- Yo, Rin-chan. – disse Soul, sorrindo para mim COMO SE NADA ESTIVESSE ACONTECENDO. – Tudo bem?

Queimando. Era assim que eu estava. Queimando. De raiva! Ele só pode estar me perseguindo, só pode. E pior. Com aquela... Aquela... Argh... Aquela metida a bruxa de quinta categoria! Dá até pra ver que o cabelo dela é peruca! E o olho é uma lente de contato comprada em uma dessas farmácias de quinta que ela frequenta. O corpo dela é só cirurgiã plástica! Não existe um ser que tenha um corpo assim, pois, se existisse esse ser seria eu e não ela! Não gostei de ver ela agarrada ao braço do Soul... Se ela se agarrar aqui com ele... Juro que mato ela, corto em pedaços e jogo para os cães assassinos escondidos no depósito...

- Rin-chan, por que você esta olhando para a Blair assim...? – perguntou-me Soul, me tirando de meus planos para assassinar a roxa.

- POR NADA. – eu disse entredentes e com um tom homicida. – Grrr... Megumi... Grr... Vai atender vocês... – e eu fui embora, rangendo os dentes de puro ódio. – MITSUKO! VÁ ATENDER ESSES – BAKAS FILHOS DA MÃE! – CLIENTES AQUI! TENHO MAIS O QUE FAZER. – Andei até a parte da cozinha e vi Yusuke mexendo no celular. – RAINDEN! DÊ-ME ESSE CELULAR AGORA OU VAI SER DESPEDIDO AGORA MESMO! – ele apareceu apavorado e me entregou o celular. Continuei andando para o meu destino: O depósito. Vou soltar os cães em cima da tal de Blair...

Abri a porta com um puxão e vi Sakki e as outras me olhando com tom de dúvida.

- ESTÃO OLHANDO O QUÊ? VÃO TRABALHAR! – gritei.

Abri meu armário e comecei a procurar as minhas roupas. Sakki apareceu no meu lado.

- O quê que você tem Rin-chan? – ela me perguntou.

- NADA. – gritei.

Megumi entrou de imediato no depósito.

- Ehn... Sakurami-san, um dos clientes quer falar com você...?

- SE FOR O IDIOTA DO SOUL, MANDE-O IR PARA O INFERNO! – gritei.

- Caramba. O que ele fez? – perguntou Kiyomi.

- Grrrr... – murmurei.

- O Soul está na mesma mesa que a Blair e eles estão... Estão... – Yukami foi interrompida por mim.

- SE BEIJANDO – gritei. As lágrimas começaram a sair, mesmo que eu não quisesse chorar.

- Não, não. Ele está brigando com ela...

- Ãhn? C-c-como assim?

- Não dá pra ouvir daqui, mas ele parece estar reclamando sobre...

- Ele está reclamando por que não gostou de ver você gritando com ciúmes. – disse Megumi.

- E por que ela estava agarrando ele na sua frente. – disse Yukari, entrando no depósito.

- Como eu disse a meia hora atrás: Soul gosta de você. Na verdade...

- He’s love you, Rin. – disse Yukami, em inglês, mas eu entendi.

- S-s-s-s-s-será?! – gaguejei, vermelha como um tomate.

- Ele disse isso pro Kid no domingo. – disse Sakki.

- Sim. Sabe... Vocês parecem eu e o Natsu... – murmurou Yuuki, sonhadora.

- COMO?! – gritamos todas nós em uníssono.

- Oras! Não contei a vocês que eu e o Nat-kun estamos namorando?

- NA... – comecei.

-... MO... – disse Yukari.

-... RAN... – disse Yukami.

-... DO? – terminou Kiyomi junto com Sakki.

- VOCÊ METEU A LÍNGUA NELE?! – perguntou Yume, aparecendo de repente.

- AHHHHHH! SUA NINJA PERVERTIDA! – gritamos todas nós, em uníssono.

- Yep. Sou Jiraiya Female Version, girls. – Disse Yume, rindo.

- E não. Não meti. – respondeu Yuuki, com a gota.

- Shit. – murmurou a Ninja Pervertida, se escondendo na planta.

- Enfim... Quero ouvir um certo alguém dizer “Aishiteru” para outro certo alguém... – murmurou Sakki, escondendo um risinho.

- E UM BEIJO! – gritou Yume, aparecendo de novo.

- VOLTA PRA PLANTA, SUA PERVERTIDA! – gritamos empurrando a cabeça de Yume para dentro da planta.

- Enfim, não vou beijar o Soul assim de repente. – eu disse. Mas a imagem de eu e ele nos beijando não pode deixar de passar pela a minha cabeça. Como eu queria que isso fosse verdade...

- Rin. Rin! RIN! ACORDA! – gritou Sakki, me sacudindo.

- Ãhn? Oh! Desculpe.

- Ehn... A-a g-gente já vai. Tchau! – disseram todas, em uníssono, saindo correndo.

Franzi o cenho. Então a porta abriu de novo.

- Oi. – Soul disse, com um sorriso fraco.

O que ele estava fazendo aqui?

- Oi. – eu disse, mostrando o mesmo sorriso.

- V-você está bem? – ele me perguntou.

- Ah claro. Ótima. Melhor impossível. – eu disse.

Me encostei na parede e fiquei batendo o pé na mesma. Soul ficou me olhando.

- Você fica bonitinha de maid. – ele disse, de repente.

Meu rosto ficou extremamente vermelho.

Não. Já chega. Não aguento mais. Não hoje. Não vou ficar corando enquanto espero algo vir da parte dele, o que é semi-impossível. Se eu não fizer nada, ele vai embora daqui a pouco tempo e as minhas chances vão ser reduzidas a menos de 0. Não vou chegar em casa e dizer “I lose him...” para as minhas amigas. Não. Não vou deixar.

Funguei com força. Me larguei da parede e comecei a andar na direção dele. Era hoje. Talvez... Talvez uma única vez não me faça mal. Ok... Como irei fazer...? Como irei fazer...? Não entendo nada sobre amor, ou beijos ou qualquer coisa romântica, mas eu preciso fazer isso.

- Soul. – eu o chamei. Estava a menos de 15 cm dele. O mais próximo que eu conseguia normalmente. Ele me olhou e eu não pude evitar sorrir sarcasticamente ao vê-lo corar furiosamente. – Aishiteru.

Vi a minha mão puxar a camisa dele, fazendo nossos rostos ficarem um milímetro de distância... Ou até menos. Então... Então... Bem. Vocês já devem imaginar o que aconteceu. E isso é constrangedor demais para se falar. TÁ. OK. VOU FALAR. Então a gente se beijou. Mas... Mas... MEU DEUS!  Quanto tempo eu fiquei lá? Oito horas? Dez horas? Tó pouco me danando. Prefiro ficar naquele único lugar por mais alguns dias... Meses... Anos... Séculos...

Ponto de Vista de Yukari

- Sabe... Percebi que, quando você coloca uma mulher e um cara que se gostam em um depósito sozinhos... Surgem... Algumas besteiras na sua mente... – murmurou Shiori, ao meu lado.

- VOCÊ ANDA ANDANDO COM A YUME DEMAIS, SHIORI-SAN! – disse Sakki, desesperada. – Além disso, a Rin sabe das câmeras lá dentro e eles são meio novos para... Para...

- “Aquilo” – fiz aspas com as mãos.

- Exato. – concordou Sakki.

- Vou dar uma espiada. – disse minha irmã, indo até o vidro da porta do depósito. – CARACA. ELES. ESTÃO. SE. BEIJANDO.

- O QUÊ?! – gritamos todas nós, nos levantando de imediato para ver também.

- AI! SHIORI! VOCÊ ESTÁ ME EMPURRANDO! – gritou Sakki.

- Gomen, Sakki-chan. – desculpou-se Shiori. – MAS ARREDA PRA LÁ! EU QUERO VER!

- Uau. Como eu queria que isso acontecesse comigo... – murmurou minha irmã.

- O Rin espera por esse dia ansiosamente. – murmurei, rindo.

Yukami deu um tapa de leve no meu ombro, me fazendo ir ainda mais.

- O L deseja a mesma coisa.

Ok. Parou a graça.

- Humpf. – fiz, mas Yukami continuou rindo.

- Ehn... Minna... Temos clientes... – disse Megumi, com a gota.

- DEIXA OS CLIENTES PRA LÁ! QUEREMOS VER O SOULXRIN AQUI! – gritou Shiori, enraivecida.

- Hein?

- Eles estão se agarrando.

- Não. Eles não estão se agarrando, Shiori. Eles estão se beijando. B-e-i-j-a-n-d-o, ok? – eu disse.

- Ah. Yukari, tem um cara querendo falar com você... – disse Yusuke, aparecendo.

- Hmmmmmmmmmm... Já sei quem é... – fez minha irmã.

- Blé! Dane-se. – sai do vidro e fui procurar o L.

Cheguei ao jardim e o vi. Ele estava sentado do seu habitual jeito, enquanto observava a alvorada. Eu não podia negar que aquele jeito desleixado era extremamente atraente... O que você está pensando, Yukari? Ele é seu amigo! Nada mais, nada menos.

- Ohayoo, Law-kun. – eu disse, chamando a atenção dele. Não sei por que, mas sempre o chamo de “Law-kun” e ele me chama de... Yuka-chan.

- Ah. Olá, Yuka-chan. – ele falou, com seu jeito calmo. – Trouxe?

- Ãhn? AH! Os doces... Sim, trouxe sim. – eu disse. Sempre fico meio... Encantada quando ele fala daquele jeito. Procurei os doces na minha mochila e estendi para L. Ele foi pegar e nossas mãos sem querer se tocaram. Eu corei. – M-m-me d-desculpe, L-sama... – murmurei, envergonhada.

- Não se preocupe com isso, Yuka-chan. Isto acontece. – ele disse, abrindo o pacote de doces e pegando um muffin. – Você continua cozinhando lindamente, sabia?

Eu corei.

- A-ah. I-isso... A-a-acho que a Y-Yukami cozinha melhor... – murmurei.

Ele sorriu, me fazendo quase desmaiar ali mesmo.

- Está enganada. Você cozinha muito melhor. Pelo menos, é isso o que eu acho...

- AH! Olha a hora! Como sou idiota... A Rin já deve ter terminado com o Soul e deve estar querendo me matar agora... Bem...

- Bem...? – ele perguntou. – Ah, claro. Me esqueci... Arigato Gozaimassu, Yuka-chan.

- A-a-ah. S-Sim. Doitashimashite! – sem quer, em vez de dar um beijo no rosto, ele virou e meio que... Foi tão rápido que eu nem percebi direito. Parei a situação e sai correndo. Meu Deus! O que foi que eu fiz?! Se a Yukami souber... Vixi! Vai ficar me infernizando por oito anos!

Sinceramente, acho que o Dia dos Namorados chegou mais cedo nesse Nekocafé.