocês são perfeitos =3
E, pelo que vi, a maioria de vocês acham a mesma coisa sobre o desafio: é um garoto o motivo do ódio de Mellery e Ammy. Mas a dica de hoje vai mudar a ideia de vocês...
#DICA - essa pessoa envolvida não é um garoto.